terça-feira, 28 de junho de 2016

TAL MÃE, TAL FILHA ( o fim )

TAL MÃE, TAL FILHA ( o fim )

 Daniela ficara viúva com trinta anos. Os primeiros anos de viuvez foram terríveis, mas com o passar dos anos tornara-se amiga da filha que insistia para que ela saísse de casa e aproveitasse a vida.
Tornaram-se inseparáveis. Pareciam irmãs. Faziam academia juntas e Daniela voltara para a faculdade.
A filha, Débora, apaixonara-se pelo professor de ginástica, e depois de um namoro relâmpago casara-se com ele. No entanto dois meses depois de casados o marido morrera em um acidente de moto.
Tal mãe, tal filha... Estavam as duas viúvas. Agora era a mãe quem consolava a filha e a incentivava a sair, passear.
Um dia na praia, no verão passado, ambas olharam para aquele homem moreno, 1,90m de altura, sorriso alvíssimo, extremamente simpático chegou e puxou conversa com elas. Ficaram conversando o resto da tarde. Não queriam mais se despedir. Ele as convidou para jantar, num lugarzinho ali perto que tinha música ao vivo e pista de dança. Local romântico. Aceitaram...
Em casa conversaram. Ambas estavam atraídas por ele. Mãe e filha confessaram-se apaixonadas à primeira vista. Decidiram que ele escolheria uma, se fosse o caso e a outra aceitaria.
O jantar estava ótimo. Dançaram ambas se revezando. Ele parecia indeciso e confuso e não decidia a sua preferência. Trocava carícias com uma e com outra quando as tirava pra dançar. Ambas não se sentiram rivais...
________________


E agora? Você que está lendo decida o fim desta história. Na próxima semana eu publicarei a minha versão ou a versão de quem mais me agradar, com direito a crédito na parceria.

Mário Feijó
15.06.16

TAL MÃE, TAL FILHA... (o final)

Foram muitas as respostas e soluções para o drama vivido por mãe e filha, diante de uma paixão. No entanto a solução tinha que vir de dentro de cada uma delas. Sendo assim, mãe e filha, sempre confidentes, amigas e experientes, pois a vida as fizera experientes resolveram de comum acordo por fim aquele romance.
Chamaram o rapaz para um jantar e colocaram as cartas na mesa. Contaram suas histórias de vida. Foram sinceras em tudo, até na atração que ambas sentiam por Davi. Ele diante da sinceridade delas também se abriu.
Eu também me senti atraído por ambas e sei que é confuso. Ambas são jovens e eu poderia ter um romance com qualquer uma das duas sem problemas. Só que gostaria que antes de por um fim em toda a nossa história eu queria propor que nos conhecêssemos melhor e queria contar uma coisa que ainda não tinha falado pra vocês. Tenho um irmão gêmeo que mora em São Paulo e estava lá fazendo doutorado com a esposa, mas faz seis meses que se separaram e ele decidiu voltar, pois terminou o doutorado. Fez concurso para a URGS e vai trabalhar em Tramandaí. Não estamos muito enturmados por estes lados, então peço que sejamos amigos. Que me ajudem a socializar meu irmão e eu aqui no Litoral.
As mulheres, que já tinham decidido por fim ao romance, decidiram aceitar a amizade com o rapaz e conhecer o irmão (o tal gêmeo).
Não é que os dois eram mesmo iguais!!
- Meu Deus! Disseram uma à outra. Vai começar tudo de novo. Miguel era tão encantador quanto Davi e logo se sentiu mais atraído por Daniela. Ele era mais maduro que Davi e não tinha dúvidas de que era Daniela a sua preferida. No início ficaram amigos. As mulheres estavam preocupadas que a situação voltasse a ser como fora no inicio, porém logo foram se conhecendo e Davi acabou tendo certeza de que Débora era sua musa. Miguel deixou claro que não estava a fim de casar novamente, e assim, logo. Daniela também não queria um casamento imediato, queria sim, um amigo, um companheiro e se este companheiro lhe desse amor, isto lhe bastava.
Os romances evoluíram e logo depois do primeiro ano Davi e Débora haviam decidido que casariam no ano seguinte.
Miguel alugou um casa em Osório e convidou Daniela para morar com ele. Pelo que todos observam há harmonia entre eles. Todos parecem estar felizes, cada qual com suas convicções.
Débora percebe agora que não tinha nada a ver com Davi que é mais imaturo que o irmão. Por isto se dá tão bem com a filha, prestes a completar 21 anos. Gostam das mesmas coisas, viajam sempre, vão a shows de roque. Planejam ir ao próximo Rock in Rio, e estão sempre em festas e badalações. Já Miguel é como ela: gosta de ficar em casa, ouvir uma boa música, leituras, vão a saraus, cuidam do jardim, são românticos e sonhadores... descobriram-se almas gêmeas, mas têm os pés no chão e tentam não cometer erros. O passado ensina muito, dizem sempre.
Apesar de tudo, o amor venceu.

