quarta-feira, 11 de julho de 2012

VOCÊ ME ELEVA


VOCÊ ME ELEVA 

Justo quando eu pensava
Que jamais amaria
Vem você e derruba
Todas as minhas convicções 

A minh’alma é de outro lugar
Ela desconhece a velhice
Esta fica a cargo do corpo cansado
No qual eu ainda habito 

Então a minh’alma sonha
Acredita que tudo pode
E você se torna possível!
Volto a ter vinte anos... 

Volto a me ver com você
Como se fossemos dois adolescentes
Fazemos planos, trocamos juras, amamos!
Fecham-se as cortinas! Abre-se a realidade... 

Mário Feijó
11.07.12

terça-feira, 10 de julho de 2012

OLHOS DE JABUTICABA


OLHOS DE JABUTICABA 

Um brilho na noite
Orgasmos de vagalumes
Que piscavam e acendiam
No escuro: o negrume... 

E teus olhos me olhavam
Como se neles luzissem as estrelas
Como alcançá-las em teus olhar
Tão negros feito jabuticabas? 

Eu não sei por que te quero
Porém de longe sinto teu cheiro
Como se houvesse energia de cio
Que me chama para teus braços 

E no campo a luz da lua ilumina!
Abaixo dela apenas teus olhos
Que me focam com paixão
Arrancando-me todas as roupas... 

Mário Feijó
10.07.12

ENTRE A PAIXÃO E O AMOR


ENTRE A PAIXÃO E O AMOR

Se tu me pedisses
Eu te entregaria
Não somente o meu corpo
Que já é teu, mas a alma... 

Se eu pudesse eu voaria
Para os teus braços todos os dias
Igual a uma alma louca
Que se perde pelo universo... 

Há dias em que eu
Não quero me encontrar
Mas é a ti que procuro... 

Há tempos em que eu
Queria a felicidade
Porém só existe sentido em ser feliz
Tendo prazer contigo... 

Eu já nada sei de mim
Nada mais sei de amor
Agora eu só entendo de paixão
E do que eu sou capaz de fazer
Para estar contigo... 

Mário Feijó
10.07.12

sábado, 7 de julho de 2012

AGORA ESTOU QUENTE...


AGORA ESTOU QUENTE...



Nas tardes frias e chuvosas como esta

O que eu mais gostaria era ter você aqui

Esquentando minha pele

Incendiando meu corpo

Como está longe de mim

Acendo minha lareira

Bebo xicaras de café

Um cálice do vinho sonhando

E deixo o tempo passar



E o tempo é cruel quando envelhecemos

Ele é uma corça célere

Fugindo de um leopardo

Feito você que encontra muitos motivos

Para ser feliz longe de mim



Embarcarei nesta viagem

No lombo da corça

Procurando ser feliz

Ser precisar de você



Acredito que quando

Não conseguimos ser felizes com o que temos

Não é alguém que nos ensinará

O caminho desta tal felicidade...



Haja tardes frias!

Esperarei meus dias quentes...



Mário Feijó

07.07.12

sexta-feira, 6 de julho de 2012

VOCÊ




Você é assim:
        Uma tarde fresca
        Uma noite de luar
        Uma brisa amena
                Que refresca
                Que encanta
                Que arrepia 

Você tem a força:
        Da luz das estrelas
        Da erupção do Etna
        Das ondas do Pacífico
                Porque penetrou em meu ser
Porque mexe com minha química
Porque atordoa o meu físico 

E ninguém é melhor que você:
        Para sacudir o marasmo
        Para abrir novos caminhos
        Tudo isto apenas com teu sorriso... 

Mário Feijó
06.07.12

INSIGHT SOBRE A ARTE


INSIGHT SOBRE A ARTE



A arte é imprescindível aos olhos. Não nos bastam as belezas naturais, mas o que o homem faz com ela, com bom senso, com amor, com trabalho.

E se a beleza das cores, dos movimentos e dos sons são imprescindíveis aos meus sentidos também o é a culinária.

