terça-feira, 7 de agosto de 2012

CAQUINHOS


CAQUINHOS 

A ausência do teu amor
É a dor de dente
Que por algum motivo quebrou 

Os caquinhos ficam ali incomodando
E você não sabe se os tira
Ou se guarda aquela dor 

Então continuam os caquinhos
Ali na boca a incomodar
Se você os arranca dói mais
E fica na boca um buraco... 

Assim a vida vai
De buraco em buraco
E dentro dele a saudade
E na saudade a dor da falta
Que você na vida faz...  

Mário Feijó
07.08.12

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

QUANDO O ASSUNTO É AMOR


QUANDO O ASSUNTO É AMOR 

É tão forte o gosto de tudo
Impetuoso, abrasador
Encorpado feito um cabernet
Assim tem que ser o amor: forte  

Como é forte a força das águas
Abrasador como o calor do sol
Intensa como a luz do meio dia
E romântica como as noites de lua cheia 

Eu não quero nada menos que isto
Nada menos que teus braços
Envolvendo o meu corpo
Como os teus lábios que me devoram 

Quando o assunto é amor
Nada se apaga
As emoções não são fracas
Tudo sempre é intenso e forte... 

Mário Feijó
06.08.12

ANJO MALDITO


ANJO MALDITO 

Sou um anjo maldito
Condenado à solidão
A não viver um grande amor
A ser um oásis no deserto... 

A reclusão me isola do mundo
E não ter você em meu braço
É viver a maldição da reclusão 

Eu ouço o barulho do mar
Sinto a sua maresia nas narinas
E o vento traz apenas promessas
Apenas recados e cheiros teus... 

Sou assim anjo maldito
Preso em meu próprio paraíso
Vivendo de sonhos e aspirações
E tudo que eu toco vira estátua de sal... 

Mário Feijó
06.08.12

NO QUINTAL DA NOSSA CASA


NO QUINTAL DA NOSSA CASA 

Era um simples matinho
Aquele no meu quintal
Mas na grama vinham pardais
Sabiás e até canários
Buscar a comida
Que eu pra eles jogava 

Em troca me davam seus cantos
Os pardais apenas chilreios
Mas os sabiás um pouco mais majestosos
Quando tinham vontade (é verdade)
Davam um pouco mais que os pardais... 

Minhas netas querendo ser generosas
Jogavam os restos da salada que não comiam
Como tomate e alface (que um dia descobri)
Então eu lhes disse que os pássaros
Não comiam saladas nem faziam dietas
No máximo comem farelo de pão e arroz... 

Nossa poodle irrequieta e ensandecida
Corre atrás de tudo o que se move
Por sorte eles a perdoam e voltam sempre
Mesmo assim ela vai lá e enciumada
Come a “salada” dos pássaros... 

Penso que esta cachorra
Esta sim está de dieta
Porque come tudo que é fruta
E a salada que as meninas
Escondido atiram aos pássaros...


Mário Feijó
06.08.12

sábado, 4 de agosto de 2012

EU TE QUERO NO MEU BANHO




Eu não quero apenas
Lembrar de tuas mãos
Deslizando por meu corpo
Quando na banheira me ensaboavas 

Eu não quero viver de lembranças
Eu te quero perto
Não apenas uma imagem
O teu cheiro marcante 

Eu te quero todos os dias
Feito Amélia, tu que eras Maria
Acompanhando-me em todos os cantos
Perto de mim, em todo lugar 

Eu te quero dividindo tudo
Partilhando tudo
Da minha fome à minha comida
Do meu banho à minha cama... 

Mário Feijó
04.08.12

AMOR COM SABOR DE PITANGA


AMOR COM SABOR DE PITANGA 

Embaixo da pitangueira
Caia sobre a minha cabeça
Como se fosse uma chuva
As flores que o vento derrubava...

Foi tão seco este inverno
E houve dias tão quentes
Que a coitada da pitangueira
Agiu como se fora primavera: floriu... 

De meus lábios saem
Apenas um leve sorriso
Quando eu lembro
As pitangas que tu comias 

Resta na lembrança
Tão somente as flores daqueles dias
Onde o teu cheiro floral me invadia
E eu tuas frutas também comia... 

Mário Feijó
04.08.12

CABELOS ENCARACOLADOS


CABELOS ENCARACOLADOS 

Ele parece um menino
Que tem medo de fantasmas
Quando rejeita seus sonhos
Com medo de os realizar 

Menino do Rio Guaíba
Que tem cabelos encaracolados
Sobe nas goiabeiras para
Comer as frutas maduras 

Algumas vezes pensou
Que era um super-homem
Mas tem medo do vento
Que sopra a seu favor 

Outro dia caminhava
Pela orla do rio
Sonhando em voar
Mas é apenas um homem...

