sexta-feira, 11 de outubro de 2019

DESVIVEDOR DE MIM




DESVIVEDOR DE MIM

Eu vivo a costurar minh’alma
É que já morri tantas vezes
A vida me quer professor e aprendiz
Eu continuo a renascer todas as manhãs
E a morrer todas as noites
Em braços que me dão amor...

E descosturo a minh’alma
Para descansar os ossos
A maioria muito quebrados
Osteoporizados desde os tempos que envelheci...

E quando o cão me latiu pela primeira vez
Rasgando minha carne
Seguindo pela vida renasço
Depois de um desviver...

Agora costuro minhas carnes
Com beijos de amor
Costuro amores com dores
Do renascer e do morrer, e sigo
Vestindo vidas, nem todas minhas
Algumas encontrei jogadas
Pelas sarjetas do mundo
Daqueles que sem amor
Pela vida se foram
Sem nunca aprender
A viver e desviver...

Mário Feijó
18.04.12

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

AS DORES QUE PALPITAM NO PEITO





AS DORES QUE PALPITAM NO PEITO


A dor que nos aflige é tão nossa que por mais que você grite ninguém a sente. Podem até percebê-la, mas ninguém a sente.
Todos temos dificuldades e dores particulares é melhor não contá-las porque por mais que pareçam se importar, ninguém sofre por nossas dores.
E quanto mais idade ganhamos mais carentes ficamos, não adianta gemer ou gritar para ganhar mais amor.
No entanto, sofrem calados os viúvos; sofrem calados os solitários; os carentes de amor; os abandonados; os doentes nos hospitais; as meninas de rua; os que sofrem por suas escolhas; os rejeitados; as mães que sozinhas criam seus filhos; as mães que por amor têm que entregá-los a outros porque não podem ou não têm condições de criá-los.
Assim, as dores que palpitam no peito, viram choram silencioso e aprendemos a viver engolindo soluços.


Mário Feijó
07.09.19

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

TEMPOS E TEMPO

Acrílico sobre tela... Mário Feijó

Reciclagem de garrafas... Mário Feijó
TEMPOS E TEMPO

Há tempos de amor
E tempo para refletir
Há tempos de dor
E tempo pra descansar
           
Há tempos de luz
Tempo de sol
E apenas tempo de luar

Há tempos em que eu te quero
E tempos de solidão
Há tempo em que estamos juntos
E outros em que tu vais embora

Há tempos para escrever
Outros apenas para ler
Há tempo em que eu uso as cores
E outros apenas para que eu possa admirar