Mário Feijó

28.06.16

segunda-feira, 27 de junho de 2016

O COMEDOR DE VENTOS

O COMEDOR DE VENTOS

Há muito tempo venho passando pelas ruas de Osório. Osório é uma pequena e encantadora cidade no litoral norte do Rio Grande do Sul.
Há uns quarenta anos, quando por aqui passava eu percebia que os ventos na cidade eram assustadores, irritantes e “quase” amaldiçoados por alguns. Já ouvi dizer que quem gosta de vento é louco.
Hoje os ventos de Osório são benditos e a causa de sua crescente prosperidade. Osório passou a ser “a Terra dos Bons Ventos”. Basta olhar para o horizonte e ver uma quantidade infinda de torres eólicas. Na cidade parece que os ventos sumiram...
Voltei a ser criança...
Aquelas torres monstruosas me assustam. Dizem que elas transformam vento em energia... Não sei não...
Tivemos uma “presidenta” que queria engarrafar o vento. Como será que se faz isto? Será que não há perigo de o vento não se aquietar e levar a garrafa junto?
Não entendo isto, sou criança... tenho medo daqueles cata-ventos monstruosos. Para mim eles são comedores de vento. Pelo que eu vejo eles comeram os ventos da cidade, mas os ventos que ainda sobram não são mais mal vistos.
Em outros tempos eu fazia cataventos de papel e os soprava pelo mundo. Era outro tempo, uma outra infância. Um tempo onde o meu país era o “país das maravilhas”. Tínhamos sonhos e esperança. Eu vivia encantado. Hoje tento, mas não consigo mais me desencantar. Tudo está desencantado. Deixa pra lá... voltemos à Osório.
Passeio pelas ruas tranquilas. Encontro gente educada, mesmo num país em desenvolvimento, Osório cheira a primeiro mundo. Há esperança em Osório. A cultura é primordial, apesar de alguns políticos não lhe darem o devido respeito, mas o povo de Osório é um abnegado e continua fazendo saraus e cafés poéticos (tipo os promovidos pelo Espaço Cultural Conceição). Existe na cidade uma Academia de Letras que perambula de um lado para o outro sem uma sala para se reunir porque não tem sede, mas a Biblioteca frequentemente lhe abre as portas (por falar em Biblioteca Pública: que espaço maravilhoso e as meninas que lá trabalham são incansáveis em promover eventos). Vale à pena visitá-la. Há um encanto especial nela.
A feira do livro sobrevive. A faculdade cresce a olhos vistos porque não é pública. O Teatro prospera, com alguns abnegados à sua frente.
Enquanto isto os ventos sopram escorrendo da Serra do Mar que termina ali na cidade, descendo pelo morro da Borrússia – lugar aprazível e que deve ser visitado. Lá em cima Jesus, se tivesse ficado por 40 dias e 40 noites teria sido mais feliz meditando. Com certeza o Diabo não o tentaria.
É, eu não sou mais criança. Não tenho medo dos ventos. Nem quando gemem na minha janela. Apenas escuto seus recados, apenas lembro de suas viagens pelo mundo e vindo se espalhar pelas lagoas da região contando histórias, criando lendas, sendo devorados pelos Cataventos da minha infância, crescidos agora nas terras de Osório.

Mário Feijó

27.06.16 

sábado, 25 de junho de 2016

A BATALHA DO(EU)

A BATALHA DO(EU)

Tenho travado
Uma batalha invencível
Com meu eu

Não é uma batalha do ego
Mas uma batalha contra o tempo
Que se alojou dentro de mim
Contra a idade
Contra os males
Que a vida acumulou em meu corpo

É como se eu fosse pedra junto ao mar
Que com o tempo acumula cracas,
Algas, crustáceos, mariscos

É uma batalha inumana, invisível
Incompreensível aos outros
Que não moram em meu corpo

São dores que mutilam a minh’alma
Que não entende a degeneração do corpo
Afetadas pelo tempo
Pela luz do sol
Que ao mesmo tempo é luz e destruição

Mário Feijó

25.06.16

sábado, 18 de junho de 2016

VONTADES SÃO DESEJOS QUE TEMOS QUE ATENDER



VONTADES SÃO DESEJOS

Há vontades que dão e passam
Outras ficam na imaginação
Algumas são contraditórias
Outras até bem explícitas...