Arte é um movimento de ir e vir que transforma, que deixa marcas.

Nem sempre precisamos ser coerentes quando fazemos arte porque a arte questiona, sugere, provoca...

Todo ser vivo é capaz de fazer arte... basta se movimentar.



Mário Feijó

06.07.12


quinta-feira, 5 de julho de 2012

FORTES SÃO AS ÁGUIAS...


FORTES SÃO AS ÁGUIAS... 

Alguns não fazem nem muito, nem pouco nos seus dias e passam pela vida como se nem brisa fossem.

Não balançam as folhas do coqueiro, tampouco arrepiam os lírios do campo.

Que vida mais insipida! Tudo aceitam, nada contestam em nenhum contexto.

Há os que passam pela vida como se fossem autômatos. Não é possível que nada se conteste que nada se faça para mudar um contexto de mediocridade.

E a vida segue sem que nada construam por si, por seus filhos, seus amigos, seus parentes, sua comunidade ou pelos outros, anônimos seres.

Não somos animais irracionais que só comem, descansam e lutam pela sobrevivência. Têm pessoas que nem isto fazem. Eu conheço pessoas assim. Tenho algumas em minha família que nem trabalho têm. Dependem da caridade dos outros, como não são nada, nada fazem.

É uma triste realidade esta e eu resolvi tocar neste tema, quem sabe alguns que me lerem incentivem estes que nem ler o fazem... tenho tentado há anos mudar o status quo de algumas destas pessoas. Pra ser bem específico desta pessoa que para o leitor não interessa saber a identidade, e se interessar é curiosidade não construtiva...

E quando eu arrumo algo para que ele faça, diz que não pode, que arrumou algo para fazer. Contenta-se com muito pouco, vive de nada, faz muitos filhos e não se preocupa com seus futuros.

Há vezes em que eu não consigo entender. Mas tenho que respeitar, pois a vida não é minha e cada um tem que cumprir seu próprio destino.

Um dia ainda adolescente ouvi um ditado judeu de que “não devemos interferir no destino das pessoas”. Passei a evitar fazê-lo diretamente, mas indiretamente, por sermos pais fica difícil não querer interferir.

Muitas mães são assim. Acostumam mal seus filhos e mesmo adultos estão sempre por perto os protegendo. Não temos o desprendimento das águias que quando os filhotes nascem os empurram do ninho para que voem. Para que se tornem donos de suas vidas. Para que se tornem fortes ou se esborrachem de vez...

Também não temos a elasticidade do bambu que se curva diante das adversidades para não se quebrarem...

Fortes são mesmo as águias, nós não passamos de aprendizes nesta vida e pouco até usamos de nossa massa encefálica. Dizem os cientistas que não usamos nem 10% do nosso potencial.

Será que quando aprendermos a usar o nosso cérebro com um pouco mais de racionalidade não estaremos mudando a raça humana e os destinos deste planeta?

Que outro animal mata por prazer? Que outro animal suja tanto o planeta? Temos que usar um pouco mais o cérebro pensando um pouco menos em nosso próprio bem, diante de uma vida tão efêmera...

Tenho a impressão que é chegada a hora de começarmos a tentar pelo menos ser um pouco melhores...



Mário Feijó

05.07.12

AMOR INCOMPREENDIDO


AMOR INCOMPREENDIDO 

Algumas vezes somos
Apenas uma sombra
E na solidão do quarto
Descobrimos a escuridão 

Frágil feito um cristal
Que se quebra pelo descuido
Eu me fragmento por inteiro
Na busca de uma nesga de luz 

O pior não é a paixão devorando
É o amor incompreendido
É não poder passear de mãos dadas 

Aí o meu peito se contrai
As carnes tremem
Feito um adolescente diante do amor... 

Mário Feijó
04.07.12

NOITES DE BEIJOS, DIAS DE LUZ


NOITES DE BEIJOS, DIAS DE LUZ 

Como se dançássemos um bolero
- São dois pra lá, dois pra cá –
E no balançar das flores do campo
Tu em meus braços danças
Ao ritmo da vida... 

