terça-feira, 24 de novembro de 2020

SERES SOLITÁRIOS

 


SERES SOLITÁRIOS

 

Solidão é algo que dói

E aliada à velhice

Ganha maior peso...

 

Não é difícil convivermos

Consigo próprio

O difícil é aceitar

A ausência do amor que acontece...

 

A vida é passageira sabemos

A juventude nem bem nos deu adeus

E já temos que conviver com dores

Remédios para dormir e acordar

 

E como se não bastasse

Fomos obrigados a nos isolar

Devido a uma pandemia

Que atacou a todos os seres solitários...

 

Mário Feijó

24.11.20

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

DOCES SONHOS

 


DOCES SONHOS

 

Sempre é bom sonhar

Os sonhos são impulsos

Que nos alimentam

Numa vida muitas vezes insípida

 

Sonhos são metas

Que burladas por nós,

Por fatos do caminho ou por outros

Nos fazem dar um passo atrás

 

E como se fossem espumas

Dissipam-se com água limpa

Ou feito fumaça que o vento leva

Aí começa novo ciclo

 

Onde voltamos a sonhar

Novos sonhos, novas metas

Como se fosse chocolate

Que desmancha na boca

 

Mário R. Feijó

23.11.20

 


sábado, 14 de novembro de 2020

haikai92

 



Carne sangra

rio que corta

Lágrima que escorre


________________

14.11.20

HAIKAI 91





 Foste risos

foste rios

eu sou mares


_______________

14.11.20

CORTANDO LAÇOS




 

CORTANDO LAÇOS

Há muito tempo

Não jorravam mais lágrimas

Destes olhos meus

 

Eu era apenas um rio seco

Desde as várias mortes

Que por mim passaram

 

Aí eu descubro o amor

E desgraçadamente me entreguei

- corpo e alma –

Como sempre faço

 

E fomos indo

Tu sempre partindo

Restando pra mim as angústias

Nas horas do adeus

 

Eram estradas a serem vencidas

E todas as estradas me apavoram

Muitas delas foram fatais

Então peguei tua preciosa faca

E cortei nossos laços...

 

Mário Feijó

14.11.2020

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

NEGRAS INACABADAS

 


NEGRAS INACABADAS

 

São obras não concluídas

Feito sonhos de amor

Pão que vai ao forno

E por algum motivo queimam

 

É o céu ameaçador

A chuva que não cai

Dia límpido e ensolarado

E que por descuido queima a pele

 

São negras inacabadas

São poemas sem rimas

Sem métrica, sem harmonia

Sem música, sem ritmo

 

E tal qual um dia

Que de repente

Troveja, despeja raios no solo

E se transforma em uma tormenta...

 

Mário Feijó

0.11.2020  

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

SONHOS QUE ARDEM


 

SONHOS QUE ARDEM

 

Sonhos

Rios

Estradas tristes

Sorrisos amargos

 

Ruas

Rios alagados

Crianças que choram

Fome!

 

Fogo

Animais queimando

Fumaça

Tosse! Muita tosse!

 

Pantanal alagado

Distorção

Um pantanal queimado

E mais árvores para derrubar... caos!

 

Mário Feijó

25.10.10

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

 


CHINELOS TROCADOS

 

Todos os dias ao sair da cama ela colocava seus pés alvíssimos no piso gelado da casa. Para que não apanhasse “friagem” nos pés, como diziam os antigos, deixávamos ao seu alcance uma sandália de borracha para que calçasse.

Cabelos desgrenhados, parecendo fios de lã que haviam sido desenrolados por um gato, ela não se preocupava em arrumá-los, vez ou outra, mal os tirava da frente dos olhos. Não dava para achar o fio da meada, caso alguém resolvesse procura-lo.

Os olhos dela eram de um azul celestial, beirando a transparência. Se um dia teve dentes, não havia mais sinal deles em sua boca.

Na cozinha todas as seis crianças se sentaram ao redor da mesa. O cheiro de café tomara conta daquela pequena mesa de café.

De repente, aparece na cozinha, ninguém menos que ela – vó Angelina – atônita! Talvez tenha acordado com a algazarra de todas aquelas crianças famintas que se preparavam para ir à escola.

Fez-se silêncio!

Todos tinham medo dela. Não que fizesse mal a qualquer um, mas era sabido que a avó paterna, em seus setenta e sete anos, estava senil. Mesmo que não contassem bastava olhar para aquele vestido azul clarinho com flores também azuis, de um fino tecido de algodão. Por cima, ela sempre usava um cardigã cinza de lã, podia ser verão ou inverno. Nos pés ela trazia as tais sandálias, sempre com os pés trocados.

