quinta-feira, 17 de setembro de 2015

ANIMAL POETA

ANIMAL POETA

Hoje eu sou gato
Que se esfrega
Pelas escadas
E se enrosca nas tuas pernas
        Pedindo carinho...

Ontem eu era um leão
Faminto que atacava
Que devorava suas presas
        Tinha medo de amar...

Algum dia aprendendo
Eu já fui cobra
Que pela aparência asquerosa
Afugentava a todos
        Ninguém acreditava em mim...

Amanhã quem sabe
Serei apenas um pássaro
E baterei minhas asas
Tão rápido quanto um colibri
Aspirarei teu néctar
        Quem sabe serei anjo ou poeta...

Mário Feijó

17.09.15  

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

UMA PENA

UMA PENA

Uma pluma ao vento
Uma pena
Levou meus sonhos


Mário Feijó

15.09.15

SONHOS MEUS

SONHOS MEUS

Quando vejo um colibri
Tenho sonhos de bater asas
De beijar todas as flores
De voar, voar, voar...

Quando cheiro uma rosa
Minhas faces ficam rubras
Eu rosa amarela vivo
Esquentam minhas faces vermelhas...

E se eu vou ao mar
Peixe vivo
Água viva
A respingar gaivotas...

Se sou brisa serena
Doce ilusão volátil
Sonhos de primavera
Tenho noites de vagalumes...

Mário Feijó

16.09.15

terça-feira, 8 de setembro de 2015

HÁ 862 anos

HÁ 862 anos

Era o ano de 1.153 d.C. Numa vila distante, na Ilha de Lewis, na Escócia.
Ele chamava-se William tinha 24 anos e pertencia a uma família modesta, porém abastada para os padrões da época. Tinham terras e quem tem terras, sempre tem poder. O mar próximo também sempre foi fonte de alimentos.
Ela chamava-se Aphril, pertencia a uma família menos abastada, por isto Aphril trabalhava como dama de companhia de uma condessa que possuía uma mansão na região, e nas épocas mais quentes passava uns tempos na propriedade. Os criados não eram dispensados quando a condessa Mary Bernardet de Bourbon não estava na mansão. Aphril tinha apenas 17 anos quando fora ao mercado a céu aberto adquirir mantimentos para a mansão, visto que sua patroa deveria chegar a quaisquer momentos.
Aphril tinha olhos verdes, 1m70cm de altura, cabelos crespos, cintura moldada por espartilhos, pernas longas, sandália gregas amarradas às pernas com suas tiras de couro. Era uma moça bem falante e desinibida. Discutia preços com os mercadores, regateando e pedindo bônus em cada compra. Sua atitude despertou a atenção de William que vendia parte da mercadoria que produziam em sua propriedade e também parte da pesca que seu pai trazia do mar.
William era um jovem ruivo queimado do mar, alto, atlético e magro que parecia ter 2 metros de altura, mas media 1m,93cm. Era alto o suficiente para chamara a atenção de homens e mulheres e seus dentes refletiam luz quando ele sorria, de tão alvos que eram.
Não passaram desapercebidos um do outro. Isto os fez pensar “na próxima semana eu voltarei”. Não disseram nada, só se olharam, só se avaliaram.
Como era de se esperar na semana seguinte os dois jovens estavam presentes no mercado livre. Quando se viram, o coração de ambos disparou. Não sabiam o que fazer, não sabiam o que falar um ao outro. Ela aflita esperava que ele lhe dissesse algo. Ele não conseguira. Resolvera que lhe escreveria uma carta e na próxima semana colocaria em sua cesta de compras.
William gritou bem alto para todos ouvirem:
- Amigos clientes venham sempre. Na próxima semana estaremos aqui novamente com produtos sempre frescos, especialmente para vocês.
Aphril entendeu a deixa e disse:
- O senhor poderia nos trazer três quilos de peixe fresco. Cedo virei buscar.
William apenas sorriu, confirmando que havia compreendido.
...


