ARTES BY MARIO FEIJÓ
Este blogger contém as obras, artes plásticas e poesias de Mário Feijó. Também mostra os trabalhos em que o artista está envolvido no momento...
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
AMOR COM PIMENTA
AMOR COM PIMENTA
Eram tão doces teus beijos
Que eu me sentia
Saboreando mel
E no meio do mel
Um pedaço de favo
Seco, ardido,
Parecia pimenta
Eu gosto de temperos
De sal bem dosado
Cebola, salsinha,
Cominho, colorau
Mas tudo bem dosado
E que os gostos misturados
Não fiquem fortes demais...
Eu já não sabia
Se eras tu a temperar
Ou se colocaste pimenta demais
Nos beijos que me davas...
Mário Feijó
17.11.2016
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
JURO
JURO
Eu
juro
Que
o que eu mais queria
Era
um dia ser abraçado
Tão
suavemente
Que
eu pensasse ter voltado
Para
dentro do útero materno
E
de lá de dentro
Mexer-me
bem devagar
Que
é pra não machucar
O
útero que me carrega
E
de olhos bem fechados
Aconchegar-me
candidamente
Neste
colo(abraço)
Sentindo
toda a proteção
Que
ele pode me dar
Juro que
eu ainda preciso de abraços
Não
importam os anos que se passaram
Eu
ainda preciso de muitos abraços
De
carinho, de proteção
E
não é porque meus cabelos
Agora
encanecidos dão motivos
Para
que eu seja esquecido
E
não seja mais aquele ser humano
Que
um dia foi tão esperado
Juro,
eu juro,
Que
só assim conseguirei
Tudo
aquilo que eu sempre quis
Ser
feliz feito criança
Mário
Feijó
03.11.16
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
ARREPIOS QUE O VENTO PROVOCA
ARREPIOS QUE O VENTO PROVOCA
Eu sou vento
Que se desloca
E nem é percebido
Invisível, feito o ar,
Um ente estranho
Mal amado
E só respeitado quando se é tormenta
Um ente da natureza
Que se desloca sem ser visto
Que ajuda na polinização das flores
Que provoca ondas no mar
Tão solitário
Sedento de amor
Que por ser invisível
Só provoca arrepios
Mario Feijó
24.10.16
domingo, 23 de outubro de 2016
EN(CANTOS)
EN(CANTOS)
O mundo é uma floresta encantada
E nos encantamos com paisagens
Com animais e com atitudes
Sejam elas de bichos ou de pessoas
Eu às vezes me encanto com flores
Noutras vezes apenas com o tilintar da chuva
Há ocasiões em que me encanto com gatos
Noutras com o abano do rabo de um cão
Há noites em que me encanto com a lua
Ontem eu estava encantado com as estrelas
Porém há dias em que eu me encanto com a luz do sol
E noutros apenas me arrepio com o passar do vento
Há uma beleza infinda nas mulheres
No que elas fazem, no amor que exalam
No cuidado que têm com seus filhos
Mas há uma beleza infinita no amor de um homem
Mário Feijó
23.10.2016
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
TUDO PARECE PERFEITO NO AMOR
TUDO PARECE PERFEITO NO AMOR
Você tem dois braços
Duas pernas
Dois olhos
Dois ouvidos
Um nariz e uma boca
E tem o corpo perfeito
Porém não é por isto
Que eu te amo
Eu te amo
Pela simplicidade da tu’alma
Pela beleza campestre
Pela tua transparência d’água
Pelo teu cheiro de campo
Pelo teu riso silvestre
Pelo teu canto de pássaros
O amor é assim
Água limpa corrente
Cheiro de mato verde
Riso de criança
Braços enlaçados
Beijos tão doces de mel
Mário Feijó
17.10.16
sábado, 1 de outubro de 2016
EU TE AMO (mas não é porque tu me amas)
EU TE AMO
(mas não é porque tu me amas)
É chegada a hora
Em que o universo
Toma conta do meu corpo
E minhas carnes decadentes envelhecem
Porém merecemos amor
Mesmo quando já não temos
O vigor da juventude
Então nos resta amar
A quem nos ama tão candidamente
E não é só porque tu me amas
Que eu te amo
Eu te amo porque tu me completas
E fico encantado
Com o teu modo de me amar
Eu penso que te amaria
Mesmo que fosses “diferente” de mim
Porque o que eu amo em ti
É a tua essência
A candura da tu’alma...
Mário Feijó
01.10.16
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
COMEMORAMOS A PRIMAVERA
COMEMORAMOS A PRIMAVERA
Neste dia começa a primavera
Exatamente agora, 11h21m
O sol está esplendoroso
Mas dentro de mim, o inverno não saiu
E eu pensei: Por que será
Que a cada aniversário
Comemoramos a primavera?
Primavera é alegria, luz, flores, eu sei
Mas a minha vida foi muito mais
Feita e repleta de invernos
(frios, cinzentos, solitários, distantes)
Apesar das aparências eu não desisto
Não desisto de mim, de você e de ninguém
Vagarosamente a primavera entrará em mim
Como o sol quente que aquece meus ossos
Mário Feijó
22.09.16
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
O MEU NINHO PARECE VAZIO
O MEU NINHO PARECE VAZIO
Quando tu te vais
Eu me sinto em queda livre
É como se me tirassem o chão
E eu começo a cair
Sou apenas uma pluma no ar
Balançando jogada ao léu
E meu destino é incerto
Sou uma ave sozinha no ninho
Esperando que me deem alimento na boca
O MEU NINHO SE ENCHE
Quando estás comigo eu não vejo as horas passarem
Não conto os dias que me restam
Nem vejo a hora da partida
Vivo intensamente todos os momentos
Sorrio para a vida e não me sinto só
Mário Feijó
19.09.16
O DINHEIRO QUE NÃO TRAZ FELICIDADE
O DINHEIRO QUE NÃO TRAZ FELICIDADE
O mundo gira muito rápido
Enquanto eu queria o teu amor
Você saia pelo mundo
Lutando por dinheiro
A vida passa como um sopro
Acumular moedas ou bens
Não nos fazem crescer
No máximo nos levam a uma vida de conforto
Então o tempo passa
E eu que já não tenho mais tempo
Vou envelhecendo
E você que tem uma vida inteira pela frente
Luta por valores que não lhe farão feliz
No máximo permitirão você sobreviver...