Minha vontade agora
Era correr para teus braços
Andar de mãos dadas
Nos campos ou à beira-mar
Beijar os teus lábios
E no teu colo, enfim relaxar

Eu já te dei o meu amor
O meu céu e o meu lar
Traga contigo a vontade
De sempre comigo estar

Vontades são desejos
A serem cumpridos
Deixe que ela aconteça
E acenda luzes em sua vida...

Mário Feijó

18.06.16

sexta-feira, 17 de junho de 2016

OUTONO INVERNAL

OUTONO INVERNAL

                Fazia frio, porém ainda era outono.
Deitado na minha cama o frio intenso fazia com que eu tremesse. Do outro lado da rua a menina beijava o namorado, eu assistia através do vidro embaciado, lembrando meu amor ausente.
Dentro do quintal do vizinho o cão uivava. Estava inquieto. Minha avó dizia que quando uiva está agourando morte.
Levantei e fui até a cozinha tomar uma caneca de chá quente.
Tentei escrever. Minha letra estava tremida por causa do frio. Entrava uma friagem por todas as frestas que havia na casa. Os aquecedores não davam conta de esquentar o ambiente. Eu continuava tiritando de frio. Estava me sentindo uma peteca pulando de um lado para o outro.
Estava com fome, mas uma salada é muito pouco. Comi umas bolachas que eu mesmo fiz e fui para o quarto.
Isto não é vida, pensei. Detesto o inverno, ele é meu carraso. Cada vez que o verão termina quero me atirar o penhasco.
Dramático, eu?
Não. Tenho muitas dores no corpo, toda vez que é inverno.


Mário Feijó
16.06.16


Atividade passada aos alunos da Oficina Literária, na tarde deste dia. Usar as palavras: uivo, namorado, salada, caneca, peteca, carrasco, penhasco, vida e morte, numa composição, em qualquer ordem. Se eles fazem eu também me coloco a fazer. 

quarta-feira, 15 de junho de 2016

TAL MÃE, TAL FILHA

TAL MÃE, TAL FILHA

 Daniela ficara viúva com trinta anos. Os primeiros anos de viuvez foram terríveis, mas com o passar dos anos tornara-se amiga da filha que insistia para que ela saísse de casa e aproveitasse a vida.
Tornaram-se inseparáveis. Pareciam irmãs. Faziam academia juntas e Daniela voltara para a faculdade.
A filha, Débora, apaixonara-se pelo professor de ginástica, e depois de um namoro relâmpago casara-se com ele. No entanto dois meses depois de casados o marido morrera em um acidente de moto.
Tal mãe, tal filha... estavam as duas viúvas. Agora era a mãe quem consolava a filha e a incentivava a sair, passear.
Um dia na praia, no verão passado, ambas olharam para aquele homem moreno, 1,90m de altura, sorriso alvíssimo, extremamente simpático chegou e puxou conversa com elas. Ficaram conversando o resto da tarde. Não queriam mais se despedir. Ele as convidou para jantar, num lugarzinho ali perto que tinha música ao vivo e pista de dança. Local romântico. Aceitaram...
Em casa conversaram. Ambas estavam atraídas por ele. Mãe e filha confessaram-se apaixonadas à primeira vista. Decidiram que ele escolheria uma, se fosse o caso e a outra aceitaria.
O jantar estava ótimo. Dançaram ambas se revezando. Ele parecia indeciso e confuso e não decidia a sua preferência. Trocava carícias com uma e com outra quando as tirava pra dançar. Ambas não se sentiram rivais...
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E agora? Você que está lendo decida o fim desta história. Na próxima semana eu publicarei a minha versão ou a versão de quem mais me agradar, com direito a crédito na parceria.

Mário Feijó

15.06.16

terça-feira, 14 de junho de 2016

COISAS QUE EU GOSTO

COISAS QUE EU GOSTO

Eu gosto de dias de sol
De tardes de chuva
E de noites enluaradas

Gosto de caminhar 
Com os pés dentro d’água
Quando estou na beira do mar

Gosto de olhar 
Campos verdejantes
Árvores viçosas 
E jardins floridos

Gosto de ouvir
Risos de alegria
E ver o sorriso
No rosto da pessoa amada...