Voltando ao passado.

Aphril estava feliz. Chegara à mansão cantando, cabeça meio que nas nuvens, mas feliz.
Agatha a governanta percebera que algo estava acontecendo por ali. Interrogou, mas nada descobriu. Perguntou ao cavalariço e jardineiro, mas este também não sabia nada, visto que não percebera nada incomum.
A semana parecia não passar. Aphril que também era cozinheira queimara alguns pratos e outros deixara salgados demais.
- Está apaixonada, Aphril? Perguntou Agatha.
- Não senhora. Desculpe-me, prometo prestar mais atenção quando a condessa estiver presente. Não acontecerá mais isto. Prometo...
- Espero que sim. Se a condessa reclamar sabe que não posso protegê-la. Terei que substituí-la.
- Por favor senhora. Prometo que não acontecerá mais, disse Aphril.

Segunda-feira – dia de mercado livre

Aphril arruma-se como nunca se arrumara para ir ao mercado. Por onde andava deixava um rastro de perfume.
Agatha pensara: aí tem... e avisa ao cocheiro e ao cavalariço que irá junto ao mercado.
Aphril levara um susto com a notícia, pensando que não iria, mas Agatha a tranquilizou dizendo que precisava escolher uns tecidos para a confecção de novos lençóis e toalhas e que isto não poderia delegar a ninguém. Ela mesma precisava fazer tais escolhas.
No mercado livre, Aphril fora primeiro na banca de William buscar suas encomendas. Quando ao terminá-las percebeu a carta em seu cesto, apanhando-a muito rapidamente e escondendo-a em um bolso do vestido rodado e pregueado. Seu rosto queimava de ansiedade e pudor como se houvesse roubado algo. A carta no bolso que de vez em quando tocava, para ter a certeza de que existia mesmo parecia que lhe queimava as coxas, pela proximidade do toque do bolso do vestido nelas. Um toque que jamais percebera, visto o tecido leve de algodão nem causar-lhe ranhuras, mas naquela manhã havia ali uma saliência e quem sabe quantas outras mais estariam escritas naquele envelope.
Fizeram todas as compras e voltaram para a mansão ainda antes das dez horas da manhã.
Aphril inventara uma desculpa para ir a seu quarto. Não aguentaria até o anoitecer para saber o que continha tal missiva.

“Cara Senhorita Raio de Sol”
Sim. Eu lhe chamarei assim, mesmo depois que souber seu nome. Você foi um raio de sol que clareou minha vida escura e fria. Quero ter o prazer de conhecê-la melhor. Tocar suas mãos, aspirar o perfume que você exala, tocar a maciez de seus cabelos ruivos que só de pensar neles, queimam minhas entranhas. Gostaria de convidá-la para um piquenique na praia, no próximo domingo às 14 horas. Não aceitarei recusas. Espero-lhe com uma cesta de lanches, próximo ao cais. Beijo-lhe respeitosamente as mãos,
William Bernardo MacLorenzo

Aphril voltou para a cozinha, mas parecia arder em febre, tal era seu nervosismo e apreensão.
Agatha mandou que se recolhesse a seu quarto e descansasse. Ela mandaria uma das auxiliares continuarem com as refeições.

