quinta-feira, 27 de agosto de 2015

NO MUNDO DOS DUENDES

NO MUNDO DOS DUENDES

Era inverno no hemisfério sul. A professora resolvera levar seus alunos da primeira série para passear no campo. Nenhum deles tinha mais que sete anos. Eram vinte crianças, nove meninos e onze meninas. Estavam todos eufóricos...
Criança de cidade grande não conhece o campo. Nunca viu um riacho, tampouco viu uma galinha, um pato, marreco, um peru e se assusta com tudo o que vê. Incrível olhar um porco e se assustar com seu focinho gelado.
Estavam maravilhados no final da tarde. Quatro horas. Era hora de ir embora e a van que os levaria de volta já estava a postos. A professora chamava a todos pelo nome, mas onde estava Felipe.
O menino havia descoberto um buraco entre as árvores e resolvera se enfiar pelos arbustos. Percebera uma luz ali e fora atraído por um clarão azul.
- Venha Felipe! Não tenha medo. Dissera Aristófoles, um duende verde, com um olhão azul, que inspirava bondade.
O menino, encantado foi entrando e descobriu coisas que jamais havia visto. Tudo era diminuto e ele parecia gigante diante de tudo o que via. Eram seres pequeninos que ali viviam. Locomoviam-se com a rapidez dos insetos, certamente porque tinham asas. Mas falavam igual a ele. E Felipe compreendia tudo o que diziam, sem medo algum. Resolvera se despreocupar e ganhara de Aristófoles uma bolinha azul brilhante que acendia e dentro dela mostrava tudo o que acontecia por ali como se fosse uma tela de celular mostrando um filme. Guardara no bolso.
O sol ali parecia ser uma bola azul e não doía olhar para aquela luz. Tudo era florido. Havia campo por todo lado e pequeninos animais, parecidos com os da fazenda.
Felipe não queria mais ir embora. Parecia que fora um grande período de tempo que passara ali. Conhecia tudo e adora a todos. Fora tão bem recebido que queria ficar ali para sempre, porém Aristófoles lhe dissera:
- Você não pode ficar aqui para sempre, menino. Se ficar morrerá no lugar aonde vive e se tornará um de nós, pequenino, como nós. Esta é outra dimensão. Volte, estão procurando você. Um dia você irá voltar, acredite, e será muito bem-vindo.
Nisto Felipe ouve alguém chamado seu nome e assustado sai de dentro do mato onde se encontrava.
A professora apavorada corre para abraçá-lo e o levar de volta.
- Onde você estava menino? Certamente dormiu embaixo dos arbustos.
Felipe silenciou. Quem iria acreditar em sua aventura?
Foi para o fundo da van e pensando no que vivera coloca a mão no bolso e vê a bolinha acesa passando o filme do local onde estivera. Rapidamente coloca de volta no bolso. Agora sabia como se comunicar com seus amiguinhos que ficaram na fazenda e naquele mundo encantado de onde não queria mais sair...

Mário Feijó

27.08.15

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

AGOSTO, VERÃO?

AGOSTO, VERÃO?

Eram tantos os rostos
Aflitos de agosto
Molhados da chuva
À espera do sol...

E as águas subiam
Vinham dos montes
Nascidas em julho
Escondendo o luar...

E o vento soprava
Nas terras do sul
Em tempos de inverno
Investido verão

E pela manhã serração
À tarde baleias brincavam
Com filhotes recém-nascidos
Eu, apenas te recolhia em meus braços...

Mário Feijó

17.08.15

sábado, 15 de agosto de 2015

A SOLA DA PALMA DA TUA MÃO

A SOLA DA PALMA DA TUA MÃO

Quando eu percebo
O toque das tuas mãos
Na sola da palma das minhas
É como se nossos corpos se fundissem

E quando eu percebo teus pelos eriçados
Vejo a tua natureza animal:
Gato, peixe, pavão, pássaro
Vento, poeira, nuvens, estrelas

E eu deixo de ser só(l)
Para ser galáxia
E me fundir a ti...

