segunda-feira, 31 de outubro de 2022

MEU ENCONTRO COM PABLO NERUDA

 


MEU ENCONTRO COM PABLO NERUDA

              

Esta noite eu estava visitando a casa de uns amigos, porque lá havia uma festa, e ao sair dela com Sandra, Bela, Ana e Dione encontrei com Pablo Neruda. Vejam só: ele morava na casa ao lado e acabara de passar por mim. Não dava para deixar passar em branco, nem calar. Chamei-o e disse:

- Eu também sou poeta. Adoro seus trabalhos.

Conversamos rapidamente e eu lhe disse que acabara de lançar um livro de poemas “histórias de amor PARA TE SEDUZIR”. Ele me disse que gostaria de possuir um exemplar. Eu falei que ia trazer.

Neruda tinha os cabelos cinza, compridos e desgrenhados. Usava uma calça preta e um casaco tipo cardigã, tricotado a mão, com uma linha bem grossa. Por sinal um lindo casaco. Fez-me lembrar a foto que tinha visto na capa de um de seus livros que eu tinha visto quando tinha 15 anos. A barba estava por fazer e, ele muito simpático, eu tinha vontade de conversar mais, no entanto sem graça se afastou porque uma voz de mulher o apressava para o interior da casa. Minhas amigas, sem entenderem nada e não dando importância ao homem, também me chamavam com urgência.

No chão do quintal de sua casa haviam marcas de muitos pés desenhados e salientados com uma cerâmica salmão clarinha que me inspiraram estes versos:

PÉS

No chão da tua casa

Eu descobri a alma de teus passos

Por onde passavas

E no chão ficavam

As marcas de teus passos

 

Era um chão à beira-mar

Onde o cheiro de maresia predominava

Eu via Neruda, em teus pés,

A imortalidade da poesia abandonada

 

No ar ficou um sorriso simpático

A beleza gris dos teus cabelos

E a elegância de um blusão de lã

Que penso tua musa tricotara

Em noites de deleite...

 

Mário Feijó

31.10.22 (3h15m da madrugada)

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

O MENINO E O TEMPO

 


O MENINO E O TEMPO

 

Havia um menino na minha cidade que não tinha idade. Talvez ele já fosse um homem, não sei. Ele queria mudar o mundo. Fazer do planeta um lugar melhor para se viver. Amava os bichos e as plantas, e, tinha cuidados com o planeta Terra. Não a poluía com óleo e plásticos e vivia a plantar flores mundo afora.

No entanto o tempo interferia em seu viver. O sol e a lua faziam dele marionete.

Hoje caiu sobre a cidade uma ventania, seu peito batia mais forte. Seu sangue pulsava revolto feito as ondas do mar. Em noites de lua cheia quando ela surgia frajola no céu em sua saia de nuvens. O menino tem dores no corpo e sua alma sai pela noite em busca da luz do luar.

O sol majestoso em seu esplendor do verão transpassa sua pele e toca seus ossos como se fora um bálsamo a solidificá-los.

O menino não vive longe do mar. Sente falta do cheiro da maresia quando sobe a serra e fica um tempo por lá. Seus músculos se enrijecem e sua pele começa a secar longe do barulho das ondas.

Eu penso que este menino não é um ser deste planeta. Ele deve ser etéreo, uma entidade que a qualquer momento irá se desintegrar viajando pelo espaço em direção a uma estrela dentro de uma galáxia distante. Ele sabe como viajar pelo tempo, se deslocar pelo espaço e conquistar no universo o lugar que lhe é de direito e de lá ficar emanando luz a todos que estão perdidos neste planeta, no decorrer do tempo.

 

Mário Feijó

10.10.22  

domingo, 18 de setembro de 2022

ALARIDO DO MAR

 


ALARIDO DO MAR

 

Era primavera

E mesmo assim meu corpo

Tremia como se ainda

Inverno fora

 

O meu corpo gelado

Da cabeça aos pés tremia

E eu sentia falta do teu calor

Que me aquecia nas noites frias

 

No sul do Brasil o frio

Fazia as flores murcharem

E no centro-oeste do país

O calor lembrava alguma estufa

 

No meu quarto

Tento me aquecer

Ouvindo o vento na janela

E o alarido do mar

 

Mário Feijó

06.10.22

MEU PRIMEIRO AMOR

 


MEU PRIMEIRO AMOR

(a história de amor de José Antônio e Alzira)

 

Com uma letra ligeiramente arrastada ele datou 19.10.45, convidando sua noiva Alzira para ir, no outro dia, à Festa de Chico Cap. Dizia ele “a saudade está me maltratando e eu fiquei sabendo que amanhã à festa”.

