O POETA E A DOR
DOS OUTROS
O poeta é aquele
que se apossa
da dor dos outros,
as transforma
em sua
para depois
devolver ao outro
em poemas
e este outro
vendo a poesia sofre
menos
MÁRIO FEIJÓ
09.09.24
Este blogger contém as obras, artes plásticas e poesias de Mário Feijó. Também mostra os trabalhos em que o artista está envolvido no momento...
O POETA E A DOR
DOS OUTROS
O poeta é aquele
que se apossa
da dor dos outros,
as transforma
em sua
para depois
devolver ao outro
em poemas
e este outro
vendo a poesia sofre
menos
MÁRIO FEIJÓ
09.09.24
Talvez eu seja o teu maior delírio
E só tenha entrado em tua vida,
Para bagunçar.
Talvez eu seja a verdade
Anunciada pela boca dos teus amigos.
Por ter quebrado promessas
E ter voado mundo afora,
Tal como um pássaro,
Que desvia do bando
E se arrisca a escrever uma nova história.
Talvez eu não seja o único errado.
Afinal,
A vontade nunca foi uma prioridade.
E até mesmo grandes paixões
Bebem doses exageradas de vaidade.
E eu reconheço,
As vezes onde te tive
Apenas como uma vaidade.
E bem sei que tu,
Também me abocanhou
Quando teu ego sentiu que deveria.
E está tudo bem,
Não há crimes cometidos aqui.
Houve vontade,
Mas nunca prioridade.
Vontade e vaidade,
Em doses ardentes,
Que colidiram em caminhos opostos,
Mas agora retornam ao eixo.
Tu com a tua vida
E eu com a minha.
ANDERSON MANOEL
PARA MÁRIO FEIJÓ
SILÊNCIOS
Tudo entre nós
Sempre foi silêncio
Foram silêncios de um amor contido e arrebatador
Silêncios das promessas
Pensadas e não ditas
Das vontades de dizer
E por medo da rejeição
Ou até mesmo do arrebatamento que entre nós havia
E tudo ficou guardado
Dentro da caixinha dos silêncios
Que um dia pode explodir em beijos, abraços e infinitas horas de amor
Porém um Silêncio grato
Pelo carinho e respeito mútuos
E por sabermos que esta não era a nossa hora
Aí só nos restou partir
E depois da partida encontrar
Uma caixinha fechada
Cujos rótulo era: "silêncios"...
__________________
24.08.24
18h35m
MAR BRAVIO
Muitas vezes na vida o que temos diante de nós é o caos. Pensamos até
que caímos do lindo iate, onde apenas fazíamos um passeio de férias, e caímos no
mar bravio e silencioso. Nestas horas, nos bastaria uma mão estendida que seria
como um bote salvador. Só que acabamos nos debatendo, debatendo, debatendo e
não aparece aquele herói tão esperado. É a vida... e vamos afundando,
afundando, afundando, porém, percebemos que ir para o fundo do mar, daquele
mar, não é a morte.
Nesta hora exata, antes de bater no fundo, acordamos. Não é um acordar
de um sonho ou de um pesadelo, é um acordar para a vida. Não existem heróis na
nossa vida. O que existe é a vontade de seguir em frente, fazendo o que de
melhor podemos fazer.
Nesta hora também tomamos consciência de que o nosso herói somos nós
mesmos. Não podemos sentar e ficar lamentando. Temos que dar fortes braçadas e
vencer o mar bravio. Só assim atingimos nossas metas.
Desta forma vemos que nós somos seres solitários. Não é egoísmo pensar
no nosso bem estar, em primeiro lugar, pois mesmo que você seja sempre um ser
bondoso e altruísta, que sempre pense primeiro nos outros e depois em si,
precisa estar forte para poder fazê-lo. E quando penso nisto, vejo que as mães,
geralmente, são assim. Elas pensam primeiro nos filhos e depois em si. Salvo raras
exceções é isto o que acontece. Eu também me incluo um pouco nesta
característica, apesar de não ser mãe. Porém também penso primeiro nos outros, como
se todo mundo fosse meu filho, e depois em mim. Mas a idade está me obrigando a
pensar um pouco mais em mim. E isto está gerando um distanciamento daqueles que
não recebem mais vantagens... Tenho que olhar pra trás e rir... sou um bobo
mesmo.
