SOU
UM ABSTRATO, NUNCA FUI CONCRETO
Percebo,
embora tardiamente, que poderia ter feito escolhas que me fizessem mais feliz.
Abri
mão de amores, de escolhas profissionais, pelos outros. Não fiz sacrifícios por
mim, mas pelos outros. Agora, embora tarde, estou começando a cuidar mais de
mim, a fazer escolhas, sem me preocupar muito com o que os outros vão pensar. Houve
muitos momentos que eu me esqueci de mim e me perdi pelo meio do caminho.
O
encontro comigo é algo que me completa como ser humano, principalmente porque
nunca me preocupei muito em acumular riquezas. Sempre quis um pouco de
conforto, mas ter por ter nunca foi prioritário em minha vida. A minha riqueza
é o meu caráter, embora muitas vezes tenham me julgado mal sem me conhecerem ou
conversar comigo.
O
ser humano é assim: o primeiro que chega falando mal do outro, leva a gente
junto. Eu digo a gente porque até eu algumas vezes deixo-me levar pela opinião
alheia, mas quando me dou conta disto sempre retruco e vou conversar com o
outro.
Agora
o tempo passa célere e cada vez mais eu dou adeus a amigos, a parentes, a
conhecidos. Todos embarcam rumo a uma nova jornada e comigo também não é
diferente.
Nosso
corpo envelhece e com ele nossos sonhos se encolhem, a vontade desaparece e a
dor é uma constante. Temos que nos preocupar conosco porque os outros nos esquecem
e a solidão acaba sendo nossa rotina.
Eu
não tenho mais medo dos outros, algumas vezes eu tenho medo é de mim...
Mário
Feijó
11.10.13
Um comentário:
Perfeito poema. Também sou bastante abstrato, creio eu. Aplausos e um forte abraço.
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