Mário Feijó 
14.06.16


domingo, 12 de junho de 2016

AGORA JÁ POSSO DIZER QUE TE AMO

AGORA JÁ POSSO DIZER QUE TE AMO

Alguns amores
Gritamos aos quatro ventos
Desde a nossa adolescência
Outros só a experiência
Junto com o tempo para nos dar
Força e coragem para enfrentar
O mundo e o julgamento social

Somos hipócritas e preconceituosos
Muitas vezes acomodados
Mas é chegada a hora
Em que descobrimos ter pouco tempo
Já vivemos mais do que o tempo a viver
E chega a hora de escolher
O que é melhor para nós
E não para os outros

Então eu sinto que já posso dizer
A você e ao mundo:
Venha para os meus braços
Porque eu te amo!

Mário Feijó

12.06.16  

sábado, 11 de junho de 2016

DORES QUE TODO MUNDO TEM

DORES QUE TODO MUNDO TEM

Eu tenho n'alma
Dores invisíveis
Cicatrizes de leito de rio
Dessas que as correntes d’água
Fazem no fundo dele e da gente

Dores de saudades
Não acontecidas
Dores de amores distantes
Algumas vezes tão perto (os amores)
Noutras vezes tão longe

Mário Feijó

11.06.16

quarta-feira, 8 de junho de 2016

NUMA TARDE DE OUTONO TRANSBORDEI MEUS SONHOS

NUMA TARDE DE OUTONO TRANSBORDEI MEUS SONHOS

         Era uma bela tarde ensolarada. Estávamos no final de outono e o inverno se aproximava célere. A noite não fora somente gelada, fora enregelante. No entanto o dia amanhecera com o sol tomando conta de todo o céu límpido e azul.
Eu havia escutado o vento a gemer suas dores reumáticas a noite inteira. As minhas guardei embaixo das cobertas, num quarto superaquecido.
Naquela tarde eu decidira sonhar. Eu não daqueles que dá guarida à velhice, nem mando o menino que em mim habita ir embora.
Convidei minhas amigas (que se dizem alunas, mas eu também aprendo com elas) para passarmos a tarde transbordando sonhos. Levei uma cesta de vime para piqueniques (era a ideia inicial) torradas, pão caseiro (feito com granola e açúcar mascavo), café, chá e poesia.
O cheirinho do pão assando me levou à Felicidade (era o nome de minha avó). O café tinha o aroma de sonhos com doce de leite e eu voltei aos meus tempos de criança. Sonhei!
Minhas parceiras criaram asas e borboletearam feito pandorgas ao vento a escrever seus sonhos. Que bom, pensei: não sou o único com fome de sonhos. Peguei uma folha em branco, coloquei fermento na minha imaginação e me pus a sovar a massa. Agora é só deixar meus sonhos transbordarem. Enquanto isto, fomos aos quitutes...


Mário Feijó
08.06.16


Tema desenvolvido em nossa Oficina Literária de hoje.           

terça-feira, 7 de junho de 2016

EU TENHO UM ANJO

EU TENHO UM ANJO

Eu tenho um anjo
Que me ensinou a voar
Faço isto em seus braços
Vou aos céus
Quando beija a minha boca

Eu tenho um anjo
Que todos os dias
Diz “eu te amo”
Com tamanha energia
Que minhas asas crescem

Eu tenho um anjo
Que além de desejar meu corpo
Deseja a minh’alma
Deseja meus abraços
E me deu esperanças

Eu tenho um anjo
Que tem cara de gente
Corpo de gente
Olhos de criança
E um amor divinal

Mário Feijó

07.06.16

segunda-feira, 6 de junho de 2016

OS SOLITÁRIOS E O INVERNO

OS SOLITÁRIOS E O INVERNO

Infelizmente eu não gosto do inverno
O inverno faz-me lembrar
Que já não sou mais menino
Tenho dores que atingem a alma
Faz-me lembrar das noites de solidão
Onde não tenho quem aqueça meu corpo
Nem tampouco tenho mais uma lareira
Que fazia eu esquecer o frio

Apesar de tudo gosto de pinha
(que só temos no inverno)
Gosto de chocolate quente
(que é bom só no inverno)
Gosto de um bom vinho tinto
À beira da lareira
(mas não tenho mais lareira)
Gosto que me aqueçam no inverno
(mas você não está aqui para me aquecer)

Então eu fecho minha janela
E por entre os vidros fico espiando
As pessoas que passam encolhidas
Pensando quem delas terá um corpo quente
Que as aquecerá nas noites de inverno?