Então antes que eu pareça estar sendo cínico e cruel com quem me rodeia
estou praticando cuidar de mim. E como diz a música: “ando devagar, porque já
tive pressa”. E a pressa não nos leva a lugar nenhum. Não diante da vida porque
a vida tem seu ritmo próprio e nós não podemos mudar isto.
Somos energia e como tal devemos nos deixar levar como se fosse uma onda
no mar. E, nos dias de vento mais forte ser uma grande onda, ou nos dias de
calma ser uma onda branda num mar que ser torna plácido e sereno.
Mário Feijó
02.08.24
POR DESAMOR: TODA A DOR
Por
quanto tempo mais, os meninos e meninas morrem e morrerão por falta de amor de
seus pais?
Sim!
Todos nascemos meninos e meninas, porém é incontestável que nossa mente faz
escolhas, que as meninas e os meninos gostariam que fosse a mesma do seu gênero
ao nascer, mas não é assim. A ciência ainda não sabe por que isto não acontece
e no meio do caminho o menino se descobre menina, ou, a menina se descobre
menina. Ou para ser mais brando ambos se descobrem gostando de pessoas do seu
sexo e não do sexo oposto. Isto não é culpa de ninguém, nem de exemplos, de
religião ou de “sem vergonhice” como acusam muitos.
Ai
pelo desespero, pela falta de acolhimento, de compreensão muitos se perdem pela
vida, no meio do caminho.
A
homossexualidade sempre existiu, no entanto os meios de comunicação modernos a
expôs. E, isto aconteceu de forma abrupta. Simples para uns. Cruel para outros.
E quem não tem um psicológico forte, ou não tem apoio da família despenca em um
precipício.
Família
sem estrutura e que não ama seus filhos como eles são acabam empurrando-os para
a prostituição, para as drogas ou até mesmo para a morte.
Socialmente,
as pessoas chegam a ”aceitar” casais do mesmo sexo, porém volta e meia sai uma
piadinha pelas costas. O relacionamento entre dois homens ou entre duas
mulheres despontam em novelas e filmes, muito sutilmente, mas ainda é algo
visto como “anormal”. Basta alguém ver dois homens ou duas mulheres se beijando
para virar notícia. Ainda ontem li que Chandely Braz e Alice Carvalho, atriz da
novela “Renascer” foram vistas aos beijos em tal lugar. Se fosse um casal
hetero não teria virado notícia. Então chama a atenção e depois massacram.
Está
na hora de deixarmos que o amor floresça, que as famílias abram espaço para
apoiar e demonstrar amor incondicional por seus filhos. Temos o exemplo de D.
Déa Lucia, mãe de Paulo Gustavo – o eterno Minha Mãe é uma Peça”. Conheço na
internet Flavia Arruda que descobriu que seus três filhos eram gays (uma menina
e dois rapazes) e nem por isto deixou de amá-los e propaga isto em todas as
suas redes. Mas, ainda, é incompreensível que uma mãe fira seu filho com uma arma
e depois o humilhe e pressione ao ponto de, sem saída, o rapaz se suicidar
(caso lido ontem na internet e que nem vou dar nomes). É impressionante o
desamor neste caso. Sem contar a dor gerada.
Há
cada vez mais transparência nas relações e a sociedade tem que se adaptar aos
novos tempos. Não que isto não acontecesse antes, acontecia, mas não tínhamos a
urgência da internet em divulgar todos os fatos.
Ainda
ontem li que Ralf Schumacher, ex-automobilista alemão, de 49 anos assumiu sua homossexualidade
publicamente, sendo apoiado pelo filho que lhe desejou felicidade. Muitos
esperam a maturidade chegar para se aceitarem como sempre foram, mas que não
podiam mostrar para a sociedade porque não tinham estrutura para o fazer.
Homossexualidade
não acontece somente com os seres humanos. Já foi demonstrado pela ciência que
os golfinhos, macacos, cavalos e muitos outros bichos também a praticam. Então não
é uma questão de querer ou de ser descolado é algo intrínseco ao ser e só diz
respeito a ele próprio.
Deus
não errou!
Não
é falta de caráter!
Não
é doença!
Temos
que aprender que entre “dois” seres há infinitas possibilidades e opções. Entendam
como quiserem.