Mário Feijó

15.08.15 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

SAUDADES DO BOM TEMPO DE CRIANÇA

SAUDADES DO BOM TEMPO DE CRIANÇA

Há dias em que eu sinto falta de:
Cheiro de mato molhado
Barulho de grilos
Estrelas no céu
Ver a lua cheia
Correr atrás de pirilampos
Correr descalço na areia
Pular nas poças da chuva
Esquentar na frente de um fogão à lenha
Cheiro de café torrado
Pirão de feijão com uma gema crua em cima
Tomar água na bica
Correr atrás de uma galinha para comer assada depois
Brincar em festa junina
Comer batata doce assada na brasa
Comer amendoim torradinho
Dormir em colchão com palha de milho
Jogar bolinhas de gude
Ficar brincando de roda...

Depois de matar minha saudade
Lembrando tudo
Descobrir que não sou mais criança
Mas que dentro de mim ainda existe
Aquela criança que não quer envelhecer.

Mário Feijó

10.08.15

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

CONSELHOS PARA ANA

CONSELHOS PARA ANA

Teça colos e trace sorrisos
Não se finja de forte
Porém não se deixe esmorecer
Somos todos finitos enquanto seres humanos
Saiba que a felicidade sempre é passageira
Então seja seu motorista e leve-a consigo
Para os momentos mais tristes e melancólicos
Temos as lembranças e a saudade
Procure não ser masoquista sofrendo
Não se culpe por nada nem se condene
Você não tem o dom de mudar destinos, relaxe
Sua presença nada mudaria!
Somos poeira do universo e tudo se transforma
Aprenda as lições e evolua com elas
Saiba que os gatos podem ter sete vidas
Mas os homens só têm uma
Com a vantagem de sermos eternos
Apenas mudamos de forma, de casa e de corpo
De tempos em tempos...

Trace sorrisos nos dias, trame abraços nas tardes
E não estará nunca só nas suas noites...
Chore, ria, cante, aprenda, não se condene
Ame-se! Não se castigue porque há espinhos
Até no mundo das flores (as rosas que os digam)
Então solte seu pólen ao vento
Sorria para o sol mesmo que pareça uma careta
Chore com a chuva (ela é uma boa apagadora de lágrimas)
Sinta saudades com o luar, você sabe como fazê-lo,
Há em teu sorriso segredos e os sorrisos sempre são janelas abertas
Por onde o amor flui... 
e por último: perdoe-se!

Mário Feijó

05.08.15

terça-feira, 4 de agosto de 2015

MULHER




MULHER
És a dádiva que Deus
Colocou em minha vida
Eu te agradeço pelo útero
Que um dia materno me acolheu

MULHER
Eu te devo a vida
E te agradeço pelos filhos que tive
E que são a minha continuidade

MULHER
Tu és o meu alicerce
E o alicerce dos homens
Sem ti não viveríamos

MULHER
És a direção do mundo
O nosso futuro
E sem ti não seriamos
Os seres que somos...


MÁRIO FEIJÓ
06.11.2008

GRANDES AMORES FAZEM NINHO EM NOSSOS BRAÇOS

Todos nós necessitamos
Do calor de outros braços
Que nos inspirem amor

Desde criança queremos o colo
Da mãe, do pai, dos avós
E nossos “radares” disparam
Na direção de uma alma gêmea

Mas para encontrar o amor precisamos
Estar despojados de outros interesses
Senão o coração erra na paixão
E o erro será inevitável...

É necessário estar bem consigo mesmo
Para que quando o amor chegar
Faça ninho em nossos braços
E não queira mais sair...



MÁRIO FEIJÓ - 2008

domingo, 2 de agosto de 2015

NOITE ENLUARADA

NOITE ENLUARADA

Hoje eu acordei feliz
Sentia-me campo florido
Dia de sol com brisa fresca
Lua cheia maravilhosamente laranja
Sentia-me florir
Como se meu jardim
Cheirasse a jasmim
Como se abelhas pousassem em mim
Querendo meu néctar
E continuei tarde ensolarada
Sorriso no rosto
Pássaros cantando
Como se a primavera estivesse ali
Na primeira esquina do mundo
Até que anoiteci e sobre o mar
Tornei-me um brilhante luar...

Mário Feijó

02.08.15

TUDO DO QUE PRECISAMOS

TUDO DO QUE PRECISAMOS

Algumas vezes
Basta-me
Um dia de sol
Uma noite de luar
Um ombro amigo
Alguém a me olhar
Pode ser até
Um olhar amigo
Um olhar de amor
Um olhar de carinho
Mas de alguém
Que passe por mim
E me dê bom dia
Boa tarde ou boa noite
Ou apenas um sorriso
Tudo isto são coisas/ações
Que acontecem de graça
Que não dói a quem o faz
E pode parecer tão pouco
Porém em horas difíceis
É tudo o que precisamos...