Mário R. Feijó
03.09.19


quarta-feira, 11 de setembro de 2019

MINHA SANTA IGNORÂNCIA


MINHA SANTA IGNORÂNCIA

Muita coisa em mim mudou, desde que eu descobri que não sou mais jovem, nem criança.
Descobri que posso fazer tudo o que quero, mas nem tudo o que eu quero eu posso. Tenho que obedecer aos limites do meu corpo. Aprendi que eu posso subir numa escada, no entanto se eu cair dela, as consequências deverão ser desastrosas, devido à idade que tenho.
Eu até já me achei muito inteligente, quando era jovem, porém comecei a respeitar minha ¨santa ignorância¨. A maturidade me fez descobrir que há muito a aprender e quanto mais eu aprendo mais descubro que pouco eu sei.
Eu aprendi a calar, diante da sabedoria de outro. A ouvir mais do que falar. A respeitar o outro, mesmo quando o outro pensa é um suprassumo e eu vejo que não o é. Aprendi a ser humilde. A humildade nos traz sabedoria.
Aprendi que o ser humano está doente e eu não devo usar minhas doenças como se fossem um troféu, ou como forma de chamar a atenção dos outros. Aprendi a silenciar no sofrimento porque sempre haverá alguém querendo nos dar um remédio, ou conhecendo alguém que já morreu disto, ou até que ficou aleijado por este motivo. Aprendi que falar de doenças nos torna frágeis, pequenos e a vida está aí, para que lutemos pela sobrevivência, só assim seremos grandes, foi assim desde a nossa concepção.
Eu, ainda, aprendi que meu corpo se fragiliza a cada ano que passa, mas a minha cabeça diz que eu posso, porque eu estou vivo, e dentro dela eu não envelheci. Só envelhece quem fica balançando numa cadeira, num canto qualquer da vida, ouvindo os outros dizerem: “você não pode” e você acha que é inútil. Sempre podemos ser úteis a alguém ou a nós mesmos. Nada como respirar fundo e sentir-se vivo com o sol no rosto ou aproveitando o que a natureza nos proporciona.
Se você tiver condições viaje mais e gaste menos com coisas que só vão se acumular, se não tiver condições leia e viaje da mesma forma. A leitura é uma viagem gratuita, aproveite.
Bendita esta “Santa Ignorância” que me abre para a vida e para aprender que enquanto eu tiver inteligência para aprender com os outros, ou com os livros (e agora também com a internet), viver é uma experiência diária e aprender é infinitamente necessário à nossa evolução.
Eu não lamento a idade que tenho. Estou na idade em que amigos queridos começaram a ir embora. Já sofri com a perda de meus pais. Já sofri com a perda de um filho. Já sofri com a partida de pessoas companheiras da vida. O que mais me resta senão agradecer pela sobrevivência, sem reclamar, enaltecendo o aprendizado que é a VIDA.

Mário R. Feijó
11.09.19

terça-feira, 13 de agosto de 2019

FOI-SE A PALAVRA





FOI-SE A PALAVRA

Sempre haverá entre nós
Muitos imbecis sádicos
Que com palavras tolas e vazias
Tentam parecer inteligentes

Há os que não entendem
E por serem ignorantes
Os endeusam por terem poder

Há os que entendem o que dizem e fazem
E não os toleram
Mas por não terem poder
Nada podem ou poderão fazer

E assim temos um país podre
Que continuará pobre
Devido ao poder daqueles que com suas palavras
Determinam a hora de cortar nossas cabeças

Mário Feijó
13.08.19

segunda-feira, 22 de julho de 2019

CERTAMENTE...




CERTAMENTE...

A mim, não dói,
Fazer o bem
Sem olhar a quem

Este é meu jeito de ser
E se eu posso ajudar
E se isto me conforta
Por que não fazê-lo?

Eu gosto de olhar o mar
Eu gosto de sentir o vento
Eu gosto de sentir perfumes
Então vamos levar flores
Aliviar as dores de quem
Gosta de sentir o vento
E de olhar o mar

Ninguém gosta de sofrer
Mas tem gente que tem prazer
Em ver o outro padecer

Vamos amar o próximo
Fazer o bem sem olhar a quem
Porque haverá mais perfumes nas mãos
De que joga flores... certamente!

Mário R. Feijó
22.07.19

quinta-feira, 11 de julho de 2019

O PREÇO DE VIVER BEM





O PREÇO DE VIVER BEM

Ser feliz é uma decisão de vida!
Fazer alguém feliz, também
E não dói, nem atrapalha
Basta não desistir

Além do mais
Lidar com a felicidade
É algo trans-FORMA-dor
Tira a dos outros e alivia a nossa

Algumas vezes basta sorrir
Noutras basta um gesto de carinho
Um abraço ou um beijo
São remédios nesta terapia

Uma poesia, a luz do sol, uma flor
O sorriso de uma criança
O olhar brilhante de um velho
São pagamentos que nos tornam eternos

Mário Feijó
11.07.19

sexta-feira, 14 de junho de 2019

GANGORRA




GANGORRA

A vida é uma gangorra
Horas estamos por cima
Outras vezes o peso
Empurra-nos para baixo... gangorra

Não tenho fome e engordo
Quero ser feliz e tenho medo
Preciso dormir e tenho insônia
Acordo e quero dormir de novo... gangorra

Ando com medo da morte
E tenho angústia em viver
Fico sufocado e sem ar
Meus pensamentos viram fumaça... gangorra

Eu subo para respirar
Respiro quando estas comigo
Mas estou morrendo
Porque estas longe de mim... gangorra

Mário Feijó
07.05.19

E O VENTO LEVOU...