Eu te quero assim solta ao vento
Pluma que balouça
Flor que treme as pétalas
Excitada quando te toco 

Luz do sol sobre o corpo
Dá-me vida e calor
Como se em meu corpo
Colidissem teus beijos
Pura energia de amor – 

Venha! Meus braços te esperam
Minha boca calada por teus beijos
Suspiram por dias de sol... 

Mário Feijó
05.07.12

terça-feira, 3 de julho de 2012

QUERO VOCÊ


QUERO VOCÊ 

Hoje é um daqueles dias
Em que algo me incomoda
Ou tudo de um modo geral
Me deixa inquieto, irritado 

Eu queria estar feliz
Mas sinto que não estou!
Há um frio em meus pés
Há um arrepio em minhas costas

E dentro de mim há
Um mar que se debate bravio
Ondas que se arrebentam nas pedras
E águas inquietas, revoltas... 

Amanhã eu já não sei
O que será de mim
Mas neste momento eu seria feliz
Se pudesse estar em teus braços... 

Mário Feijó
03.07.12

AMORES EGOÍSTAS


AMORES EGOÍSTAS 

Ela diz que me ama
Mas nada faz por mim
E fica esperando ganhar amor
Feito flor que espera no jardim 

Algumas vezes somos flores
Esperando que o corpo seja regado
E se ela não se dispuser a fazer algo por mim
Um dia ficarei cansado 

Há falta de doação
No tempero falta companheirismo
Um pouco de sal na solidariedade
E compreensão de que a vida é breve 

Ah! Eu não gosto de pedir amor
Eu o dou a quem me dá
E se ela não compreende isto
Este amor não vai durar... 

Mário Feijó
03.07.12

segunda-feira, 2 de julho de 2012

POR QUE ELES SE AMAM?


POR QUE ELES SE AMAM? 

Um dia eles se olharam
E sem saber por que
Eles se apaixonaram 

Algumas vezes o amor é cheiro
Noutras é tato
Em muitas vezes é visão
Existe o amor que nasce pelo cheiro
E também pela audição 

O fato é que o amor é sentido
E ele entra por um
Ou por todos os sentidos 

Não há explicação
Não existe razão
De concreto: eles se amam... 

Mário Feijó
02.07.12

ONDAS DE AMOR


ONDAS DE AMOR 

É nas ondas do mar
Que eu refresco o meu corpo
Toda vez que chega o verão
Eu te sinto por inteiro 

E você se aproxima de mim
Como se fosse uma onda
Envolvendo todo o meu corpo
Em descargas elétricas, ondas de amor... 

Como parar uma onda?
Eu não sei! E também não sei
Se que parar você
Se quero impedir o teu calor a me envolver... 

Volto pra beira do mar
À espera do verão
Como se nesta estação
Eu ganhasse sobrevida 

Penso que é isto o que fazemos
Quando estamos diante do amor
Sobrevivemos por mais dias
Porque só o amor tem na vida esta energia... 

Mário Feijó
02.07.12

sábado, 30 de junho de 2012

O QUE OS OLHOS NÃO VÊM O CORAÇÃO SENTE


O QUE OS OLHOS NÃO VÊM O CORAÇÃO SENTE



        Somos sempre narcisistas diante de um espelho. Quem não para ao olhar a sua imagem refletida?

Eu nunca gostei muito de me ver em espelhos, mas confesso que sempre me olho. E não desgosto totalmente do que vejo.

Se eu pudesse mudar eu mudaria algumas coisas, ou quem sabe até o corpo inteiro. Mudar-me-ia para outro mais belo e mais jovem.

Minha lista de mudanças inclui as olheiras, acentuadas pelo uso contínuo de óculos. As bochechas mandaria tirar fora, elas denunciam o meu parentesco com buldogues. A coluna e os ossos, cansados e alquebrados pelos inúmeros acidentes e pela osteoporose, deixam-me com um andar de tartaruga nas costas.