Mário Feijó

01.08.15

quarta-feira, 29 de julho de 2015

NÃO DÁ PARA CALAR

E a educação?
Grita o povo aflito
Sem casa – sem teto
Sem terra – desvalido

Perdido o povo está!
É tanto progresso - Petróleo
– arrecadação batendo recordes
E o povo? Aonde vai?

Por que não investir em educação?
Será que é mais cômodo
Calar o povo com vale-tudo?
Será que vale a pena?

Para que se tenha mais ordem
E até mais progresso
Temos que investir em saúde
E muito mais na educação...


Mário Feijó



segunda-feira, 27 de julho de 2015

O PODER DO AMOR

O PODER DO AMOR

O calor da tua respiração
Faz o meu coração pulsar
Dá vida ao meu corpo
Feito o calor do sol
Que faz o pão crescer
Antes de ir ao forno
É o calor do amor
Capaz de milagres
Capaz de multiplicações
E eu cresço em ti
E nós nos multiplicamos
Um no outro
No calor do amor
Na respiração
Nas pulsações do nosso sangue
E na luz que o amor produz


Mário Feijó

28/07/2015

PONTE DE AMOR

PONTE DE AMOR

Quando o seu objetivo
For o coração de alguém
Construa pontes
Através do amor

Não adianta atirar cordas
Porque alguns se enforcam com elas
Ou amarram você

Não atire flechas
Como se fossem eles o alvo
Você pode errar
Ou não atingir seu objetivo

Corações aceitam pontes
Construídas com paciência e carinho
E quando você ver
Ele já se entregou todinho...

Mário Feijó

27.07.15

sexta-feira, 24 de julho de 2015

RECONQUISTA DIÁRIA

Conquiste-me todos os dias

Todos os dias pela manhã
Ele dizia a ela: - Eu te amo!
E a conquistava diariamente
E, diariamente, ela esquecia
Então todos os dias ele repetia:
- Menina eu te amo!
Ela estranhava muito
Aquele homem desconhecido
Dizer que lhe ama,
Porém ele não desistia
E todos os dias partia
Para aquela conquista
De um amor desconhecido.
Ela até não poderia saber
Quem ele era, mas ele sabia
Muito bem quem ela era
E o que significou todos aqueles anos
Em sua vida...

Mário Feijó

24/07/2015

quarta-feira, 22 de julho de 2015

ENTRE O SONHO E A REALIDADE

ENTRE O SONHO E A REALIDADE

Você era apenas
Um sonho meu
Que se tornou realidade
Porém sonho e realidade
São coisas que se contrapõem
Enquanto o sonho é doce
A realidade muitas vezes amarga
No entanto você é uma doce realidade
Tão doce que dissipou
Todo o amargor
Que a realidade pode ter...

Mário Feijó

22.07.15

terça-feira, 21 de julho de 2015

BENDITA LUZ

BENDITA LUZ

Bendita luz do sol
Que depois de tantos dias
Encoberta pelas nuvens chuvosas
Também sempre benéficas
Mas que em demasia
Causa cheias e desabrigo

Bendita luz do sol
Que entra em nossas casas
Ajuda nas limpezas
Na secagem de roupas
Mas que aquece nossos corpos
Revigora nossos campos e pastos
Dá vida aos nossos alimentos

Bendita é a luz do sol
Bendita é a paz
Para quem lembra da escuridão
Do estouro de uma bomba
Durante uma guerra
Que tudo destrói

Bendita é a luz do sol
Quando existe amor
Quando temos a esperança
Quando temos a força
Para recomeçar...

Mário Feijó

21.07.15

segunda-feira, 20 de julho de 2015

MANÉ JOÃO

MANÉ JOÃO

Você não entende as mulheres
Porque és um “Mané”, João!
Você não entende seus filhos
Você não entende de fome
Você não entende de pão

Por que você bebe?
Por que você joga?
Por que você trai?
Porque és “Mané” João!