Vamos
parar de ser hipócritas e admitir que lá no fundo muita gente se esconde sob a
forma de casal e sai pelo mundo, fazendo por baixo dos panos, a procurar quem
lhe complete, por medo de ser excluído.
MÁRIO
R. FEIJÓ
24.07.24
O CHEIRO DOS GIRASSÓIS
Era
uma estrada escura. Sem luzes ficava muito mais assustadora. Eu me sentia
perdido. Não sabia usar as modernas tecnologias disponíveis que os jovens tão
bem entendem. Nós que já não temos mais nada desta juventude temos medo de
todos os botões, como se fossemos acionar uma bomba atômica. Foi nesta hora
numa estrada escura do interior do Paraná que eu sozinho dirigindo experimentei
o primeiro sintoma de pânico. Não sabia para onde seguir...
Parei
o carro e o desliguei. Não havia luzes, não havia lua no céu, não havia casas,
e, não haviam carros na estrada e o céu completamente encoberto por uma espessa
neblina não me deixava ver as estrelas. Talvez elas pudessem me orientar,
embora eu também não entendesse nada de cosmologia ou orientação espacial.
Ao
desligar o carro todas as luzes que eu imaginava existir desapareceram. Eu não
conseguia ver meu próprio corpo. Estiquei a mão e não a via. Nesta hora eu me
senti um fantasma. Só existia em mim pensamentos. O pânico se instalou. Eu gritava
e chorava e para ter a sensação de que estava vivo comecei a respirar fundo e
com o celular tentei ligar pra pessoa, cujo endereço eu estava indo, no
interior de São Paulo, ou seja, Oeste Paulista.
O
local onde eu estava parado era uma rodovia que passava fora de qualquer
cidade, e eu tinha certeza que já tinha passado por ali, pelo menos umas três vezes,
por isto parei.
Conversando
com a pessoa que foi tentando me acalmar e dar indicações de onde eu estava e,
qual o caminho eu deveria seguir.
Liguei
o carro novamente e fui em frente. O trajeto que eu estava fazendo era de
Florianópolis para Presidente Prudente, e de lá para o pequeno lugarejo chamado
Emilianópolis, uma pequena cidade com 2.300 habitantes. Eu deveria fazer o
trajeto em doze horas, fiz em dezenove horas. É que eu ficava circulando pelo
mesmo lugar. Tinha visto uns tonéis de inox, da Cocamar que armazenam óleo,
talvez de girassóis ou soja. Eu deveria chegar meia noite, cheguei sete e
trinta da manhã.
Aquela
escuridão me fez reviver minha vida por inteiro, com lembranças de uma pequena
casa, pai, mãe e seis filhos. Não era uma boa lembrança. Não havia lirismo naquela
infância. Lá eu não aprendi a amar. Tinha medo de tudo. Eu me sentia fraco e
covarde para lutar contra tudo e contra todos. E o medo daqueles tempos onde o
carrasco não era mais meu pai, nem os colegas de escola, nem as pessoas na rua.
O carrasco agora era eu e eu tinha que vencer este carrasco que novamente me
assombrava. O medo tinha crescido e agora se transformava em pânico.
Enquanto
isto eu pensava:
-
Onde estão as luzes da cidade? Onde elas se esconderam? Onde estão as cidades
do meu caminho?
Sumiram
todas! Sumiram as pessoas, sumiram os bichos, até eu sumi na escuridão.
Estou
envelhecendo e vagarosamente sumiram: primeiro meus pais (já falecidos). Sumiram
meus irmãos que foram viver suas vidas com suas famílias. Sumiram os filhos que
foram casando, tendo filhos, separando e vivendo seus próprios problemas. Sumiram
os amigos, que assim como eu, também foram se perdendo uns dos outros, outros
se descobrindo pelas redes sociais, porém cada um vivendo suas vidas e não
tendo tempo para nos dar um pouco de seus tempos, nem para se fazerem presentes
na nossa história. Não há tempo para sentar e ficar lamentando. Todos temos que
seguir em frente. O mundo atual é muito ágil e ninguém mais fica preso, nem ao
seu passado, nem ao passado do outro. Donde se conclui que não há espaço para
deixar o pânico nos atormentar. Temos que seguir em frente, colocar uma máscara
sorridente e viver a vida que temos.
