quinta-feira, 29 de outubro de 2015

LOUCOS

LOUCOS

Eu penso que não sou normal
Devo ser um louco
Por ainda acreditar no amor

No amor dos filhos por seus pais
No amor entre duas pessoas
No amor entre amigos
No amor de irmãos

Eu devo realmente ser louco
Por acreditar no amor que cuida
Que dá carinho
Que dá abraços

Mas muita gente perdeu-se do amor
Acredita no amor das “curtidas”
Ele está ali disponível
Diante de um simples toque

Então você compartilha bobagens
Compartilha tudo o que faz, suas brigas, seu desamor
Compartilha tudo o que come e o que veste
Porém se esquece de compartilhar a solidão que sente

Eu devo realmente ser louco
”por amar ao outro como a si mesmo”
Tentar sempre ajudar para depois
Ouvir dizerem que tudo isto era “minha obrigação”...

Mário Feijó

29.10.15 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

AS PEDRAS ATIRADAS PODEM CAIR EM SUA PRÓPRIA CABEÇA

AS PEDRAS ATIRADAS PODEM CAIR EM SUA PRÓPRIA CABEÇA
     
Sempre sonhei em fazer amigos
Entre os parentes: filhos, irmãos, primos
No entanto há uma disputa
Que nos faz ficar distantes

Amigo não julga
Apenas nos acolhe, escuta, aconselha
E parentes têm o dom de se acharem
Uns melhores que outros

Por termos uma história em comum
Deveria ser mais fácil entender
Porém o que ocorre é sermos
Sumariamente julgados e condenados

Eu gostaria sinceramente ser compreendido
Por filhos, irmãos e parentes
Porque somos humanos
E erramos mesmo sem ser intencionalmente

Mário Feijó

27.10.15

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

PIMENTA ARDIDA

PIMENTA ARDIDA

Ela era apenas uma mulher
Não era doce
Nem tampouco amargurada
Rejeitou o filho assim que nasceu
Negou-se a alimentá-lo
Abandou-o no local onde nasceu
Uns diziam ser depressão pós-parto
Mas ela não sentia amor
Por aquele menino...

Ninguém sabia a causa
Todos a condenavam
Diziam que era má
Uma pimenta ardida
Porém ela sabia que não poderia amá-lo
Não depois do estupro sofrido
Sentia ódio pelo filho
Transferido daquele
Que a fizera mulher...

Feito um animal acuado
Aninhou-se num canto
Em seus braços
Colocaram uma menina
Órfã de mãe morta
Eclampsia disseram ser a causa
E a pimenta ardida tornou-se doce
Mãe daquela menina abandonada...

Mário Feijó

26.10.15

sábado, 24 de outubro de 2015

SIMPLES ASSIM...

SIMPLES ASSIM...

Tal qual um dia de sol
O sorriso de uma criança
Uma flor que se abre
O cheiro da terra molhada
Raios de sol em gotas de chuva
O barulho do mar
Uma rajada de vento em tarde de verão
O calor do sol em manhãs de inverno
Raios de luar sobre as ondas do mar
Um galo cantando o amanhecer
A luz do sol por entre as nuvens
O brilho do arco-íris depois da chuva
O gargalhar de uma risada
O primeiro beijo em um novo amor
Um abraço apertado quando lágrimas
Estão prontas para cair

Simples assim
É a forma de viver
E de ver o universo
Que faz parte do nosso dia
Basta estar atento...

Mário Feijó

24.10.15

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

PRESENTE DE DEUS

PRESENTE DE DEUS

Um dia eu disse
Para alguém a quem amava
“Você é um presente de Deus”
Depois de algum tempo concluí
Que ela era uma provação
A que fui obrigado a passar
Com o passar dos anos
Veio a decepção e eu fui embora

Tive uma nova chance no amor
E recebi um novo presente
Caminhamos juntos
Somos parceiros na vida
E eu penso que Deus me deu
Um novo presente

O amor é algo que não conseguimos definir
Ele chega e nos envolve por inteiro
Ganhamos uma asa que nos completa
E com esta nova asa podemos voar
Somos anjos de uma asa só
E com o amor, os dois se completam,
Sonham juntos, vivem juntos
Olham em uma mesma direção
Não importa o vento
Não importa o tempo...

MÁRIO FEIJÓ
22.10.15


         

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

FORTE E DOCE É O AMOR

FORTE E DOCE

Fora das convenções
Um amor pode ser forte, doce, viril
Capaz de enfrentar a todos
E nos deixar felizes

Um amor assim não vive solto por aí
Ele não é para qualquer um
Mas para quem tem coragem
De superar o que dizem, o que pensam

Eu tenho um amor assim
E te entendo, estou pronto pra você
Mãos que atiçam a pele
Boca que amordaça palavras

Podem dizer que sou louco
Fora de época, além do vento,
Luz no fim do túnel
Louco, de outro tempo...

