quinta-feira, 17 de setembro de 2020

DESEMBRULHANDO O PRESENTE (primeira crise)

 


DESEMBRULHANDO O PRESENTE (primeira crise)

 

Faz muito pouco tempo que eu era uma criança querendo ser adulto. Agora acordo e descubro que quarenta anos se passaram, em minha existência.

Não! Eu não vou surtar, mas nunca pensei em morte. Bem, eu penso que criança não pensa em morte e, até ontem, eu era quase uma criança. Fazia o que queria e para ser “bonzinho” dizia sim pra todo mundo. Tomo consciência de que muita gente que eu amava já morreu e, que, antigamente as pessoas viviam muito menos que isto.

Socorro! Estou tendo minha primeira grande crise existencial! Estou me conscientizando de que nos tempos atuais as pessoas vivem em média oitenta anos, e eu já vivi metade da vida sem grandes preocupações com a morte. A humanidade já superou grandes crises, sendo a AIDS uma das mais recentes, mas ainda não superamos um vírus invisível e letal que nos faz usar máscaras, e isto me assusta.

Portanto, não direi mais:

- Sim senhor! Sim senhora!

Agora vou tomar minha vida em minhas mãos, feito um cavalo selvagem, domá-la e viver! Não serei mais um! Não serei mais um personagem. As máscaras na cara de todos mostram-me que eu preciso falar e sorrir com os olhos. Ser eu mesmo, para não ser mais um animal em uma manada, fazendo o mesmo que os outros, seguindo um líder...

Eu quero olhar a lua e imaginar que nem ela será limite para meus sonhos. Quero poder dizer “não” sem sentir culpas porque as culpas e o pecado forjaram minha vida durante muito tempo. E, se eu quiser atingir as estrelas sei que consigo porque tenho imaginação e meus sonhos pertencem somente a mim... Portanto, eu posso, se eu quiser.

Haverão os que me chamarão de louco, porém se eu fizer “loucuras” serão loucuras que abrirão minhas estradas, na busca do meu EU e da FELICIDADE que eu tenho direito porque a felicidade é um direito do ser humano e eu sei que fazendo isto estarei indo de encontro a tudo o que sempre quis, no sentindo de me sentir realizado com a vida que tenho.

É chegada a hora de queimar todas as culpas que me impediam de extirpar as dores por não ser eu mesmo. É chegada a hora de viver cada dia como se fosse o último porque a vida é um presente e, se é presente, tenho que vivê-la hoje, agora, urgente!

Aviso a todos que estou desembrulhando a vida. Estou desembrulhando meu presente!

Daqui a pouco descubro que já estarei com setenta, oitenta anos e não quero estar arrependido...

 

Mário Feijó

17.09.2020

 

Este texto foi escrito numa homenagem ao grande amigo que se acha meu filho postiço Vladimir Cunha, uma luz em minha vida. Parabéns pelo teu dia meu querido.

 

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