Estava José Antônio na Fazenda Lúcia da Floresta e Alzira numa outra fazenda, e pouco podiam se ver, onde a condução era feita através de cavalo ou horas andando a pé.

A filha mais velha do Sr. José encontrou esta carta, quando ela já tinha mais de setenta anos, entre coisas que pertenceram a ele.

Descobriu-se que a noiva, Alzira, acabou morrendo um tempo depois e ele acabou encontrando um novo amor, sua mãe, D. Judite e com ela teve 16 filhos.

A tal carta, na realidade não passa de um bilhete, tanto é que começa da seguinte forma:

“Minha querida noiva Alzira, desejo que estas duas linhas te encontrem bem e com saúde, o que está me maltratando é as saudades tuas que são por demais. Queira aceitar uma saudosa lembrança deste seu amante e noivo José Antônio”.

Acaba colocando um P.S. e a convida a estar presente na festa do dia seguinte.

É encantador perceber que ele era um romântico e apaixonado e não tinha vergonha de declarar seu amor quando sabemos que os homens, ainda hoje, têm dificuldade para externar o amor que sentem.

Agora, deixar isto registrado é outra coisa e pelo visto a carta sobrevive por mais de 75 anos e não deve ter chegado às mãos de Alzira, pois estava guardada entre os pertences do falecido pai de D. Iracy.

Acredito, ainda, que D. Judite, sua mãe, o segundo amor do Sr. José Antônio não soubesse ler, caso contrário a carta não teria sobrevivido entre as relíquias dele.

 

 

Mário Feijó

18.09.22   



 

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O QUE É VIVER SEM ESPERANÇA?

 


O QUE É VIVER SEM ESPERANÇA?

 

Viver sem objetivos, sem esperança é o mesmo que estar sob a luz do sol e não sentir a claridade. É ter a sensação de que você caiu em um buraco, sem conseguir se levantar.

Há dias em nossas vidas que nos sentimos assim. Eu falo no plural porque já percebi que não sou o único a sentir isto. E, também, porque são muitas as vezes em que isto acontece em nossas vidas.

E, não é só pelo risco que minha vida toma, mas por olhar para a humanidade e perceber que o ser humano caminha para trás.

São os políticos que mentem para conseguir votos. São os “amigos” que se aproximam buscando vantagens. São os parentes que fingem amor para arrancar o que acham ser direitos seus, quando na realidade fomos nós quem estudamos, trabalhamos, passamos por dificuldades para adquirir o pouco que temos.

Há dor em meu jeito quando vejo sempre alguém querendo arrancar de nós algo que eles não merecem. É como você chegar numa horta em que nada ali você plantou e você colhe tudo o que ali tem como se tivesse cuidado da terra e semeado as sementes que agora frutificam.

Onde está a consciência, a inteligência, a solidariedade do ser humano que não dá crédito a quem plantou e que agora colhe frutos como um direito seu.

Quando vejo isto fico chocado com os demais seres humanos e penso: “será que somente eu penso assim?” será que são poucos os que querem construir uma sociedade melhor?

Segundo os ensinamentos religiosos até Deus trabalhou para “CRIAR”.

Quando penso por um lado lúdico, mas que todos sempre têm sua parcela na realização de um mundo melhor, para que depois possamos usufruir as benesses da criação e um dia descansar.

Não quero mais viver sem esperanças. Quero acreditar que tudo vai mudar, embora a realidade esteja muito distante disto.

Mário Feijó - 02.09.22

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

UMA ESMOLINHA POR FAVOR!

 


UMA ESMOLINHA POR FAVOR!

 

Quando eu era criança pensava em ser dono de uma “vendinha”, tipo “secos e molhados”.

Para sobreviver já vendi de tudo, desde laranjas a pedacinhos de coco. Artesato de esponjas e roupas.

Por não saber qual profissão seguir fui deixando a vida me levar e acabei sendo “administrador de empresas”, formado na Universidade Federal. Não sei se aprendi a administrar alguma coisa porque sempre me deixei levar pelo coração.

Tornei-me um adulto e sempre me virei, mas mesmo empregado acabei vendendo roupas. Rendeu durante muito tempo, porém eu estava me sentindo um mascate, batendo de porta em porta.

Um dia trabalhando na Universidade, aquela onde eu havia me formado, geralmente, nas folgas ou à noite, feriados e finais de semana eu saia para vender, mas por não ter ainda celular, na época, cometi o que considero o maior fiasco da minha vida. Uma família inteira encomendou roupas comigo e, eu achando que a data era outra não levei as roupas e cheguei na casa depois do casamento. Foram todos ao evento com as roupas que tinham em casa. Até hoje procuro um buraco pra me esconder. Desisti da venda de roupas, por este e outros motivos que não vem ao caso.