Mário Feijó
19.09.16
sábado, 17 de setembro de 2016
UM AMOR QUE TRANSBORDA
UM AMOR QUE TRANSBORDA
Eu gostaria de ter tido mais tempo
Para conviver com meus filhos
Agora que estou mais velho
Tenho tempo e eles voaram do ninho
Mesmo assim eu queria mais tempo
Para viajar, para passear na praia
Para correr nos campos
E para entrar na água dos riachos
Além da falta de tempo
Falta-me disposição
Falta-me energia e
Falta dinheiro
Eu queria mais tempo e menos distância
Para as pessoas que eu amo
Umas não têm mais tempo pra mim
Outras a ocasião não lhes permitem estarem próximas
Só assim usufruiriam do amor
Que em mim transborda
Penso que lhes falta o tempo
Que em minha vida algumas vezes sobra...
Mário Feijó
17.09.16
sábado, 10 de setembro de 2016
NOS BOLSOS E NO CORAÇÃO
NOS BOLSOS E NO CORAÇÃO
Eu te carrego dentro dos bolsos
Como se carregasse neles
A minha identidade
Tu estas nos bolsos da calça
Nos bolsos da camisa
E nos bolsos do meu calção
Eu te carrego com carinho
Como se carregasse uma joia
Algo de muito precioso
E te deixo livre em meu coração
Assim podes percorrer o meu corpo
Feito o sangue que percorre minhas veias
Que se oxigena e me renova a vida
Sou assim cheio de amor por ti
Mário Feijó
10.09.16
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
HÁ PESSOAS QUE SE PARECEM COM BICHOS
HÁ PESSOAS QUE SE PARECEM COM BICHOS
Há pessoas que amam qualquer coisa
Há pessoas que amam pessoas
Há pessoas que amam somente bichos
Há pessoas que nem sabem amar
Há pessoas que amam somente
As pessoas da sua raça
Outras nem aos da sua raça
Sabem mesmo o que é amar
Há pessoas que amam crianças
Há pessoas que amam mulheres
Há pessoas que amam homens
Há pessoas que não sabem amar
Há pessoas que amam somente bichos
Bichos de raça: gatos; cachorros; animais
Há pessoas que amam bichos da rua
Outras nem pessoas na rua sabem amar
Há pessoas e Pessoas
Há pessoas que parecem bichos
Há bichos que se parecem e pensam que são pessoas
Há pessoas que não sabem nem pessoas, nem bichos amar
Somos animais neste planeta
Que deviam uns aos outros respeitar
Sejam pessoas, sejam bichos
Pelo menos olhar com carinho e aprender a amar
Mário Feijó
07.09.16
terça-feira, 6 de setembro de 2016
A MENTE QUE MENTE
A MENTE QUE MENTE
Outro dia alguém me disse:
Neste corpo de
quarenta
Minha mente ora
inventa
Que eu tenho apenas
vinte
Ao que eu lhe respondi:
Neste corpo de cinquenta
Sua mente ora tenta
Querendo lhe tapear
Acredite! Eu bem sei
Que nem cinquenta
Ainda estás a completar
O que tua mente inventa
Nem fiques nela a acreditar
É que tua mente, mente
Com intenção de te enganar
Apesar de bem “lindinho”
O teu corpo já está cansado
Basta pra ele olhar...
Saiu o pobre coitado
Com cabelo arrepiado
Querendo me esganar
Era tudo brincadeira
Minha mente também mente
Feito a tua pra iludir
Ela vem de outros planetas
Onde o tempo de lá são outros
Vamos viver e brincar
Idade não é problema
Para quem sabe viver
E também pra quem sabe amar
Então ame e até se engane
Engane a sua mente
O importante é ser feliz...
Mário Feijó
06.09.16
(Uma brincadeira com uma mente que tentava mentir...
risos. Sem pretensões literárias).
terça-feira, 23 de agosto de 2016
A REALIDADE DOS SONHOS
A REALIDADE DOS SONHOS
Vi minha amiga Izabel
adotando maiores abandonados. Pessoas que moram na rua e que querem ter uma
chance na vida sem conseguir. Ela adotou Nina, uma moça de 18 anos, que dormia
pelas ruas e vivia com o que conseguia fazendo pequenos bicos. Com a adoção, um
bom banho, corte de cabelos, roupa simples e nova, cheirosa e perfumada, agora
com endereço fixo, Nina conseguiu emprego e logo em seguida, já estava
matriculada na faculdade para continuar os estudos que havia parado, por não
ter condições.
Algum tempo depois ela “adotou”
Alberto, com 41 anos. Deu-lhe um quarto, roupas e as mesmas providências que
fez com Nina. Logo em seguida descobriu que ele era um homem inteligente. Que foi
morar nas ruas porque perdeu tudo, depois de uma tragédia familiar ocorrida há
quase seis anos.