E O VENTO LEVOU...

Diante da janela
Eu vejo o vento passando
Levando consigo sonhos e vida

Uma simples folha de papel
É alçada às alturas
E nela há escondidos
Sonhos irrealizados

Foi um lápis quem lhe contou tudo
Ele não mentiu
Fez eu pensar que era pequeno
Achando que poderia guardar segredos

Até pensei que folhas de papel
Poderiam guardar segredos
Fiz dela uma amiga
Que agora o vento levou...

Mário Feijó
03.06.19

segunda-feira, 3 de junho de 2019

O AMOR É DIVINO




O AMOR É DIVINO

De tantas coisas que Deus criou
Eu faria uma lista
Daquelas que mais me encantam
Só que todas perderiam
Para o mais belo dos sentimentos
Plantado dentro de nós
Esta coisa maravilhosa chamada de amor

O amor nos eleva às alturas
Ele nos torna divino
E nos aproxima Deus
Além de nos mostrar
O caminho da Felicidade

É perceptível que somente o amor
Nos torna seres melhores
Descubro a presença de Deus em nós
Descubro a força da natureza
E descubro que a vida tem mais significado
Quando o amor é o tempero a nos conduzir
Isto nos eleva a Deus
E desta forma nos tornamos divinos...

Mário Feijó
03.06.19

segunda-feira, 6 de maio de 2019

O MUNDO É UM CIRCO




O MUNDO É UM CIRCO

O mundo é um circo
As pessoas usam máscaras
Achando-se melhores que os outros
Mas todos conhecem a si mesmos

Ninguém fala seus defeitos, porém facilmente
Apontam os defeitos dos outros
Será que não está na hora
De sermos mais civilizados e abrir os braços?

A vida é curta e ninguém sabe ‘sua’ hora
Mas quando chega o momento
Todo mundo vai embora

Vamos reformar nosso eu
Vamos amar mais as pessoas
Animais, plantas e preservar a natureza
Porque quando partirmos
Seremos lembrados pelo amor praticado

Mário R. Feijó
06.05.19

sábado, 4 de maio de 2019

AMIGO NÃO SILENCIA





AMIGO NÃO SILENCIA

Onde está você
Que se diz amigo
Que faz silêncio comigo
E se cala na distância

Se você fosse mesmo amigo
Não silenciaria
Fale-me tudo o que pensa
Defenda-me dos inimigos

Tudo o que eu vejo
Naqueles que se dizem amigos
É uma aliança deles
Com aqueles que não me amam

Querida que você visse minhas dores
Que me compreendesse minhas reações
Nas horas em que me atiram pedras
Eu tentaria ajudar você... e você? Ajude-me...

Mário Feijó
04.05.19

quinta-feira, 2 de maio de 2019

QUERO RESSUSCITAR O AMOR




QUERO RESSUSCITAR O AMOR

Tudo ao meu redor virou silêncio
Algumas pessoas foram morrendo
Outras apenas saíram da minha vida
E sem dizer adeus foram morrendo

A minh’alma ainda está enlutada
Sinto dores no corpo
Quando não mais abraço a quem amo
E sofro com o desamor

O silêncio toma conta dos meus dias
Eu entro em pânico e sofro a desesperança
Com a falta do amor e de sorrisos

Ainda lembro dos tempos de vovó
Quando todos os domingos tios e primos
Reuniam-se ao redor da mesma mesa
Para comer e brincar irmanados...

Mário R. Feijó
02.05.19

segunda-feira, 29 de abril de 2019

DORES QUE VÊM E VÃO




DORES QUE VÊM E VÃO

Tudo é tão incerto
A única certeza que temos
Desde o nascimento
É a de que um dia morreremos

Pela manhã nasce o sol
Que à tardinha morre
Da mesma forma que os botões
Que morrem para dar vida às flores
E as flores também morrem
Para delas nascerem os frutos

Tudo na vida passa por ciclos
É a forma que a natureza encontrou
Para se renovar

Da lagarta nasce a borboleta
E a vida segue em frente
Sem um tempo certo
Seguindo ciclos que variam

Verão, outono, inverno, primavera
Dores que vêm e vão
Flores que desabrocham
Para dar novos frutos...