Algumas pessoas são até bondosas comigo e me elogiam, mas meus olhos não perdoam. Quando eles vêm uma foto minha são impiedosos, chegando a ser cruéis comigo.

Meus olhos são exigentes demais. Não me perdoavam a magreza adolescente. Não me perdoaram a falta de exercícios quando eu poderia ter um corpo mais definido e agora não me perdoam os inúmeros sinais da velhice.

Hoje eu até me acho um pouco melhor do que antes, que em minha juventude, mas quando meus olhos vêm uma foto são cruéis. Eu até já cheguei a pensar em ciúmes, mas eles não perdoam. São implacáveis comigo e com a minha maturidade recente.

Diante do caos que meus olhos apontam em relação ao meu corpo eu tratei de cuidar um pouco mais do meu interior, do meu intelecto, do meu espírito porque lá não alcançam suas críticas, lá ele não pode me depreciar.

Deixei então que o meu coração cuidasse do meu interior. Eu penso que meu coração me ama um pouco mais que meus olhos...



Mário Feijó
30.06.12

PS. Não se preocupem a foto acima é do novo corpo que habito. Mudei minh'alma de lugar... risos.

POR DENTRO E POR FORA


POR DENTRO E POR FORA 

Ah! Se eu pudesse mais
Que apenas te olhar por fora
Que me consumir por dentro
Nestas chamas que me ardem 

E se me consomem é porque tu
Somente tu com este olhar
Ora carente, ora arrasador
Lançaste-o em minha direção 

E sem querer denunciar
O meu desejo por ti
Baixo suavemente a face
Agora rubra em busca de girassóis inexistentes 

Mas tu sabes e percebes
Que outros girassóis poderão brotar
Então lance em meu solo
As tuas profícuas sementes... 

Mário Feijó
30.06.12

ARREBATADOR


ARREBATADOR 

Você não imagina
Como foi bom
Os meus olhos
Tocarem o teu corpo... 

O meu viu estrelas e todas as luzes
Da minh’alma se acenderam
Fazendo de minh’aura um arco-íris
Como se de meus olhos caíssem chuva... 

Eu sempre sonhei
Com um amor assim feito o teu
Arrebatador touro selvagem
Diante de alguém indefeso  

Fiquei assim brilhando
Por hoje e pelo amanhã
Enquanto meu cérebro processa
O teu cheiro que aspirei na distância... 

Mário Feijó
30.06.12

quarta-feira, 27 de junho de 2012

PARA ONDE VÃO OS AMIGOS?


PARA ONDE VÃO OS AMIGOS?





“Noto que estou envelhecendo; um sintoma inequívoco é o fato de que não me interessam ou surpreendem as novidades, talvez porque perceba que nada de essencialmente novo existe nelas e que não passam de tímidas variações”.

Jorge Luiz Borges in “o congresso”, de o Livro de Areia



Eu já precisei demais de vocês
De todos os que se diziam meus amigos
Foram muitas horas de dor e solidão
E todos fugiram dizendo que estavam solidários


Eu pensei que as estrelas
Também tinham me abandonado
Em todas as noites que não conseguia dormir
Consumido pelo meu pranto e dor


Só o mar foi uma constante em minha vida
Com ele haviam as lembranças dos momentos vividos
Então quando eu arrumei uma cama quente
Apareceram alguns querendo me condenar...


Era tarde demais porque eu vi o sol continuando a brilhar
Eu descobri que o céu tinha muitas estrelas desconhecidas
E a cada sete dias a lua tem vindo se renovar em minha vida...


Mário Feijó
28.06.12

SOU TEU


SOU TEU 

Todas as luzes que se acenderam na cidade
Umas por amor outras somente por paixão
Feito as luzes dos meus dias 

Por um pouco de amor
Ou por muita paixão deixo-me viver
Nuns dias sou apenas um sapo
Noutros me transformo em um príncipe  

Tenho que acreditar em meus sonhos
Tenho que me transmutar
Algumas vezes apenas me transformo
Como no instante em que sou teu 

Não pense em algo eterno
Tudo é passageiro
Eterna é a essência do amor
E a vida que escolhemos viver... 