Alberto era um empresário. Com
a morte da esposa, num acidente de carro que ele dirigia, entregou-se à bebida.
Os filhos foram tirados pelos sogros e ele foi afundando até perder a empresa,
por falta de gestão e empenho.
Vivia na rua. Esquecera de
si. Passou a ser alguém sem nome e sem rosto aos olhos da população. Os cabelos
cresceram, a barba igualmente.
Izabel empenhara-se em
conversar com Nina e com ele já há algum tempo. Ouvira suas histórias e
decidira que iria recuperá-los. Tinha uma casa grande e acolhera-os em sua
casa. Ela era psicóloga e uma pessoa muito humana que acreditava que as pessoas
podem mudar, tendo uma nova chance. Adotara-os como se fossem filhos, como se
fossem amigos, e foi o que realmente aconteceu. Eles evoluíram, voltaram a
progredir na vida. A tomar gosto e a ter uma nova meta.
Nina trazia uma história
complicada de surras e abandonos. O pai morrera cedo e a mãe casara-se
novamente com um homem que só a explorava e maltratava seus filhos. Um dia Nina
não aguentava mais e partiu. Sem estímulos vivia pelas ruas...
Há muitos destes casos pelo
mundo afora. Podem até parecer fantasia, mas existe muita gente que às vezes só
precisa de uma mão, de atenção, de conforto, de estímulo.
Eu acordei feliz, porque vi
que em sonhos tudo podemos fazer. Na realidade comecei a pensar, será que não
podemos fazer realmente algo por alguém? Será que não podemos ajudar alguém? Que
seja desta ou de outra forma, mas que comecemos a pensar no próximo como sendo
um de nós mesmos, estendendo a mão e ajudando. Vamos começar a pensar o mundo
como sendo melhor, como se todos os sonhos pudessem se tornar realidade.
Foi somente um sonho, mas
parecia algo tão real...
Mário Feijó
23.08.16
domingo, 21 de agosto de 2016
ATLETA
ATLETA
A ti que és um atleta
A ti que nos faz feliz
A ti que marca um gol
Enalteço a ti atleta
Sem esquecer a tua dor
A ti que fazes “ace”
No tênis e no voleibol
A ti que fazes ginástica olímpica
Ou que atiras em busca do alvo
Enalteço a ti atleta
Sem esquecer a tua dor
Seja no judô ou karatê
Ou tantas outras formas de luta
Correndo nas maratonas
Ou disparando na marcha olímpica
Enalteço a ti atleta
Sem esquecer a tua dor
Quando todos querem a glória
Tu remas na canoagem
Tu corres no revezamento
Tu nadas de todas as formas
Marcas no corpo e na alma
Pontos da tua glória
As lesões dos treinamentos
Nas chegadas da maratona
Quando chegas de joelhos
Enalteço tua glória
Sem esquecer a tua dor
Porque eu somente assisto
Torço por ti com muito amor...
Mário Feijó
21.08.16
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
SER HUMANO – ESTE ANIMAL RACIONAL (?)
SER HUMANO – ESTE ANIMAL RACIONAL (?)
Numa
alcateia, os lobos mais velhos vão à frente, protegidos na retaguarda pelos
mais novos.
Nenhum outro animal abandona
os mais velhos, porém os seres humanos “civilizados” fazem isto com muita
facilidade e frequência. Pelo que eu sei e já vi os “indígenas”, nativos, aborígenes
ou os primeiros habitantes da Terra nunca fizeram isto. A Antropologia nos
mostra isto nos estudos primitivos da humanidade. Será que a dita civilização
fez isto com os humanos? Será que ao invés de evoluirmos “involuímos”!?
Com frequência vejo filhos
que não querem saber dos pais, alguns até se aproveitam de seus rendimentos, em
benefício próprio sem dar assistência ao idoso. Vejo até brigas por herança
enquanto o corpo é velado. Sem contar os que querem partilhar tudo o que o idoso
acumulou, e que deveria gerar-lhe qualidade de vida na velhice. Muitos só
querem usufruir sem ir à luta.
Estamos num planeta, como se estivéssemos
em um barco. Mas os homens não pensam em harmonia, em cuidar desta embarcação. Até
quando o planeta suportará a destruição que o homem causa? Até quando ficaremos
sem aprender as lições mínimas de civilidade e convivência harmônica?
E se falarmos daqueles que querem
acumular infinitamente riquezas que nunca poderão ser gastas em uma única vida,
enquanto muitos morrem de fome diariamente?
É chegada a hora de refletir.
É chegada a hora de evoluirmos. A ciência caminha a passos rápidos. Vejamos tudo
o que já aconteceu nos últimos 100 anos. E o homem parece caminhar para trás. Deveríamos
pensar na vida como uma construção de valores e não de riquezas. A riqueza
desaparece numa simples catástrofe, mas o que construímos como Ser, isto é
eterno. É uma herança imutável que nada destruirá. Temos que aprender novos
valores, não somente o valor do dinheiro. Temos que aprender a Ética, e ética
implica em justiça.
Sei que criamos os filhos
para o mundo, não para ficar sob nossas “asas”, mas eles esquecem de ouvir àqueles
que lhes deram vida, educação, amor. Criam novos conceitos e julgam sem
conhecimento do que os pais fizeram para que eles sejam o que são. Falta amor. Falta
compreensão. E enquanto isto não for mudado, seus filhos farão o mesmo com
eles, vendo o exemplo do que seus pais fizeram com seus avós, e a vida
continua, sem uma melhora da raça humana.