O pai das crianças fazia um café que, geralmente, era servido com leite fresco, colhido por um dos filhos na frente do portão, que o leiteiro lá deixara. Os pães também eram torradinhos e frescos que o pai comprara antes de acordar as crianças, na padaria do Sr. Marcelino.

O filho mais velho ajudava a arrumar os menores e depois tinha que entrar no quarto dos pais (a mãe ainda dormia) para pegar um penico cheio de urina e merda para despejar na “patente” que ficava no fundo do quintal. Algumas vezes o penico transbordava em suas mãos parte dos detritos fedorentos. Era uma rotina tão marcante que o menino mesmo quando já tinha quase setenta anos, lembrava daquele cheiro fétido e desagradável.

Tudo retornava à sua mente quando o dia amanhecia e sem perceber, ao se levantar, ele calçava as sandálias que estavam ao lado da cama e sentia algo diferente: os chinelos estavam trocados sob seus pés...

 

Mário Feijó

22.10.20

 

sábado, 17 de outubro de 2020

PANTANAL E AMAZÔNIA...

 


AH! SE NÃO FOSSEM...

 

Ah!  Se todas as dores do mundo

Não me caíssem nas costas

Eu teria mais tempo para olhar o mar

Mais tempo para cheirar as flores

E mais tempo para te amar

Porque o mundo está muito machucado

Por uma pandemia que já dizimou a muitos

E aniquilou tantos outros

 

Os meus olhos estão nublados

Por prantear o mundo

Pela fumaça que queima o “Pantanal”

E destrói grande parte da Amazônia

 

Ah! Se não fossem as dores do mundo

Dos animais que agonizam e morrem

Das pessoas que passam fome

Ai sim eu diria: como é bom

Viver no Planeta Terra!

 

Mário Feijó

17.10.20




sexta-feira, 16 de outubro de 2020

NÃO VOU MAIS CHORAR

 



NÃO VOU MAIS CHORAR

 

E se amanhã eu chorar

Quero que seja de alegria

Porque já chorei muito atualmente

E viver aos prantos é uma agonia

 

Não quero mais pensar em doenças

Nem tampouco em pandemia

Quero poder sentir o sol

E absorver dele a luz que irradia

 

Quero soprar ao vento palavras de amor

Sentir saudade dos muitos que se foram

Lembrar-me de Sônia e de Luzia

 

Mulheres que às vezes me davam nos nervos

Mas normalmente para elas eu sorria

Quero ter novamente

A vida que tive um dia...

 

Mário Feijó

16.10.20

terça-feira, 13 de outubro de 2020

A MINHALMA CHORA LUZIA... E A CULPADA É VOCÊ

 



LUZIA - A MINHALMA CHORA... E A CULPADA É VOCÊ

 

A minh'alma chora neste momento porque não verei mais teu sorriso lindo e encantador. Não verei mais teu corpo e cara bonitos que encantavam a todos nós.

 

A minh'alma chora porque eu aprendi a amar, mas não me ensinaram a esquecer, e você será eternamente inesquecível. Eu era somente teu amigo, mas poderia ser teu irmão, conforme dizias.

 

A minh'alma chora e vai chorar por muito tempo pelas saudades que eu já sentia por não te ver lá no hospital, queria ir lá e te dar uns tapas, por nos abandonar de forma tão abrupta, nós não merecíamos isto. Agora as lâmpadas da casa da Graça não queimarão mais porque você não está lá para queimá-las (isto é uma piadinha nossa, mas você entende).

 

A minh'alma vai chorar toda vez que uma brisa suave bater em meu rosto, porque eu vou lembrar-me de você embaralhando cartas e eu dizendo que o vento me deixaria gripado.

 

A minh'alma vai chorar quando eu olhar para o céu e pensar que no meio de tantas estrelas você é mais uma que estará lá brilhando e piscando pra mim, como sempre fazia de forma delicada, amável e brejeira.

 

A minh'alma continuará chorando enquanto minha sanidade existir, mas ela nem existirá por tanto tempo assim, afinal não somos eternos... Espere não existiremos muito tempo por aqui, afinal a vida é curta, rápida e passageira, qualquer hora a gente se encontra em algum lugar deste enorme universo. Aí sim, vamos soltar o riso quando você disser: BATI...