Por problemas de saúde, acabei me aposentando na Universidade Federal de Santa Catarina e comecei a pintar e levar mais a sério minha escrita, visto que na Universidade eu já trabalhava com revisão de teses e trabalhos científicos. Em 1987 tive publicado meu primeiro livro de poemas chamado “ENCONTROS E EMOÇÕES”, meu primeiro livro solo. Mas também já publicava no Jornal Universitário e jornais locais.

Sempre vendi tudo tão facilmente que para não perder o pique ainda hoje trabalho vendendo produtos Natura – a casa de perfumaria do Brasil. Porém quando se trata de vender meus livros sinto como se estivesse pedindo esmolas.

Estamos em um país, onde a arte e a cultura não são valorizados nem reconhecidos como deveriam. Gastamos muito dinheiro para fazer um livro, sem incentivo, sem patrocínio e algumas pessoas dizem: “você não vai me dar um livro!”. Os órgãos públicos não investem em talentos locais preferindo pagar fortunas a talentos consagrados.

Dos quadros e telas, que já pintei, acabei desistindo e parti para o artesanato, porém acontece o mesmo. Não importa se o valor é pequeno ou grande, a reação das pessoas é igual, todo mundo acha que é fácil e que não gastamos nada com material com o qual trabalhamos.

Hoje um livro com recursos próprios, mesmo numa pequena quantidade só será vendido em dois ou três anos e temos que tirar do bolso o montante integral para confeccioná-lo em trinta dias.

Portanto quando ofereço um livro a alguém parece que sou uma daquelas pessoas na rua que diz: uma esmolinha, por favor!

 

Mário Feijó

19.08.22

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

NADA ACONTECE POR ACASO

 


NADA ACONTECE POR ACASO

 

Nem as folhas das árvores ou as pessoas que passam por nossas vidas e, se nós ou os outros não aprendemos com os fatos é porque não era a hora e a lição, fica aí o exemplo.

O mundo estão interligados. Vivemos uma situação que pode ser comparada a um espelho. Muito do que aqui fazemos se espelha em outro lugar. Os fatos e os atos servem de lição.

O ser humano traz muito de suas experiências nos sentimentos e atitudes que aplica em sua vida e, se alguém não aprende a perdoar e guarda rancor por muito tempo é porque ela precisa desta energia para adoecer e se autopunir.

Nada é tão efêmero como a vida das borboletas que vivem pouco mais de um dia ou da vida das tartarugas que vivem em torno de oitenta anos.

Nada é mais belo que a fidelidade das araras que vivem para um único parceiro ou mais bonito que um galo, que necessita de um galinheiro inteiro ou, tão belo quanto os golfinhos que amam parceiros machos e fêmeas. Tudo tem uma razão na complexidade do planeta.

Muita gente não sabe que as águias vivem quarenta anos, nesta idade então se debate sobre as rochas para perder suas penas e as que sobram elas arrancam com o próprio bico, ficando depois escondidas esperando as penas crescerem para que elas possam novamente, rejuvenescidas voltarem a voar e ter uma nova chance por mais quarenta anos.

As plantas também lançam ao solo suas semente que só desabrocham em solo fértil e propício. Mas que no outono perdem suas folhas para poder enfrentar as intempéries do inverno.

E, nós seres humanos, o que fazemos por nós e pelos demais... a maioria, só pensa em acumular dinheiro ou bens, para morrer de repente e tudo ficar onde sempre esteve. Existem humanos que adquirem propriedade e quando morrem tudo se perde porque não ensinou aos filhos a dar valor ao que tem. E, as propriedades são invadidas ou, o governo as toma porque aquele herdeiro não sabe ou não tem como pagar os impostos obrigatórios. Os exemplos são muitos e as lições são jogadas ao vento pelos que desaprendem até a respirar e fazem da comida sua “bengala” armazenando gordura desnecessária no próprio corpo.

Respire fundo. Não desaprenda o básico. Não se curve demais, para não sofrer dores na coluna, mesmo jovem. Tudo é uma questão de postura diante da vida. Use o amor como combustível diário e a fé de que, sempre, tudo se resolve quando nossas energias estão equilibradas. E veja bem, não estamos falando em religião. Tudo que é demais também faz mal neste sentido. Mas em fé! Na força da natureza. Na energia das coisas da natureza: pedras árvores, bichos, vento, ar, mar, sol, chuva...  na fé em nós mesmos, de que tudo podemos, basta saber esperar. Algumas vezes os frutos não estão maduros. Não é a hora de comê-los. Então aproveite a flor e deleite-se, logo você estará comendo os frutos que virão quando ela cair. E, não matem as borboletas que virão até elas polinizando todas as árvores.