Infelizmente isto não
acontece só em países subdesenvolvidos, mas nos países ditos desenvolvidos. Comecemos
a mudar isto nas nossas casas, nas nossas famílias, nos nossos lares e quiçá
tenhamos um planeta sob uma melhor energia. Que Deus nos proteja! Que os deuses
nos protejam! Que qualquer coisa nas quais acreditamos nos protejam! E que tenhamos
um planeta melhor!
Que sejamos menos racionais e
mais lobos protegendo sua alcateia!
Mário Feijó
19.08.16
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
VELHO EUCALIPTO
VELHO EUCALIPTO
Tudo o que um dia eu pensava
O tempo mudou
O vento levou
E o bom senso me fez repensar
Criei cicatrizes
Dos tombos e aprendizados
Que só quem tem humildade aprende
Ficaram marcas em formas de rugas
Cascas em camadas
Tal qual eucalipto eu fora
Em cada camada
Ficou a marca do aprendizado
E o velho eucalipto cresceu imponente
Rumo ao céu
Seguro diante das tempestades eu sigo
Esperando o dia da poda
Em que o meu tronco sirva
De alicerce para outra morada
Mário Feijó
11.08.16
domingo, 7 de agosto de 2016
LAREIRA APAGADA
LAREIRA APAGADA
Quando o suspiro cessou
Fez-se o silêncio
Apagou-se a lareira
Instalou-se o frio
Ficaram no chão
Somente as cinzas
Que foram turvando os mares
E as lágrimas nos olhos
As paredes cor de rosa
Também foram pintadas de gris
O silêncio foi ampliado
Estendendo-se por toda a orla
E o telhado agora sem goteiras
Caem apenas lágrimas do orvalho
E nos jardins não brotam mais girassóis
Tampouco os amores são mais perfeitos
Mário Feijó
07.08.16
terça-feira, 2 de agosto de 2016
UMA RAJADA DE VENTO
UMA RAJADA DE VENTO
Há dias em que eu queria
Ser apenas uma rajada de vento
Para soprar o pólen das flores
Ou causar frisson nas águas das lagoas
Depois passar levemente pelo teu corpo
Eriçar os teus pelos
E te fazer sentir
Ter saudades dos carinhos meus
E como se não bastasse
Eu queria passear pelo mundo
Conhecer outras terras
Tocar as ondas dos mares
Balançar suavemente canoas
Com pescadores dentro
Para que eles felizes
Possam voltar pra casa com seus alimentos
Eu não quero muito da vida
Aceito tudo o que ela me oferece
Mas continuo correndo atrás de sonhos
Tão pequeno quanto este
De ser apenas uma rajada de vento
Mário Feijó
02.08.16
domingo, 24 de julho de 2016
LEVE-ME COM VOCÊ
LEVE-ME COM VOCÊ
Quando você for embora
Não me deixe aqui tão só
Leve-me pra onde você for
Se fizer sol eu quero ir
Se fizer chuva eu vou também
Se for de dia: lembre-se de mim
Se for à noite: eu quero ver a lua
E se o vento que soprar for norte
Leve-me junto com você
Se o vento que soprar for sul
Lembre-se que gosto de lá
Mas se for subir a serra
Saiba que gosto da montanha
No entanto se decidir o mar
É lá que eu aprendi a amar
Só não quero que se esqueça de mim
E me leve pra onde você for
Mesmo que seja contra o vento: eu vou
E se for pra onde ele soprar: é pra lá que eu vou
MÁRIO FEIJÓ
24.07.16
sábado, 23 de julho de 2016
POR ENTRE OS GIRASSÓIS HAVIAM AMORES-PERFEITOS
POR ENTRE OS GIRASSÓIS HAVIAM AMORES-PERFEITOS
Eu plantei em meus jardins
Muitas sementes de flores
Eram amores-perfeitos, girassóis
E sementes de jasmins
Os girassóis logo cresceram
Debruçaram-se pelas cercas
Floriram, jogaram sementes pra todo lado
E foram sufocando meus amores quase perfeitos
Enfiaram-se no meio das rosas
Feriram-se em seus espinhos
Espiavam o sol, já meio murchos,
Por baixo dos girassóis cada vez maiores
Tentei replantar em outro canto
Mas os girassóis se espalharam
Não tinham mais amores-perfeitos em meus jardins
Mas meus dias ganharam o brilho dos girassóis...
Mário Feijó
22.07.16
quarta-feira, 20 de julho de 2016
BRUMAS DO INVERNO (Cap. final)
BRUMAS DO INVERNO
Estávamos no mês de junho quando o
inverno (aqui no hemisfério sul) solta suas brumas através de um vento gelado. Nas
ruas as pessoas andavam encolhidas, úmidas e apressadas.
Joana era apenas uma menina, com
seus sete anos. Fugira de casa, pois o pai, bêbado, batia-lhe todos os dias e a
mãe submissa não intercedia. Algumas vezes até tentara lhe molestar. Era melhor
viver nas ruas do que ter uma vida daquelas...
14.07.16
Joana dormia agora nas ruas da
cidade. Brincava com pombos na praça. Tinha liberdade, não tinha mais amor. Aliás,
amor era a única coisa que Joana jamais conhecera.
Volta e meia ganhava uma moeda. Já
conhecia todos os recantos da cidade. Não tinha luxos. Comia tudo que achava
nos lixos da cidade. Afinal de contas, os ratos não sobreviviam? Mas Joana não
tinha capacidade nem para raciocinar sobre isto. No entanto no mundo dos bichos
ela era apenas mais um deles.
Enquanto tinha inocência, Joana
era inocente, mas a vida mostrava a Joana que a inocência é um elemento que tem
que ser superado quando pensamos em sobrevivência. E Joana começara a ser
esperta, feito um rato que foge do gato que quer lhe abocanhar ...