Mário Feijó
29.04.19

segunda-feira, 8 de abril de 2019

A FORÇA DA NATUREZA





A FORÇA DA NATUREZA

Não lute contra o vento
O tempo e as marés
A natureza sempre vence

Vamos surfar nas ondas do tempo
Segurar as asas do vento
E navegar nas ondas do mar

Mário Feijó
08.04.19  

segunda-feira, 1 de abril de 2019

A PORTA ESTÁ ABERTA




A PORTA ESTÁ ABERTA

A porta eu deixei aberta
Para que entres
Sempre que quiseres voltar

No entanto passa o vento
E bate a porta
Com seu jeito enganador
Dizendo que és tu quem vem pra mim

Eu morro de saudades
Parece que o sol deixou de brilhar
Mas quem perde o brilho sou eu

Nunca pensei que fosse um girassol
Mas sou assim quando te procuro
Seja junto ao mar, nas noites de luar
Ou nos dias chuvosos quando o sol se esconde...

Mário R. Feijó
01.04.19

TONEL FURADO




TONEL FURADO

Eu te queria
Enchendo meus espaços
Todos aqueles espaços vazios
Que uma bela canção
É capaz de encher

Ai você vai embora
Feito a lua cheia
Que só volta a cada 28 dias
E nos outros 27 se esvazia

Tal qual um tonel furado
Capaz de deixar sair
O mais delicioso vinho
De uma ótima safra
E eu definho toda vez que partes...

Mário R. Feijó
01.04.19  

O AMOR É TUDO




O AMOR É TUDO

Outro dia
Eu escrevi sobre o amor
Mas não escrevi tudo

O amor é mais
O amor é completo
Ele nos realiza
E deixa espaço pra tudo

Mas o que é tudo?
Você perguntaria
Tudo vai além da imaginação
Então imagine tudo

E quando falo tudo
É tudo mesmo
Muito mais! Imaginou?
Eu falei tudo... vai... Imagina...

Mário Feijó
01.04.19

segunda-feira, 25 de março de 2019

RESPEITANDO O OUTRO




RESPEITANDO O OUTRO

Eu não entendo
A maldade do mundo
Para o que não lhes parece perfeito

Einstein foi considerado imperfeito
Depois descobriram que era um gênio
Mozart também
E fez músicas maravilhosas

Quem é perfeito
O homem? A mulher?
O branco? O negro? O amarelo?
Existe mesmo o tal ser perfeito?

Não seria melhor que nos respeitássemos
Uns aos outros em nossos credos ou religiões?
Que cada um respeitasse a individualidade alheia
Para que o mundo realmente evoluísse?

Mário Feijó
25.03.19


segunda-feira, 18 de março de 2019

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: DESTINO IGNORADO

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: DESTINO IGNORADO: DESTINO IGNORADO A minha vida é assim Um destino ignorado Amanhã não sei onde estarei Hoje me perco no que sou Algum...

DESTINO IGNORADO





DESTINO IGNORADO

A minha vida é assim
Um destino ignorado
Amanhã não sei onde estarei
Hoje me perco no que sou

Algumas vezes sou apenas um sonho
Que em algum momento vira fumaça
E vai se perdendo no tempo

Noutras eu mergulho mar adentro
À procura de meu “eu perdido”
Querendo estabelecer elos com a realidade

Agora me contento em viajar pela poesia
Sou flor em botão se abrindo
Exalo um gostoso perfume
E voo nas patas de uma abelha para virar mel

Mário R. Feijó
17.03.19

domingo, 17 de março de 2019

COISAS BOBAS




COISAS BOBAS

Eu já escrevi muita coisa boba
Porém não vejo pecado nisto
O que eu vejo como um grande pecado
É não ter ideias, não escrever o que penso

Se eu sinto dor
Envolvo-me nela
Produzindo antídotos
Curando com amor

Se o mal do dia for a solidão
Eu viajo nas leituras
Vejo um bom filme
Ou danço uma música comigo

Não estou só
Tenho meus sonhos
Vivo de amor
E o coloco nas coisas que crio...