Você não é Maria
Você não é mãe
A mulher que se dá
A mulher que faz pão

Que cozinha nas latas
Que sobe o morro todo dia
Depois de lavar pra madames
Para ter o que comer

E você o que faz “Mané”?
Toma cachaça, joga “porrinha”
Quer ver futebol, assovia pras meninas que passam
Na frente da construção

És um burro “Mané” João
Não entende a mulher
Que te faz o café
Porque és um “ Mané” João!

Mário Feijó

20.07.15

sexta-feira, 17 de julho de 2015

LEÃO: liberdade...

LEÃO: liberdade...

Eu quero o cheiro de mato verde
De grama molhada de chuva
Ouvir o canto dos pássaros
Abraçar-me em árvores e arbustos

Quero correr em disparada pelos campos
Colocar meus pés no riacho
Beber a água fresca corrente
E esfregar minhas unhas nas pedras

Nasci livre e numa jaula estive prisioneiro
Que pecado eu fiz ao ter nascido leão
Não sou palhaço de circo

Não entendo por que era chicoteado
Não compreendo por que não posso caçar
Quero minha liberdade: ver o céu, olhar estrelas, correr...

Mário Feijó

17.07.15

quinta-feira, 16 de julho de 2015

É MENINO!

É MENINO!

Quantas vezes ouvi esta expressão:
É menino! Quando a mãe via
Seu rebento nascido
Retirado de dentro do útero...

Feliz, o pai bebia todas!
Já, a mãe, meio que decepcionada
Queria uma filha mulher
Porque esta a entenderia, ajudaria...

Seria mais um macho dentro de casa
E num mundo onde os machos
Tinham o poder - a supremacia –
A mulher lamentava a sua solidão...

A menina-mulher que se libertava
Agora noutra época toca as partes do menino
É diz: - é menino! De repente emenda: - é moço
Mas quando se pega em seus braços brada feliz:
- É homem! Diz segurando seu membro
Aninhando-se toda em seus braços...

Mário Feijó

16.07.15

quarta-feira, 15 de julho de 2015

O GATO E O RATO?

O GATO E O RATO?

Ele era um gato
Apenas um gato escondido
Embaixo do banco
Ronronando por baixo da mesa

Um gato negro e arisco
Escondia-se embaixo da escada
Com fome pedia comida
Tinha um olhar que falava

Todos os dias ele esperava a minha chegada
Como se eu fora seu ídolo
E quando a comida eu levava
Ele pedia primeiro carinhos

Se eu não fizesse ele miava
Parecia querer conversar comigo
Então com o gato eu falava
E ele miando agradecia...

Mário Feijó

15.07.15 

terça-feira, 14 de julho de 2015

AMOR, MEDO E DOR

AMOR, MEDO E DOR

Eu tenho muitos sentimentos
Vivo de sonhos
Mas no momento
O que eu mais tenho é: dor, medo e amor

Sofro dores
Desde que era criança
O amor me sobra
Mas tenho medo de amar

Fui rejeitado
Nunca me senti ser amado
E tenho medo de me entregar

Espero há tempo
Que bata um vento
E me devolva a felicidade perdida
Levando de vez o meu medo de amar...

Mário Feijó

14.07.15

segunda-feira, 13 de julho de 2015

BRASA ARDENTE

BRASA ARDENTE

Atirado na cama
Eu sou flor que desfolha
Diante dos beijos teus

E quando bates as asas
Sugando meu pólen
Sou rosa, sou cravo, sou jasmim
Entregando tudo, o melhor de mim

E nas noites frias
Quando bate a dor
Tenho teu amor
Pra me agasalhar

Frequentas meu corpo
Feito fogo na lareira
Tal qual brasa ardente
Crepitando faíscas quase a me queimar...

Mário Feijó

10.07.15

sábado, 11 de julho de 2015

A TUA GEOGRAFIA

A TUA GEOGRAFIA

Ainda ontem
Quando eu passeava
Pelo corpo teu
Descobri que amava
Cada poro, cada célula
Que te completava
Que fazia de ti
Uma extensão de mim...

Enquanto eu viajava
Pela tua pele
Deliciosamente buscava
No teu prazer
Um prazer que era meu
Era quase o paraíso
Aquela viagem
Onde eu encontrava
Serras, montes, vales,
Mares, rios espalhados no teu corpo...

E quando acordei
Procurava-te ao meu lado
Não estavas mais ali
Já entravas no quarto
Com um sorriso largo
Tendo nas mãos uma bandeja
Com um café da manhã...

