NO
MUNDO DOS DUENDES
Era inverno no hemisfério sul. A professora
resolvera levar seus alunos da primeira série para passear no campo. Nenhum deles
tinha mais que sete anos. Eram vinte crianças, nove meninos e onze meninas. Estavam
todos eufóricos...
Criança de cidade grande não conhece o
campo. Nunca viu um riacho, tampouco viu uma galinha, um pato, marreco, um peru
e se assusta com tudo o que vê. Incrível olhar um porco e se assustar com seu
focinho gelado.
Estavam maravilhados no final da tarde. Quatro
horas. Era hora de ir embora e a van que os levaria de volta já estava a
postos. A professora chamava a todos pelo nome, mas onde estava Felipe.
O menino havia descoberto um buraco entre
as árvores e resolvera se enfiar pelos arbustos. Percebera uma luz ali e fora
atraído por um clarão azul.
- Venha Felipe! Não tenha medo. Dissera Aristófoles,
um duende verde, com um olhão azul, que inspirava bondade.
O menino, encantado foi entrando e descobriu
coisas que jamais havia visto. Tudo era diminuto e ele parecia gigante diante
de tudo o que via. Eram seres pequeninos que ali viviam. Locomoviam-se com a
rapidez dos insetos, certamente porque tinham asas. Mas falavam igual a ele. E Felipe
compreendia tudo o que diziam, sem medo algum. Resolvera se despreocupar e
ganhara de Aristófoles uma bolinha azul brilhante que acendia e dentro dela
mostrava tudo o que acontecia por ali como se fosse uma tela de celular
mostrando um filme. Guardara no bolso.
O sol ali parecia ser uma bola azul e não doía
olhar para aquela luz. Tudo era florido. Havia campo por todo lado e pequeninos
animais, parecidos com os da fazenda.
Felipe não queria mais ir embora. Parecia que
fora um grande período de tempo que passara ali. Conhecia tudo e adora a todos.
Fora tão bem recebido que queria ficar ali para sempre, porém Aristófoles lhe
dissera:
- Você não pode ficar aqui para sempre,
menino. Se ficar morrerá no lugar aonde vive e se tornará um de nós, pequenino,
como nós. Esta é outra dimensão. Volte, estão procurando você. Um dia você irá
voltar, acredite, e será muito bem-vindo.
Nisto Felipe ouve alguém chamado seu nome e
assustado sai de dentro do mato onde se encontrava.
A professora apavorada corre para abraçá-lo
e o levar de volta.
- Onde você estava menino? Certamente dormiu
embaixo dos arbustos.
Felipe silenciou. Quem iria acreditar em
sua aventura?
Foi para o fundo da van e pensando no que
vivera coloca a mão no bolso e vê a bolinha acesa passando o filme do local
onde estivera. Rapidamente coloca de volta no bolso. Agora sabia como se
comunicar com seus amiguinhos que ficaram na fazenda e naquele mundo encantado
de onde não queria mais sair...
Mário
Feijó
27.08.15
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