domingo, 1 de dezembro de 2019

MANUAL DA TERCEIRA IDADE



MANUAL DA TERCEIRA IDADE
Mário Feijó
Caros amigos com mais de sessenta anos: pratiquem a idade com responsabilidade. Vejamos alguns itens a serem observados:
1)      Beba com moderação, até porque você já conhece os efeitos e as desfeitas de uma ressaca.
2)      Pratique amor. Não exija demais de você nem das pessoas que estão com você, principalmente se for só uma. Vá de leve, mas se precisar “subir paredes” faça-o, é sempre bom sair da rotina.
3)      Jamais suba em escadas ou telhados: primeiro porque você tá mais perto do céu (vá que Jesus te veja ali e te puxe pra cima); segundo porque existem jovens dispostos a trepar onde você não pode mais: escadas e telhados.
4)      Pratique o sim e o não com vontade. Há filhos dizendo: “mamãe/papai isto você não pode. Fique sentado/deitado: descanse. Nestas horas a gente já sabe que tem a eternidade pela frente, então descanse somente lá, na eternidade. Movimentar-se é saudável, apesar de dolorido, mas tudo dói, não? Então diga não! Diga eu quero!
5)      Dance, balance, cante, vá viajar.  Aumente suas despesas de viagens e reduza-as com os remédios. Remédios só os de uso contínuo, tipo os de pressão. São imprescindíveis.
6)      Acumule menos. Para que você quer mais um imóvel, nestas alturas da vida? (sabe o que acontece com os herdeiros depois, né?). A culpa será sua pelas brigas que advirão no futuro. Para que um carro novo agora? Ande de ônibus (é grátis); use mais os trens; voar é ótimo (assim você já começará a conhecer os céus, poderá até ver suas acomodações nas nuvens e testar suas asas). Voe! Use a imaginação! Voe muito!
7)      Evite ficar sentado demais. Tudo que você come, respira e aspira vai se acumulando e criando uma manta adiposa nos quadris e abdômen (mais conhecida como SAMANTA, falando devagar agora “essa manta de gordura”...).
8)      Faça sexo sempre que puder. Se for com alguém da sua idade, faça com responsabilidade, sem a preocupação de uma gravidez, nem terá que casar às pressas. Mas faça sexo por prazer. Permita-se! Você pode!
9)      Não ouça tanto seus filhos. Melhor, deixe que eles cuidem dos seus próprios filhos. Não foi isto o que você fez? Deixe que eles conheçam o que é o SERASA e o SPC, porque muitas vezes eles não se preocupam em empurrar você pra lá. Pare com esta história de emprestar o cartão e uma folhinha de cheque. Sabe onde isto vai parar, né?
10)  Gaste o seu dinheiro com você, afinal de contas, você trabalhou a vida inteira pra quê? Deixe com que eles aprendam com as dificuldades. Afinal não foi assim que você aprendeu? Criamos os filhos para o mundo e você não irá conseguir protegê-los sempre. Já imaginou quando você estiver ocupando seu lugar numa nuvem? Não vai poder fazer mais nada e ao invés de ficar tranquilo(a) pulando de uma nuvem para a outra lá no céu, vai ter que ficar olhando preocupado(a) para baixo com quem não enxerga nada além do próprio umbigo. Depois não me venha reclamar de labirintite e vertigens... jovens são assim, só criam maturidade depois dos 60. Não é?
11)  Não fale de doenças! Jamais diga “eu conheci alguém que morreu disto”! jamais dê receitas de “remedinhos” caseiros, para isto ou para aquilo. Nem todos são tão bons quanto o bicarbonato de sódio que serve pra tudo... esqueci. Não era pra dar receitas... além de ser chato você pode estas matando alguém. Já pensou em se tornar um “serial killer” na terceira idade?
Assim sendo reflita sobre isto:
- Sorrir cura!
- Ter fé é um santo remédio!
- Ajudar (eu disse AJUDAR, não ser escravo dos outros) faz bem!
- Há uma grande diferença entre ser bom e “bonzinho”.
- Viagem muito! Afinal de contas quando a vida acabar é isto o que você vai fazer no além, viajar pelo universo, então pratique desde já. Você verá que a eternidade não é tão ruim assim!
            Abra um sorriso e enfrente o poder da idade, irá descobrir que tudo dói menos...