Mário Feijó
17.03.19

sábado, 16 de março de 2019

QUEM DÁ MAIS?




QUEM DÁ MAIS?

Algumas vezes eu me pergunto
Quem dá mais pela minha vida
Deus ou o Diabo?

Existem horas que eu penso
É difícil suportar tudo o que me acontece
E não é pouca coisa

Tento ajudar às pessoas
Mas quem me ajuda quando preciso?
Amo intensamente até a quem desconheço
Mas quem me ama assim?

Não existem momentos fáceis
Sou um Quixote lutando contra o invisível
Todo mundo me acha muito feliz
Mas pra quem vou reclamar?

O Diabo tem feito peripécias comigo
Os anjos de Deus tiraram férias de mim
Será que o “Todo Poderoso” dormiu
Minha vida virou uma filial do inferno
E eu me nego a ser seu atendente...

Mário R. Feijó
Jan. 2019

sexta-feira, 15 de março de 2019

SAPATINHO DE LÃ




SAPATINHO DE LÃ

Outro dia encontrei um sapatinho de lã caminhando sozinho (geralmente eles andam aos pares). Não sei se era um sapatinho de menino ou menina. Não era rosa, nem azul, o que talvez já desse uma pista sobre o gênero de seu ou sua dona. Era um sapatinho verde, de lã macia, mas estava gelado, não havia nele calor humano ainda.
Tinha o laço desfeito. Talvez nem tivera recebido, ainda, um laço, quem dera sentira um cheiro, um afago, um abraço. Sapatinhos de lã inspiram tudo isto, mas este estava perdido. Tinhas pelos desfiando e havia nele uma gota (de chuva ou lágrima, eu não saberia dizer). Pensei: - será que a vovó que o tricotou gotejara lágrimas emocionadas de amor? Será que já se passara muito tempo, desde que ele se perdera? Caíra de alguma bolsa ou de algum pezinho infantil e se soltara por estar desamarrado? Todas estas questões pensei quando o vi.
Não resisti e o recolhi o pobrezinho levando-o para casa. Sei que ficará eternamente órfão dentro de uma gaveta, porém não estará mais ao relento perdido. Vez ou outra eu posso acaricia-lo pensando em meus filhos crescidos que foram construir seus ninhos ou nos netos (alguns também já crescidos).
Quem poderá dizer qual o pé ele iria agasalhar. Qual o bebê ficou com um pé descalço e gelado quando o sopro de uma brisa tocar seu corpo?
Eu sinto arrepios toda vez que sinto o vento na janela e percebo que o sapatinho verde de lã não serve em meu pé...

Mário Feijó
14.03.19

segunda-feira, 11 de março de 2019

FLORES ETERNAS


FLORES ETERNAS

Eu vivo numa época
Em que não dá
Para ter receio de existir
Sofremos desde meninos

A vida é para quem tem coragem
Afinal de contas vencemos a corrida
Quando chegamos ao óvulo
E de lá pra cá a luta continua

As flores têm vida curta
Animais pequenos e peixes
Vivem menos que nós
E todos os ciclos são aprendizados

Minha vida tem sido uma lição
Que me faz crescer
Ao mesmo empo em que planto flores
Qualquer hora as sementes brotam

Mário Feijó
10.03.19

quinta-feira, 7 de março de 2019

PRETO OU VERMELHO?




PRETO OU VERMELHO?

