PRESENTE
E PASSADO SE MISTURAM
Ontem eu viajei! Fui à casa de vovó. Levei
meu filho Roberto Nolasco que está prestes a completar cinco anos. A felicidade
era mais minha do que dele porque eu me reportei ao tempo de criança quando
toda a família se reunia na casa de vó Angelina.
No caminho com as janelas do carro abertas,
sentindo o vento batendo no rosto, tinha nas narinas o cheiro do campo, por
onde passávamos. Era cheiro de eucalipto misturado ao cheiro de flores,
plantadas na região – lavanda. Incrível o perfume! Lembravam-me vovó Angelina,
mesmo antes de poder abraçá-la, eu já sentia o cheiro de felicidade que
arrepiava minha pele. Voltei ao meu tempo de criança.
As estradas empoeiradas do interior
traziam à minha lembrança o frescor da viagem atual misturada ao encanto de
encontrar primos, na infância.
Adoro animais domésticos e vovó tinha
no quintal galinhas, patos e marrecos. A primeira coisa que perguntei:
- Tem ovos de pata?
Ela me mostrou uma cesta com todo tipo
de ovos. Peguei três e já os coloquei para cozinhar. Adoro ovos de pata
cozidos. Sinto água na boca só de pensar enquanto os ovos cozinham. Em cima do
fogão à lenha havia um bule de barro com café fresco. O cheiro invadia o ambiente.
Não resisti e tomei uma xícara.
Na rua eu ouvia Peri a latir. Os patos
e as galinhas disputavam espaço para ganhar atenção de Roberto que lhes atirava
milho. Era uma festa dos bichos e alegria de meu filho atirando milho para os bichos,
ele um ser urbano encantado com a vida rural.
Vovó era só alegria. Vivia solitária
no interior e dizia que jamais iria morar num apto. Era ajudada por um caseiro,
tipo faz tudo e sua esposa que ajudava vovó com os afazeres domésticos.
No fogão já havia uma carne sendo
assada numa panela de ferro, enquanto o feijão cozinhava borbulhando noutra. O arroz
estava num canto já totalmente cozido. Na mesa já estava exposta uma salada mista
que reunia frutas, legumes e verduras que enchiam os olhos.
Sai para o quintal e comi uma goiaba
vermelha e uma bergamota. Adoro frutas colhidas no pé. Roberto veio correndo e
pediu:
- Papai, descasca uma pra mim?
Estava um dia agradável, ensolarado,
porém fresco. Fiquei ali pensando no passado.
De repente Maria nos chama dizendo que
o almoço está pronto. Era tudo tão encantador quanto o ato de estar perto de
vovó que sempre me encantava.
Foi assim que passei mais um domingo
agradável e reconfortante que só a vida do interior é capaz de nos
proporcionar.
De repente vovó senta à mesa e me olha
séria perguntando:
- Quem é você?
Mário R. Feijó
24.10.19
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