Mário R. Feijó
01.12.19

terça-feira, 26 de novembro de 2019

BALANÇOS




BALANÇOS

E de um lado pro outro
A vida me balançou
No colo de ninguém

É o vento que me engana
Ele se faz de alguém que me ama
Ele mente que eram meus pais
Que me embalavam

O vento é mentiroso
Ele me soprou amores
Desde que eu era criança

E agora crescido
O vento me leva pra lá e pra cá
Como se eu estivesse pendurando numa árvore
Balançando de um lado para o outro...

Mário Feijó
26.11.19


quarta-feira, 20 de novembro de 2019

ENSAIO PORNOGRÁFICO





ENSAIO PORNOGRÁFICO

Amanhã, dizem,
Fará 32 graus
Enquanto isto hoje
Nós aqui
Fazemos 69... 70... 71
Buscamos novos ângulos
Para o nosso amor,
11º. pecado,
Na escala de um a dez

Somos perdoados
Porque amar
Nunca foi pecado
E nós não somos mais crianças
Apenas buscamos razões
Para não explicar o amor

Já ouvi dizer
Que o “amor não é
Aquilo que queremos sentir...
E sim o que sentimos
Sem querer...

Mário Feijó
18.11.19

AMAI-VOS UNS AOS OUTROS






AMAI-VOS UNS AOS OUTROS
O amor não é aquilo que queremos sentir...
E sim o que sentimos sem querer...

               

Até Camila, a que tem cheiro e gosto de Pitanga, decidiu amar sem limites.
Estamos vivendo momentos em que as pessoas têm fechando seus braços ao amor, não se enlaçam mais em abraços. São filhos que viram as costas para os pais, que abandonam a família e que vão viver sozinhos em cidades estranhas. Culpa da incompreensão e da falta de amor familiar?
O amor não é mais aquilo que queremos sentir, mas aquilo que sentimos sem querer. Cantou Caetano Veloso em uma música sua “toda forma de amor vale à pena”. Viver só vale à pena se a base de sustentação da vida não for o amor.
O homo sapiens surgiu na África Oriental por volta de 300 mil anos, depois se espalhou para o leste do mediterrâneo e, em torno de 60 a 100 mil anos chegou à China. Mas o que produzimos de tão extraordinário neste período? Os maiores avanços tecnológicos são recentes. Deixamos de viver em cavernas para viver em arranha-céus moderníssimos. O homem começou a perder seu “instinto animal” no pior sentido, para ganhar um instinto mais espiritual, e aqueles que não evoluírem sucumbirão a esta nova era. Estamos despertando para o SER esquecendo o TER, e aqueles que se apegarem ao ter irão sucumbir futuramente. O Ser deixará marcas, enquanto o Ter passará por sofrimentos e se não aprender sucumbirá. Só quem pensa na raça humana continuará a existir (posso estar sendo apocalíptico, mas só o tempo dirá, só o tempo mostrará os novos tempos da raça humana).
Quando pensamos que os dinossauros existiram no Planeta há mais de 230 milhões de anos e que a raça humana civilizada tem pouco mais de 10 mil anos vemos que somos seres recém-evoluídos, vindos de algum lugar do espaço ou gerados a partir das transformações sofridas pelo planeta.
Percebemos que o avanço tecnológico expandiu-se a partir da revolução industrial e mais acentuadamente nos últimos 50 anos: Televisão; telefones celulares; internet; entre outros avanços. Houve um salto no conhecimento, tudo ficou mais perto, falamos com qualquer pessoa em lugares distantes no mundo inteiro. O conhecimento universalizou-se nas redes. Não existe mais assunto proibido ou que as redes não tenham disponibilizado. Ninguém fica mais preso a um relacionamento que não lhe faça bem (pelo menos os ocidentais). Por que será que estamos mudando tanto somente agora?
Quem viver verá...

