quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O SUSTO



O SUSTO

Outro dia lembrei o gosto que eu tinha por doces até o inicio de minha vida adulta. De repente, meu paladar mudou e não foi em decorrência da cirurgia para consertar um desvio de septo que fiz. 

A cirurgia aconteceu mais tarde e, me abreviou o cheiro das coisas e gosto delas de um modo geral, mas me aguçou o desejo pelo café que estava desaparecido.

Vale à pena dizer que eu bebia de uma única sugada uma lata de leite condensado e, para que ele descesse feito cachoeira doce, eu fazia um furo enorme na lata.

Quando eu estava no interregno de um casamento e outro (há trinta anos), morava sozinho e mantinha meu apto de solteiro fazendo tudo com liberdade (parem de pensar que eu estou falando de sexo).

Bem, certo dia abri uma lata de leite condensado (e nem foi para jogar no corpo de alguém e sorvê-lo em suaves lambidas), mas para suga-lo como fiz de outras vezes, só que não tive vontade de beber toda a lata, ou até porque quis prorrogar aquele estado de graças. Tomei somente a metade e deixei o resto em cima da geladeira.
No outro dia a primeira coisa que eu fiz foi correr para a cozinha e chupar com toda força o saldo do meu leite condensado tão amado. Fiz isto com uma força enorme, para ter a boca cheia daquela pasta maravilhosa...

Deliciava-me com o sabor daquele doce quando de repente senti perna mexendo, o meu leite condensado adorado tinha pernas agora?

Levei um susto. O tempo era quente e o clima agradável, não havia motivos para eu me arrepiar, porém diante da surpresa corri para a pia e cuspi o que sobrou em minha boca e vi ali nadando, ainda dando seus últimos suspiros, porém totalmente saciada com meu leite condensado, uma enorme barata cascuda...

Canalha! Pensei...

Mário Feijó
14.08.13

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