Finalmente
as luzes da cidade aparecem. Hoje a lua está cheia e mesmo à noite, em meio aos
girassóis, que ainda estão naquela estrada eu sei para onde ir, e, os cheiros
das flores, agora, são o antídoto para a solidão e o pânico que me atormentava.
Agora
descobri a estrada, sei para onde ir, e sei o que me espera no final deste
caminho, onde moram os girassóis.
Mário Feijó
23.07.24
ROTINA QUE VIRA OBRIGAÇÃO
Sou um romântico
E sempre gostei do fato
De ter alguém pra amar
E alguém que me ame
É algo que faz bem a mim
É um momento onde eu
Quero fazer tudo pelo outro
E me dou por inteiro
Se a pessoa pensa em algo
Eu já estou realizando
E a pessoa nem percebe que
eu fiz
Esta espontaneidade me deixa
em desvantagem
Realizo sonhos e não recebo gratidão
E o ser “amado” fica achando
Que tudo é minha
obrigação...
Mário Feijó
15.07.24
CASOS DE AMOR
Quando você encontrar o amor
Cuide para que ele não vá
embora
Cuide para que ele não
mingue
Cuide para que ele não morra
aos poucos
Não banalize o amor
Dê valor à pessoa amada
Não cale! Se preciso for
grite
Grite eu te amo, se for isto
que você sente
Há sempre alguém à espreita
Querendo o amor que você tem
Porque quando você menos
espera
Vem alguém e leva seu amor
embora
Já vi muitos casos de amor
Que foram se apagando
E quando menos se esperava
O amor virou indiferença...
Mário Feijó
13.07.24
MUNDO ENCANTADO
Eu que pensei que vivia num muno encantado, onde ninguém
mente, onde a verdade impera.
Achei que aquela “perereca” (ou sapo, sei lá, não sei muito a
diferença entre um e outro) fosse um bicho que futuramente se transformaria. Nada
de futuro havia naquela situação e do “futuramente” só mentiras restaram.
Sempre fui uma criança sonhadora, daquelas que transforma
lixo em arte. Daquelas que cantam para alegrar o dia e a vida. Daquelas que
parou de fazer arte, depois que cresceu, porque ninguém lhe dava valor. Mas é
isto o que acontece com todos os artistas, salvo raríssimas exceções.
No entanto, percebo que, ainda, sou um sonhador. Ainda me
encanto pela vida, mesmo depois de tantas decepções. Parei com a arte, só não
parei de escrever porque no dia que eu parar de fazer isto, pode ter certeza,
deixei de pensar. Eu quero transformar o mundo. Cansei de catar o lixo dos
outros, lixo de gente burra e ignorante. Quero me transformar! Deixar de ser
larva e voar: é o meu sonho de borboleta.
Eu queria
acreditar nas pessoas, porém, elas mentem deslavadamente com a maior “cara de
pau”. É que eu sou sensível e sensitivo. Quando não sinto, o vento me conta. Mas
eu pergunto: por que mentir? Há necessidade disto? Será que suas consciências
não pesam?
Ah! Eu
já tive muitos sonhos. Foram todos embora. Não sei se a idade me transformou em
cético ou cínico. Eu parei de confiar. Estou deixando a vida me levar. No entanto ainda
acredito nela e que a vida que tenho pela frente não será decepcionante.
Ah! Minhas
princesas, meus príncipes, meus sapos e pererecas coaxantes na lagoa rasa, de água
cristalina, que reflete o céu azul, parecendo tão distante daqui.
Ainda
acredito na natureza e nas forças divinas que nos regem. Acredito no meu anjo
da guarda. Acredito na felicidade que mora em mim e que precisa de tão pouco para
sobreviver.
Porém,
apesar de tantos seres estranhos neste planeta, ainda acredito em “meu mundo
encantado” e vou apostar que o planeta será um lugar para se viver.
Acho
que voltei a sonhar! Quem é vivo não perde esta mania...
Mário
Feijó
15.07.24
MEDOS
Eu
tive tantos medos que sorria para não chorar. E quando eu sorria era um riso amarelo,
falso, medroso.
Eu tinha
medo de mim, de ser quem eu era e me escondia em máscaras.