Mário Feijó
19.11.20

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

PRESENTE E PASSADO SE MISTURAM


PRESENTE E PASSADO SE MISTURAM
Ontem eu viajei! Fui à casa de vovó. Levei meu filho Roberto Nolasco que está prestes a completar cinco anos. A felicidade era mais minha do que dele porque eu me reportei ao tempo de criança quando toda a família se reunia na casa de vó Angelina.
No caminho com as janelas do carro abertas, sentindo o vento batendo no rosto, tinha nas narinas o cheiro do campo, por onde passávamos. Era cheiro de eucalipto misturado ao cheiro de flores, plantadas na região – lavanda. Incrível o perfume! Lembravam-me vovó Angelina, mesmo antes de poder abraçá-la, eu já sentia o cheiro de felicidade que arrepiava minha pele. Voltei ao meu tempo de criança.
As estradas empoeiradas do interior traziam à minha lembrança o frescor da viagem atual misturada ao encanto de encontrar primos, na infância.
Adoro animais domésticos e vovó tinha no quintal galinhas, patos e marrecos. A primeira coisa que perguntei:
- Tem ovos de pata?
Ela me mostrou uma cesta com todo tipo de ovos. Peguei três e já os coloquei para cozinhar. Adoro ovos de pata cozidos. Sinto água na boca só de pensar enquanto os ovos cozinham. Em cima do fogão à lenha havia um bule de barro com café fresco. O cheiro invadia o ambiente. Não resisti e tomei uma xícara.
Na rua eu ouvia Peri a latir. Os patos e as galinhas disputavam espaço para ganhar atenção de Roberto que lhes atirava milho. Era uma festa dos bichos e alegria de meu filho atirando milho para os bichos, ele um ser urbano encantado com a vida rural.
Vovó era só alegria. Vivia solitária no interior e dizia que jamais iria morar num apto. Era ajudada por um caseiro, tipo faz tudo e sua esposa que ajudava vovó com os afazeres domésticos.
No fogão já havia uma carne sendo assada numa panela de ferro, enquanto o feijão cozinhava borbulhando noutra. O arroz estava num canto já totalmente cozido. Na mesa já estava exposta uma salada mista que reunia frutas, legumes e verduras que enchiam os olhos.
Sai para o quintal e comi uma goiaba vermelha e uma bergamota. Adoro frutas colhidas no pé. Roberto veio correndo e pediu:
- Papai, descasca uma pra mim?
Estava um dia agradável, ensolarado, porém fresco. Fiquei ali pensando no passado.
De repente Maria nos chama dizendo que o almoço está pronto. Era tudo tão encantador quanto o ato de estar perto de vovó que sempre me encantava.
Foi assim que passei mais um domingo agradável e reconfortante que só a vida do interior é capaz de nos proporcionar.
De repente vovó senta à mesa e me olha séria perguntando:
- Quem é você?

Mário R. Feijó
24.10.19     

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

BATE PAPO




BATE PAPO

Eu adoro conversar com árvores
Elas são silenciosas, acolhedoras
Nada dizem
Só ouvem nossos lamentos

Lembro do dia em que meu filho
Foi atropelado e morreu
Um flamboyant me acolheu
Secou todas as minhas lágrimas

Vez ou outra ainda nos dão frutos
Embaixo de uma sombra fresca
Eu já me protegi da chuva outro dia
Hoje dizem que atraem raios

Atraem raios porque estão só
Quando eu era criança
Sempre havia uma floresta por perto
Eu brincava de esconde-esconde, e agora?

Mário Feijó
18.10.2019  

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

DESVIVEDOR DE MIM




DESVIVEDOR DE MIM

Eu vivo a costurar minh’alma
É que já morri tantas vezes
A vida me quer professor e aprendiz
Eu continuo a renascer todas as manhãs
E a morrer todas as noites
Em braços que me dão amor...

E descosturo a minh’alma
Para descansar os ossos
A maioria muito quebrados
Osteoporizados desde os tempos que envelheci...

E quando o cão me latiu pela primeira vez
Rasgando minha carne
Seguindo pela vida renasço
Depois de um desviver...

Agora costuro minhas carnes
Com beijos de amor
Costuro amores com dores
Do renascer e do morrer, e sigo
Vestindo vidas, nem todas minhas
Algumas encontrei jogadas
Pelas sarjetas do mundo
Daqueles que sem amor
Pela vida se foram
Sem nunca aprender
A viver e desviver...

