SEM
MEDO DE SER FELIZ
“Quando
descobrimos que absolutamente nada é definitivo, inclusive a vida. Compreendemos
a inutilidade do orgulho, a tolice das disputas, a estupidez da ganância e a
incoerência de tolas mágoas”
Dito popular
-
Nada é definitivo! Não somos eternos, disse ele quando discutia com a esposa.
Brigavam
por causa de dinheiro. Ele não era tão materialista, mas ela não abria mão de
joias, carros novos todos os anos e a casa redecorada, de tempos em tempos.
Lembravam
personagens da novela atual. Roberto era uma pessoa simples, que dava valor à
natureza. Amava os campos, as árvores e os rios. Alexandra de Barros Medeiros
Lins e Silva não queria nem saber de onde se originavam as coisas. Era fútil e
sofisticada e com apenas 35 anos já fizera plástica em praticamente todo o
corpo.
-
Eu não quero nem saber de vaquinhas e suas merdinhas espalhadas pelo campo,
desde que não me falte os melhores queijos e a manteiga na mesa, dizia
Alexandra.
Toda
a discussão começara porque Roberto resolvera dar de presente a uma filha, de
seu casamento anterior, e que estava se casando, um apartamento.
Alexandra
não simpatizava com a moça que era somente dez anos mais moça que ela. Além do
mais a jovem era muito bonita e nunca fizera plástica nenhuma.
Roberto
tinha 45 anos e estava sempre entre “a cruz e a espada” como se dizia popularmente,
diante de uma situação difícil.
Alexandra
nos últimos anos mostrava-se cada vez mais fútil e materialista.
Ele
já pensara até em separação, mas ainda se achava apaixonado por ela e sentia-se
um fracassado toda vez que pensava em mais um casamento fracassado.
-
É tão inútil a ganância e tão incoerentes as mágoas quando temos uma vida tão
passageira, dizia ele aos amigos. E ia relevando sua vida conjugal. Mas os
últimos tempos estavam muito difíceis e ele não sabia até quando iria aguentar.
Pensava sempre no filho de dez anos que iria sofrer com a separação, como sua
filha Letícia sofrera quando se separou de sua primeira esposa há quase quinze
anos.
Alexandra
se revelara uma moça fútil e tola, principalmente depois que o filho nasceu. Até
então ela participava mais ativamente da vida do marido e trabalhava com ele na
empresa. Agora era apenas uma figura decorativa, sempre em busca de projeção
social.
-
Se nada na vida é definitivo, nem a própria vida, pense nisto, dizia Luiz, seu
gerente comercial e amigo de faculdade. Você ainda é bastante jovem e a tendência
de sua vida conjugal será piorar cada dia mais. Pobre Alexandra que não vê a
pessoa genial que você é.
-
Seja feliz Roberto, disse ele, mais uma vez ao amigo. Lute pelo que quer. A vida
tomará o rumo que tem que tomar, mas só você decide para onde o seu “rio” irá
correr.
Mário
Feijó
01.09.14
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