16.07.16
Dormia onde conseguia se esconder,
entre construções ou em locais abandonados. Quando era verão isto não era
problema, mas quando o inverno chegava era mais duro achar um abrigo. Começou a
se misturar com mendigos de rua. No início a maioria lhe protegia e dava
guarida. Pegou sarna dos cachorros e piolho das pessoas.
Um dia uma senhora da cidade
ofereceu-se para ajudá-la. Chamou-a para morar em sua casa como se fora sua
filha. Parecia uma boa oportunidade, foi. No entanto a “mãe” passou a aproveitá-la
nos serviços domésticos e com o passar do tempo ela virou empregada da casa,
sem amor e sem salário, mas não queria voltar para as ruas então se sujeitou à “escravidão”.
Com o passar dos anos não havia mais amor entre elas e a “mãe” mostrou-se quase
cruel.
Sem estudar e com dificuldades em
se relacionar com as pessoas, um dia ela resolvera fugir novamente. Estava agora
com 15 anos. Foi para a cidade grande. Agora estava na capital. Procurou emprego
e achou um de doméstica para dormir no emprego. Tentou várias vezes voltar a
estudar. Ia um a dois meses e não conseguia acompanhar, além do que sentia
vergonha por estar aprendendo a escrever somente com 15 anos. Na escola noturna
arrumou um namorado e por carência de amor entregou-se a ele na primeira
oportunidade. Engravidou. Ele não sumira, ficara por perto e quando chegou a
hora do bebê nascer foi para a casa da “mãe” que um mês depois a mandou voltar
ao trabalho.
- O bebê fica aqui. E o namorado
também ficou. Apaixonou-se pela “mãe” e um ano depois nascia mais um bebê. O seu
antigo namorado torna-se seu “padrastro”.
Joana continuava trabalhando na casa
onde antes trabalhava.
Passaram-se mais alguns anos e Joana
arrumara outro namorado. Engravidara novamente. Quando chegou a hora do bebê
nascer voltou “contrafeita” à casa da “mãe” que um mês depois a mandara voltar
ao trabalho...
- O bebê fica! Era uma menina
agora.
Seu primeiro filho aprendera a lhe
chamar de “tia” e só depois de adulto descobrira que a “tia” na realidade era
sua mãe verdadeira. A irmã também aprendera a chamar a mãe de “tia” e nunca a
aceitou como mãe. Não compreendia aquele abandono. E realmente, tudo era muito
mal explicado. A ignorância e a submissão nunca deixaram aquela mãe lutar por
seus filhos.
Pensava ela, “de que adianta eu
lutar por meus filhos, se não tenho onde, nem como criá-los”.
O tempo passou e Joana nunca
conseguiu o amor de seus filhos. Eles não lhe perdoam. Ela sofre... a “mãe”
agora já morreu, mas nunca foi uma mãe para seus filhos. Criou-os como se
fossem serviçais. E nunca lhes deu amor. Acabara sozinha com uma doença
terminal que pouco a pouco lhe destruiu o corpo. A alma não se sabe se foi redimida
ou se pena nos umbrais do inferno.
Joana foi envelhecendo. O coração
partido sofria sem o amor dos filhos. Tinha consciência de que não deu amor,
porque nunca aprendera a amar.
Com quase trinta anos arrumara um
namorado que lhe oferecera uma pequena morada, numa vila distante. Fora morar
com ele, mas continuava doméstica no emprego de quinze anos.
Um ano depois...
18.07.16
O DESTINO DOS FILHOS
Bem, um ano depois Joana já estava
envolvida em outras tramas. Sua vida era uma continua tentativa de acertos. Por
não ser muito inteligente ela não pensava nas dores que poderia estar causando
a seus filhos com a sua acomodação em deixá-los com a “mãe”. Acreditava que lá
eles tinham um lar e amor.
Sentia-se feliz com João. Com ele
agora tinha um filho e uma casinha simples, numa vila distante da grande
cidade. Tentara trazer os outros filhos para junto de si, mas a “mãe” não
deixara. Ela não era forte o bastante para brigar. Continuou “tia” dos próprios
filhos. Não dormia mais no emprego, nem tentara mais voltar a estudar.
Durante o dia deixava o filho que
tivera com João com uma vizinha, a quem ajudava. Não pagava porque já ganhava
pouco também.
O tempo passava célere e a vida de
Joana ficou menos corrida. Seu marido trabalhava como zelador em um prédio, num
bairro da periferia daquela grande cidade. Dormia em casa todos os dias, e, se
não fosse pelos filhos que deixara com a “mãe” ela podia dizer que era feliz.
Um dia bateram em sua porta seus
filhos mais velhos. O menino tinha 17 anos, a menina 15. Queriam morar com ela,
pois era a única parente mais próxima, a “tia”. Joana resolvera contar-lhes a
verdade. Pessoa simples, não sabe contar histórias, não soube explicar seus
sentimentos, nem seu abandono, nem o abandono que causara. Os adolescentes
revoltados fugiram de sua casa, antes mesmo que ela argumentasse melhor. Não queriam
mais saber dela. Saíram dali dizendo que a odiavam.
Joaquim vivera nas ruas por alguns
meses até que um antigo colega de escola, cabeleireiro agora lhe convidara para
morar juntos. Aceitou e passou a trabalhar num posto de gasolina. A menina,
Marina, tornara-se prostituta e vivia bêbada e drogada. Joana sofria com
aquilo, porém nada fazia. Nada sabia fazer para solucionar o problema. Começara
a adoecer e antes mesmo que tudo aquilo terminasse suas entranhas começaram a
ser devoradas por um câncer que a matou em pouco tempo.