Mário Feijó
18.04.12

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

AS DORES QUE PALPITAM NO PEITO





AS DORES QUE PALPITAM NO PEITO


A dor que nos aflige é tão nossa que por mais que você grite ninguém a sente. Podem até percebê-la, mas ninguém a sente.
Todos temos dificuldades e dores particulares é melhor não contá-las porque por mais que pareçam se importar, ninguém sofre por nossas dores.
E quanto mais idade ganhamos mais carentes ficamos, não adianta gemer ou gritar para ganhar mais amor.
No entanto, sofrem calados os viúvos; sofrem calados os solitários; os carentes de amor; os abandonados; os doentes nos hospitais; as meninas de rua; os que sofrem por suas escolhas; os rejeitados; as mães que sozinhas criam seus filhos; as mães que por amor têm que entregá-los a outros porque não podem ou não têm condições de criá-los.
Assim, as dores que palpitam no peito, viram choram silencioso e aprendemos a viver engolindo soluços.


Mário Feijó
07.09.19

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

TEMPOS E TEMPO

Acrílico sobre tela... Mário Feijó

Reciclagem de garrafas... Mário Feijó
TEMPOS E TEMPO

Há tempos de amor
E tempo para refletir
Há tempos de dor
E tempo pra descansar
           
Há tempos de luz
Tempo de sol
E apenas tempo de luar

Há tempos em que eu te quero
E tempos de solidão
Há tempo em que estamos juntos
E outros em que tu vais embora

Há tempos para escrever
Outros apenas para ler
Há tempo em que eu uso as cores
E outros apenas para que eu possa admirar

Mário R. Feijó
03.09.19


quarta-feira, 11 de setembro de 2019

MINHA SANTA IGNORÂNCIA


MINHA SANTA IGNORÂNCIA

Muita coisa em mim mudou, desde que eu descobri que não sou mais jovem, nem criança.
Descobri que posso fazer tudo o que quero, mas nem tudo o que eu quero eu posso. Tenho que obedecer aos limites do meu corpo. Aprendi que eu posso subir numa escada, no entanto se eu cair dela, as consequências deverão ser desastrosas, devido à idade que tenho.
Eu até já me achei muito inteligente, quando era jovem, porém comecei a respeitar minha ¨santa ignorância¨. A maturidade me fez descobrir que há muito a aprender e quanto mais eu aprendo mais descubro que pouco eu sei.
Eu aprendi a calar, diante da sabedoria de outro. A ouvir mais do que falar. A respeitar o outro, mesmo quando o outro pensa é um suprassumo e eu vejo que não o é. Aprendi a ser humilde. A humildade nos traz sabedoria.
Aprendi que o ser humano está doente e eu não devo usar minhas doenças como se fossem um troféu, ou como forma de chamar a atenção dos outros. Aprendi a silenciar no sofrimento porque sempre haverá alguém querendo nos dar um remédio, ou conhecendo alguém que já morreu disto, ou até que ficou aleijado por este motivo. Aprendi que falar de doenças nos torna frágeis, pequenos e a vida está aí, para que lutemos pela sobrevivência, só assim seremos grandes, foi assim desde a nossa concepção.
Eu, ainda, aprendi que meu corpo se fragiliza a cada ano que passa, mas a minha cabeça diz que eu posso, porque eu estou vivo, e dentro dela eu não envelheci. Só envelhece quem fica balançando numa cadeira, num canto qualquer da vida, ouvindo os outros dizerem: “você não pode” e você acha que é inútil. Sempre podemos ser úteis a alguém ou a nós mesmos. Nada como respirar fundo e sentir-se vivo com o sol no rosto ou aproveitando o que a natureza nos proporciona.
Se você tiver condições viaje mais e gaste menos com coisas que só vão se acumular, se não tiver condições leia e viaje da mesma forma. A leitura é uma viagem gratuita, aproveite.
Bendita esta “Santa Ignorância” que me abre para a vida e para aprender que enquanto eu tiver inteligência para aprender com os outros, ou com os livros (e agora também com a internet), viver é uma experiência diária e aprender é infinitamente necessário à nossa evolução.
Eu não lamento a idade que tenho. Estou na idade em que amigos queridos começaram a ir embora. Já sofri com a perda de meus pais. Já sofri com a perda de um filho. Já sofri com a partida de pessoas companheiras da vida. O que mais me resta senão agradecer pela sobrevivência, sem reclamar, enaltecendo o aprendizado que é a VIDA.