Mário Feijó
04.08.12

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

BEIJOS E DESEJOS


BEIJOS E DESEJOS 

Na minha vida
Eu fiquei na dúvida:
Não sei se faltaram beijos
Ou se sobraram desejos? 

Sempre aconteceu
De eu ter muito amor para dar
Algumas vezes faltou
Foi para quem o dar 

Até havia a paixão
Nem sempre correspondida
Havia o desejo e a tesão
Mas a razão deles não me queria 

Eu passei algumas vezes
Por dias de fome
Havia o desejo
Mas faltava a boca para o beijo... 

Mário Feijó
03.08.12

IMORTAL


IMORTAL 

Passam-se as horas
E em cada segundo
Eu me sinto esvaindo
Como se fosse água
Escorrendo dum vazamento
Não sabemos como começou
Nem para onde ela irá... 

E cada dia que passa
O meu corpo assustado
Vê suas células envelhecendo
Apenas com as plumas da minh’alma
Que dizem algo quando cresce... 

Eu não penso como imortal
Porque sei que tenho corpo finito
Então me assusto
Com os dias, com as noites
E com o tempo perdido... 

Nestas horas lembro
Que tenho que construir
Lições para o aprendizado
De em algum momento
No tempo ser imortal novamente... 

Mário Feijó
03.07.12  

UM BALANÇO DA VIDA


UM BALANÇO DA VIDA


Eu já me questionei pelas pedras no meio do caminho, até o dia que descobri que elas poderiam servir para que eu nelas me sentasse e descansasse das agruras do dia a dia.

Eu já me questionei pelas dificuldades, pelos problemas que enfrentava, pelo quão demorados são nossos sonhos, diante da realidade, até que um dia eu descobri que tudo me ensinava.  

Eu já me questionei pela vida, por existir, já questionei a morte dos outros e a minha própria morte não acontecida.

Eu já me questionei pelos amores que tive, pelos amores que tenho, e pelos que ainda terei.

Já me questionei pelos filhos que tenho, pelos netos que crio, pelos amigos que vêm e vão, pelos que se foram e que nunca mais voltaram, estou sempre me questionando.

Eu também me questiono pelos amores impossíveis, pelos amores possíveis, mas que eu não quero, pela forma de amar, pela entrega e pelo egoísmo, meu e dos outros.

A vida é assim um eterno questionamento, porém tudo o que me acontece me transforma, eu interajo com a vida, e não deixo sucumbir diante dos percalços, nem pela demora na realização dos sonhos e quando os realizo já tenho outros mais difíceis...

Existem horas em que eu penso que sou inconstante, mas a vida é inconstante e eu só balanço nela, como se estivesse num barco e balançando no movimento das ondas.

Amores eu já tratei de não mais entendê-los, mas sim de vivê-los quando eles me interessam.

Dinheiro eu não me questiono mais. Uso-os na medida em que tenho, vivo sempre na corda bamba, como se estivesse sempre na corda bamba, mas a vida é assim: um balanço.

Agora eu só me permito, balanço de acordo com a vida e não me questiono mais. Deve existir alguém que mexe com minhas cordinhas porque eu me sinto uma marionete da vida e tratei de fazê-la ser mais feliz, a partir do momento em que parei de me questionar...



Mário Feijó

03.08.12

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

NÃO ME BASTA


NÃO ME BASTA 

Não me basta
Ter um pouco do teu corpo
Em horas esparsas

Não me basta
Ter teus beijos
E a falta de desejo
Que eu te possa causar 

Não me basta querer
Se tu me evitas
Então eu olho para o céu
E vejo bichos se formar...   

Mário Feijó
02.07.12

INSTANTES DE PRAZER


INSTANTES DE PRAZER 

Eu deixaria
De ser uma rosa
Apenas para ser
Uma formosa mulher 

Eu deixaria
De ser um rio que passa
Um colibri que ama a rosa
Apenas para ser o vento 

Eu deixaria
De ser a chuva
Que se atira na terra
Que sacia o rio que passa 

Apenas com o intuito
De fazer parte de ti
Sentido o que sentes
Esvaindo-me num instante de prazer... 

