segunda-feira, 11 de abril de 2016

BOCA MOLE

BOCA MOLE

Eu lembro, hoje, com tristeza dos meus tempos de “boca mole”. Sim! Boca mole é um tipo que nada acrescente, que passa desapercebido, sem graça, quase transparente aos olhos dos que estão por perto.
O Boca Mole, na maioria das vezes quer agradar, mas desagrada. Nunca diz: NÃO! Parece uma gelatina sem sabor.
Digo lembro porque era tudo isto. Não que hoje eu não seja muitas vezes: sem graça e desinteressante (como veem a autoestima do boca mole, nem sempre melhora, mesmo quando ele deixa de ser um boca mole.
Atualmente, muitos me acha até bonito, interessante, charmoso e inteligente. Mas isto foi à custa de muito trabalho, há uma construção de imagem que leva anos para “colar”. E quando cola o boca mole não acredita.
Tenho um sobrinho que é a personificação de “bocamolice”. Também tenho um amigo assim, mas este nem é tão boca mole assim.
Nos dias atuais, quando encontro um “boca mole” fico indignado. Quero chacoalhar a figura porque sei que ele deve sofrer horrores.
Depois que deixei de ser criança (e isto já faz tempo) continuei sendo ingênuo, porém as coisas que me fizeram deixaram-me mais esperto, no entanto eu gosto de cultivar esta inocência-ingênua. Há um lado bondoso nisto que gosto no ser humano, por isto preservo, mas ser “Boca Mole” nunca mais. Quem tirou partido disto, tudo bem. Quem não aproveitou procure outro.
Meu coração está um pouco endurecido diante da vida, embora ninguém perceba que lá no fundo ele é feito de gelatina. Mas isto ninguém precisa saber.


Mário Feijó

11.04.16 

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