Eu tinha
medo do escuro. Tinha medo dos mortos, medo dos vivos e só tinha confiança perto
de crianças e idosos e, ganhava sorrisos deles. Até hoje sou assim, crianças desconhecidas
me encaram e sorriem.
Nunca
tive medo dos bichos, com raras exceções. Tinha medo de cobras e nojo de sapos.
Talvez até porque sabia que nenhum deles se transformaria num príncipe. Se restasse
alguma dúvida talvez eu até gostasse porque era sonhador.
E tinha
muitos outros medos. Por exemplo tinha medo de ficar só. Se continuasse assim
não poderia ficar velho nunca, porque este é o destino de todos os velhos. Porém
nesta semana eu descobri que me tornei velho (porque idoso eu já sabia que
era). E, envelhecer é estar só, mesmo quando amamos alguém ou temos alguém por
perto.
A velhice
é um eterno aprendizado de solidão (como se durasse muito, pois quando
realmente envelhecemos já temos pouco pela frente) e quem não aprende com a
solidão se deprime e abre as portas para as doenças. Hoje mesmo ouvi uma psicóloga
dizendo que depressão é excesso de passado, e os velhos têm muito passado e
pouco futuro.
Neste
momento eu tenho medo de mim. Sei que não viverei mais muito, não mais do que
já vivi porque se isto acontecesse eu seria o homem contemporâneo mais velho do
mundo.
Tenho
medo da senilidade, da imobilidade, da dependência, das dores que me
atormentam, da falta de recursos para me cuidar e tantos outros que estão
brotando devagar.
Vejam
bem, nenhum dos meus medos é uma critica política ou social, uma acusação para
alguém, seja este alguém parente ou amigo.
Meus
medos antigamente ficavam enjaulados e me obedeciam. Agora quebraram todas as
jaulas de onde estavam aprisionados e passaram a me atormentar. Um deles anda
me ameaçando com “pânico”. Certamente não darei espaço para que se crie.
Quando
eu era criança tinha verdadeiro pavor de ficar sozinho dentro de casa. Ouvia barulhos
em todo canto, achava que eram fantasmas. Agora, se eles realmente eram
fantasmas já devem ter percebido que não me assustam porque seus barulhos não
mais me assustam. Meus medos agora são outros, nem tão ingênuos e infantis. Aprendi
que fantasmas não mais me assustam porque os seres humanos se tornaram mais
perigosos que meus fantasmas de criança.
Mário
Feijó (03.07.24)
Na primeira noite
Você vira pro lado
E sente a cama vazia
Não encontra ali
A pessoa que te abraçava
Na primeira noite
Você se sente longe
Não sabe mais
Em que cidade está
Não sabe mais qual é a cama
Que no outro dia aquecia seu corpo
Na primeira noite sozinho
Você descobre a solidão
Descobre que a cama é muito maior
Muito mais fria e abraça-se aos
travesseiros
Na primeira noite longe
Você gostaria de estar sempre perto
Você sente sua cama um deserto
E descobre que mesmo assim a vida
continua
Com seu amor ao seu lado
E você tem que continuar
Porque a vida continua
E para viver você tem que se
reinventar...
______________________________
27.06.24
BENDITOS SEJAM OS FILHOS QUE AMAM SEUS GENITORES
Raros são
os filhos que além das suas mães, amam também seus pais. Ou que, no geral amam
seus pais e mães.
Alguns
têm uma relação maior somente com suas mães, porém raros são os que amam o pai.
Parece
ser mais fácil, hoje em dia, encontrar filhos que amam os pais de amigos, ou um
tio, e a grande maioria, atualmente, ainda gostam dos avós. Na minha época, ou
para não ser tão antigo, quando eu era criança, adorava meus avós. E, tinha uma
grande diferença, principalmente, com meu pai, mas graças a Deus eu lhe perdoei
e me perdoei antes de ele morrer, ainda jovem, para estes tempos, com 59 anos. Porém
parecia bem mais velho. Mas eram outros tempos.
É uma
coisa que não tem muita explicação, esta antipatia. Parece que a pessoa nasceu
no lar errado e, não raro há os que pensam ser adotados. Aconteceu comigo. Eu não
conseguia me sentir amado e me sentia o bebê que foi trocado na maternidade ou
que não tinha sido um filho desejado.