Mário R. Feijó
11.09.19

terça-feira, 13 de agosto de 2019

FOI-SE A PALAVRA





FOI-SE A PALAVRA

Sempre haverá entre nós
Muitos imbecis sádicos
Que com palavras tolas e vazias
Tentam parecer inteligentes

Há os que não entendem
E por serem ignorantes
Os endeusam por terem poder

Há os que entendem o que dizem e fazem
E não os toleram
Mas por não terem poder
Nada podem ou poderão fazer

E assim temos um país podre
Que continuará pobre
Devido ao poder daqueles que com suas palavras
Determinam a hora de cortar nossas cabeças

Mário Feijó
13.08.19

segunda-feira, 22 de julho de 2019

CERTAMENTE...




CERTAMENTE...

A mim, não dói,
Fazer o bem
Sem olhar a quem

Este é meu jeito de ser
E se eu posso ajudar
E se isto me conforta
Por que não fazê-lo?

Eu gosto de olhar o mar
Eu gosto de sentir o vento
Eu gosto de sentir perfumes
Então vamos levar flores
Aliviar as dores de quem
Gosta de sentir o vento
E de olhar o mar

Ninguém gosta de sofrer
Mas tem gente que tem prazer
Em ver o outro padecer

Vamos amar o próximo
Fazer o bem sem olhar a quem
Porque haverá mais perfumes nas mãos
De que joga flores... certamente!

Mário R. Feijó
22.07.19

quinta-feira, 11 de julho de 2019

O PREÇO DE VIVER BEM





O PREÇO DE VIVER BEM

Ser feliz é uma decisão de vida!
Fazer alguém feliz, também
E não dói, nem atrapalha
Basta não desistir

Além do mais
Lidar com a felicidade
É algo trans-FORMA-dor
Tira a dos outros e alivia a nossa

Algumas vezes basta sorrir
Noutras basta um gesto de carinho
Um abraço ou um beijo
São remédios nesta terapia

Uma poesia, a luz do sol, uma flor
O sorriso de uma criança
O olhar brilhante de um velho
São pagamentos que nos tornam eternos

Mário Feijó
11.07.19

sexta-feira, 14 de junho de 2019

GANGORRA




GANGORRA

A vida é uma gangorra
Horas estamos por cima
Outras vezes o peso
Empurra-nos para baixo... gangorra

Não tenho fome e engordo
Quero ser feliz e tenho medo
Preciso dormir e tenho insônia
Acordo e quero dormir de novo... gangorra

Ando com medo da morte
E tenho angústia em viver
Fico sufocado e sem ar
Meus pensamentos viram fumaça... gangorra

Eu subo para respirar
Respiro quando estas comigo
Mas estou morrendo
Porque estas longe de mim... gangorra

Mário Feijó
07.05.19

E O VENTO LEVOU...




E O VENTO LEVOU...

Diante da janela
Eu vejo o vento passando
Levando consigo sonhos e vida

Uma simples folha de papel
É alçada às alturas
E nela há escondidos
Sonhos irrealizados

Foi um lápis quem lhe contou tudo
Ele não mentiu
Fez eu pensar que era pequeno
Achando que poderia guardar segredos

Até pensei que folhas de papel
Poderiam guardar segredos
Fiz dela uma amiga
Que agora o vento levou...

Mário Feijó
03.06.19

segunda-feira, 3 de junho de 2019

O AMOR É DIVINO




O AMOR É DIVINO

De tantas coisas que Deus criou
Eu faria uma lista
Daquelas que mais me encantam
Só que todas perderiam
Para o mais belo dos sentimentos
Plantado dentro de nós
Esta coisa maravilhosa chamada de amor

O amor nos eleva às alturas
Ele nos torna divino
E nos aproxima Deus
Além de nos mostrar
O caminho da Felicidade

É perceptível que somente o amor
Nos torna seres melhores
Descubro a presença de Deus em nós
Descubro a força da natureza
E descubro que a vida tem mais significado
Quando o amor é o tempero a nos conduzir
Isto nos eleva a Deus
E desta forma nos tornamos divinos...

