A Dor de Um Amigo
Fernando L. Da Silva
Não havia mais hora, mais gana mais nada,
das vozes que viriam.
Dias felizes, calados agora.
Um vazio locomovendo-se no ar, no cansaço do teu rosto.
A dor, milhares de vezes infinita,
constrita ao teu lamento pessoal.
Ah! Meu bom amigo,
tivestes o sorriso calado.
Ainda cheira a vida este lugar
estas roupas, bem sei.
Há presença nesta solidão.
Não se finda a alma com um sopro de despedida.
A morte para o tempo é jargão e,
para a eternidade ainda é vida.
O pranto não repouse sobre teu destino.
Há entre vós um breve aceno do tempo.
Felizes os presentes no amar
navegando às profundezas de dentro.
Aceno de perto e com zelo.
Vão-se as palavras voam os versos.
Acalenta tua dor num breve sono,
num dia tranquilo, de chuva, no inverno.
A contento do amor que se eleva,
a brisa na trilha sobrepuja o temor.
A vida, águas a arrebentar-se na força da pedra.
Teu destino, um sorriso.
Felicidade a desprezar a dor.