BENDITOS SEJAM OS FILHOS QUE AMAM SEUS GENITORES
Raros são
os filhos que além das suas mães, amam também seus pais. Ou que, no geral amam
seus pais e mães.
Alguns
têm uma relação maior somente com suas mães, porém raros são os que amam o pai.
Parece
ser mais fácil, hoje em dia, encontrar filhos que amam os pais de amigos, ou um
tio, e a grande maioria, atualmente, ainda gostam dos avós. Na minha época, ou
para não ser tão antigo, quando eu era criança, adorava meus avós. E, tinha uma
grande diferença, principalmente, com meu pai, mas graças a Deus eu lhe perdoei
e me perdoei antes de ele morrer, ainda jovem, para estes tempos, com 59 anos. Porém
parecia bem mais velho. Mas eram outros tempos.
É uma
coisa que não tem muita explicação, esta antipatia. Parece que a pessoa nasceu
no lar errado e, não raro há os que pensam ser adotados. Aconteceu comigo. Eu não
conseguia me sentir amado e me sentia o bebê que foi trocado na maternidade ou
que não tinha sido um filho desejado.
Meus avós
me amavam intensamente, meus tios me adoravam e meus pais pareciam me odiar. Mas,
também, éramos seis. E eu o mais velho, tendo que assumir a responsabilidade de
cuidar dos demais, visto que minha mãe estava sempre doente. Não é à toa que
morreu com 46 anos.
Cresci com a sensação de rejeição,
porém quando tornei-me adulto consegui mudar isto e me aproximar deles. Penso que
o problema era muito mais eu, do que “eles”. Porém isto durou pouco. Eles morreram
cedo.
Então tornei-me pai com 22 anos, foi a
coisa mais gostosa e assustadora do mundo. Eu não estava preparado para ser
responsável, de novo, por crianças. Não tive tempo para ser uma e quando
tentava ser adolescente tive que ser “adulto” forçosamente. Eu amei
intensamente meus filhos e sentia que eles me amavam. Tornaram-se adultos e me
descartaram completamente. Eu poderia ter feito isto quando fui forçado a ser
pai e não fiz pelo senso de responsabilidade e amor, porém eles me abortaram da
vida deles, sem achar que isto era um crime. Tenho a sensação de que não existo
para eles. Passo aniversários e natais sem nem uma mensagem ou um “oi” nas
redes sociais. Todos estão muito ocupados com seus problemas.
Sempre acreditei que meus filhos seriam
meus amigos, quando se tornassem adultos, porém hoje não passam de conhecidos
urbanos ou de redes sociais. Ah! Alguns nem nas redes sociais me aceitam... e
com isto, meus netos também estão distantes.
Há em meu coração um amor por eles que
ultrapassa o amor de pai, porém eu percebi que o amor deles por mim se limitava
a valores financeiros. E, quando eu me divorciei das mães deles, eles se divorciaram
de mim. Vejo nos filhos dos outros um amor e admiração, por mim, que os meus
filhos não têm.
Porém, eu vejo que isto não acontece só
comigo. Vejo em outros pais a mesma queixa. Há casos de pais milionários que
preferem deixar fortunas para seus pets ou instituições de caridade do que deixá-las
para seus filhos, que antes eu achava um absurdo, mas hoje já não penso assim. Também
já vi o caso de muitos filhos que matam seus pais por dinheiro... aí já acho
que é o fim do mundo e não tenho mais o que dizer...
No entanto meu escrever não é uma
queixa, é sim uma constatação e um texto que deveria servir de reflexão para
todos os seres humanos. Vamos em frente que todos têm problemas e somente a
gente sabe onde o sapato aperta.
Mário Feijó
17.06.24
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