Mário Feijó
03.06.19

segunda-feira, 6 de maio de 2019

O MUNDO É UM CIRCO




O MUNDO É UM CIRCO

O mundo é um circo
As pessoas usam máscaras
Achando-se melhores que os outros
Mas todos conhecem a si mesmos

Ninguém fala seus defeitos, porém facilmente
Apontam os defeitos dos outros
Será que não está na hora
De sermos mais civilizados e abrir os braços?

A vida é curta e ninguém sabe ‘sua’ hora
Mas quando chega o momento
Todo mundo vai embora

Vamos reformar nosso eu
Vamos amar mais as pessoas
Animais, plantas e preservar a natureza
Porque quando partirmos
Seremos lembrados pelo amor praticado

Mário R. Feijó
06.05.19

sábado, 4 de maio de 2019

AMIGO NÃO SILENCIA





AMIGO NÃO SILENCIA

Onde está você
Que se diz amigo
Que faz silêncio comigo
E se cala na distância

Se você fosse mesmo amigo
Não silenciaria
Fale-me tudo o que pensa
Defenda-me dos inimigos

Tudo o que eu vejo
Naqueles que se dizem amigos
É uma aliança deles
Com aqueles que não me amam

Querida que você visse minhas dores
Que me compreendesse minhas reações
Nas horas em que me atiram pedras
Eu tentaria ajudar você... e você? Ajude-me...

Mário Feijó
04.05.19

quinta-feira, 2 de maio de 2019

QUERO RESSUSCITAR O AMOR




QUERO RESSUSCITAR O AMOR

Tudo ao meu redor virou silêncio
Algumas pessoas foram morrendo
Outras apenas saíram da minha vida
E sem dizer adeus foram morrendo

A minh’alma ainda está enlutada
Sinto dores no corpo
Quando não mais abraço a quem amo
E sofro com o desamor

O silêncio toma conta dos meus dias
Eu entro em pânico e sofro a desesperança
Com a falta do amor e de sorrisos

Ainda lembro dos tempos de vovó
Quando todos os domingos tios e primos
Reuniam-se ao redor da mesma mesa
Para comer e brincar irmanados...

Mário R. Feijó
02.05.19

segunda-feira, 29 de abril de 2019

DORES QUE VÊM E VÃO




DORES QUE VÊM E VÃO

Tudo é tão incerto
A única certeza que temos
Desde o nascimento
É a de que um dia morreremos

Pela manhã nasce o sol
Que à tardinha morre
Da mesma forma que os botões
Que morrem para dar vida às flores
E as flores também morrem
Para delas nascerem os frutos

Tudo na vida passa por ciclos
É a forma que a natureza encontrou
Para se renovar

Da lagarta nasce a borboleta
E a vida segue em frente
Sem um tempo certo
Seguindo ciclos que variam

Verão, outono, inverno, primavera
Dores que vêm e vão
Flores que desabrocham
Para dar novos frutos...

Mário Feijó
29.04.19

segunda-feira, 8 de abril de 2019

A FORÇA DA NATUREZA





A FORÇA DA NATUREZA

Não lute contra o vento
O tempo e as marés
A natureza sempre vence

Vamos surfar nas ondas do tempo
Segurar as asas do vento
E navegar nas ondas do mar

Mário Feijó
08.04.19  

segunda-feira, 1 de abril de 2019

A PORTA ESTÁ ABERTA




A PORTA ESTÁ ABERTA

A porta eu deixei aberta
Para que entres
Sempre que quiseres voltar

No entanto passa o vento
E bate a porta
Com seu jeito enganador
Dizendo que és tu quem vem pra mim

Eu morro de saudades
Parece que o sol deixou de brilhar
Mas quem perde o brilho sou eu

Nunca pensei que fosse um girassol
Mas sou assim quando te procuro
Seja junto ao mar, nas noites de luar
Ou nos dias chuvosos quando o sol se esconde...

Mário R. Feijó
01.04.19

TONEL FURADO




TONEL FURADO

Eu te queria
Enchendo meus espaços
Todos aqueles espaços vazios
Que uma bela canção
É capaz de encher

Ai você vai embora
Feito a lua cheia
Que só volta a cada 28 dias
E nos outros 27 se esvazia

Tal qual um tonel furado
Capaz de deixar sair
O mais delicioso vinho
De uma ótima safra
E eu definho toda vez que partes...