Mário Feijó

21.10.15

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O RABO DA SEREIA

O RABO DA SEREIA

Ela tinha ares de sereia
E por onde quer que passasse
Jogava água na boca dos homens
Rebolando sua longa cauda escamosa

E seu canto tinha
O som das marolas marinhas
E o seu rabo inspirava sonhos de amor
Vontades de amar...

Peixinhos pululavam nas ondas
Estrelas brilhavam nas gotas
Que respingavam nos homens

E os meninos sonhavam
Seus sonhos adolescentes de amor
Toda vez que na frente deles nadava

Mário Feijó

16.10.15

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

DOIS EM UM

DOIS EM UM

Ele era apenas um cavalo
Fingindo ser dois
Às vezes no campo
Noutras marinho era

Mário Feijó

15.10.15

NEM SEMPRE LONGE É INFINITO

NEM SEMPRE LONGE É INFINITO

Nunca parece ser longe
Penso até no infinito
Olho pra frente e vejo o mar

Mário Feijó

15.10.15

domingo, 11 de outubro de 2015

DOCES AMARELOS

DOCES AMARELOS

         Hoje depois do almoço peguei o jornal Zero Hora e comecei a ler o encarte de domingo, o Caderno Dona. Na capa Glória Menezes, resolvi ler a entrevista que ela deu. Sua história. Sua vida com Tarcísio Meira. Sua filha Maria Amélia chegando e eu dormi com elas chegando para a entrevista. Nesta hora eu dormi ou fui transportado para a entrevista. Não gostei de Maria Amélia. Não foi receptiva comigo (desculpe Maria Amélia, não conheço você pessoalmente).
Conversa vai, conversa vem, estávamos naquela mansão toda branca. Linda e branca. Criados por todo lado. Não sei se era a casa de Glória e Tarcísio, mas me pareceu que sim. Tive sede e como não achei água, nem os criados ofereceram eu levantei uma orquídea e tomei a água que estava no vaso.
Conversando com Glória apresentei-me como escritor e fui ao carro buscar alguns de meus livros. Achei quatro dos mais antigos, mas os três últimos não estavam lá. Fiquei decepcionado. Queria mostrar os trabalhos mais recentes. Tudo isto fazia com que Maria Amélia antipatizasse mais e mais comigo. Parecia que eu não era competente e eu queria provar que era.
Trouxe-os mesmo assim e até entreguei um exemplar do meu livro infantil “O Menino Molhado”, não sabia se ainda havia crianças na família, mas pensei que Glória pudesse ter bisnetos.
Sugeri que, se ela permitisse, escreveria sua biografia. Ela mostrou-se feliz e eu disse que já tinha escrito a de Fernanda Montenegro (no sonho era real, mas mesmo em sonho acho que delirei).
Nesta hora Maria Amélia disse:
- Mamãe, o título poderia ser “Doces Amarelos”, são os que a senhora mais gosta.
No sonho foi lindo. Todos aprovaram imediatamente e eu achei incrível. (Quando acordei achei bobo). Porém no sonho eu pensava em “pastel de Belém” e “fios de ovos”, delícias portuguesas que Maria Amélia disse que a mãe provara em Portugal e adorara.
O local onde eles moravam era algo cinematográfico. Havia um jardim muito grande e bem cuidado. Flores por todo lado, mas, os criados, não sei qual o motivo, ficavam todos na saleta escutando a conversa. E eu ali morrendo de sede.
Comecei a conversar com Glória e a planejar o livro. Tinha vontade de assistir a peça que ela apresentaria hoje em Porto Alegre (Ensina-me a viver), eu já lera o livro e me divertira muito, mas não o motivo, não poderia ir. Além do mais ela estava ocupada demais com a entrevista e com a peça que mais tarde apresentaria no Teatro São Pedro, por isto eu não poderia ficar mais ali. Sai e, morrendo de sede, voltei a beber a água do vaso de orquídeas, pensando em mil histórias daquela diva da televisão para colocar em Doces amarelos.

Mário Feijó
11.10.15


sábado, 10 de outubro de 2015

VOCÊ NÃO SABE PEDIR

VOCÊ NÃO SABE PEDIR

Não sabe pedir ajuda
Não sabe pedir perdão
Você não sabe dizer “eu te amo”
E chora por solidão

Quer que tudo aconteça rápido
Mas demora a reagir
Enquanto o dia acaba
A noite já vai surgir

Enquanto isto o tempo passa
As horas vão passando
E as oportunidades também
E você fica ali parado
Esperando o dia que vem

Mas não vem um novo dia
O que se apresenta é uma nova noite
E você fica perdido
Sem a ajuda de alguém

Abra seus braços para o amor
Abra seus braços para a vida
Quando se ama tudo é mais fácil
Até mesmo uma despedida...