O filho mais velho agora estuda. Está
com 30 anos. Quer ser advogado. Marina fugiu com um cafetão e ninguém mais
soube sobre ela. O terceiro filho tem 13 anos e mora com o pai e uma nova
mulher que este arrumou.
A vida algumas vezes faz com que
pensemos que somos os únicos quem sofre. Mas tudo o que fazemos tem consequências
sérias para nós ou para os outros.
Joana nunca teve sabedoria para
compreender seu sofrimento e crescer com ele. A sua submissão criou outros dramas,
mesmo quando ela não queria prejudicar ninguém. Sua busca era uma busca de
amor, por amor, com amor que não aprendeu a dar, nem mesmo quando se casou, tampouco
quando se tornou mulher.
20.07.16
Mário Feijó
segunda-feira, 18 de julho de 2016
BRUMAS DO INVERNO (A SAGA DE JOANA - nascem os filhos)
BRUMAS DO INVERNO
Estávamos no mês de junho quando o
inverno (aqui no hemisfério sul) solta suas brumas através de um vento gelado. Nas
ruas as pessoas andavam encolhidas, úmidas e apressadas.
Joana era apenas uma menina, com
seus sete anos. Fugira de casa, pois o pai, bêbado, batia-lhe todos os dias e a
mãe submissa não intercedia. Algumas vezes até tentara lhe molestar. Era melhor
viver nas ruas do que ter uma vida daquelas...
14.07.16
Joana dormia agora nas ruas da
cidade. Brincava com pombos na praça. Tinha liberdade, não tinha mais amor. Aliás,
amor era a única coisa que Joana jamais conhecera.
Volta e meia ganhava uma moeda. Já
conhecia todos os recantos da cidade. Não tinha luxos. Comia tudo que achava
nos lixos da cidade. Afinal de contas, os ratos não sobreviviam? Mas Joana não
tinha capacidade nem para raciocinar sobre isto. No entanto no mundo dos bichos
ela era apenas mais um deles.
Enquanto tinha inocência, Joana
era inocente, mas a vida mostrava a Joana que a inocência é um elemento que tem
que ser superado quando pensamos em sobrevivência. E Joana começara a ser
esperta, feito um rato que foge do gato que quer lhe abocanhar ...
16.07.16
Dormia onde conseguia se esconder,
entre construções ou em locais abandonados. Quando era verão isto não era
problema, mas quando o inverno chegava era mais duro achar um abrigo. Começou a
se misturar com mendigos de rua. No início a maioria lhe protegia e dava
guarida. Pegou sarna dos cachorros e piolho das pessoas.
Um dia uma senhora da cidade
ofereceu-se para ajudá-la. Chamou-a para morar em sua casa como se fora sua
filha. Parecia uma boa oportunidade, foi. No entanto a “mãe” passou a aproveitá-la
nos serviços domésticos e com o passar do tempo ela virou empregada da casa,
sem amor e sem salário, mas não queria voltar para as ruas então se sujeitou à “escravidão”.
Com o passar dos anos não havia mais amor entre elas e a “mãe” mostrou-se quase
cruel.
Sem estudar e com dificuldades em
se relacionar com as pessoas, um dia ela resolvera fugir novamente. Estava agora
com 15 anos. Foi para a cidade grande. Agora estava na capital. Procurou emprego
e achou um de doméstica para dormir no emprego. Tentou várias vezes voltar a
estudar. Ia um a dois meses e não conseguia acompanhar, além do que sentia
vergonha por estar aprendendo a escrever somente com 15 anos. Na escola noturna
arrumou um namorado e por carência de amor entregou-se a ele na primeira
oportunidade. Engravidou. Ele não sumira, ficara por perto e quando chegou a
hora do bebê nascer foi para a casa da “mãe” que um mês depois a mandou voltar
ao trabalho.
- O bebê fica aqui. E o namorado
também ficou. Apaixonou-se pela “mãe” e um ano depois nascia mais um bebê. O seu
antigo namorado torna-se seu “padrastro”.
Joana continuava trabalhando na casa
onde antes trabalhava.
Passaram-se mais alguns anos e Joana
arrumara outro namorado. Engravidara novamente. Quando chegou a hora do bebê
nascer voltou “contrafeita” à casa da “mãe” que um mês depois a mandara voltar
ao trabalho...
- O bebê fica! Era uma menina
agora.
Seu primeiro filho aprendera a lhe
chamar de “tia” e só depois de adulto descobrira que a “tia” na realidade era
sua mãe verdadeira. A irmã também aprendera a chamar a mãe de “tia” e nunca a
aceitou como mãe. Não compreendia aquele abandono. E realmente, tudo era muito
mal explicado. A ignorância e a submissão nunca deixaram aquela mãe lutar por
seus filhos.
Pensava ela, “de que adianta eu
lutar por meus filhos, se não tenho onde, nem como criá-los”.
O tempo passou e Joana nunca
conseguiu o amor de seus filhos. Eles não lhe perdoam. Ela sofre... a “mãe”
agora já morreu, mas nunca foi uma mãe para seus filhos. Criou-os como se
fossem serviçais. E nunca lhes deu amor. Acabara sozinha com uma doença
terminal que pouco a pouco lhe destruiu o corpo. A alma não se sabe se foi redimida
ou se pena nos umbrais do inferno.
Joana foi envelhecendo. O coração
partido sofria sem o amor dos filhos. Tinha consciência de que não deu amor,
porque nunca aprendera a amar.