 

Beijos querida amiga, irmã. Descanse em paz e que Deus te abençoe... estamos aqui rezando por você.

 

Mário Feijó

13.10.20


INGRATIDÃO E MUDANÇAS

 

INGRATIDÃO E MUDANÇAS


 


Nossos dias são incertos

A vida é assim!

Ela não dá garantias do amanhã

O que importa é o presente

 

O presente é um presente em nossas mãos

Se for para ter medo não podemos segurar

Tudo nos escapará feito água corrente

Que não conseguimos reter

 

Ela vai embora

Por caminhos muitas vezes tortos

Nos rios que rasgam

Pela vida afora

 

Há sempre dor:

Por um amor perdido

Por ingratidões

Por mentiras que dizem a nosso respeito!

 

Mário Feijó

13.10.20

DÓI MUDAR

 

DÓI MUDAR

 



Há sempre muitas dores

Em qualquer partida

Eu diria que a dor

É inerente a qualquer mudança

 

Um bebê que nasce

Causa primeiro dores na mãe

Para depois gerar

Uma enorme felicidade

 

Queremos sempre o comodismo

Temos medo do que pode vir

E por isto deixamos

A felicidade ir embora

 

A vida não é para quem tem medo

Ela é feita para quem tem coragem

Primeiro para admitir nossos erros

E depois para mergulhar sem saber onde cair...

 

Mário Feijó

13.10.12

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

DESEMBRULHANDO O PRESENTE (primeira crise)

 


DESEMBRULHANDO O PRESENTE (primeira crise)

 

Faz muito pouco tempo que eu era uma criança querendo ser adulto. Agora acordo e descubro que quarenta anos se passaram, em minha existência.

Não! Eu não vou surtar, mas nunca pensei em morte. Bem, eu penso que criança não pensa em morte e, até ontem, eu era quase uma criança. Fazia o que queria e para ser “bonzinho” dizia sim pra todo mundo. Tomo consciência de que muita gente que eu amava já morreu e, que, antigamente as pessoas viviam muito menos que isto.

Socorro! Estou tendo minha primeira grande crise existencial! Estou me conscientizando de que nos tempos atuais as pessoas vivem em média oitenta anos, e eu já vivi metade da vida sem grandes preocupações com a morte. A humanidade já superou grandes crises, sendo a AIDS uma das mais recentes, mas ainda não superamos um vírus invisível e letal que nos faz usar máscaras, e isto me assusta.

Portanto, não direi mais:

- Sim senhor! Sim senhora!

Agora vou tomar minha vida em minhas mãos, feito um cavalo selvagem, domá-la e viver! Não serei mais um! Não serei mais um personagem. As máscaras na cara de todos mostram-me que eu preciso falar e sorrir com os olhos. Ser eu mesmo, para não ser mais um animal em uma manada, fazendo o mesmo que os outros, seguindo um líder...

Eu quero olhar a lua e imaginar que nem ela será limite para meus sonhos. Quero poder dizer “não” sem sentir culpas porque as culpas e o pecado forjaram minha vida durante muito tempo. E, se eu quiser atingir as estrelas sei que consigo porque tenho imaginação e meus sonhos pertencem somente a mim... Portanto, eu posso, se eu quiser.

Haverão os que me chamarão de louco, porém se eu fizer “loucuras” serão loucuras que abrirão minhas estradas, na busca do meu EU e da FELICIDADE que eu tenho direito porque a felicidade é um direito do ser humano e eu sei que fazendo isto estarei indo de encontro a tudo o que sempre quis, no sentindo de me sentir realizado com a vida que tenho.

É chegada a hora de queimar todas as culpas que me impediam de extirpar as dores por não ser eu mesmo. É chegada a hora de viver cada dia como se fosse o último porque a vida é um presente e, se é presente, tenho que vivê-la hoje, agora, urgente!

Aviso a todos que estou desembrulhando a vida. Estou desembrulhando meu presente!

Daqui a pouco descubro que já estarei com setenta, oitenta anos e não quero estar arrependido...

 

Mário Feijó

17.09.2020

 

Este texto foi escrito numa homenagem ao grande amigo que se acha meu filho postiço Vladimir Cunha, uma luz em minha vida. Parabéns pelo teu dia meu querido.

 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

TOC-TOC-TOC

 


TOC-TOC-TOC

 

- Não adianta bater!

Dizia ela à amiga.