Mário Feijó
27.06.12

terça-feira, 26 de junho de 2012

ÉRAMOS SEIS

(Meu primeiro livro infantil, com 16 páginas, só preciso de uma editora...)

ÉRAMOS SEIS 

Parece que foi ontem
Que passávamos fome juntos
Éramos seis filhos
Mais meu pai e minha mãe 

Meus pais morreram cedo
E os filhos dispersaram-se pelo mundo
Cada um foi cuidar da sua vida
E eu não gostei desta solidão de irmãos 

Casei e descasei várias vezes
Até viúvo já fiquei
Agora tento me encontra
Em um novo amor 

Não sei se é este o caminho
Porque os caminhos estão dentro da gente
Nunca no outro mas eu estou aí
Na vida tentando colar meus cacos... 

Mário Feijó
26.06.12

segunda-feira, 25 de junho de 2012

SOMOS SERES ETERNOS


SOMOS SERES ETERNOS


Impossível acreditar
Que tudo se acabará com a morte
Que o que aqui aprendemos
Será jogado no lixo 

Nosso conhecimento é armazenado
Em gavetas da memória
Na evolução do aprendizado
Onde ganhamos asas para a viagem 

Somos todos eternos
Somos luz nas escolhas
Crescemos na evolução
E sobrevivemos no que aprendemos 

Tudo se transforma
Disse Lavoisier e viram
Orientações espirituais
Para comprovar que não morremos... 

Mário Feijó
25.06.12

VIGILIA NOS CAMINHOS


VIGILIA NOS CAMINHOS


Somos assim: vigília
Uma luz em expansão
Num planeta de expiação 

E dói na alma
A sede de desejos infectos
Caminhos indigestos
No alimento espiritual: o conhecimento 

Há luz em qualquer esquina
Há aprendizado nos caminhos
Independente das escolhas
Desprendemo-nos dos erros
A que somos induzidos 

Conhecimento é luz
E na luz fazemos escolhas
E nas escolhas aprendemos
A melhor maneira de reconhecer caminhos... 

Mário Feijó
23.06.12

PARA ONDE OS LEVARÁS?


PARA ONDE OS LEVARÁS SENHOR?


Ó Criador! Para onde levarás
Aqueles que por aqui passaram
E que perdidos
Encontram-se no etéreo? 

Para onde levarás
Aqueles que em ti não curam?
Aqueles que não cumpriam Tuas leis?
Aqueles que cometeram os erros mais absurdos? 

Para onde irei eu?
Pobre aprendiz e por isto pecador
Um destes que muitos erros comete?
Para onde irei depois de ter superado erros? 

Estarei me redimindo de culpas?
Serei beneficiado com o teu perdão?
Receberei a graça do Teu amor?
Ou simplesmente retornarei para me corrigir? 

Mário Feijó
24.06.12

sexta-feira, 22 de junho de 2012

AMOR QUE NÃO ACABA


AMOR QUE NÃO ACABA 

Eu poderia ter ascendido aos céus
Mesmo assim de lá não esqueceria
Os mais belos momentos de amor
Que já passei contigo 

Cada segundo
Cada fração de tempo
Ficou impregnado na memória
E me fez pensar que és meu sol 

Eu apenas giro ao teu redor
Como se fora um satélite
Que precisasse da tua luz
Para poder existir 

E nas horas que a tua luz se ausenta
Eu sou apenas penumbra na noite
Sou tarde fria e lamacenta
E só por ti sou terra fecunda... 