A semana custou a passar

Aquela foi a semana mais demorada na vida de Aphril e de William. Porém o domingo chegou. Era folga de Aphril e a condessa ainda não retornara para as férias de verão.
Desde cedo ela se preparara. Fizera uma cesta com pães, bolachas e sucos. Colocara algumas frutas secas e amêndoas na cesta e partira em direção à praia. Nem lembrava que William havia dito que levaria o lanche.
William pedira à sua mãe que mandasse uma das criadas fazer-lhe uma cesta de lanches, pois iria à praia com amigos e que passaria a tarde por lá.
Não eram nem 14 horas e ambos já estavam no cais. Encontraram-se entre o extasiado e o envergonhado. No entanto o fato de que cada um levava uma cesta com lanches fez com que caíssem na risada. A situação serviu para quebrar o distanciamento que ainda tinham.
Conversaram, conversaram, conversaram... Pareciam ser amigos de longa data. Havia cumplicidade, camaradagem, intimidade entre os dois, como se já se conhecessem de uma longa data. Daí para o namoro foi um passo curto. Descobriram-se apaixonados e relembravam as vezes que se viram no mercado. Um dizia o que o outro vestia, tudo o que ele vendia, tudo que ela comprara.
Namoraram por seis meses e logo William pediu Aphril em casamento. No início a família dele fora contra o casamento de seu filho com uma simples criada, mas com o passar do tempo teve que aceitar Aphril como nora. Ela moça prendada, conquistara a sogra com tudo o que sabia fazer: bordava, costurava e cozinhava. Além disto Aphril era dona de uma simpatia rara.
Tiveram um filho e mudaram de cidade. Foram morar nas famosas Terras Altas. Era um lugar paradisíaco (e permanece assim até hoje). Compraram terras por lá e William passou a dedicar-se à pesca e o comércio dela.
Yan, o único filho do casal, estava com 12 anos quando o pai de repente desapareceu, não deu mais notícias, estava na casa dos pais que com chantagem emocional prenderam o filho ao seu comércio e propriedade. William tão envolvido e absorto com os negócios da família fora ficando e “esquecia” de dar notícias. Logo se envolvera com mulheres da vila, passara a beber e esquecera da família.
Aphril costurava para fora, fazia pães, que o menino saia a vender e não tinha mais tempo para pensar na vida. Chorava todas as noites em seu quarto e descobrira cedo o que era “o gemido noturno dos viúvos” nas noites frias e solitárias. Não tinha completado ainda 30 anos, porém aparentava mais, visto que emagrecera e enrugara feito ameixa seca.

A morte chega de repente

Assim como a vida havia lhe prego uma armadilha a morte dos pais de William fora sua libertação. Não que não sofresse com isto, mas a morte do pai com um derrame e a da mãe uma semana depois do mesmo mal, fora uma dose amarga num mesmo momento.
William decidira vender tudo o que herdara e voltar para casa. Parecia acordar agora do torpor que a vida lhe impusera. Estava emagrecido, barba comprida, desleixado. Fora ao comércio e comprara roupas novas, aparara os cabelos e a barba, mau cuidados e um mês depois resolvera voltar para casa.
Assim mesmo sem avisar. Não sabia como seria recebido. Se sua família ainda o queria e o esperava. Parara com as farras, tanto em relação à bebida, quanto em relação às mulheres. Percebia agora que se maltratava, por ter sido tão fraco cedendo à chantagem dos pais.
O tempo estava horrível. Havia tempestades. Teve que esperar que as tempestades de inverno amainassem para retornar ao lar.
Quinze dias depois o sol abre. Não mais venta. As tempestades foram embora. Pode então embarcar numa das naus que percorriam as ilhas. Uma semana depois estava em casa... ou melhor na ilha que morava.
Aphril o recebeu entre surpresa e furiosa. Vieram as explicações que em nada diminuíram a sensação de abandono dos dois últimos anos. Suas vidas não foi mais a mesma. Yan agora tinha quinze anos. Eles haviam aprendido a viver sozinhos e serem independentes.
William abrira uma casa de comércio próximo ao porto. Tinha posses, mas suas vidas não eram mais as mesmas de antes. Parecia que ambos perderam seu viço, seu amor pela vida, e, Aphril também se sentia assim: vazia. Viveram juntos por mais dez anos. Não dava mais para dizer que eram felizes, até o dia em que William com 46 anos amanhecera morto.
Aphril não chorara. Suas lágrimas haviam secado naqueles dois anos em que pensara que o marido havia morrido. Como chorar por alguém já morrera antes. O homem que voltara para o seu lar não era mais o mesmo. Tornara-se quase um estranho e depois não fizera mais questão de reconquistá-la. Havia dentro dele culpas, feridas não cicatrizadas, traições caladas. Ela não sabia de nada disto, mas percebera que o marido não era mais o mesmo. Vivera mais 20 anos. Solitária, viúva, para o filho e os netos. Morrera numa tarde de verão, depois de um vendaval que se abatera sobre a ilha.
...