Mário Feijó
06.06.16





sábado, 4 de junho de 2016

UM AMOR SÓ MEU


UM AMOR SÓ MEU

Eu já tive um amor assim
Era tão somente meu
Que só eu amava
Só eu beijava
Só eu fazia carinhos
E comigo gozava
As delícias do amor


Mário Feijó

04.06.06

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O AMOR É PURO

O AMOR É PURO

quando menino
ele arranhava o corpo
em paredes ásperas
fugindo da solidão

tinha um sofrimento infindo
por querer amar
criança não ama
ele não era amado

no máximo criança engana
não sabe escolher o amor
e fica pior quando a criança
acredita nisto

tornou-se homem
e perdeu o medo de amar
descobriu que seu amor nunca foi sujo
como um dia lhe fizeram acreditar

Mário Feijó
02.06.16


BONECAS SÃO POESIAS

BONECAS SÃO POESIAS

Maria Clara era poesia pura. Trajes de princesa, toda em tons de bege. Seus olhos eram grandes, feito os olhos de sua boneca (Elza), pele alva, olhos grandes e expressivos, cabelos loiros que caiam sobre os ombros, ela era pura poesia, porém não acredita nela. Quem a vestira acreditava em poesia, mas Maria Clara não. Era mais uma menina mimada que ao bater os pés conseguia tudo o que queria. Bastava olhar a submissão do pai, que foi logo dizendo “eu poderia ser o avô”. No colo ela trazia Elza, a boneca poesia. Certamente a ganhara da mãe, trazida do exterior.
Elza era loira, feito sua dona. Elza era tão loira quanto Maria Clara. Mas havia uma ruptura entre as duas. Elza era mais um adorno para aquela princesa. Elza não era um nome poético naquele contexto, era um nome antigo, certamente nome de uma avó, penso que não fora escolha de Maria Clara. Tenho dúvidas quanto a isto. Maria Clara não acreditava em poesia, tenho certeza, pois ao conversar com as duas ela me disse ela é apenas uma boneca. Não tinha dúvidas quanto a isto, nem entrou no mundo de Elza. Vi uma lágrima escorrendo no rosto da boneca quando se sentiu desprezada e encaixada na poltrona da frente a que Maria Clara e seu pai estavam em um voo de Porto Alegre para São Paulo.
Elza era apenas um apêndice na figura principesca de Maria Clara, algo que compunha seu figurino.
Quando eu quis entrar no mundo de Elza e perguntei algo a respeito dela, Maria Clara logo respondeu:
- Ela não fala. É apenas uma boneca.
Na idade de Maria Clara esta é uma percepção muito adulta. Cinco anos é a idade dos sonhos. Acredita-se em tudo e, realidade e fantasia, fazem parte de um mundo só. Depois, ao nos tornarmos adultos, praticamente descartamos as fantasias. Ficam os sonhos que já não são mais perseguidos porque desacreditamos na fantasia. E a poesia que mora dentro do mundo da poesia então: inexistirá para quem não persegue sonhos. Embrutecemos! É tão cedo para desacreditar dos sonhos, em idade tão tenra, pensei. Mas eu posso estar errado...
Bonecas são a chave para o mundo da fantasia. O mundo das bonecas é um mundo poético e aquela boneca era pura fantasia. Descobrir que uma criança não acredita em fantasia dá um choque. Eu senti uma dor profunda naquela hora. Espero que o tempo  mude isto para Maria Clara e que aquela boneca em forma de gente, não seja a fantasia dos outros, somente a boneca do amor de alguém...

Mário Feijó

03.06.16

quinta-feira, 12 de maio de 2016

SAUDAFES

SAUDAFES

outro dia minha amiga
quase morreu de saufafes
ela pensara escrever Saudades
e saufafes registrou
espantada morrera de rir
porque eu pensara 
que se tratava de algo para comer
tipo uma salada com legumes e frango
foi então que percebera
que criara uma nova expressão
achou-se "gênia" com graça a Maria
e dizia que eu era "mestre" nas letras
como eu não poderia deixar 
passar em brancas nuvens
feito a lua crescente que se esconde no céu
registrei para indicação ao "nobel de literatura"

As saufafes de Gracinha...