Eu decidi ser feliz
Por isto levantei todas as âncoras
Que me prendiam
A um porto seguro

Icei minhas velas
Esperando que ventos promissores
Levem-me por mares desconhecidos

Não apostei minhas fichas em ninguém
Isto eu já tinha feito
Em outras vezes e perdi
Agora estou apostando em mim

Não me importa se der preto ou vermelho
Apostei em todas as cores
O mar agora é pra peixe sim
E o céu não tem nuvem alguma

Mário R. Feijó
07.03.19

segunda-feira, 4 de março de 2019

COLAGEM


COLAGEM

Agora sou um mosaico
De todas as emoções vividas
Algumas foram somente de alegria
Porém a maioria foi de aprendizado

Eu não sento à beira do caminho
Esperando a tristeza passar
Ela não é minha escola favorita
Eu prefiro as alegorias da Felicidade

Se não for assim desisto
Não sambo, nem sinto a música
Prefiro o samba enredo
Que eu mesmo escrevi

Sou feito de colagens
De todos os momentos
As alegrias eu curto
E com as tristezas aprendo...

Mário Feijó
04.03.19

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

UM OLHAR NO INFINITO




UM OLHAR NO INFINITO

Da minha janela
Vejo o horizonte infinito
É como se eu olhasse dentro de mim
E visse lá o amor que tenho

Perco-me no olhar o mar
Perco-me dentro de mim
Vejo-te na distância
Encontro-te nas lembranças

Não deveria ser assim
Amores deveriam ficar grudados em nós
Feito ostras que se grudam em pedras
Mesmo quando o mar lhes açoitam

Sei que eu não deveria me perder
Mas preciso de você
Para encontrar a minha liberdade
E para viver os dias que me restam

Mário Feijó 
23.02.19

sábado, 23 de fevereiro de 2019

COLAR PARTIDO




COLAR PARTIDO

Um simples beijo
Não deveria
Descongelar um iceberg

Porém em mim
Tudo descongela
Quando teus lábios
Tocam a minha pele

E a geleira
Que parecia indestrutível
Derrete-se
E eu me fragmento

Todos os meus pedaços
São contas de um colar
Que se arrebenta
E eu passo a rolar sob seus pés

Mário Feijó
23.02.19

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

LIBERDADE: ESTOU ME LIBERTANDO





LIBERDADE: ESTOU ME LIBERTANDO DE MIM

Todos nós alguma vez na vida já se sentiu prisioneiro de si. Neste momento eu estou escolhendo me unir a alguém, para me tornar livre.
É muito bom quando a gente descobre na vida que ama intensamente e que também é amado com a mesma intensidade.
Desde adolescente eu nunca me senti assim. Só me sentia tão amado, quando era criança, por minha avó: Felicidade.
É o que eu penso. E já casei algumas vezes, amei intensamente, noutras nem tanto, mas sempre havia algo de egoísta nos amores vividos, vejo isto agora. Tive cinco filhos, tenho nove netos, alguns até criei como se fossem filhos, mas ninguém me ama com a força que eu esperava, e eu me sinto amado agora, não porque sou homem, ou uma coisa, mas porque sou um ser humano. Um ser humano criativo e que inspira orgulho. E por este motivo eu quero registrar que tudo o que eu criei, seja um bem material ou imaterial, como as ideias eu quero deixar pra você: meus quadros, meus livros, minhas artes em geral. Tudo será teu.
Algumas pessoas, ao envelhecerem são interditadas, por filhos, ou outros que se intitulam herdeiros porque jamais entenderão que, o muito ou pouco que construímos, queremos que continue com quem nos dá amor. Já ouvi histórias de pessoas que deixam tudo o que têm para seus gatos ou cachorros. Eu penso que, se fui à luta, tentando construir algo, também posso decidir deixar para quem eu quero. E, neste momento, tudo o que eu tenho por mais simples que seja, quero que fique com você.
E, quando os dias clarearem, como nesta manhã ensolarada de vinte de fevereiro de dois mil e dezenove eu só não posso te dar as estrelas que estão presentes nas noites vividas porque você já é o sol dos meus dias e neles posso até ver as estrelas que tu colocasses em meu olhar.
Eu queria lembrar agora do dia em que nos vimos pela primeira vez. Éramos apenas dois seres humanos perdidos, querendo descobrir o amor. Nunca foi nossa intenção fazer o mal para alguém, estávamos apenas tentando ser felizes. Eu aprendi a ser feliz contigo, embora alguns achassem que estávamos fazendo o mal a elas. Há sempre alguém que acha ser o dono de alguém. Eu era apenas prisioneiro de mim, e muitos assim o são, ou se tornam prisioneiros de outros. Eu estou me libertando de mim, para ser teu, sem me aprisionar a ti, nem quero que sejas meu prisioneiro.
A verdade é que minh’alma encontrou resquícios de mim em ti, porém eu sou um pássaro viajante do tempo, sempre procurando alguém em algum momento desta infinita jornada. O universo é muito grande e há nele uma infinitude que assusta qualquer alma solitária.
Estou neste planeta por um tempo longo demais e ao mesmo tempo tão curto se comparado à Criação.  E, neste lapso de tempo em que aqui estou, não quero perder mais tempo com infelicidades, sejam as minhas ou as dos outros, quero você por perto, olhar nos teus olhos e me sentir seguro. Quero olhar para o reflexo do sol sobre o mar e não ter medo de que a qualquer momento este oceano possa me tragar numa tsunami.
Eu estou me libertando de mim. Estou me entregando a você, da mesma forma que um filhote de pássaro emplumado abre as asas e voa porque eu sei que é em você que mora a minha liberdade.