Quero ver você

Mas não abrirei esta porta

 

Porém a vida continua

Apesar de cada um procurar

Uma caverna para se esconder

Somos novamente bichos entocados

 

O medo entrou em nossas vidas

Feito culpa por pecados de amor

Antes havia a culpa por tudo

Agora restou o medo em abraços contidos

 

Toc-toc-toc

Vamos abrir nossos corações

Para deixar entrar e sair o amor

Exterminando o vírus da indiferença ao próximo

 

Mário Feijó

14.09.20

 

sábado, 12 de setembro de 2020

MEDO E SOLIDÃO




MEDO E SOLIDÃO

 

A bruma entra na cidade

Feito sangue correndo nas veias

Passam por ruas largas

Tomam conta da natureza e das pessoas

 

Respira-se um ar de maresia

As roupas ficam umedecidas

Os ossos doloridos estalam

Os corpos não querem acordar

 

Todos se escondem de um vírus universal

Desde que o verá se foi

Agora já é fim do inverno intenso

 

Ninguém sabe o que é pior

O medo do vírus que ameaça nossas vidas

Ou a dor da solidão por ele imposta...

 

Mário Feijó

11.09.20


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

O CIRCO





 O CIRCO


A chuva cai

Lavando a cara do palhaço 

Que sorria


Por baixo de sua máscara

O que vemos é apenas

Dor e sofrimento


O burro que se vestia de gente

Cai de quatro

E começa a comer todos os papéis 

Até mesmo aquele que lhe dava identidade 


A banda toca 

Cada músico a sua música 

Como se tocassem suas vidas

Enquanto o maestro perdido faz gestos descoordenados...


MARIO FEIJO

07.09.20

A PLANTA

 



A PLANTA


Hoje nasceu mais uma raiz

Que me vincula à terra

Sou planta e daqui não posso sair


Já dei muitas flores

Que de tão comuns 

Passaram imperceptíveis 


Os frutos foram devorados

Alguns apenas apodreceram no chão 

Suas sementes não frutificaram

Viraram húmus no solo seco


Galhos novos brotaram

Alguns serviram de sombra aos desabrigados 

Outros foram utilizados por pássaros 

Que cantavam alegremente a vida...


Mário Feijó 

07.09.20

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

VOCÊ É A POESIA

 

VOCÊ É A POESIA

 

Tu me pediste

Para ti um poema escrever

Mas ele já estava escrito

No dia em que fui te ver

 

Escrito em teus olhos

Brilhantes feito estrelas

E como elas tão preciosos

Muito mais que diamantes

 

Para mim não existem palavras

Que eu possa te descrever

Porque teu cheiro é a poesia

Que eu tento aqui dizer

 

Não que eu queira te iludir

Com algumas palavras bonitas

Porque disto eu não preciso

E sei que me acreditas...

 

Mário Feijó

16.10.1979

Para a amiga Profa. Lila em Florianópolis - UFSC

AS MENINAS DO 2º. ANDAR

 

AS MENINAS DO 2º. ANDAR

Olho contente pra cima

E vejo o segundo andar

O motivo é as belas meninas

Que trabalham por lá

 

Sorrindo subo as escadas

Contando um, dois, três,

Razão e motivo eu tenho

Pois estou mais perto de vocês

 

Quatro, cinco, seis

Continuo as escadas subindo

Pois as belas e simpáticas garotas

Trabalham e estão sempre sorrindo

 

Flores mulheres, meninas flores

Perfumadas, como num jardim

Que pena este perfume

Não seja somente pra mim

 

Sorriso espanta tristeza

E eu garanto que é uma beleza

Ver todas sorrindo assim:

Faces coradas, moças amadas

Tanta beleza espalhada

Pelas moças do segundo andar...

 

Mário Feijó

31.08.1979 (Florianópolis – UFSC)

 

Poema escrito para as amigas Marlene, Vanderli e Lúcia

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

TEMPO DE MUDANÇAS

 

TRABALHO DE Neri Luiz Cappellari

TEMPO DE MUDANÇAS

 

Nada muda pra pior

Mudanças sempre causam medo

Nesta pandemia muitos estão morrendo

Outros irão aprender que não dá pra viver só

Temos que olhar para o próximo como irmãos

Porque estamos em um mesmo barco

Que é o planeta Terra

Somos irmãos e não para

Para que nos escondamos em nossa cabine

O momento é de se ajudar

Esta pandemia vai mudar as pessoas

Temos que subir nossa vibração

Uns subirão aos céus

Outros subirão de patamar evolutivo

Isto deverá servir para refletir

Por enquanto eu não vejo mudança em nada

Tem muita gente fazendo o mesmo de sempre

Ou apenas se escondendo

Para não praticar a caridade

Não pensam nos outros

Não pensam nos que estão sofrendo com frio e fome

E a caridade não é só dar dinheiro

Mas dar amor, carinho e atenção

Eu não sou um messias

Mas pensem, reflitam, curem suas almas

Só assim a cura virá...

