quarta-feira, 7 de julho de 2010

PEQUENOS MILAGRES






Com lágrimas nos olhos, a “filha da tempestade” dizia “eu nunca soube o que é ter um carinho de pai ou de mãe”, mas meu filho não passará por isto. (Pessoas como esta são verdadeiros “filhos da tempestade” que se abate sobre suas vidas).

Com sabedoria de todos os anos morando na rua, convivendo com o tráfico e a prostituição aquela menina de 17 anos chorava enquanto aguardava na sala de parto. Não era um choro pela dor do parto, esta ela tirava de letra, era um choro por si mesma, por seu passado que veio à tona naquela hora, a hora de dar à luz um filho seu.

Então alguém lhe perguntou “com quantos anos você foi morar na rua” e ela respondeu “seis”. “Aos dez uma senhora boazinha me disse que eu trabalhasse para ela teria tudo. E foi assim que me tornei prostituta, sem saber o que significava. Só sabia que tinha muito nojo de tudo aquilo. Mas eu não queria viver nas ruas”.

“Aos 13 anos fui mãe pela primeira vez” falou uma outra menina (esta já tinha cara de mais velha). Alguém então perguntou “quantos anos você tem?”. Ela respondeu “17 anos, e já tenho quatro filhos”...

Algumas vezes parece que estas pessoas moram em outro planeta ou num outro mundo.

Todos temos muitas dificuldades na vida. Mas penso que nós não conhecemos o “fundo do poço” e meninas como estas, ou estão dentro dele ou saindo de lá. Isto para falar das que sobrevivem. Algumas até saem com a ajuda de alguns anjos que passam aqui pela terra. Muitos deles dispondo apenas da boa vontade, mas eles sabem como fazer milagres.

O que será da vida destas meninas agora com a responsabilidade de criar outros meninos e meninas? Só o tempo poderá responde e quem sabe a nova visão da vida que passarão a ter, depois de uma mão estendida, depois de um milagre em suas vidas.

Muitos e muitas voltam para as drogas, o tráfico, a prostituição, as ruas, mas alguns deles apegam-se a estas “tábuas de salvação” e se tornam heróis de si mesmos enquanto os demais seres HUMANOS continuam trancados em suas gaiolas, olhando para um ponto mais alto, sem ver o que acontece muito perto de si, e que às vezes precisa apenas de uma mão estendida.



Mário Feijó

07.07.10

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