quarta-feira, 21 de novembro de 2012

SOLITÁRIA?





SOLITÁRIA?

Quando eu era criança
De tão magro diziam
Que havia dentro de mim
Uma voraz solitária...

Enganavam-se! Eu não comia o suficiente
Porém passei a acreditar
Que tudo o que comia sustentava o verme
Que morava no meu interior...

Acabei por me tornar
Um ser acompanhado
Porque dentro de mim
Morava uma companheira...

Hoje compreendo melhor a vida
Sei que não tenho mais companhia
Foi aí que descobri
Que o solitário era eu...

Mário Feijó
21.11.12

P.S. desculpem a temática, mas ontem lembrei deste assunto e resolvi brincar com ele...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

PENSAMENTO DO DIA

(Foto: Marciano - site: www.olhares.com.pt)



Temos que ter a humildade de aceitar que estamos nesta vida para aprender, então não perca a oportunidade de participar de todos os eventos que a vida te proporciona, sejam eles fatos da natureza, a leitura de um livro, um poema, um filme ou simplesmente estendendo os braços para um abraço...

Mário Feijó

O MISTÉRIO DA LUA CRESCENTE



O MISTÉRIO DA LUA CRESCENTE

Eu poderia ter vivido e sobrevivido sem conhecer a delícia de estar contigo. Foste do jeito que eu sempre sonhei: corpo cheiroso, beijos ardentes, alguém que fazia amor como ninguém jamais soube fazer. Pele macia, gostosa, boca deliciosa que sabia beijar e que me falava de amor, do jeito que eu queria ouvir.
Tudo durou apenas um mês e eu voltei à minha antiga solidão. O tempo parou. Nada mais aconteceu de novo e até a lua continua crescente há muitos dias. Tenho a impressão que ela não sai mais do lugar. Será que no resto do mundo ela continua a crescer? Aqui no meu quintal não.
Hoje resolvi sair, caminhar, o sol estava totalmente aberto, sem nenhuma nuvem. De repente olho para o céu e lá estava a lua novamente a me acompanhar. Parecia meio entristecida, mas não me abandonava nem durante o dia. Quero ver esta noite se ela fará plantão em minha janela...
E o tal amor-perfeito? Eu sabia que amor perfeito ele não era. Talvez até fosse uma flor de cactos que abre por uma noite e quando o sol desponta morre, apodrece. Eu sabia que era uma pedra falsa, mesmo assim deixei me enganar, eu queria me iludir, acreditar que poderia ser feliz, que tinha este direito.
Acabei me mudando para um reino encantado e fiz de nós “sapos” príncipes encantados. Contento-me com tuas roupas intimas que ficaram esquecidas em meu quarto. Ligo para o teu telefone e só ouço mensagens de “deixe seu recado”, mas eu não quero deixar recados, eu quero te ouvir, quero saber o que houve para que te fosses sem nem me dizer adeus.
Tudo foi tão bom, mas se era só para eu ter provado a felicidade de ter conhecido você eu preferia ter continuado como estava antes de te conhecer. Dói muito mais provar e ficar na saudade do que sonhar com amores platônicos.
Agora vivo a frustração de que ninguém será perfeito como foste. E minha cama parece enorme sem ti. Os meus dias ficaram vazios e eu sinto falta do teu sorriso que era a luz que me iluminava.
Sei que voltarás, mas o tempo parou pra mim enquanto pra ti a vida continuou. Não seremos mais os mesmo porque terás mudado e eu parei no tempo enquanto te esperava...
E a lua? A lua continua no céu pela metade, feito eu aqui na terra...

Mário Feijó

(foto: Laurence Leveder - França)
20.11.12

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

À TUA ESPERA



À TUA ESPERA

Conto as horas que passam
Os dias, as noites e os gemidos do vento
Tudo parece o mesmo
Até a lua crescente de ontem
Hoje estava no mesmo lugar
Eu também, porém tu não voltas...

O que será que acontece contigo
Enquanto eu fico à espera?
Era só o que eu queria:
Que tu estivesses aqui, agora...

O meu corpo sofre
A abstinência da tua ausência
A Minh’alma parece sumir
Feito água que se infiltra numa rachadura...

Mário Feijó
19.11.12

ESQUECENDO DE MIM



ESQUECENDO DE MIM

Parece que tudo parou
Faz três dias que olho para o céu
E a lua crescente continua no mesmo lugar
Fico com a impressão que não cresceu
Está vazia feito eu...

As pessoas continuam suas vidas
O vento é o mesmo
Gemendo em minha janela
Como se me cobrasse uma reação

Parei de ter expectativas
Cansei de tudo, até de sofrer
Então tudo parece também parar
Feito a lua permanente no céu

Só minha velhice continuou a toda velocidade
Eu ganhei mais rugas
Os cabelos encanecem
E a minha memória quer
Que eu esqueça de mim...

Mário Feijó
19.11.12

DIAS DE SOLIDÃO



DIAS DE SOLIDÃO

                Hoje foi um daqueles dias em que pesou a falta de alguém ao meu lado, a falta de abraços que a vida não tem me dado, a falta de calor humano. As pessoas estão muito preocupadas consigo mesmas e eu não passo de um lixinho que pode ser jogado para debaixo do tapete. Pode ser até depressivo, mas não estou com dó de mim.
                O natal de aproxima, mas antes dele ainda tenho que passar pelo meu aniversário que me diz “viu? Sua vida está indo pro saco”. Este foi um ano em que eu não precisei de nada, além de ter feito três mudanças, eu só precisei de solidariedade. A única que foi solidária neste período foi Juliety (a cachorra poodle), porém eu tive que dá-la com medo que ela se atirasse da sacada muito baixa, mas quem tem vontade de se atirar da sacada agora sou eu...
Atraquei-me a uma garrafa de champanhe sozinho por falta de companhia. Estou a algum tempo pensando o que fazer nas festas de fim de ano. Queria ir para algum lugar, mas a desmotivação não me deixa nem escolher que lugar... meu sonho seria que alguém sugerisse “vem pra cá, minha cidade é um ótimo lugar, sossegado”, aí eu compraria uma passagem de avião e iria pra lá. E nem precisam cuidar de mim, eu sei me cuidar sozinho e também não sou sempre assim, geralmente sou uma pessoa melhor, alegre, mas ainda sopro minhas feridas...
Hoje passei o dia na cama, sem disposição para me levantar. Já fui até à academia que fica na frente da minha casa para me matricular. Penso que preciso de exercícios para produzir endorfinas, mas quem disse que fui fazer as aulas?
E as meninas nem percebem minha aflição (crio duas netas adolescentes, para quem não sabia)... Gente eu não quero pena, dó de ninguém, só quero um abraço, forças para prosseguir. Meus dias de vida doméstica estão me exaurindo. E meus problemas até são um pouco maiores, mas eu resolvi amenizar as tintas. Não sou e não quero ser “coitadinho”...
Estou cansando de fazer comida, de varrer a casa, de lavar louças. Não nasci pra isso, aprendi a fazê-lo, visto que já passei alguns perrengues na vida. Não me lamento por isto, pois consigo olhar para os lados e ver que tem muita gente em pior situação, mas o que eu posso fazer se neste momento o que mais precisava era de braços quentes ao redor do meu corpo.    
Resolvi escrevi sobre este dia e os dias que tenho passado, não para chamar atenção sobre a minha pessoa, mas porque sei que tem muita gente em situação pior que a minha. Precisamos reagir.

Mário Feijó
19.11.12