TOPO GIGIO
Estou
querendo saber o que farei com as orelhas de “Topo Gigio” que estou ganhando pós
o uso das atuais máscaras? Não tem como ser diferente! Os elásticos estão
puxando minhas orelhas pra frente. Semana passada elas chegaram a abanar quando
bateu um vento mais forte e frio.
Para quem não lembra do “Topo
Gigio” pense então no “Dumbo”, o elefantinho voador. Também serve de exemplo à
minha atual preocupação.
Eu entrei no elevador do meu
prédio com máscaras, confesso que levei um susto com a figura orelhuda que me
encarou no espelho.
Estão vendo! Novos tempos! Mais
uma preocupação estética. Agora não é só mais o medo de doenças, da falta de
ar, e da morte. Meu medo ampliou-se! E, se as minhas orelhas crescerem? Dizem que
com a idade elas naturalmente crescem junto com o nariz. E, por falar em nariz
está ficando amassado... Ah! O de vocês também... Então compreendem minha
neurose. O resto eu não vejo crescer, mas o nariz e as orelhas estão me
afligindo...
Vou contar uma coisa que
lembrei agora. Minha avó Angelina, mãe de meu pai, tinha orelhas de Dumbo. Quando eu era criança, ainda não
existia o Topo Gigio. Toda vez que eu ia na casa dela, olhava logo para as
orelhas. Sorte que ela era senil e nem reparava na minha indiscrição, mas
confesso que ficou marcado isto, e já faz mais de cinquenta anos...
Estou deprimido com a
descoberta de minhas orelhas se abrindo. Elas eram tão harmônicas! A quem
processo? Se eu tivesse nascido nos Estados Unidos processaria a China onde a
pandemia começou, mas circulando de tangas por terras tupiniquins tenho que me
conformar com o novo adereço.
Agora entendo porque tem
tanta gente bebendo vinho. Penso que é para não ver o que está acontecendo.
Um minutinho! Voltarei logo! Agora
preciso abrir mais uma garrafa de vinho! Depois de duas taças, nem vou lembrar
mais que tenho orelhas... quanto mais que elas estão crescendo...
Mário R. Feijó
29.07.2020
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