862 anos depois...

Oitocentos e sessenta e dois anos depois eles acordam numa mesma cama. Não lembram mais de nada, mas um sonho os leva ao passado. Ela se descobre noutro corpo amando-o tão docemente quanto amara na antiga Escócia. Ainda sente nos ossos as dores que o frio lhe causava na época, são as mesmas dores que sente nos dias atuais. Silenciosamente olha-se no espelho e vê o seu novo corpo, não era mais uma mulher, nem tão bela, nem tão jovem, porém ao seu lado dormia o mesmo ser a quem tão amara em outros tempos. Levantou-se, preparou uma bandeja com café e foi pra cama. Lá estava seu amado de volta aos seus braços...

Para que nos situemos aonde esta história acontece informamos alguns dados recentes da Escócia.
Atualmente o território da Escócia que tem 78.772 km² (30.414 milhas quadradas), equivalendo a 30% da área de todo o Reino Unido do qual faz parte. Possui 9.911 km (6.158 milhas) de costa.
geomorfologia da Escócia foi formada pela ação de placas tectônicas e subsequente erosão da glaciação. A maior divisão da Escócia é a Highland Boundary Fault, que separa o território em "highland" (para o norte e o oeste) e "lowland" (para o sul e o leste). As Higlands da Escócia são bastante montanhosas e constituem-se no ponto mais alto do Reino Unido.
O clima na Escócia é temperado e tende a ser bem variável. É aquecido pela Corrente do Golfo do Oceano Atlântico e, por isso, é bem mais quente que em áreas de latitudes semelhantes, como Oslo, na Noruega. No entanto, as temperaturas são geralmente mais baixas que no resto do Reino Unido, com a mais baixa temperatura deste atingindo -27,2°C registrada em Braemar, nas montanhas de Grampian, em 10 de janeiro de 1982 e também em Altnaharra, nas Highlands, em 30 de dezembro de 1995. As máximas no inverno giram em torno de 6°C nas lowlands, com as máximas do verão por volta de 18°C. A temperatura máxima registrada foi de 32,9°C em Greycrook em 9 de agosto de 2003. Em geral, o oeste da Escócia é mais quente que o leste, devido à influência das correntes do Atlântico e as temperaturas superficiais mais frias do Mar do Norte.
De forma semelhante ao restante do Reino Unido, o vento vem principalmente do oeste, trazendo ar quente e úmido do Atlântico. A pluviosidade varia ao longo da Escócia. As terras altas a oeste são o local mais úmido do Reino Unido, com o índice de pluviosidade anual acima de 3.000mm (120 polegadas). Em comparação, a maior parte da Escócia recebe menos de 800mm (31 polegadas) anualmente e as áreas leste e sul do país recebem tanta chuva quando as partes mais secas da Inglaterra. Neve não é comum nas terras baixas, mas torna-se mais comum com a altitude.
No censo de abril de 2001, a população da Escócia era de 5.062.011, pouco menos de 10% do Reino Unido. A densidade populacional é de aproximadamente 64 pessoas por quilômetro quadrado.
Aproximadamente 95 das ilhas da Escócia são habitadas, sendo a mais populosa Lewis, com 16.782 pessoas em 2001. Algumas ilhas pequena têm um só habitante.
A capital da Escócia é Edimburgo. O número de habitantes das seis mais populosas cidades do país, segundo o censo de 2001, era de: Glasgow: 629.501; Edinburgo: 430.082; Aberdeen: 184.788; Dundee: 154,674; Inverness: 40.949; Stirling: 32.673.

...

