quarta-feira, 8 de junho de 2016

NUMA TARDE DE OUTONO TRANSBORDEI MEUS SONHOS

NUMA TARDE DE OUTONO TRANSBORDEI MEUS SONHOS

         Era uma bela tarde ensolarada. Estávamos no final de outono e o inverno se aproximava célere. A noite não fora somente gelada, fora enregelante. No entanto o dia amanhecera com o sol tomando conta de todo o céu límpido e azul.
Eu havia escutado o vento a gemer suas dores reumáticas a noite inteira. As minhas guardei embaixo das cobertas, num quarto superaquecido.
Naquela tarde eu decidira sonhar. Eu não daqueles que dá guarida à velhice, nem mando o menino que em mim habita ir embora.
Convidei minhas amigas (que se dizem alunas, mas eu também aprendo com elas) para passarmos a tarde transbordando sonhos. Levei uma cesta de vime para piqueniques (era a ideia inicial) torradas, pão caseiro (feito com granola e açúcar mascavo), café, chá e poesia.
O cheirinho do pão assando me levou à Felicidade (era o nome de minha avó). O café tinha o aroma de sonhos com doce de leite e eu voltei aos meus tempos de criança. Sonhei!
Minhas parceiras criaram asas e borboletearam feito pandorgas ao vento a escrever seus sonhos. Que bom, pensei: não sou o único com fome de sonhos. Peguei uma folha em branco, coloquei fermento na minha imaginação e me pus a sovar a massa. Agora é só deixar meus sonhos transbordarem. Enquanto isto, fomos aos quitutes...


Mário Feijó
08.06.16


Tema desenvolvido em nossa Oficina Literária de hoje.           

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