Mário R. Feijó
01.04.19  

O AMOR É TUDO




O AMOR É TUDO

Outro dia
Eu escrevi sobre o amor
Mas não escrevi tudo

O amor é mais
O amor é completo
Ele nos realiza
E deixa espaço pra tudo

Mas o que é tudo?
Você perguntaria
Tudo vai além da imaginação
Então imagine tudo

E quando falo tudo
É tudo mesmo
Muito mais! Imaginou?
Eu falei tudo... vai... Imagina...

Mário Feijó
01.04.19

segunda-feira, 25 de março de 2019

RESPEITANDO O OUTRO




RESPEITANDO O OUTRO

Eu não entendo
A maldade do mundo
Para o que não lhes parece perfeito

Einstein foi considerado imperfeito
Depois descobriram que era um gênio
Mozart também
E fez músicas maravilhosas

Quem é perfeito
O homem? A mulher?
O branco? O negro? O amarelo?
Existe mesmo o tal ser perfeito?

Não seria melhor que nos respeitássemos
Uns aos outros em nossos credos ou religiões?
Que cada um respeitasse a individualidade alheia
Para que o mundo realmente evoluísse?

Mário Feijó
25.03.19


segunda-feira, 18 de março de 2019

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: DESTINO IGNORADO

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: DESTINO IGNORADO: DESTINO IGNORADO A minha vida é assim Um destino ignorado Amanhã não sei onde estarei Hoje me perco no que sou Algum...

DESTINO IGNORADO





DESTINO IGNORADO

A minha vida é assim
Um destino ignorado
Amanhã não sei onde estarei
Hoje me perco no que sou

Algumas vezes sou apenas um sonho
Que em algum momento vira fumaça
E vai se perdendo no tempo

Noutras eu mergulho mar adentro
À procura de meu “eu perdido”
Querendo estabelecer elos com a realidade

Agora me contento em viajar pela poesia
Sou flor em botão se abrindo
Exalo um gostoso perfume
E voo nas patas de uma abelha para virar mel

Mário R. Feijó
17.03.19

domingo, 17 de março de 2019

COISAS BOBAS




COISAS BOBAS

Eu já escrevi muita coisa boba
Porém não vejo pecado nisto
O que eu vejo como um grande pecado
É não ter ideias, não escrever o que penso

Se eu sinto dor
Envolvo-me nela
Produzindo antídotos
Curando com amor

Se o mal do dia for a solidão
Eu viajo nas leituras
Vejo um bom filme
Ou danço uma música comigo

Não estou só
Tenho meus sonhos
Vivo de amor
E o coloco nas coisas que crio...

Mário Feijó
17.03.19

sábado, 16 de março de 2019

QUEM DÁ MAIS?




QUEM DÁ MAIS?

Algumas vezes eu me pergunto
Quem dá mais pela minha vida
Deus ou o Diabo?

Existem horas que eu penso
É difícil suportar tudo o que me acontece
E não é pouca coisa

Tento ajudar às pessoas
Mas quem me ajuda quando preciso?
Amo intensamente até a quem desconheço
Mas quem me ama assim?

Não existem momentos fáceis
Sou um Quixote lutando contra o invisível
Todo mundo me acha muito feliz
Mas pra quem vou reclamar?

O Diabo tem feito peripécias comigo
Os anjos de Deus tiraram férias de mim
Será que o “Todo Poderoso” dormiu
Minha vida virou uma filial do inferno
E eu me nego a ser seu atendente...