Com quase trinta anos arrumara um
namorado que lhe oferecera uma pequena morada, numa vila distante. Fora morar
com ele, mas continuava doméstica no emprego de quinze anos.
Um ano depois...
18.07.16
Continue a história
Mário Feijó
sábado, 16 de julho de 2016
MARIA’S VIDA AFORA
MARIA’S VIDA AFORA
Oh Maria tu que és Graça
Te disfarças de Mary
Enquanto Eneida’s te cuidam
Ana Maria, tu mãe ferida,
Desfrutas a vida envolvida em
amor
Regina, Dione, Emília e Sandra
Que poderiam ser chamadas de
Maria’s
Trazem semblantes de mães
Mesmo longe dos seus filhos
Isabel mãe de Maria
Lucilla cheia de “eles”
Beija as mãos de Carlinda
Quando esta ampara o irmão
E eu fico assistindo
Os ensinamentos da vida
Protegendo Lara e Larissa
Futuras mães de Maria’s
No desconforto de seus
abandonos
Virgem Santíssima
Protegei as mulheres que nos
deram a luz
Que nos amparam pela vida
Mesmo quando estas já se foram
In Sônia’s Maria’s vida lá fora...
Mário Feijó
16.06.16
segunda-feira, 11 de julho de 2016
PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: FELIZ NATAL TODOS OS DIAS
PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: FELIZ NATAL TODOS OS DIAS: Eu quero um mundo Onde a paz exista Durante o ano inteiro Onde as pessoas se amem Fraternalmente todos os dias Onde não exista fome, ...
PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: AMOR PERFECTO
PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: AMOR PERFECTO: Hoy yo pensé Que no más poeta sería Pues dejé huir Por entre rimas Mi amor es perfecto Que dormía en el lecho Y por...
PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: PENSANDO MUCHO
PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: PENSANDO MUCHO: Hoy yo pensé Que no más poeta sería Pues dejé huir Por entre rimas Mi amor es perfecto Qu...
O PODER DO MAR
O PODER DO MAR
As forças da natureza
interferem em tudo. Somos parte dela. Segundo o ensinamento Cristão nascemos do
barro. Ganhamos vida com um sopro.
Eu sinto as forças da natureza
me afetando. Elas afetam minhas vontades e meu humor. Um dia nublado me deixa
mais deprimido que um dia de sol. Não que eu me curve aos dias, como fazem as
árvores que se curvam ao vento, mas é inegável que as forças da natureza me
afetam.
Eu tenho fases, feito a lua.
Eu também brilho, feito as
estrelas.
Eu sofro de erupções, feito a
terra.
Eu faço marolas, feito as ondas
do mar.
E quando o dia nasce eu sou a
luz do sol.
Tenho a bondade dos animais
domesticados
E sou feroz quando me machucam
Feito os animais selvagens.
E tenho amor pra dar
Para quem tem energia para
trocar
Estendo meus braços
Feito o vento e nos teus
ouvidos troco confidências
E quando a noite chega
Eu sou a luz da lua iluminando
o mar
Escondendo segredos que não sei
contar
Sim! Eu tenho o poder do mar.
E sendo assim, sigo minha vida
contando meus dias, como se fosse uma única jornada. É a jornada da vida que
tem um começo, meio e fim. Porém eu me sinto contínuo nas forças da natureza. Daqui
a pouco eu serei apenas uma borboleta, recém-saída de seu casulo, viajando pelo
mundo, sem destino pra pousar.
Mário Feijó
11.06.16
quarta-feira, 29 de junho de 2016
VENTO: ESTE MENINO TRAVESSO
VENTO: ESTE MENINO TRAVESSO
Todas as manhãs ela
ia para a escola com sua saia pregueada (diziam ser plissada, não entendo muito
de costuras). Era azul marinho, a blusa branca e no bolso o nome da escola.
Adorava jogar a
cintura de um lado para o outro, começava a se descobrir mulher.
Depois de formada
passou a usar sempre saias “plissadas” com tecidos finos e leves. Era quase que
sua marca registrada.
Certa tarde
resolvera que iria dar umas voltas pela cidade, andaria pela praça, e sem nada
para fazer especificamente, iria cumprimentar pessoas e sorrir. A vida é bela e
agradável.
Aquele dia estava
quente. O calor estava infernal. Entrou no banho e em seguida começou a se
arrumar. Tinha que ser rápida, afinal pedira ao taxista que lhe buscasse às 15
horas. Faltavam dez minutos para ele chegar.
Estava quase pronta
quando o interfone começou a tocar insistentemente. Terminou rapidamente, mas
parecia que faltava algo.
Deixa pra lá, pensou.
Pegou a bolsa. Jogou um pouco de perfume no pescoço e nos pulsos e saiu
rapidinho. Sentia-se fresquíssima.
Lá embaixo, Gilmar,
o taxista disse:
- Desculpe D. Marília,
mas não tinha lugar para parar e eu estou em local proibido.
- Sem problemas
Gilmar, disse ela lânguida, ao taxista, ao qual era freguesa habitual.
Marília era uma
linda morena, no auge de seus trinta anos. Os homens nunca deixavam de se virar
quando ela passava. Afinal de contas uma bunda daquelas não era para qualquer
mulher.
Gilmar pensou “esta
mulher deve ter ancestrais negros, porque uma bunda destas, somente as negras
têm”. Hoje ela vai ter muito trabalho na cidade, com sua saia rodada. Riu para
si mesmo e tocou para o centro.
Dito e feito. Saiu ela
do táxi e o vento levantou-lhe a saia que se enrolou na cabeça, sem que ela
desse conta de baixa-la. Marília lembrou agora do que tinha esquecido. Não colocara
a calcinha. Lembraria para sempre que o vento é um menino travesso.