Mário Feijó

10.10.15 

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

QUANDO SAIS

QUANDO SAIS

Tenho dores de ida
De parto, de partida
Quando os poemas
Em mim são gestados

E as dores de parto,
De partida, quase ida,
Saem de minhas entranhas
Levam de mim sofrimentos, manhas

Expõem-me ao vento
Arde minha pele ao sol
Sou inteiro descoberto
Em minh’alma nua

E quando sais escorrem
Num gozo benéfico
Como se foras um filho(a)
Ganhando o mundo e outras vidas...

Mário Feijó
09.10.15


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

SILÊNCIOS

SILÊNCIOS

O silêncio apossou-se de mim
Estou estarrecido
Com a desfaçatez
Daqueles que
Eleitos pelo voto
Pensavam serem eleitos reis
Amealhando o que não é seu
Enriquecendo suas famílias
Empobrecendo toda uma nação
A falta de vergonha
É uma maldição
Que tem afetado
Os políticos do Brasil
Que emudece minha dor
Ao ver tão poucos
Querendo impor
Uma liderança através da ilegalidade
E da extorsão dos bens do povo
Em benefício de si próprio...

Mário Feijó

08.10.15

CAMELINHO

CAMELINHO

         Nascido em Lagarto, cidadezinha do interior de Sergipe, filho de pequeno agricultor, ele tinha mais que dez irmãos, não lembrava mais ao certo quantos eram, tinha a mente enevoada pelas doses de “branquinha”, que ao seu ver “não faziam mal a ninguém”.
Pessoas que se envolvem com o álcool e outras drogas, geralmente não têm consciência de que são doentes. Com eles, algumas vezes, adoece junto toda a família.
No entanto, nosso personagem real, quando me conheceu logo pediu que eu escrevesse sua história. Pouco me contou. Nomes e datas, naquele momento eram inexatos, mas para que o personagem não perdesse a aura de personagem, misturado a um toque de realidade eu preferi não me aprofundar nas suas angústias de ser humano.
Disse-me ele que com quatorze anos saiu de casa, indo embora de Sergipe para São Paulo. Foi fazer a vida e veio para o sul (São Paulo fazia parte do sul, na época). Deixou gente chorando por ele. Seis anos depois seu pai apareceu para buscá-lo. Ele disse que voltaria, mas nunca mais voltou.
- Vá meu pai, eu estou terminando um serviço aqui e quando estiver pronto volto.
Ao certo naquele momento não disse se tinha voltado. Depois descobri que nunca mais voltou.
Logo novo começou a namorar uma linda jovem. Não deu certo com ela, mas foi se envolvendo com sua irmã e acabaram casando algum tempo depois. Esta era muito brava, mas ele disse que tinha paciência e que já ia fazer 50 anos que estavam casados. Eles têm muitos filhos e netos e os problemas são muitos, “mas quem não os tem”? disse-me ele, numa lucidez ingênua.
São personagens assim “doloridos” que nos inspiram a escrever outros na ficção. No entanto, mesmo os mais lúcidos dos humanos, nunca sabem quando vivem uma fantasia ou uma realidade efêmera. Há várias formas de se fugir da realidade. Há muitos subterfúgios para que se possa viver uma fantasia. Há gente que se viciam em comida, em sexo, em dinheiro, na mentira ou até mesmo nas drogas e se fingem felizes.
Ser real algumas vezes é dolorido demais e penso que “aquele senhor” tem muitas dores armazenadas em seu peito e sem saber resolvê-las esconde-se na bebida e passa os dias anestesiado por ela. Fica mais fácil viver no limiar do real e da fantasia, desta forma ganha asas, e viver fica muito mais difícil.
Ele ainda sonha em viajar de volta para Sergipe com a esposa e pensa em conhecer o sul.
E lá no interior de São Paulo ouço seus netos dizendo “eu nunca vi o mar”, com olhos de sonhadores.
Ah! Camelinho é o nome da cachaça que ele traz escondido embaixo do braço, para ninguém ver, escondendo no meio do mato onde de vez em quando vai soltar o gado que está preso.

Mário Feijó

08.10.15        

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

AMIGO

AMIGO

Amigo não mede abraços
Amigo não mede palavras
Amigo não julga
Amigo não mede caminhos

Amigo chega e te envolve
Amigo te ouve quando precisas
Amigo te diz verdades doloridas
Porque amigo nos ama
Do jeito que somos...

Mário Feijó

07.10.15