 

Mário Feijó

17.08.20

COISAS DA PRAIA

 


COISAS DA PRAIA

 

Um cachorro latindo para o céu

Um casal brincando à beira mar

Um homem correndo sem parar

Uma mulher bonita a caminhar

 

Enquanto isto, displicentes,

As garças pescam

As ondas batem na praia

A maresia molha as dunas

 

Pombos se aglomeram

Em torno de uma vasilha de ração

E tatuíras se escondem

Dos pássaros que as querem devorar

 

O poeta apenas caminha

Observa a natureza

Fotografa, escreve, reflete

E deixa suas marcas na areia...

 

Mário Feijó

17.08.20

sábado, 15 de agosto de 2020

 

BRUXINHA

 

Todos os dias

Tenho me encontrado

Com uma bruxinha boa

 

Ela tem cabelos coloridos

Olhos rasos d’água

De uma bica

Que mata minha sede

 

Há dias em que seu sorriso

É o único alimento

Que recebo

 

Noutros há sonhos

De ver nossas almas voando

Eu na carona de sua vassoura

Fazendo mágicas de amor...

 

Mário Feijó

15.08.20

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

 

HOJE

 

Hoje é um daqueles dias

Que eu não gostaria

De ter acordado

 

Queria não estar neste mundo

Onde tudo é dor

Onde a falta de amor

Nos faz ficar doentes

 

Além das dificuldades naturais da vida

Conviver com o desamor

É algo que afeta o corpo

Que cria feridas na alma

 

E assim esfolado

Lambendo minhas feridas

Encontro tempo para gritar

Amai-vos uns aos outros...

 

MARIO R. FEIJÓ

07.08.20

quarta-feira, 29 de julho de 2020

TOPO GIGIO (humor)


TOPO GIGIO

                Estou querendo saber o que farei com as orelhas de “Topo Gigio” que estou ganhando pós o uso das atuais máscaras? Não tem como ser diferente! Os elásticos estão puxando minhas orelhas pra frente. Semana passada elas chegaram a abanar quando bateu um vento mais forte e frio.
Para quem não lembra do “Topo Gigio” pense então no “Dumbo”, o elefantinho voador. Também serve de exemplo à minha atual preocupação.
Eu entrei no elevador do meu prédio com máscaras, confesso que levei um susto com a figura orelhuda que me encarou no espelho.
Estão vendo! Novos tempos! Mais uma preocupação estética. Agora não é só mais o medo de doenças, da falta de ar, e da morte. Meu medo ampliou-se! E, se as minhas orelhas crescerem? Dizem que com a idade elas naturalmente crescem junto com o nariz. E, por falar em nariz está ficando amassado... Ah! O de vocês também... Então compreendem minha neurose. O resto eu não vejo crescer, mas o nariz e as orelhas estão me afligindo...
Vou contar uma coisa que lembrei agora. Minha avó Angelina, mãe de meu pai, tinha orelhas de Dumbo. Quando eu era criança, ainda não existia o Topo Gigio. Toda vez que eu ia na casa dela, olhava logo para as orelhas. Sorte que ela era senil e nem reparava na minha indiscrição, mas confesso que ficou marcado isto, e já faz mais de cinquenta anos...
Estou deprimido com a descoberta de minhas orelhas se abrindo. Elas eram tão harmônicas! A quem processo? Se eu tivesse nascido nos Estados Unidos processaria a China onde a pandemia começou, mas circulando de tangas por terras tupiniquins tenho que me conformar com o novo adereço.
Agora entendo porque tem tanta gente bebendo vinho. Penso que é para não ver o que está acontecendo.
Um minutinho! Voltarei logo! Agora preciso abrir mais uma garrafa de vinho! Depois de duas taças, nem vou lembrar mais que tenho orelhas... quanto mais que elas estão crescendo...