Meus avós
me amavam intensamente, meus tios me adoravam e meus pais pareciam me odiar. Mas,
também, éramos seis. E eu o mais velho, tendo que assumir a responsabilidade de
cuidar dos demais, visto que minha mãe estava sempre doente. Não é à toa que
morreu com 46 anos.
Cresci com a sensação de rejeição,
porém quando tornei-me adulto consegui mudar isto e me aproximar deles. Penso que
o problema era muito mais eu, do que “eles”. Porém isto durou pouco. Eles morreram
cedo.
Então tornei-me pai com 22 anos, foi a
coisa mais gostosa e assustadora do mundo. Eu não estava preparado para ser
responsável, de novo, por crianças. Não tive tempo para ser uma e quando
tentava ser adolescente tive que ser “adulto” forçosamente. Eu amei
intensamente meus filhos e sentia que eles me amavam. Tornaram-se adultos e me
descartaram completamente. Eu poderia ter feito isto quando fui forçado a ser
pai e não fiz pelo senso de responsabilidade e amor, porém eles me abortaram da
vida deles, sem achar que isto era um crime. Tenho a sensação de que não existo
para eles. Passo aniversários e natais sem nem uma mensagem ou um “oi” nas
redes sociais. Todos estão muito ocupados com seus problemas.
Sempre acreditei que meus filhos seriam
meus amigos, quando se tornassem adultos, porém hoje não passam de conhecidos
urbanos ou de redes sociais. Ah! Alguns nem nas redes sociais me aceitam... e
com isto, meus netos também estão distantes.
Há em meu coração um amor por eles que
ultrapassa o amor de pai, porém eu percebi que o amor deles por mim se limitava
a valores financeiros. E, quando eu me divorciei das mães deles, eles se divorciaram
de mim. Vejo nos filhos dos outros um amor e admiração, por mim, que os meus
filhos não têm.
Porém, eu vejo que isto não acontece só
comigo. Vejo em outros pais a mesma queixa. Há casos de pais milionários que
preferem deixar fortunas para seus pets ou instituições de caridade do que deixá-las
para seus filhos, que antes eu achava um absurdo, mas hoje já não penso assim. Também
já vi o caso de muitos filhos que matam seus pais por dinheiro... aí já acho
que é o fim do mundo e não tenho mais o que dizer...
No entanto meu escrever não é uma
queixa, é sim uma constatação e um texto que deveria servir de reflexão para
todos os seres humanos. Vamos em frente que todos têm problemas e somente a
gente sabe onde o sapato aperta.
Mário Feijó
17.06.24
Olá
Santo Antônio!
Por
quê será que algumas pessoas te pedem tanto um amor e quando o tem não cuidam para
mantê-lo sempre vivo?
Outros
emburrecem ou se tornam submissos, deixando de ser o que eram, para serem o que
o outro quer.
Quando
eu era muito jovem tive uma prima que se transformou de amiga numa desconhecida
porque o noivo tinha ciúmes dela. Mais tarde quando envelheci, uma amiga com
mais de 70 anos arrumou um namorado e passou por mim como se não me conhecesse.
O cara tinha ciúmes de mim e achava que tínhamos um caso. Se fosse assim por
que ela iria arrumar um namorado? Mas é aí que entra a história que te contei
do emburrecimento.
Outro
dia a pessoa que diz que me ama passou com o carro por cima do meu gato e dias
depois o gato morreu, de desilusão ou por desamor, penso eu.
Ah!
Santo Antônio, como se não bastasse enchi a casa de plantas e todas morreram
secas ou afogadas, pela má vontade. Penso até que as que secaram morreram de
tanta mágoa ou por terem sido ignoradas.
Querido
Santo Antônio será que pessoas também secam por desamor? Acho que estou secando
como aquelas plantas. Bem sei que não podemos devolver os amores que pedimos
por terem vindo com defeitos que não conhecemos, ou, por estarem em mundos
paralelos, que não nos deixam entrar em seus mundos, que não abrem suas portas ou, até mesmo, quando abrem é para fazer
viagens por mundos que sabemos que não vão dar em nada. As pessoas podem até
ganhar na loteria ou serem sorteadas em alguma coisa, mas isto não acontece
todos os dias, e nem com todas as pessoas.
Tenho medo de
pessoas que querem ser ricas e se tornam pobres. Pessoas que não enxergam a
beleza do mundo, a beleza do pôr-do-sol ou perderam a alegria de ver flores se
abrindo.