Mário Feijó

10.07.15

sexta-feira, 10 de julho de 2015

PELO MEU CORPO

PELO MEU CORPO

Tu
Não apenas passeias
Pelo meu corpo
Como se fosses
O sangue que corre
Pelas minhas veias

Tu
Sapateias em meu coração
Iluminas os meus dias
E o movimento das marés
Que me traz a brisa
Fonte viva da minha natureza
Fecundando minhas sementes
No salitre do teu suor...

Mário Feijó

10.07.15 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

terça-feira, 7 de julho de 2015

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: SENTIMENTOS: uma questão de gênero?

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: SENTIMENTOS: uma questão de gênero?: SENTIMENTOS Sempre tão fortes Os sentimentos não têm sexo Eles acontecem normalmente Entre homens e mulheres Então por que al...

SENTIMENTOS: uma questão de gênero?

SENTIMENTOS

Sempre tão fortes
Os sentimentos não têm sexo
Eles acontecem normalmente
Entre homens e mulheres
Então por que alguns
Têm nomes femininos e outros
Nomes femininos?

Vejamos: o medo = nome masculino
A coragem = nome feminino
O amor = nome masculino
A felicidade = nome feminino
Eles não deveriam ter
Indicação de gênero...

Vejamos: parece-me que coragem
É algo mais comum aos homens
E tem nome feminino
O medo é uma palavra masculina
Mas parece algo que induza à mulher...

Calma, calma são somente impressões
Não determinações porém
Uma brincadeira com palavras
Encima de sentimentos e gêneros...

Mário Feijó
08.07.15

TEMPOS CURTOS, DIAS LONGOS

TEMPOS CURTOS, DIAS LONGOS

Nestes dias longos
O tempo se faz tão curto
E rápido se vai

Quando olho a vida
Como se fora um longa metragem
Vejo que tudo passou muito rápido

Sejam as dores
Sejam os amores
Seja a tristeza
Ou até a felicidade

Tudo ligeiramente passou
Ficaram somente: lembranças, saudades, cicatrizes
De um tempo que guardamos na memória

Tudo se dispersou
Nada mais restou
Nestes dias longos
De nossa breve vida...

Mário Feijó

07.07.15

sexta-feira, 3 de julho de 2015

AOS PARES

AOS PARES

Lua e sol
Júpiter e Vênus
Mar e luar
Dois olhos
Nós dois
Um pouco de amor
Ingredientes para a harmonia
Onde há felicidade
Resta um pouco de nostalgia...

Romântico olhando o céu
É possível ver Júpiter
Escondendo-se atrás de Vênus
Esparramada no mar
É possível ver a luz da lua...

Nas dunas uma coruja pia
Fugindo dos predadores
Voa à caça de alimentos
Para os filhotes que piam na toca...

Aos pares olhos espiam
Aos pares ouvidos curiosos escutam
Aos pares os amantes
Espiam a lua no céu...

Mário Feijó

03.07.15

quinta-feira, 2 de julho de 2015

ENLACE-ME

ENLACE-ME

Eu quero me enrolar
Nos teus cabelos,
Tua pele, teus pelos
E dentro do teu coração morar

Quero voar nos teus sonhos
Ser o ar que respiras
O sangue que por ti circula
O bater do teu coração

Quero ser o teu dia a dia
Ser o nexo da tua vida
E contigo ver estrelas
Toda vez em que o sexo nos excitar

Quero ser a água da chuva
O rio que escorre das montanhas
Que passeia por vales
E que o mar vai encontrar

E quando um dia
Não estivermos mais aqui
Quero nossas almas enlaçadas
Passeando pela eternidade...

Mário Feijó

02.07.15

quarta-feira, 1 de julho de 2015

O AMOR É PACIENTE

O AMOR É PACIENTE

Silenciosamente plantei sementes
Reguei-as com muito amor
Esperando seus perfumes
Esperando “sua cor”

Silenciosamente abri os braços
Silenciosamente abri sorrisos
Percorri estradas de dor

Silenciosamente esperei calado
Havia horas em que desesperado
Eu chorava sem pudor
Não tinha medo de amar

Silenciosamente amei
Sem me aquietar nas decepções
Esperei por um mínimo de carinho
E você chegou pacientemente
Chamando-me “meu amor”...