Mário Feijó

08.09.15 

ANJOS QUE NÃO SABEM VOAR


ANJOS QUE NÃO SABEM VOAR

Certamente que anjos
Que não sabem voar
Têm que voltar para o céu

Este Planeta assusta
E não está preparado
Para abrigar anjos
Que querem brincar de ser gente

Em meio a homens beligerantes
Acabam segurando ondas
Que o mar ritmadamente
Cumpre em rotina

Então estes anjos
Procuram suas asas guardadas
E novamente voam para as estrelas
Afim de se queixarem das maldades dos homens...

Mário Feijó
08.09.15

Ps. parecia mundos diferentes. Cada criança à beira mar, em Capão ontem me lembravam o menino turco morto na beira da praia quando tentava fugir da guerra. Nós parece que temos vários Brasis dentro de um só, enquanto fugimos de nossas próprias guerras pela sobrevivência.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O SUSTO

O SUSTO

Ainda levo sustos
Quando olho pra você
E descubro que te amo...

O mesmo susto
Que levam as pessoas
Quando olham pra você e pensam
“O que será que você viu neste cara?”

E passamos dias e noites
Descobrindo a intensidade
Do amor que sentimos
E a parceria que o amor criou em nós

 E de susto em susto
Descobrimos que somos apenas
Dois seres humanos em evolução
Vivendo a experiência de um amor humano...

Buhhhhhhh para os outros...

Mário Feijó

07.09.15 

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A REGRA DO JOGO NÃO TEM REGRAS

A REGRA DO JOGO NÃO TEM REGRAS

As dores do amor
São as piores dores que existem
Amores não correspondidos
Traições amorosas, desamor

Muitas destas dores
Acabam virando ódio
E o despeito gera intriga
Falta diálogo

Mamãe, papai, filhinha
Há desamor, cansaço
Há incompreensão
Que geram doenças

Eu tenho medo do teu ódio
Filhinha querida
Mas perdoo tua incompreensão...

Mário Feijó

03.09.15

FUSÃO

FUSÃO

Os nossos corpos
Frios se aquecem
Num beijo “caliente”
Sedutor...

Mário Feijó

03.09.15

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

DESEJO

DESEJO

E no despir de véus
Todos os céus são teus
Desde o céu da minha boca
Até minha vida meio louca
Pelas bordas do mundo

E por falar em mundo
Em bordas e orlas
Eu te bordei nas colchas
Que cobriram nossa cama
Que se inflama toda vez que te vê

E nas orlas dos mares do sul
Garças, gaivotas e corujas
Caçavam alimentos
Quando a lua
Esparramou-se no mar

No ar,
Havia apenas um cheiro de maresia
Cheiro do teu gosto
Gosto do teu beijo
Desejo tão nosso...

Mário Feijó

02.09.15 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Á PROCURA DO EU

Eu vivo a procura de mim. 
Algumas vezes eu me encontro, 
porém na maioria das vezes estou perdido.