Ah! Santo Antônio
como é difícil viver neste mundo com gente tão complexa. E já que estamos tão íntimos,
conta pra mim como você conseguiu superar tudo isto e ser santo? Eu confesso que
até já fui anjo de algumas pessoas, mas para ser santo num planeta destes, a
pessoa precisa de muita vocação... Desculpe-me por ser abusado e falar tudo
isto, mas como hoje é o seu dia. Vai que leia minha carta e consiga me orientar
sobre o que fazer. Confesso que estou perdido Santo Antônio.
Mário Feijó
13.06.24
A PERFEIÇÃO DO AMOR
O amor é um sentimento perfeito
E nós, seres imperfeitos,
Vamos lhe dando
Toques da nossa imperfeição...
Mário Feijó
26.05.24
O FLAGELO NO RIO GRANDE DO
SUL
Tenho um amigo abrigado,
agora, que diz que o flagelo no Rio Grande do Sul parece aquela história do
enxugar gelo, tá sempre tudo molhado. E a cada dia aumenta o número de
desabrigados. E a água não desce, e não para de chover.
É uma dor tão grande que não
cabe mais no peito das pessoas. Algumas, anestesiadas, não querem sair de onde
estão. Entregaram seus pontos...
Ouvi um socorrista dizendo:
- Senhora saia daí. A água
vai subir e será pior que antes. Vá para a casa de um amigo, um parente...
E ela responde:
- Eu não tenho mais ninguém,
não tenho mais nada. Ficarei aqui.
E chegam ajuda. Mas, têm
aqueles que mandam roupas sujas, sapatos com sola furada. Isto não é ajuda.
Isto é deboche. Se você não tem nada para fazer, deixe seu lixo com você e não
deboche do infortúnio alheio.
E têm aqueles que, feito um
animal de rapina, que esperam a oportunidade para avançar sobre os indefesos e
tirar proveito.
Ontem vi uma reportagem onde
a dona de um supermercado, que não foi atingido pelas chuvas, teve toda a
mercadoria roubada, mais seus computadores, geladeiras, freezers... deixaram
somente as prateleiras. Somos humanos? somos racionais? ou apenas aves de
rapina, hienas que devoram sorrindo.
O que acontece no Rio Grande
do Sul poderia acontecer em qualquer
parte do país... acontece em outras
partes do mundo porque todos habitamos uma única casa. O planeta é uma casa e
tem gente que pensa só no que pode lucrar. A vida é tão curta e um desastre
natural pode destruir tudo em pouco tempo.
Será que não deveríamos ser
mais racionais? cadê a empatia? onde está o amor ao próximo? Tudo se perde
neste momento onde o caos impera. Temos a impressão do final dos tempos. Quem
se salvará? É a pergunta que fica. Estamos construindo o quê para este espírito
que nos habita?
Primeiro convivemos com uma
pandemia, onde ninguém aprendeu. Agora é isto no sul do Brasil, tido como um
paraíso, um lugar prodigioso. E amanhã onde será? Será que vamos aprender
alguma coisa com mais este caos, diante de tanta tristeza?
O pior ainda está por vir...
são as pessoas tentando reconstruir tudo diante de tantas incertezas, porque
agora qualquer chuva gerará apreensão e desespero.
Mário Feijó
14.05.24
CHORAR É PARA OS FORTES
Eu não devo chorar
Nem tampouco lamentar
Pela vida que tenho
Ao entrar nela eu chorei
E chorei porque senti tudo
O que me esperaria pela
frente
Por que continuar chorando
Se não tenho mais o útero
Materno que me protegia
Então tenho que ir à luta e
vencer minhas batalhas
Eu chorava quando criança
Ao cair e me machucar
Agora descobri que chorar é
para os fortes
Mas viver chorando é para os
fracos...
Mário Feijó
26.04.24
O mistério da existência humana
não é apenas manter-se vivo,
mas o de encontrar o seu motivo
para viver.
Fiódor Dostoiévski
Encontre um motivo para viver
Muitos vivem pelos outros
Esquecendo de si próprios
Mas a felicidade está dentro de
você
Eu ainda criança
Fui impedido de ser música
Desde aquele momento
Tornei-me poesia
A vida é harmonia
Que você procura
Porém o ele que você busca
Está dentro de você
A música é algo
Que me eleva às alturas
Um encontro com o Sagrado
E se você quiser aí está um dos
caminhos
Mário Feijó
13.04.24
ELA DISSE ADEUS...
