ALMAS
TRANSPARENTES
É
incrível o grau de transparência que adquirimos quando envelhecemos.
Os
filhos, raramente, lembram-se de você. Os netos só se você servir para brincar
com eles. Os estranhos chamam você de “tio” ou “tia” e nem percebem mais se
você é homem ou mulher – isto não faz mais diferença.
Até
os cinquenta anos eu sabia que um dia iria morrer, mas quando a gente chega aos
sessenta tem certeza disso. Tudo dói e a vida começa a se modificar drasticamente.
Será
que o “ser humano” sempre foi assim: tão cruel com o seu semelhante? Será que
estes milhares de anos na terra não deixaram nenhuma lição de que devemos
respeitar o outro e, principalmente aos mais velhos?
Talvez
tenha sido à toa Cristo dizer “amai-vos uns aos outros”... Decretou-se uma
surdez a isto.
Estou
vendo que envelhecer é como se desintegrar aos poucos da vida das pessoas. Você
continua ali inteiro, mas os outros não te vêm porque você só não morreu, mas
aos seus olhos já se desintegrou...
Mário
Feijó
13.05.14
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