Mário Feijó

01.09.15  

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

NO MUNDO DOS DUENDES

NO MUNDO DOS DUENDES

Era inverno no hemisfério sul. A professora resolvera levar seus alunos da primeira série para passear no campo. Nenhum deles tinha mais que sete anos. Eram vinte crianças, nove meninos e onze meninas. Estavam todos eufóricos...
Criança de cidade grande não conhece o campo. Nunca viu um riacho, tampouco viu uma galinha, um pato, marreco, um peru e se assusta com tudo o que vê. Incrível olhar um porco e se assustar com seu focinho gelado.
Estavam maravilhados no final da tarde. Quatro horas. Era hora de ir embora e a van que os levaria de volta já estava a postos. A professora chamava a todos pelo nome, mas onde estava Felipe.
O menino havia descoberto um buraco entre as árvores e resolvera se enfiar pelos arbustos. Percebera uma luz ali e fora atraído por um clarão azul.
- Venha Felipe! Não tenha medo. Dissera Aristófoles, um duende verde, com um olhão azul, que inspirava bondade.
O menino, encantado foi entrando e descobriu coisas que jamais havia visto. Tudo era diminuto e ele parecia gigante diante de tudo o que via. Eram seres pequeninos que ali viviam. Locomoviam-se com a rapidez dos insetos, certamente porque tinham asas. Mas falavam igual a ele. E Felipe compreendia tudo o que diziam, sem medo algum. Resolvera se despreocupar e ganhara de Aristófoles uma bolinha azul brilhante que acendia e dentro dela mostrava tudo o que acontecia por ali como se fosse uma tela de celular mostrando um filme. Guardara no bolso.
O sol ali parecia ser uma bola azul e não doía olhar para aquela luz. Tudo era florido. Havia campo por todo lado e pequeninos animais, parecidos com os da fazenda.
Felipe não queria mais ir embora. Parecia que fora um grande período de tempo que passara ali. Conhecia tudo e adora a todos. Fora tão bem recebido que queria ficar ali para sempre, porém Aristófoles lhe dissera:
- Você não pode ficar aqui para sempre, menino. Se ficar morrerá no lugar aonde vive e se tornará um de nós, pequenino, como nós. Esta é outra dimensão. Volte, estão procurando você. Um dia você irá voltar, acredite, e será muito bem-vindo.
Nisto Felipe ouve alguém chamado seu nome e assustado sai de dentro do mato onde se encontrava.
A professora apavorada corre para abraçá-lo e o levar de volta.
- Onde você estava menino? Certamente dormiu embaixo dos arbustos.
Felipe silenciou. Quem iria acreditar em sua aventura?
Foi para o fundo da van e pensando no que vivera coloca a mão no bolso e vê a bolinha acesa passando o filme do local onde estivera. Rapidamente coloca de volta no bolso. Agora sabia como se comunicar com seus amiguinhos que ficaram na fazenda e naquele mundo encantado de onde não queria mais sair...

Mário Feijó

27.08.15

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

AGOSTO, VERÃO?

AGOSTO, VERÃO?

Eram tantos os rostos
Aflitos de agosto
Molhados da chuva
À espera do sol...

E as águas subiam
Vinham dos montes
Nascidas em julho
Escondendo o luar...

E o vento soprava
Nas terras do sul
Em tempos de inverno
Investido verão

E pela manhã serração
À tarde baleias brincavam
Com filhotes recém-nascidos
Eu, apenas te recolhia em meus braços...

Mário Feijó

17.08.15

sábado, 15 de agosto de 2015

A SOLA DA PALMA DA TUA MÃO

A SOLA DA PALMA DA TUA MÃO

Quando eu percebo
O toque das tuas mãos
Na sola da palma das minhas
É como se nossos corpos se fundissem

E quando eu percebo teus pelos eriçados
Vejo a tua natureza animal:
Gato, peixe, pavão, pássaro
Vento, poeira, nuvens, estrelas

E eu deixo de ser só(l)
Para ser galáxia
E me fundir a ti...

Mário Feijó

15.08.15 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

SAUDADES DO BOM TEMPO DE CRIANÇA

SAUDADES DO BOM TEMPO DE CRIANÇA

Há dias em que eu sinto falta de:
Cheiro de mato molhado
Barulho de grilos
Estrelas no céu
Ver a lua cheia
Correr atrás de pirilampos
Correr descalço na areia
Pular nas poças da chuva
Esquentar na frente de um fogão à lenha
Cheiro de café torrado
Pirão de feijão com uma gema crua em cima
Tomar água na bica
Correr atrás de uma galinha para comer assada depois
Brincar em festa junina
Comer batata doce assada na brasa
Comer amendoim torradinho
Dormir em colchão com palha de milho
Jogar bolinhas de gude
Ficar brincando de roda...

Depois de matar minha saudade
Lembrando tudo
Descobrir que não sou mais criança
Mas que dentro de mim ainda existe
Aquela criança que não quer envelhecer.