Mário Rogério Feijó
20.02.19

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA


ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA

Por que depois de tanta dor
Aquela que mais me dói
É a dor do desamor?

É a dor onde você foge
Toda vez que eu te procuro
E fico sem saber por onde
Mas te vejo no mesmo lugar

Você utiliza uma forma estranha de amor
Uma maneira estranha de amar
É onde você não diz nada
Usando a forma de amar de uma pedra

Nestas horas eu me sinto oceano
Sempre a bater na pedra por amor
E você age feito pedra que apanha
Para não dizer que sabe amar

Mário Feijó
11.02.19  

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

PARABÉNS PRA VOCÊ...


PARABÉNS PRA VOCÊ...

Parabéns pra você, nesta data querida! Muitas felicidades... muitos anos de vida...
É assim que eu lembro do meu primeiro aniversário, aos quatro anos de idade.
Minha mãe e minha avó me apresentaram um pequeno bolo redondo, todo branco de glacê, com bolinhas prateadas, não daquelas miudinhas, mas daquelas grandes. Lembro que na época eu pensei “parece um bolo de casamento”. Ficou parecendo pérolas enfeitando uma linda joia. Estava lindo.
Este foi o primeiro aniversário que eu lembro. Se houve outros antes eu não sei, porém a minha felicidade era tão grande que eu lembro como se fosse meu primeiro evento na vida. Eu nunca fui tão feliz quanto naquele dia. Eu tive que soprar as velinhas. Elas eram uma montoeira: quatro.
Depois minha avó (D. Felicidade) perguntou:
- quantos anos você faz, meu filho?
E, eu, risonho e feliz, abri minha mão e mostrei meus quatro anos numa mão cheia de dedos.
Minha mãe corrigiu dobrando um deles pra traz...


Há dois meses eu fiz sessenta e sete anos e nem lembro se estava só ou acompanhado. Com certeza ninguém cantou parabéns para mim. A vida passa e tudo vira uma coisa sem importância, comum.
Os filhos vão embora, constituem família e ficam com vergonha da gente. Os estranhos sentem orgulho em ser nossos amigos. Os filhos, vergonha.
Hoje eu já não tenho mais dedos para mostrar a quantidade de anos e se pudesse talvez as dores articulares me impedissem de dobrar algum deles.
Toquemos a vida cantando ou não “parabéns pra você”. Vagarosamente vamos descobrindo outras músicas que nos alegram e passamos a dançar “conforme a música”...