Mário Feijó

01.07.15

segunda-feira, 29 de junho de 2015

CONTRADIÇÕES HARMÔNICAS (frases)

CONTRADIÇÕES HARMÔNICAS (frases)

O sol brilha mesmo nos dias escuros...

Para um dia de frio nada melhor que um amor quente...

Para um homem carente basta um amor ardente...

Para um dia frio bom mesmo é chocolate quente...

Para uma mulher ardente basta um homem potente...

Para alguém que quer amar basta outro com a mesma vontade e o ciclo irá fechar...

Desde que nascemos lutamos contra a morte: é a vida!

Quem lê pensa. Quem pensa vive mais e melhor. Quem vive mais e melhor vai mais longe.

Inteligência é inato. Cultura adquire-se: isto é fato!

Mário Feijó

29.06.15

CARTA DE ALFORRIA AO AMOR

CARTA DE ALFORRIA AO AMOR

Meu caro amigo:
Quero que saibas que
Jamais serias prisioneiro
Dentro do meu coração
Quero que saibas
Que as pessoas a quem amo
São livres para ir e vir
Sempre que o quiserem

Amigos, filhos ou amores
Têm sempre lugar cativo
Dentro do meu coração
E circulam livremente
Por todas as áreas da minha vida...

Mário Feijó
29.06.15



sexta-feira, 26 de junho de 2015

A PRESSÃO PARA VIVER

A PRESSÃO PARA VIVER

Ontem eu lembrei do meu tempo de menino. Quase tão perto eu diria. E queria logo crescer, talvez pelas inúmeras surras que apanhava. Hoje os tapas que educavam são criminosos. Então muitos filhos passaram a cometer crimes porque não mais apanham, nem recebem castigo. Perderam o medo, e até o respeito.
Eu lembrei que tinha menos de sete anos e por ter tirado a calça e mostrado meu pênis excitado para uma menina da vizinhança (que tinha pedido pra ver), na frente do meu irmão, este contou para o meu pai e eu apanhei uma surra daquelas. Porém lembro até hoje que não havia maldade ou malícia no ato. Era puro exibicionismo de criança, de um lado, e curiosidade do outro.
Também lembro que apanhei por ter chamado meu irmão de palhaço. Mas foi uns tapas merecidos, pois eu sabia que palhaço era nome feio, portanto proibido de ser pronunciado.
Depois de quase 60 anos, e algumas “quase” mortes eu aprendi a dizer “merda” e a mandar “à P.Q.P.”. Hoje as meninas, desde pequenas falam “caralho” e “porra” com a maior naturalidade, como se dissessem pipoca ou chocolate. E a gente tem que não se horrorizar, para não ser tachado de careta e retrógrado. Outro dia eu expliquei pras minhas netas de 15 e 16 anos o que as palavras significavam. Nunca mais ouvi elas pronunciarem tais vocábulos.
Quando criança eu gostava de brincar de amarelinha e de queimei, esconde-esconde; bolas de gude e de pular dos degraus da igreja.
Houve uma vez em que cozinhamos um grilo e demos para um vizinho menor comer. Acho que estávamos iniciando na culinária chinesa (no entanto até hoje sinto remorso por isto).
O pai dos meus amiguinhos da vizinhança, Sr. Juca, era dono de uma mercearia e lá vendiam também sorvetes, ficava bem na frente do colégio onde fiz os primeiros anos: “Grupo Escolar José Boiteux”, no Estreito, em Florianópolis-SC. Aquilo era o paraíso, tanto a escola quanto a mercearia do Sr. Juca e da D. Ranildes. Eles tinham duas filhas e dois filhos. A filha mais velha, Neusa, foi o meu primeiro amor infantil, mas acho que até hoje ela nunca soube disto. Algumas vezes passamos a vida inteira sem dizer às pessoas que as amamos. Sim eu a amei. Mas não é o mesmo amor de gente grande. Era um amor grande, de gente pequena, se você me entende.
Somos assim: nunca dizemos “eu te amo” para nossos pais, para nossos irmãos, algumas vezes nem para nossos filhos. Eu nunca ouvi meu pai ou minha mãe dizerem que me amavam. Hoje eu digo para os meus filhos e eles não acreditam. Por que será que nunca acreditam na gente? Por que será que sempre pensam o contrário do que sentimos?
Parece ser mais fácil odiar, e, em ódio todos acreditam. Mas por que não acreditar no amor quando são os bons sentimentos que nos fazem crescer? Quanta coisa na vida mudaria, se disséssemos mais “eu te amo”...
Fui ensinado a ter medo do amor. Até hoje eu digo e me entrego, mas é sempre uma entrega receosa.
E quando a vida segue, aprendemos a ter medo do mundo. Eu aprendi a ficar atento, porém continuo acreditando nas pessoas, mesmo nas que não acreditam mais em mim. Eu sempre fui e sou solidário...
É fácil pensar que temos milhares de amigos quando somos crianças e também adolescentes. Ai quando finalmente começamos a trabalhar, acreditamos que todos no trabalho são nossos amigos, mas no trabalho temos colegas. Podemos até fazer um ou outro amigo, mas trabalho é ambiente de disputa e onde há disputa, as amizades são fugazes. Ambiente competitivo é fértil solo para traquinagens.
Chega uma hora que, quem sobrevive envelhece e quando não temos alguém como companheiro(a) arrumamos um bando de velhos ranzinzas para ter por perto, com medo da solidão. Nesta hora ninguém tem mais paciência uns com os outros e todos resolvem ser honestos... então somos obrigados a ouvir verdades que não queremos, a aturar o mau humor uns dos outros. Tudo em nome de um companheirismo medroso. Medo da vida. Medo da solidão.
Então para não sermos iguais (e somos) tomamos pílulas, para mijar, para cagar, para peidar, para pressão não subir e até para trepar (hoje em dia tem jovem tomando desde cedo, coitados).
Infelizmente é isto o que nos sobra daqueles tempos tão glamourosos e que na época pareciam tão difíceis. Difícil é viver sozinho, sem um amor por perto.