Mário Feijó

10.08.15

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

CONSELHOS PARA ANA

CONSELHOS PARA ANA

Teça colos e trace sorrisos
Não se finja de forte
Porém não se deixe esmorecer
Somos todos finitos enquanto seres humanos
Saiba que a felicidade sempre é passageira
Então seja seu motorista e leve-a consigo
Para os momentos mais tristes e melancólicos
Temos as lembranças e a saudade
Procure não ser masoquista sofrendo
Não se culpe por nada nem se condene
Você não tem o dom de mudar destinos, relaxe
Sua presença nada mudaria!
Somos poeira do universo e tudo se transforma
Aprenda as lições e evolua com elas
Saiba que os gatos podem ter sete vidas
Mas os homens só têm uma
Com a vantagem de sermos eternos
Apenas mudamos de forma, de casa e de corpo
De tempos em tempos...

Trace sorrisos nos dias, trame abraços nas tardes
E não estará nunca só nas suas noites...
Chore, ria, cante, aprenda, não se condene
Ame-se! Não se castigue porque há espinhos
Até no mundo das flores (as rosas que os digam)
Então solte seu pólen ao vento
Sorria para o sol mesmo que pareça uma careta
Chore com a chuva (ela é uma boa apagadora de lágrimas)
Sinta saudades com o luar, você sabe como fazê-lo,
Há em teu sorriso segredos e os sorrisos sempre são janelas abertas
Por onde o amor flui... 
e por último: perdoe-se!

Mário Feijó

05.08.15

terça-feira, 4 de agosto de 2015

MULHER




MULHER
És a dádiva que Deus
Colocou em minha vida
Eu te agradeço pelo útero
Que um dia materno me acolheu

MULHER
Eu te devo a vida
E te agradeço pelos filhos que tive
E que são a minha continuidade

MULHER
Tu és o meu alicerce
E o alicerce dos homens
Sem ti não viveríamos

MULHER
És a direção do mundo
O nosso futuro
E sem ti não seriamos
Os seres que somos...


MÁRIO FEIJÓ
06.11.2008

GRANDES AMORES FAZEM NINHO EM NOSSOS BRAÇOS

Todos nós necessitamos
Do calor de outros braços
Que nos inspirem amor

Desde criança queremos o colo
Da mãe, do pai, dos avós
E nossos “radares” disparam
Na direção de uma alma gêmea

Mas para encontrar o amor precisamos
Estar despojados de outros interesses
Senão o coração erra na paixão
E o erro será inevitável...

É necessário estar bem consigo mesmo
Para que quando o amor chegar
Faça ninho em nossos braços
E não queira mais sair...



MÁRIO FEIJÓ - 2008

domingo, 2 de agosto de 2015

NOITE ENLUARADA

NOITE ENLUARADA

Hoje eu acordei feliz
Sentia-me campo florido
Dia de sol com brisa fresca
Lua cheia maravilhosamente laranja
Sentia-me florir
Como se meu jardim
Cheirasse a jasmim
Como se abelhas pousassem em mim
Querendo meu néctar
E continuei tarde ensolarada
Sorriso no rosto
Pássaros cantando
Como se a primavera estivesse ali
Na primeira esquina do mundo
Até que anoiteci e sobre o mar
Tornei-me um brilhante luar...

Mário Feijó

02.08.15

TUDO DO QUE PRECISAMOS

TUDO DO QUE PRECISAMOS

Algumas vezes
Basta-me
Um dia de sol
Uma noite de luar
Um ombro amigo
Alguém a me olhar
Pode ser até
Um olhar amigo
Um olhar de amor
Um olhar de carinho
Mas de alguém
Que passe por mim
E me dê bom dia
Boa tarde ou boa noite
Ou apenas um sorriso
Tudo isto são coisas/ações
Que acontecem de graça
Que não dói a quem o faz
E pode parecer tão pouco
Porém em horas difíceis
É tudo o que precisamos...

Mário Feijó

01.08.15