Mário Feijó
12.05.16

(P.S. apenas uma brincadeira para registrar o evento)

quarta-feira, 11 de maio de 2016

PERDAS E GANHOS

PERDAS E GANHOS


Era muito forte a dor que eu sentia
doía o corpo pelas sequelas da vida
e a alma pelas perdas sofridas


Ninguém me ensinou a perder
e eu dei adeus à minha mãe
quando ainda era um menino


logo depois a vida roubou de mim
um bem muito precioso
(que pela ordem das coisas foi-se na hora errada)
foi-se embora atropelado um filho criança


e eu perdi amores que não devia
Felicidade devia ser eterna
Não apenas minha avó

e a vida continua me trapaceando
espero que não seja um blefe
minha hora de ganhar


Mário Feijó
11.05.15


segunda-feira, 25 de abril de 2016

TODA A HISTÓRIA TEM DUAS VERDADES

É FATO: TODA A HISTÓRIA TEM DUAS VERDADES

Toda história sempre tem duas versões. A versão de quem a vive (que pode ou não omitir fatos) e a versão de quem observa e pela sua experiência de vida, tira conclusões.
Por isto é sempre importante argumentar e conversar sobre tudo o que vemos e também sobre o que sentimos. Por este motivo a história pode ter duas versões distintas ou contrárias e ambas verdadeiras.
Podemos dizer que só as ciências podem ser exatas (num sentido mais amplo ou num sentido restrito), no entanto mesmo a ciência pode relativizar tudo.
Desta forma, não acredite ou desacredite em tudo o que dizem. Não julgue tudo o que vê. Não julgue, de acordo com as suas experiências. Não passe pra frente o que achar ser verdade porque as aparências enganam e nem tudo que parece ser realmente é...
Pense no ditado que diz “nem tudo o que reluz é ouro”, sendo assim, o que parece ser verdade nem sempre o é... e se tratando de vivências ou de política é pior ainda... reflita.

Mário Feijó

25.04.16

domingo, 24 de abril de 2016

VOO SOLITÁRIO

VOO SOLITÁRIO

Houve um dia
Em que eu percebi
Que esvaziava pouco a pouco
Como se fosse um balão de gás
Então comecei a perder forças
Não andava mais no céu
Estava esvaziando

Quando eu me divorciei pela primeira vez
Eu me esvaziei de meus filhos
E quase me perdi pela vida
Então fiz alguns remendos e comecei
A voar novamente e ganhei altura

Tive algumas perdas neste período
Que me fizeram murchar completamente
Foram perdas de amor
Porque estas são as que mais doem
E as financeiras não nos esvaziam tanto
Perdemos somente o rumo
Mas perdas de amor
Fazem a gente perceber o quanto
O amor é importante em nossas vidas

Eu sempre amei intensamente
Tão intensamente que cada um desses amores
Fica egoísta e quer exclusividade
Foram assim: filhos, mulheres, amantes

Agora eu ando voando remendado
Porém já não voo mais tão alto
E por onde quer que ande
Olho sempre para o solo
Onde posso a qualquer momento me esborrachar...

Mário Feijó

24.04.15    

sexta-feira, 22 de abril de 2016

AMOR NA JANELA

AMOR NA JANELA

A vida exige que sejamos maleáveis.
Quem já aprendeu a fazer isto no sexo
Sabe o que é bom para o amor
E também para a vida...

Por isto eu te digo
Que me esperes no portão
Já que flores não posso te levar
Não as tenho em meu jardim
O cemitério fica longe
E no jardim da praça urinam os cães...

Por isto recicle-se
Abra seu coração
Não somente as pernas (de vez em quando)
O amor pode ser cego
Mas eu mantenho meus olhos (azuis) bem abertos...

Mário Feijó

22.04.16

terça-feira, 12 de abril de 2016

AMOR E ÁLGEBRA

AMOR E ÁLGEBRA

O amor acontece suavemente
Que nem precisa de cálculos
No entanto, para viver o dia a dia
É necessária doses diárias de:
Paciência, entrega, companheirismo,
Concessão e disposição para que dê certo

Quanto à álgebra
É necessário um grande amor
Mas pela matemática
Caso contrário não se chega a lugar algum

E quando misturamos os dois
É bom que a porta do quarto
Esteja bem fechada e que
Não haja ninguém na vizinhança
Porque vai ter muito barulho!