Mário Feijó
02.08.12

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

TU ÉS O MEU ACONCHEGO


TU ÉS O MEU ACONCHEGO 

Há em ti
Algo que me atrai
És o brilho do fogo
Quando se abrem as portas do inferno 

Quem começou este jogo?
Não me acuses!
Não fui eu!
No planeta dos homens
Somos seres proibidos 

Qual é a nossa essência?
A minha é de aprendizado
Amor e amar são fatos
Que não deveriam ser pecados 

Quando o meu corpo toca o teu
Não é o calor do inferno que sinto
É tão somente amor
Como se eu me aconchegasse no céu... 

Mário Feijó
01.08.12

terça-feira, 31 de julho de 2012

GATOS E FLORES


GATOS E FLORES 

Meninos são assim
Gatos selvagens domesticados
Que irrequietos saltam
Mordem e arranham 

Meninas são borboletas
Que se encantam com rosas
Sem se importar com os espinhos
E das flores herdam seus perfumes 

 São assim os filhos e netos
Cada um inspira algo diferente
Aos pais, aos avôs que neles
Projetam sonhos e o futuro 

Os meus são assim
Gatos selvagens arredios
Girassóis que me seguem
Rosas que me perfumam... 

Mário Feijó
01.08.12

segunda-feira, 30 de julho de 2012

TERNOS MOMENTOS


TERNOS MOMENTOS 

É tão doce
Cada momento
Em que eu estou contigo 

É como se eu
Colocasse fruta madura
E no céu da minha boca
Docemente se desmanchasse 

Eu queria que fossem eternos
São apenas doces
Ternos são os carinhos
Que nestes momentos trocamos 

Depois tu te vais
Como se me dissesses adeus
E eu fico vivendo das lembranças
E do teu cheiro que fica no meu corpo... 

Mário Feijó
30-07-12

A PRIMEIRA QUE EU COMI


A PRIMEIRA QUE EU COMI 

Há muito que eu te amo
Porém tem sabor de pecado
Cada toque em teu corpo
Como a primeira que comi... 

Soam em meus ouvidos
Como se fossem músicas
Os sons do teu despir
E eu excitado deixo
Todo o desejo fluir... 

Toda vez é assim
Passaram-se os anos
E o teu sabor não mudou

Pêssegos, uvas, tangerinas
Laranjas, mamão, jabuticaba
Melancia, butiá, carambola 

Cada vez que te vejo
É uma fruta nova que como
Desde a primeira maçã... 

Mário Feijó
30.07.12

domingo, 29 de julho de 2012

A VIDA PEDE


A VIDA PEDE 

Algumas vezes
A vida nos pede silêncio
E respondemos com gritos
Com brigas, com guerras 

Noutras vezes
A vida pede apenas amor
E nós apenas respondemos
Com indiferença, desprezo 

Algumas vezes
A vida exige reflexão
E respondemos com impulsos
Nada de espera, de observação...

Algumas vezes
O silêncio é espera
O amor é reflexão
E o que poderia ser conquista
É apenas mais uma derrota
No aprendizado do dia a dia... 

Mário Feijó
29.07.12

MEUS DIAS VAZIOS ESTÃO CHEIOS DAS TUAS LEMBRANÇAS


MEUS DIAS VAZIOS ESTÃO CHEIOS DAS TUAS LEMBRANÇAS 

Eu queria entender
Como mesmo depois de partires
Consegues beliscar os meus pensamentos
E morar nas minhas lembranças 

Há pólen da tua saudade
Espalhado na minha vida
Engravidando a minha mente
Com a tua presença 

Mesmo inodoro o teu gosto
Está em meus lábios
Feito os meus dias vazios
Porém cheios das tuas lembranças

Em que planeta te escondes agora
Desde que traiçoeiramente foste embora
Em mim frutificou a solidão
Nem meus dias vazios de ti... 

Mário Feijó
29.07.12

CONSTRUINDO CAMINHOS PARA O CORAÇÃO


CONSTRUINDO CAMINHOS PARA O CORAÇÃO

Uma única vez
Eu me atrevi
A falar de ódios
Tenho dificuldades com a rejeição 

Milhares de vezes
Eu já falei de amor
É tão mais fácil
Como para outros é fácil odiar 

Se eu pudesse
Construiria estradas de amor
Ampliaria o paraíso
Estenderia tapetes de flores em riachos 

Só para ter você por perto
Amar-te-ia por inteiro
Desconstruiria teu desamor
Ninguém merece tanta indiferença... 

Mário Feijó
29.07.12

sexta-feira, 27 de julho de 2012

ELA ME ODEIA

ELA ME ODEIA

Tão gélido
Quanto teus abraços
É o amor
Que tens por mim 

Com certeza
Eu jamais quererei
Que sejamos próximos 

Pertencemos a galáxias diferentes
E eu recebo teu olhar
Como se me apunhalasses
Reconheço este desamor aprendido 

Um dia te envenenaram contra mim
E eu não descobri o antidoto
Contra o prazer de teu ódio
E eu não comprarei teus abraços 

Algum dia eu devo ter
Feito algo que te deixasse
N’alma tantas cicatrizes
De um mal que eu não te quis...

