A VOLTA E A RECONCILIAÇÃO
Capítulo III
Pedro atende ao telefone e vê
que Carol não está bem.
- Calma querida. Diz ele.
- Fique onde você está. Vou pegar
um táxi e já encontro você.
Ela fica mais segura e deixa
fluir toda a tristeza e desespero pelos quais passara nos últimos tempos,
caindo numa crise, quase convulsiva de soluços e lágrimas.
Quinze minutos depois chega
Pedro que fica assustado com o desespero de Carol.
Neste momento ambos esquecem as
angústias e caem, um nos braços do outro, e no conforto daquele abraço ela o
beija apaixonadamente. Tudo é esquecido. Só importa o amor que ainda sentem um
pelo outro e percebem que não há motivos para não confiarem um no outro.
Quando se acalma, ela diz a
Pedro:
- Por favor, perdoe-me.
- Perdoá-la? Mas por qual
motivo? Diz Pedro estupefato.
Carol resolve contar tudo, desde
o início quando percebeu a gravidez, e o medo que teve de contar-lhe, depois de
algumas tentativas frustradas.
Pedro a ouve, sem falar nada, e
percebe que ele também em nada ajudou quando rejeitava a ideia de ser pai. No
início apenas arregalou os olhos. Depois passou a um estado de incredulidade
diante do que ouvia, até chegar ao ponto em que pediu:
- Não se martirize mais e me
perdoe por ter sido tão injusto com você. Eu dizia que não queria ter filhos,
por você. Pensei que não poderia mais e não queria ter ilusões, nem tampouco
causar decepções em você, caso disse que queria um filho. Eu vinha já pensando
em formar uma família com você e como disse não menstruava mais, alegava não
querer ser pai.
- Perdão, meu bem! Tudo o que
eu quero é você. Case-se comigo e esqueçamos tudo, se possível.
...
Passados seis meses foram em
lua de mel para o Rio de Janeiro. Visitaram o Cristo Redentor, numa manhã de
domingo. Dia ensolarado, via-se toda a cidade. Lá embaixo a baia de Guanabara
reinava esplêndida. O aterro do Flamengo aparecia resplandecente. No mar muitos
barcos e iates ancorados. Do outro lado via-se a Urca e o Pão de Açúcar, com seus
românticos bondinhos, indo e vindo. Já era o inicio da tarde quando voltaram do
passeio e como a tarde estava quente pensaram em ir à Praia de Copacabana.
Passaram no hotel para se trocar e Carol percebeu que sua carteira com
documentos, o celular e dinheiro haviam sumido. Ela tinha sido roubada e não
percebera.
Em consequência do transtorno
passaram o resto da tarde numa delegacia do subúrbio, próxima do hotel onde
estavam hospedados. Havia muita gente e poucos policiais de plantão. Ouviram,
enquanto aguardavam, casos de estupro, roubo e assassinato. Era uma situação
caótica e depressiva. Ele percebeu que seu drama era dos menores ali, afinal o
dinheiro não era muito, todo o problema seriam seus cartões e celular. Com o
boletim de ocorrência nas mãos poderia viajar e na volta providenciar seus
documentos. Na segunda feira iria a uma agencia de seu banco cancelar os
cartões e à operadora do seu celular para bloqueá-lo.
Estavam jantando quando o
telefone de Pedro toca. Era o número de Carol. Resolveu atender pensando que
alguém poderia tê-lo encontrado. Porém eram os ladrões agindo. Ameaçaram os
dois de sequestro, caso não depositassem dez mil dólares em determinada conta. Tiveram
acesso às mensagens de Carol e sabiam da viagem, do voo, do local da hospedagem
e falaram até sobre os filhos dela.
Voltaram à delegacia e foram
recomendados pelo delegado a trocar de hotel. Assim resolveram mudar aquela
noite e no dia seguinte voltar para casa, em Florianópolis.
Dois dias ficaram envolvidos
com o transtorno do roubo. Carol teve sorte por estar acompanhada de Pedro,
caso contrário nem saberia o que fazer para voltar pra casa.
Os documentos demorariam uns
dias para ficarem prontos. Os filhos de Carol foram orientados a mudar de números.
Ligia, a filha de 28 anos, recém-casada fora a que ficou mais assustada com
toda a história, já o irmão Alex que morava nos Estados Unidos, por conta de
uma pós-graduação, fora avisado de tudo, mas parecera tranquilo.
Depois de tudo resolveram ir
para o Águas Mornas Palace Hotel, no pequeno município de Águas Mornas que pertence à Grande Florianópolis.
Lá é só campo, descanso e águas termais. O que mais queriam depois de tudo?
Instalados naquele paraíso
perceberam que não precisavam ter ido tão longe para encontrar o que procuravam.
Bastavam-se um ao outro e se entregaram ao encanto da paixão quando o telefone
de Pedro tocou. Era um número do Rio de Janeiro... Esqueceram de trocar o
número de Pedro.
Olharam um para o outro...
atenderiam? Perguntaram-se com o olhar...
Fim do terceiro Capítulo
Mário Feijó
06.06.17