Mário R. Feijó
Jan. 2019

sexta-feira, 15 de março de 2019

SAPATINHO DE LÃ




SAPATINHO DE LÃ

Outro dia encontrei um sapatinho de lã caminhando sozinho (geralmente eles andam aos pares). Não sei se era um sapatinho de menino ou menina. Não era rosa, nem azul, o que talvez já desse uma pista sobre o gênero de seu ou sua dona. Era um sapatinho verde, de lã macia, mas estava gelado, não havia nele calor humano ainda.
Tinha o laço desfeito. Talvez nem tivera recebido, ainda, um laço, quem dera sentira um cheiro, um afago, um abraço. Sapatinhos de lã inspiram tudo isto, mas este estava perdido. Tinhas pelos desfiando e havia nele uma gota (de chuva ou lágrima, eu não saberia dizer). Pensei: - será que a vovó que o tricotou gotejara lágrimas emocionadas de amor? Será que já se passara muito tempo, desde que ele se perdera? Caíra de alguma bolsa ou de algum pezinho infantil e se soltara por estar desamarrado? Todas estas questões pensei quando o vi.
Não resisti e o recolhi o pobrezinho levando-o para casa. Sei que ficará eternamente órfão dentro de uma gaveta, porém não estará mais ao relento perdido. Vez ou outra eu posso acaricia-lo pensando em meus filhos crescidos que foram construir seus ninhos ou nos netos (alguns também já crescidos).
Quem poderá dizer qual o pé ele iria agasalhar. Qual o bebê ficou com um pé descalço e gelado quando o sopro de uma brisa tocar seu corpo?
Eu sinto arrepios toda vez que sinto o vento na janela e percebo que o sapatinho verde de lã não serve em meu pé...

Mário Feijó
14.03.19

segunda-feira, 11 de março de 2019

FLORES ETERNAS


FLORES ETERNAS

Eu vivo numa época
Em que não dá
Para ter receio de existir
Sofremos desde meninos

A vida é para quem tem coragem
Afinal de contas vencemos a corrida
Quando chegamos ao óvulo
E de lá pra cá a luta continua

As flores têm vida curta
Animais pequenos e peixes
Vivem menos que nós
E todos os ciclos são aprendizados

Minha vida tem sido uma lição
Que me faz crescer
Ao mesmo empo em que planto flores
Qualquer hora as sementes brotam

Mário Feijó
10.03.19

quinta-feira, 7 de março de 2019

PRETO OU VERMELHO?




PRETO OU VERMELHO?

Eu decidi ser feliz
Por isto levantei todas as âncoras
Que me prendiam
A um porto seguro

Icei minhas velas
Esperando que ventos promissores
Levem-me por mares desconhecidos

Não apostei minhas fichas em ninguém
Isto eu já tinha feito
Em outras vezes e perdi
Agora estou apostando em mim

Não me importa se der preto ou vermelho
Apostei em todas as cores
O mar agora é pra peixe sim
E o céu não tem nuvem alguma

Mário R. Feijó
07.03.19

segunda-feira, 4 de março de 2019

COLAGEM


COLAGEM

Agora sou um mosaico
De todas as emoções vividas
Algumas foram somente de alegria
Porém a maioria foi de aprendizado

Eu não sento à beira do caminho
Esperando a tristeza passar
Ela não é minha escola favorita
Eu prefiro as alegorias da Felicidade

Se não for assim desisto
Não sambo, nem sinto a música
Prefiro o samba enredo
Que eu mesmo escrevi

Sou feito de colagens
De todos os momentos
As alegrias eu curto
E com as tristezas aprendo...

Mário Feijó
04.03.19

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

UM OLHAR NO INFINITO




UM OLHAR NO INFINITO

Da minha janela
Vejo o horizonte infinito
É como se eu olhasse dentro de mim
E visse lá o amor que tenho

Perco-me no olhar o mar
Perco-me dentro de mim
Vejo-te na distância
Encontro-te nas lembranças

Não deveria ser assim
Amores deveriam ficar grudados em nós
Feito ostras que se grudam em pedras
Mesmo quando o mar lhes açoitam

Sei que eu não deveria me perder
Mas preciso de você
Para encontrar a minha liberdade
E para viver os dias que me restam

Mário Feijó 
23.02.19

sábado, 23 de fevereiro de 2019

COLAR PARTIDO




COLAR PARTIDO

Um simples beijo
Não deveria
Descongelar um iceberg

Porém em mim
Tudo descongela
Quando teus lábios
Tocam a minha pele

E a geleira
Que parecia indestrutível
Derrete-se
E eu me fragmento

Todos os meus pedaços
São contas de um colar
Que se arrebenta
E eu passo a rolar sob seus pés

Mário Feijó
23.02.19