Ela
era apenas um troféu em suas mãos. Tinha estes atributos – Era linda,
inteligente, bem articulada e inserida no mercado de trabalho.
Ele
era apenas um daqueles idiotas que pensa que porque é macho hétero tudo pode,
e, dentro de casa age feito criança e quer tudo nas mãos. Ainda por cima, ele,
pensava que ela seria a solução de todos
os seus problemas e quando não saiam como queria partia para humilhá-la.
Cedo ela
percebeu que caíra numa armadilha do amor. Foi com muita coragem que ela
colocou suas malas no corredor e trocou as fechaduras. Junto mandou seu cachorro.
Afinal eram somente dois cachorros que tirava de sua vida.
No entanto nada
era fácil, como anteriormente parecia. Ela sofria com a falta dos dois
cachorros e estava desidratando em lágrimas.
Afinal ninguém
morre por amor. Cachorros têm em todas as esquinas e homens vadios igualmente. Porém,
o difícil é achar um que preencha os bons requisitos sociais. Mas não dava mais
para suportar tanta desconsideração e ela era uma mulher com muita
personalidade.
Agora andava
pelos cantos vazios do apartamento sofrendo suas ausências. Ainda não
conseguira superar a decepção sofrida e o fato de que apostara tudo naquele
amor para ter uma família. Afinal gastara todas as suas fichas no cachorro
errado, agora resta esperar o tempo passar e ver o que o futuro lhe reserva...
Mário Feijó
04.04.24
SONHOS PERDIDOS
Algumas vezes
perdemos sonhos
Por deixar “portas”
abertas
Para que
energias negativas
Se infiltrem em
nossas vidas
E feito terra
seca
Vamos seguindo
sem produzir
Por não acreditar
em nossa competência
E desânimo que
a perda de sonhos produz
Devagar vamos “adubar”
estas terras
Fechar as
portas por onde o desânimo
E a frustração
entraram e corroeram nosso espírito
Ter esperança e
acreditar
Que somos
capazes é fundamental
Para que os
velhos sonhos renasçam
Ou que novos
sonhos brotem com a “terra adubada”
Mário Feijó
19.03.24
CORPO PREGUIÇOSO NÃO GANHA
MEDALHAS
Às vezes tudo parece tão pouco e tão simples, mas nunca deixe
que seu corpo o impeça de sonhar.
Nosso corpo envelhece e muitas vezes nos sentimos limitados e
impedidos de fazer pequenas ou grandes coisas. Não é necessário subir no
telhado para dizer que somos jovens.
No
entanto cantar, sorrir, dançar e passear devemos sempre fazer. Só assim
estaremos joviais. E vamos parar de falar de doenças e remédios quando a idade
chegar. Este é um assunto proibido em qualquer idade. Quer falar de doenças
fale com seu médico...
E
vamos também parar de comprar, comprar e comprar... e, viajar mais. Pode ser
daqui para ali ou dali pra cá. Não precisa ser pra longe. Pode ser pra perto e
olhar o pôr-do-sol, ouvir as ondas do mar, ver animais silvestres. Orar aos
céus e agradecer a Deus.
Loucura
é viajar para grandes cidades só pra dizer “fui pra Paris”, viajei para “Nova
York”... vá para Trezes Tílias, Pomerode, Nova Petrópolis, Juazeiro, João
Pessoa ou qualquer cidadezinha do interior. Conheça o seu país, sua cidade, seu
estado...
Não
deixe que o seu corpo mande em você ficar deitado. Dores até os jovens atletas
sentem, mas isto não os impede de ir atrás de medalhas. Ganhe suas próprias
medalhas. Tire fotos, sorria, abra os braços para um abraço ou para a chuva, ou
até mesmo, para a luz do sol.
Faz
quanto tempo você não ganha um abraço gostoso... e quanto tempo não abraça
verdadeiramente alguém...
Então
vamos colocar este cérebro pra funcionar, mexa este corpo e viva melhor, mas
não esqueça de subir ao pódio.
Mário
Feijó
07.03.24