Mário Feijó

26.06.15

quinta-feira, 25 de junho de 2015

PARABÉNS MAMÃE

PARABÉNS MAMÃE

Hoje eu estou de parabéns
Há 85 anos nasceu minha mãe
E por este motivo
Hoje eu existo

Sou verbo
Sou substantivo
Fui amado
Amei intensamente

Agora ela é estrela
Voltou para a eternidade
Deixou filhos, netos, bisnetos
E uma saudade constante

Mesmo assim eu sei
Que seu amor deu-me vida
E por todos os dias
Eu agradecerei por ela ter existido...

Mário Feijó
06.06.15

(não tive coragem de postar no mesmo dia que escrevi). 

segunda-feira, 22 de junho de 2015

TODOS OS DIAS IGUAIS SÃO SEMPRE DIFERENTES

TODOS OS DIAS IGUAIS SÃO SEMPRE DIFERENTES

Em todos os dias nasce o sol
Mesmo quando escondido
Atrás das nuvens ou em dias chuvosos

Ele passa doze horas conosco
As demais doze horas do outro lado da Terra...
Em cada semana a lua
Ganha uma forma diferente
E em todos os meses é a mesma coisa...

A cada três meses temos
Uma mudança de estação
Que varia entre o verão e o inverno
Ou entre o outono e a primavera

Mesmo iguais, todos os dias, meses
As estações trazem beleza
Que no ano anterior parecia ser diferente...

Em um dia estamos envolvidos com o amor
Num ano foi um filho que nasceu
Noutro um filho que casou, formou-se ou viajou
E assim cada um dia tem um colorido
Todo diferente que nossas emoções mesclam...

Assim a vida passa sem que percebamos
Algumas vezes até fica emperrada em problemas
Em horas de tristezas ou de dificuldades
Mas quando paramos de lamentar
O tempo flui e a felicidade acontece...

Todos os dias que parecem tão iguais
Acabam se tornando diferente
Tudo irá depender do nosso olhar
Com que vemos a vida e as tintas
Com que colorimos tudo aquilo que vivemos...

Mário Feijó

22.06.15  

domingo, 21 de junho de 2015

RAZÕES PELAS QUAIS EU ESCREVO...

RAZÕES PELAS QUAIS EU ESCREVO...

