domingo, 22 de setembro de 2013

OVELHA NEGRA



OVELHA NEGRA

        O marido não lhe dava o menor valor. Saia com todas que podia e fugia até do convencional por uma noitada de amor. Ela, uma bela e jovem mulher, sentia-se a última de todas. Misturava-se aos animais, estes a entendiam, e as ovelhas negras, pareciam da família.
Um dia aparece em sua casa, trazido por uma amiga, um homem diferente daqueles aos quais estava acostumada. Era gentil, delicado, atencioso e a tratava de igual pra igual. Bateu os olhos na figura e se apaixonou. Não queria uma aventura, mas o homem lhe dizia tente... Mesmo que não dê certo você saberá se é ou não amada. Não estava lhe dizendo para ter uma aventura com ele, mas para fazer isto diante da vida e não se deixar morrer por dentro (como ela dizia que estava).
Ela aos poucos pensou nisto e queria viver um grande amor com este homem tão encantador, aos seus olhos. E foi o que fez.
Valia cada minuto que passavam juntos. Era uma paixão arrebatadora e já queria casar com ele, mesmo sem ter resolvido definitivamente a questão com o marido, que agora vivia pelos cantos a chorar e jurando amor eterno.
Estava vivendo um novo amor, intenso, verdadeiro, correspondido. O homem que agora amava era afetuoso e lhe correspondia a paixão. No entanto vinha de relacionamentos frustrados e se negava a ter um compromisso imediatamente, o que a assustava. Por outro lado, a família, o ex-marido e os amigos faziam pressão.
Ela não resistiu as inúmeras chantagens sofridas e resolveu voltar para o marido que prometia esquecer sua “aventura”, como ele dizia, dizendo que a perdoaria e que tudo seria diferente. Ela estava relutante, mas tendo em vista que até os filhos foram usados como barganha resolveu voltar. Sublimou o amor que a havia encantado.
Deixou de viver uma história que a fazia feliz. Mas o que importava se agora os outros eram felizes e ela podia mostrar as fotos do quanto estava “feliz”.
Sua alma se calava feito um rio que é represado e que vai inchando a floresta. Tentaria não deixar que ele transbordasse ou que rompesse a represa. Enquanto isto continuaria a sorrir feito a ovelha negra que sai a balir depois de parir as crias...

Mário Feijó (21.09.13)

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