Mário Feijó

12.04.16 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

BOCA MOLE

BOCA MOLE

Eu lembro, hoje, com tristeza dos meus tempos de “boca mole”. Sim! Boca mole é um tipo que nada acrescente, que passa desapercebido, sem graça, quase transparente aos olhos dos que estão por perto.
O Boca Mole, na maioria das vezes quer agradar, mas desagrada. Nunca diz: NÃO! Parece uma gelatina sem sabor.
Digo lembro porque era tudo isto. Não que hoje eu não seja muitas vezes: sem graça e desinteressante (como veem a autoestima do boca mole, nem sempre melhora, mesmo quando ele deixa de ser um boca mole.
Atualmente, muitos me acha até bonito, interessante, charmoso e inteligente. Mas isto foi à custa de muito trabalho, há uma construção de imagem que leva anos para “colar”. E quando cola o boca mole não acredita.
Tenho um sobrinho que é a personificação de “bocamolice”. Também tenho um amigo assim, mas este nem é tão boca mole assim.
Nos dias atuais, quando encontro um “boca mole” fico indignado. Quero chacoalhar a figura porque sei que ele deve sofrer horrores.
Depois que deixei de ser criança (e isto já faz tempo) continuei sendo ingênuo, porém as coisas que me fizeram deixaram-me mais esperto, no entanto eu gosto de cultivar esta inocência-ingênua. Há um lado bondoso nisto que gosto no ser humano, por isto preservo, mas ser “Boca Mole” nunca mais. Quem tirou partido disto, tudo bem. Quem não aproveitou procure outro.
Meu coração está um pouco endurecido diante da vida, embora ninguém perceba que lá no fundo ele é feito de gelatina. Mas isto ninguém precisa saber.


Mário Feijó

11.04.16 

domingo, 10 de abril de 2016

ESCOLHA SUA PRIORIDADE

ESCOLHA SUA PRIORIDADE

Se você quer ser feliz, estabeleça prioridades na sua vida. Coloque-se em primeiro lugar, principalmente porque se você não estiver bem e feliz, ninguém, ao seu lado e pelas proximidades, estará.
Filhos, pais, irmãos, parceiros têm suas próprias escalas de prioridades, sem remorsos. Remorsos com o que ou quem você deixa de priorizar, com quem precisa menos. No entanto lembre-se de que cada um tem a sua vida e deve vive-la, com ou sem problemas, e não é você quem conseguirá resolver tudo.
É chegada a hora em que você envelhece e todos os outros não irão corresponder à prioridade que você lhes deu. E você vai sofrer porque estará esperando, esperando, esperando e descobrirá que todas as chances perdidas não voltam.
Olhe alguém quando adoece e veja se os que foram prioridade estão juntos, sendo solidários? Ninguém tem tempo... isto não é pessimismo, nem para desânimos, mas a realidade do ser humano.
Fique sem dinheiro ou sem emprego e veja quem estará do seu lado. E na hora de dividir uma herança, quem abre mão do que?
Então se você der prioridade à sua vida não dará tanta importância a quem não prioriza você. Isto não é defeito, não é só na sua ou na minha família que acontece. O Ser Humano é assim mesmo. Isto é regra geral... salvem-se poucas exceções.
Amigos são pessoas de uma raça diferente. São pessoas que nasceram para dar graça à nossa vida, estão sempre junto, dizem verdades que algumas vezes não queremos ouvir. Se eles puderem ajudar, ajudam. Se não puderem ficam juntos, buscam alternativas.
E a vida passa... passa. E você esquece-se de estabelecer prioridades.
Filhos crescem e vão embora. Os pais morrem. Os irmãos vão viver as suas vidas, e você? O que fez efetivamente, além de ser um “coitado” um “tadinho” aos olhos dos outros?
Priorize ser feliz. Coloque o amor em primeiro lugar. Sem culpas. Só pelo fato de que pode e deve ser feliz. Basta querer...