Mário Feijó
27.07.12

À ESPERA


À ESPERA 

Ah! Menina
        Tu tão terna
        Deitada nos braços da lua
        Contando ovelhas

Sim! Ovelhas
        Carneiro havia um
Tão velho
Tão cansado
Que nem contava mais 

Era apenas um espectro de lã
Que nas noites assustava
Quando deveria dar sono 

Sono mesmo tinha a noite
Que à tardinha já bocejava
Pensando no dia que viria
Feito eu que esperava por ti 

Esperava... Sim esperava
Porque a esperança morreu
Nos braços da infelicidade
Enquanto a tristeza me lambia... 

Mário Feijó
27.07.12

quinta-feira, 26 de julho de 2012

NOSSA CAMA


NOSSA CAMA 

Não adianta
Você chegar inteira
À meia boca
No céu da noite 

O teu gosto
Ainda guardo
No sótão as estrelas
No alto do céu da minha boca 

Para onde quer que eu vá
Sempre estou te procurando
E de tanto te procurar
Acabei me perdendo 

Outro dia sem querer
Acabei me encontrando
Em braços quaisquer
Numa cama que não era a nossa 

Mário Feijó
26.07.12

quarta-feira, 25 de julho de 2012

DESTINOS


DESTINOS 

Dias assim
T
Ã
O
                Tortos
                Quanto meus escritos 

E eu
Sempre tento
ESCREVER por linhas retas

Porém
Não existem retas 

Destinos?
São tortos
Passados?
São tristes 

E o futuro?
                Este faz
                Curvas constantes... 

Mário Feijó
25.07.12

POR AMOR E POR AMAR


POR AMOR E POR AMAR 

Sou ingênuo
Quando amo
Pessoas, pedras, paus
Plantas ou animais?

Sou ingênuo
Porque pessoas, pedras,
Paus, plantas e animais
Nem sempre sabem amar

Sou ingênuo
Porque eu também
Não aprendi a amar
No entanto eu me entrego

Sou ingênuo
Porque ainda sofro por amar
A vida já me ensinou
Que ninguém deve sofrer por amor...

Mário Feijó
25.07.12

QUEM DIRIA?


QUEM DIRIA? 

Quem diria que o amor
O atormentasse todos os dias? 

Eram bocas macias
Corpos bem cuidados
Queimados de sol, bronzeados

E da sua janela
Ele olhava feito mosca de padaria
Que lambe, lambe,
Sem nada comer 

Pensavam “coitado” tão velhinho
Até que um dia a vizinha
Solteira de esperanças
Apareceu grávida dizendo ser ele o pai 

Ele da janela continuava a olhar
Falava com todos
Dizendo da moça não lembrar 

Ela continuou sua vida
Até o dia em que o rebento nasceu
Dera-lhe um nome tão lindo
Que o velho reconheceu
“Este é meu filho! Tem o nome de meu pai”...

Mário Feijó
25.07.12

terça-feira, 24 de julho de 2012

ESTRELAS CADENTES


ESTRELAS CADENTES 

A menina passeava
Admirando-se na vitrine
Como se olhasse estrelas
Cadentes na vidraça 

Nos seus olhos estrelas cadentes
Desejo? Sedução? Prazer?
Poderia ser tudo, mas
Era apenas um olhar de menina... 

Do outro lado da vitrine
Uma balconista a observa
No espelho apenas um fantasma
Ousa espreitar a cena 

Dos seus olhos
Duas estrelas se atiram no chão
Enquanto a menina maltrapilha
Jura que um dia voltará... 

Mário Feijó
24.07.12








segunda-feira, 23 de julho de 2012

PARA VIVER INTENSAMENTE: AME!


PARA VIVER INTENSAMENTE: AME! 

Eu queria ter por perto
Gente que me olhasse nos olhos
E sem medo me contasse
Todas as verdades da vida 

Quem nasce predador
Morre predador e não sou eu
Quem vai mudar a natureza
De qualquer um destes animais 

Estendemos as mãos e
Segura-as quem quer
Porém alguns preferem
Caminhar para o precipício 

Eu prefiro a verdade doída
A uma mentira piedosa
Amor, carinho e até a paixão
Merecem ser vividos intensamente... 

Mário Feijó
23.07.12