Mário Feijó
22.06.12

quinta-feira, 21 de junho de 2012

HORAS DE AMOR


HORAS DE AMOR 

Nem só de sonhos vive um homem
Tampouco de uns parcos beijos
Ínfimos carinhos ou de promessas vãs 

Não há quem sobreviva
Com tão pouco
Com falsas promessas
E nesgas de esperança  

Eu quero sentir o teu calor
Muito beijo na boca
Muitas horas de amor e
Horas sem dormir por este motivo 

A vida oferece muitas alternativas
E eu não posso ficar
Platonicamente esperando por ti
Enquanto o tempo passa feito gata no cio... 

Mário Feijó
21.06.12

quarta-feira, 20 de junho de 2012

LÁGRIMA LIBERTA


LÁGRIMA LIBERTA 

Cai de meus olhos
Umas lágrimas canalhas
Que eu havia exilado
Nas colunas do tempo 

Mas veio a saudade
E lhes deram alforria
Veio a lembrança
E as libertou deste exílio 

E eu ainda carente
Colando cacos
Deixei me levar por elas
Morro abaixo de encontro ao chão 

Mas é lá que eu sempre fico
Quando volto do passado
Porque o passado não dá para apagar
Como se fosse um poema que não deu certo... 

Mário Feijó
20.06.12

terça-feira, 19 de junho de 2012

ISTO É FELICIDADE


ISTO É FELICIDADE



        Soluço preso na garganta e a fome subornada pelos cafés com farinha Felicidade costurava a vida.

        Vovó era assim: uma bordadeira de mão cheia (como ela dizia). Fazia crivos e bainhas abertas nos lençóis e toalhas sob encomenda que recebia lá da “cidade”.

Eu era apenas uma criança que feito anjo adorava voar ao redor de sua aura.

Naquela época havia encanto na pobreza e não era grande demérito ser pobre. Eu não conhecia milionários. E haviam os remediados (hoje é esta a minha opinião) e os pobres. Remediados eram os que tinham alguma propriedade e os pobres os que moravam de aluguel e lutavam para viver e sobreviver.

Pobre brincava de pés descalços, entrava em qualquer córrego para pegar piavinhas (nada era poluído), comia fruta do quintal, colhia ovos do galinheiro, sim, porque todos tinham alguma coisa plantada no quintal e criavam aves domésticas: galinhas, patos, marrecos e perus. E alguns criavam até porcos ou cabras.

Naquele tempo não havia televisão oi internet. Sucos eram das frutas colhidas do quintal e raramente se tomava CRUSH ou GRAPETTE. O café era do nosso quintal porque vovó Felicidade plantava.

Vovó também era conhecida como D. Felícia e só foi registrada como Felicidade aos setenta e sete anos quando as filhas, pela idade que ela dizia os filhos mais velhos nasceram e foram registrados.

Eu adorava voar em torno dela e penso que éramos almas complementares. Nós nos entendíamos com o olhar e eu sempre a vi como uma alma menina, mesmo quando mudou de planeta aos noventa e sete anos. Ela levou consigo a minha felicidade naquele dia.

Felicidade ou vó Felícia era completamente analfabeta mas trazia consigo uma compreensão psicológica e filosófica da vida que só agora, depois de muito estudo eu compreendo. O marido dela (meu avô materno) chamava-se Cândido e tinha por mim uma idolatria que mesmo menino eu não entendia, mas adorava ser paparicado, por ele e por meus tios. Com meu avô eu pouco convivi, pois ele faleceu eu tinha apenas onze anos. Só que ele não tinha esta compreensão, nem da vida, nem de Felicidade. Ele era o típico “macho das antigas”. Olhos azuis, terno branco, chapéu cinza – esta é a imagem que eu gravei e retive na memória do homem que abraçava Felicidade na alcova e com ela teve sete filhos.

Eu não posso dizer que interagi com meu avô. Mas com minha avó eu compartilhei desde a água que ela colocava na bilha para refrescar, até o calor do seu carinho que não precisava nem de abraços. Eles sobreviviam em seus olhos verdes que me projetaram esperança para toda a vida.



Mário Feijó (20.06.12)