Mário R. Feijó
29.07.2020



sábado, 18 de julho de 2020

DESABAFO DA MULHER ESQUECIDA (mini-conto)




DESABAFO DA MULHER ESQUECIDA (mini-conto)

A morte esqueceu-se de mim, ou será que foi a vida que insistiu em viver, mesmo depois da morte?
O tempo passou como se não quisesse existir, sem mágoas, só para ver o sol brilhar e, o dia todo, em noite se transformou.
Eu mesmo sou testemunha de que ela era mulher só por preguiça de ser humana, então se deixava usar como se fora uma máquina de penetração. Os sentimentos foram-se todos embora, naquele velho caminhão que passara por sua rua comprando coisas sem serventia. Vendeu-se para a reciclagem.
E, ao se esquecer de viver, ela comentava com as nuvens do céu, seu destino em ser outra. E, quando outra se tornou ela se lembrou de quem queria ser...

Mário Feijó
18.07.2020

DOR QUE A GENTE NUNCA ESQUECE



DOR QUE A GENTE NUNCA ESQUECE
Nós podemos esquecer até de felicidade
Porém dor a gente não o esquece
Dor de doença é fácil
Curou... partimos pra vida
Mas ferida na alma
É dor plantada
Feito cravos na cruz
Ela pode ser invisível,
Mas fica a cicatriz
Não dá pra esquecer:
Dor da rejeição;
Dor da injustiça
Dor do desamor...
Deboche, humilhação
Ferem a alma
Forjam o caráter
E a dor fica lá, eterna...
Mário Feijó
17.07.20

sábado, 11 de julho de 2020

ANGEL


ANGEL

Para onde você foi?
Em qual estrela
Você se escondeu?

Achei que era pequeno demais
Somente um pequeno filhote
Daqueles que nem sabem voar
Mas você já tinha asas e voou

E agora, todas as vezes
Que eu olho para o céu
Fico procurando
A estrela que te acolheu

Foi tão pouco tempo
Que ficaste por aqui
Fizesse do céu a tua morada
E voas em meus pensamentos

Mário Feijó
11.07.20


  

terça-feira, 30 de junho de 2020

UM DIA VOCÊ APRENDE...

UM DIA VOCÊ APRENDE

Um dia você percebe que há um tempo para plantar e outro para colher e, que escolher a época errada não vai gerar bons frutos, e, que o tempo de seca é o pior em qualquer plantio.

Um dia você percebe que quando não podemos plantar é tempo para nos recolhermos, para refletir, tempo de fazer escolhas sobre o que queremos produzir e tempo para arar a terra.

Um dia você percebe que entrar em desespero e lançar todas as sementes no solo, por medo da fome é perder dinheiro, tempo e produção.

Então você prepara seus insumos, usa sua criatividade e põe nela um pouco de amor (sim amor, o amor é indispensável em tudo o que fazemos) e, é neste momento que você, para e olha para os lados: para a família, para os amigos e para a sua comunidade. Isto é necessário porque a vida nos colocou diante de um momento difícil - uma pandemia - e não podemos entrar em desespero, mas também, não podemos continuar como se não estivesse acontecendo nada e, daí a continuar lançando sementes em solos inférteis. O tempo é de recolhimento.

Alguns entram em desespero, numa ânsia de produzir, gastando energia, amor e finanças, sem olhar para os lados.

Estamos neste planeta de passagem, para aprender e, todos devem ter percebido que existe uma Força Superior que nos rege e que só a paciência e o amor os farão evoluir, crescer.

Eu percebo que nos últimos tempos estamos como se jogassemos o "jogo de Ludo": pule uma casa... perdeu... volte ao ponto de partida. Portanto se todos se recolherem por pouco tempo venceremos mais rápido.

È tempo de aprender! Olhemos para dentro de nós e respondamos: EU ESTOU APRENDENDO...


Mário Feijó
27.06.20

sexta-feira, 12 de junho de 2020

UM VÍRUS: E O QUE FAZER COM O AMOR

UM VÍRUS: E O QUE FAZER COM O AMOR
Agora que nos recolhemos
feito ostras dentro de suas cascas
produzimos dentro de nós
as melhores pérolas diante da vida
Não podemos nos ver
não podemos nos tocar
não podemos nos sentir
usamos máscaras para nos defender
Não as usamos para nos disfarçar
porém temos que nos defender
de um vírus que pode nos matar
não sabemos o que pode acontercer
Cada corpo reage de uma maneira
mas hoje é um dia especial
quem está longe do seu amor
sabe o quanto dói ficar assim
Distante de quem amamos
No entanto, longe ou perto,
feliz dia dos Namorados
para você, e para todos os que se amam...
Mário Feijó
12.06.20