Escrever é existir, mostrar o que penso, provar que estou vivo. Não basta você me olhar e saber que eu estou vivo eu quero mostrar que penso. Por isto escrever é existir.
A minha interação com o mundo acontece quando eu escrevo. Ler o que o outro escreve é interagir com o pensamento do outro, mas se eu não escrever ninguém saberá como penso. Por isto eu escrevo.
Escrever passou a ser um ato de rebeldia. Espernear para existir. E não sou somente eu quem pensa assim. Outros escritores também pensam assim. Mas não estou incomodado com os que discordam. O meu mundo existe na escrita.
E quando falo em escrita, não precisa ser real. Pode ser fantasia, algo fantástico, inimaginável. Passa a ser real no mundo da minha fantasia.
 Sonho com mundos reais, muito diferentes do nosso, mas paralelos ao nosso. E neste mundo tudo é possível. Fica mais fácil existir.
Nossa vida é tão efêmera quando nos comparamos à idade do universo, dos planetas ou das estrelas, porém nossa mente não se apagará e já trazemos memória de outras existências. Somos células materiais que um dia já estiveram em outro animal ou em algum mineral. Quando ganhamos um corpo adquirimos a memória da vida atual. Seria confuso termos todas as memórias. Basta-nos acreditar. Existir... desta forma nos tornamos imortais.
Pensem, reflitam, leiam, escrevam, mas não sejam somente bruma em movimento. Vento que não vemos. Deixe marcas... faça as suas e não apaguem as minhas, por favor...

Mário Feijó

21.06.15

sexta-feira, 19 de junho de 2015

ANJO PANACA

ANJO PANACA

Usado, abusado
Poucas vezes ousado
Eu penso que sempre fui
Um anjo panaca

Algumas vezes chamado de encrenqueiro
Noutras submisso e explorado
Tento ser arrojado, atirado
Não tenho mais medo de amar

Chamaram-me de anjo tarado
Diziam que eu não era normal
Sempre soube ser um anjo
Um anjo transcendental

Não voo nas igrejas
Mas tenho uma alma boa
Tenho intenções boas
Pretendo sempre ajudar

Só que muitas vezes já ouvi
Que de boas intenções
O inferno está cheio
Então o anjo se estrepou...

Mário Feijó

19.06.15

quarta-feira, 17 de junho de 2015

APRENDENDO A SER FORTE SEM MÁGOAS

APRENDENDO A SER FORTE SEM MÁGOAS

Um dia sem querer a gente descobre
Que tem que pensar num final.
Tudo tem começo, meio e fim
Inclusive nossas vidas...

Queremos fugir desta realidade
Mas não dói pensar que nós também
Temos um prazo de validade
E vida voa e um abraço, um beijo, um sorriso
São bênçãos inesquecíveis
Torne-se velho e descubra o valor disto...

Então quando você adoece
Descobre que os que estão longe
São os que mais se preocupam com você
Não seus filhos, não seus netos, não seus irmãos
Mas pessoas que nem lhe conhecem mas lhe estimam

Não podemos lamentar não sermos compreendidos
Cristo deu-nos esta lição: não foi compreendido
Os mais próximos pensam “será que receberei algo”
Jamais compreendem que a vida é ciclo vicioso
E que um dia estarão também na roda...

E muito mais importante do que ter mágoas
É compreender que este aprendizado é nosso
Temos que aprender com os elefantes
Que se isolam para morrer
Ou com as araras que se mutilam solitárias
Para serem devoradas pelos predadores...

Afinal o que nos resta é nosso espírito
Este sim deve estar forte e saudável
Para que uma lição permaneça
E que ao mudarmos de planeta
Tenhamos deixado aqui uma lição de amor
Não um pedido de piedade
Afinal de contas aqui estamos para ser fortes...

Mário Feijó

17.06.15

segunda-feira, 15 de junho de 2015

DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ

DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ

A minh’alma vazia
Queria contigo dançar
Ouvi no som da vitrola
São dois pra lá, dois pra cá...

Contigo então viajando
Meus pensamentos fluíam
Era meu corpo sonhando
Bebendo um guaraná

Sentia como se bebesse
Whisky e a música a tocar
Eu viajava num tempo
Que te tirei pra dançar

Um frio tão traiçoeiro
Fazia o meu sangue pulsar
Muito mais forte que o bumbo
Era efeito do whisky agora com guaraná

E quando a música parou
Voltei à minha realidade
Estávamos os dois muito longe
Você pra lá, eu pra cá...

Mário Feijó

15.06.15