Nem Gilmar, nem os
demais transeuntes se esqueceriam da visão daquela tarde.
Marília voltou para
o táxi e pediu ao motorista:
- Por favor,
leve-me para casa.
Mário Feijó
29.06.16
Texto desenvolvido
na Oficina Literária, com minhas alunas, na tarde de 28.06.16, na Biblioteca
Pública de Osório-RS.
terça-feira, 28 de junho de 2016
TAL MÃE, TAL FILHA ( o fim )
TAL MÃE, TAL FILHA ( o fim )
Daniela ficara viúva com trinta anos. Os
primeiros anos de viuvez foram terríveis, mas com o passar dos anos tornara-se
amiga da filha que insistia para que ela saísse de casa e aproveitasse a vida.
Tornaram-se inseparáveis.
Pareciam irmãs. Faziam academia juntas e Daniela voltara para a faculdade.
A filha, Débora,
apaixonara-se pelo professor de ginástica, e depois de um namoro relâmpago
casara-se com ele. No entanto dois meses depois de casados o marido morrera em
um acidente de moto.
Tal mãe, tal filha... Estavam
as duas viúvas. Agora era a mãe quem consolava a filha e a incentivava a sair,
passear.
Um dia na praia, no verão
passado, ambas olharam para aquele homem moreno, 1,90m de altura, sorriso
alvíssimo, extremamente simpático chegou e puxou conversa com elas. Ficaram
conversando o resto da tarde. Não queriam mais se despedir. Ele as convidou
para jantar, num lugarzinho ali perto que tinha música ao vivo e pista de
dança. Local romântico. Aceitaram...
Em casa conversaram. Ambas
estavam atraídas por ele. Mãe e filha confessaram-se apaixonadas à primeira
vista. Decidiram que ele escolheria uma, se fosse o caso e a outra aceitaria.
O jantar estava ótimo.
Dançaram ambas se revezando. Ele parecia indeciso e confuso e não decidia a sua
preferência. Trocava carícias com uma e com outra quando as tirava pra dançar.
Ambas não se sentiram rivais...
________________
E agora? Você que está lendo
decida o fim desta história. Na próxima semana eu publicarei a minha versão ou
a versão de quem mais me agradar, com direito a crédito na parceria.
Mário Feijó
15.06.16
TAL MÃE, TAL FILHA... (o
final)
Foram muitas as respostas e
soluções para o drama vivido por mãe e filha, diante de uma paixão. No entanto
a solução tinha que vir de dentro de cada uma delas. Sendo assim, mãe e filha,
sempre confidentes, amigas e experientes, pois a vida as fizera experientes
resolveram de comum acordo por fim aquele romance.
Chamaram o rapaz para um
jantar e colocaram as cartas na mesa. Contaram suas histórias de vida. Foram
sinceras em tudo, até na atração que ambas sentiam por Davi. Ele diante da
sinceridade delas também se abriu.
Eu também me senti atraído
por ambas e sei que é confuso. Ambas são jovens e eu poderia ter um romance com
qualquer uma das duas sem problemas. Só que gostaria que antes de por um fim em
toda a nossa história eu queria propor que nos conhecêssemos melhor e queria
contar uma coisa que ainda não tinha falado pra vocês. Tenho um irmão gêmeo que
mora em São Paulo e estava lá fazendo doutorado com a esposa, mas faz seis
meses que se separaram e ele decidiu voltar, pois terminou o doutorado. Fez
concurso para a URGS e vai trabalhar em Tramandaí. Não estamos muito enturmados
por estes lados, então peço que sejamos amigos. Que me ajudem a socializar meu
irmão e eu aqui no Litoral.
As mulheres, que já tinham
decidido por fim ao romance, decidiram aceitar a amizade com o rapaz e conhecer
o irmão (o tal gêmeo).
Não é que os dois eram mesmo
iguais!!
- Meu Deus! Disseram uma à
outra. Vai começar tudo de novo. Miguel era tão encantador quanto Davi e logo
se sentiu mais atraído por Daniela. Ele era mais maduro que Davi e não tinha
dúvidas de que era Daniela a sua preferida. No início ficaram amigos. As
mulheres estavam preocupadas que a situação voltasse a ser como fora no inicio,
porém logo foram se conhecendo e Davi acabou tendo certeza de que Débora era
sua musa. Miguel deixou claro que não estava a fim de casar novamente, e assim,
logo. Daniela também não queria um casamento imediato, queria sim, um amigo, um
companheiro e se este companheiro lhe desse amor, isto lhe bastava.
Os romances evoluíram e logo
depois do primeiro ano Davi e Débora haviam decidido que casariam no ano
seguinte.
Miguel alugou um casa em
Osório e convidou Daniela para morar com ele. Pelo que todos observam há
harmonia entre eles. Todos parecem estar felizes, cada qual com suas
convicções.
Débora percebe agora que não
tinha nada a ver com Davi que é mais imaturo que o irmão. Por isto se dá tão
bem com a filha, prestes a completar 21 anos. Gostam das mesmas coisas, viajam
sempre, vão a shows de roque. Planejam ir ao próximo Rock in Rio, e estão
sempre em festas e badalações. Já Miguel é como ela: gosta de ficar em casa,
ouvir uma boa música, leituras, vão a saraus, cuidam do jardim, são românticos
e sonhadores... descobriram-se almas gêmeas, mas têm os pés no chão e tentam
não cometer erros. O passado ensina muito, dizem sempre.
Apesar de tudo, o amor
venceu.
Mário Feijó
28.06.16
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