Mário Feijó
06.02.2019




terça-feira, 29 de janeiro de 2019

COM VOCÊ VEJO ESTRELAS





COM VOCÊ VEJO ESTRELAS

Eu não tenho medo de amar
O que eu tenho mesmo
É medo de te perder

E eu vejo que estou
Perdendo-te no tempo
Porque a vida tem nos desencontrado

Contigo eu queria apenas
Ver a luz do amor
Porque sempre me fazes ver estrelas

Eu queria sempre olhar o céu
E ver com você todas as estrelas
Porque sei que és meu sol

E toda vez que o vento soprar
Eu queria ouvi-lo me dizer
Que o tempo não existe
E que eu vou me encontrar em você

Mário Feijó
28.01.19

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

SONO DE PAZ




SONO DE PAZ

As dores ela já não sentia mais
Porque dentro de seu peito
Havia somente angústias  

Era como se aquela metástase
Que lhe extirpara os seios
Agora corroessem os seus pensamentos

E em desespero ela se agarrava
A toda esperança
Que lhe corriam pelas veias

De repente num susto
Ela percebera que não estava só
Havia braços fraternos ao seu redor
Desta forma pode relaxar e dormir

Mário Feijó
24.01.19

“ESTÁ NA HORA DE PARAR DE SENTIR MEDO”




“ESTÁ NA HORA DE PARAR DE SENTIR MEDO”

É chegada a hora
De parar de sentir medo
E enfrentar tudo aquilo que nos trava

O medo é uma espécie de culpa
Que nos impede de usufruir
De uma possível felicidade
Diante de tudo que é novo

E o novo significa mudança
Porém mudança dói
Dilacera a alma
E nos impede de mergulhar no escuro

O escuro pode ser um abismo
Feito a água que renova
Para viver uma nova vida
Então é chegada a hora: de parar de sentir medo

Mário Feijó
24.01.19

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

AGASALHANDO TEMPESTADES





AGASALHANDO TEMPESTADES

Longe... não muito longe
A tempestade passava
Desta vez silenciosa

Parecia querer fazer surpresas
Rodeou os quatro cantos da rosa
Que era dos ventos

No entanto bem no centro
No lugar onde eu estava
Ela só fazia sombras no céu

A tarde tornou-se gris
E quando a noite chegou
Agasalhou a tempestade
Que em seu colo, sumiu chorosa

Mário Feijó
23.01.19

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

EM SEU OLHAR




EM SEU OLHAR

Seus olhos pareciam
O leito seco de um rio
Não havia uma gota d’água

Agora por ali
Só escorriam tristezas
Mágoas? Eu nem sei se as tinha
Mas dava pra ver lá no fundo uma angústia

E para a vida passar mais rápido
Ela girava feito a lua
Gravitando em torno da terra

Outro dia eu vi
Tempestades lunares em seu olhar
Porém não havia uma gota d’água
Apenas pedras soltas cheias de limo

Mário Feijó
22.01.19

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

COITADAS DAS BRUXAS


COITADAS DAS BRUXAS

É sempre assim
Estou sempre rezando
Pelo bem de alguém
Queria saber se alguém reza por mim?

Outro dia eu soube
Que uma bruxa rogou-me uma praga
Ah! Coitada da bruxa
Caíram-lhe todos os dentes

Chego à casa de minha tia
Que senil diz: “vou orar por você”
Mas até pouco tempo
Bastava eu dar as costas, falava mal de mim

Não importa o que façam
Teço rezas pela bruxa e pela tia
É uma forma do mal não me pegar
Coitadas de suas vassouras...

Mário Feijó
14.01.19

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

DIZEM... NÃO IMPORTA O QUE DIZEM...




DIZEM... NÃO IMPORTA O QUE DIZEM...

Eu queria poder
(Embora parecesse louco)
Chegar à janela e gritar
Até ficar rouco

Era isto o que queria
Neste momento fazer
Colocando pra fora
Todos os demônios

Que me atormentam
Que infernizam minha vida
Causando tanto prejuízo
Ao meu bem viver

Porém sou “normal”
Como todos os anormais
Tenho que ser certinho
Para não ser taxado de marginal

É tarde demais
Já abri a janela
Já gritei para o mundo
Que não posso mais viver sem ti

Mário R. Feijó
02.01.19