Mário Feijó

10.04.16

quinta-feira, 7 de abril de 2016

O AMOR TEM SEUS QUERERES

O AMOR TEM SEUS QUERERES

Querer estar acompanhado
Querer sentir o cheiro
Querer dormir juntinho
Querer passear de mãos dadas
Querer comer o mesmo fio do talharim
Querer tomar banho juntos
Querer andar na beira da praia
Querer beijos ardentes
Querer passear de mãos dadas na praça
São quereres que o amor tem
E se você está sofrendo de quereres
É porque o amor chegou
Ou porque a paixão em seu corpo se instalou
Algumas vezes o amor é água
Onde temos que mergulhar bem fundo
E algumas vezes até batemos
Com a cabeça numa pedra
Mas se você quer viver a aventura do amor
(sim, o amor é sempre uma aventura
Que não sabemos em que vai dar)
Mergulhe fundo e arque com as consequências

Mário Feijó

07.04.16

terça-feira, 5 de abril de 2016

O PODER DO SOL

O PODER DO SOL

Sol é luz e vida
Isto é obvio
No entanto a luz do sol
Dá alegria e conforto a qualquer um
Esteja você saudável ou doente
Exponha-se ao sol e veja os benefícios
Que ele traz à sua vida

Uma planta só germina ao sol
Árvores fazem a fotossíntese sob o sol
Os seres vivos não existiriam
Na sua maioria sem a luz do sol

Eu sou planta que germina
Eu sou flor que se abre
Girassol sob a luz do astro
E dou perfumes
E me multiplico
Quando o sol bate em minha pele

Olho para o mar
Numa mistura da luz do sol
E a cor do mar
Quanta vida há
Quão infinitas são as possibilidades...

Mário Feijó

05.04.16 

domingo, 3 de abril de 2016

BEM-ESTAR

BEM-ESTAR

Eu preciso de você
Porém não dependo de ti
Para poder viver
E quando me entrego
É numa comunhão de corpos
Que eu descubro como é bom
Contigo estar

E quando tu
Imploras o meu amor
Numa carência de gata no cio
Sinto que pensas
Que sou a tua tábua de salvação
Mas no amor
Não se morre abraçado

Amor é laço invisível
Que prende sem amarrar
É perfume que envolve
É bem estar
É por isto
Que eu preciso de você
Para estar de bem com a vida

Mário Feijó

03.04.16

sexta-feira, 1 de abril de 2016

NO meu HORIZONTE

NO MEU HORIZONTE

Há dias em que
Eu só quero saber
Que existo
Respiro fundo e leio...

Noutros dias quero saber
Se eu precisar
Estás por perto
Pronto para me abraçar

Há dias em que eu
Apenas me deixo levar pelo vento
E quando me dou conta
És o meu horizonte...

Mário Feijó

01.04.15

quinta-feira, 31 de março de 2016

ELA

ELA

Toda faceira
Ela abre-se
Ao ser amada

Porta-se feito rosa
Que diante do sol
Entrega todo o perfume
Ao seu colibri

Extasiada
Perfuma o jardim
Num cio floral

Invade a minha vida
Como se quisesse um mundo
Totalmente nosso

Mel e pólen
Vento, brisa
E luz...

Mário Feijó

31.03.16

quarta-feira, 30 de março de 2016

O VENTO QUE ME LEVOU

O VENTO QUE ME LEVOU

Há um vácuo em mim
Um buraco negro
Onde tudo é nada
Onde o nada é tudo

O vento me levou
E não sei onde me encontro
A lua ontem crescente
Agora em mim: minguou

As dunas que estavam na praia
Esconderam-se nas águas do mar
Levadas pela correnteza
Procuram outra foz de rio para aportar

O tempo em mim parou
Em algum lugar desconhecido
Há lembranças que não são minhas
Sombras que não me pertencem

Mário Feijó
30.03.16


terça-feira, 29 de março de 2016

BURACO NEGRO

BURACO NEGRO

Há entre nós
Um espaço tão grande
Que é muito maior
Do que o sexo possa tapar...

Todas as interpretações
Aqui são válidas
Tanto para distâncias
Quanto para espaço e sexo

E buraco negro
É algo que existe
No espaço cósmico
Que engole qualquer matéria

O poeta apenas
Usou de metáforas
Para falar de distâncias
E de buracos de todas as cores

Mário Feijó

28.03.16 

VOCÊ É ASSIM: AMOR E DOR

VOCÊ É ASSIM:
AMOR E DOR

Nenhum pássaro voará alto demais
se estiver voando apenas com suas próprias asas

William Blake


Como podes pensar
Que me magoas
Se eu encontrei motivos
Para continuar: vivendo em ti

Algumas vezes
Somos apenas complemento
Na vida de alguém
Noutras somos a razão de viver

E você é assim
Razão e complemento
Amor e dor
Remédio e lenimento...

Somos o que somos
Não importa se hoje
Apenas a brisa que leva o pólen

Ou se amanhã o fruto deste amor...

Mário Feijó