 A energia da lua está demonstrada até na força das marés. E os astros e estrelas também lançam suas energias sobre a terra. Exercem poder sobre nós. E isto não é ficção, é ciência, e, para isto não precisa de fé porque acontecerá independente de querermos ou não. De acreditarmos ou não. Basta usar a inteligência que temos e que não está em nossas cabeças como enfeite. Ela tem utilidade. Ela tem uma razão.

Há pessoas que passam pela vida sem perceber que são inteligentes e vivem apenas sua vida animal. É hora de evoluir. É hora de acreditar que podemos ser diferentes! Que podemos ser um pouco melhores que os demais.

Então nesta hora, eu olho para uma árvore e mais uma folha cai. É hora de renascer! É hora de evoluir, de provar para mim que eu posso! Que eu quero e assim será!

 

Mário Feijó

17.08.22      

CIRANDA

 


CIRANDA

 

A minha cabeça ferve

Fico girando, girando

Numa ciranda de eventos

Onde não sei pra onde vou

 

Se fico exposto o sol me queima

A chuva me molha

O frio me congela

O calor me transforma

 

E o mundo gira

Feito um carrossel num parque de diversões

E a minha cabeça gira, gira, gira

Enquanto eu rolo ladeira abaixo

 

Era um menino ingênuo

Solto numa selva e pedra

Em meio a lobos famintos

E hienas traidoras...

 

Mário Feijó

18.08.22

BASTA QUERER-ME BEM

 


BASTA QUERER-ME BEM

 

Se você me ama de verdade

Basta querer-me bem na medida certa

Nem de mais, nem de menos

E quando acordar cedo

E estiver longe de mim

Dê um jeito de me dar bom dia

E de vez em quando dizer que me ama

E que de mim precisa nos seus dias

Para regar este amor

Como se rega uma planta

Mas também quando estiver por perto

Faça-me um carinho sempre que possível

Dar uns beijinhos, e, se quiser leve-me na cama

Um gostoso café e lá me dizer: bom dia!

Porém não se esqueça

É imprescindível que eu perceba

Que sou importante pra você

Lembrando de me querer sempre bem...

 

Mário Feijó

18.08.22

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

A CIGARRA, A FORMIGA E OS HUMANOS

 



A CIGARRA, A FORMIGA E OS HUMANOS


Pensando na minha situação atual e no rumo que ela tem tomado no decorrer dos tempos lembrei-me da fábula da Cigarra e da Formiga, de Esopo...

Muitas das pessoas que passaram por minha vida: parentes, amigos ou só conhecidos, também agiram feito formigas ou cigarras. Não importa qual a razão que os faça seguir seu destino, se por um ou por outro estilo de vida.

Eu, jamais deixei de comer ou fiz qualquer sacrifício com o objetivo de TER. nunca pensei em ter várias casas, barcos ou muitos carros. Sempre vivi confortavelmente e tendo em vista o sistema financeiro brasileiro nunca fiz uma polpuda poupança.

Agora, que passei dos setenta anos, olho para os lados e vejo que nem casa própria eu tenho. E, caso me aconteça algo mais sério, nem tenho quem cuide de mim. Todos seguiram seus caminhos e ninguém olha para trás. 

Eu é que comecei a olhar pra frente, e isto tem me assustado. Não gostaria de ir para um asilo, porém, penso que estou sem opções. Por isto me veio a fábula da Cigarra e da Formiga. Conclui que na vida “cantei” mais e trabalhei “menos”, ou seja não acumulei riquezas para minha guarida futura. Não tenho sequer um “quartinho” na casa de ninguém.

Deve ter muita gente vivendo algo parecido, por isto, pensei em registrar numa crônica para quem me ler faça melhores escolhas que eu. 

No Brasil não fomos educados para poupar, aí na hora decisiva não temos para onde ir. Nem para colocar a “viola no saco” e seguir em frente dará.

Vamos pensar juntos que um dia alguém pode bater na nossa porta e dizer: 

- Saia! Eu preciso desta casa!!!

E agora o que podemos fazer...


Mário Feijó

12.08.22

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

EXAGEROS À PARTE

 


EXAGEROS À PARTE

 

               A que ponto chegamos! Ter que voltar a um lugar dentro de casa para lembrar o que tínhamos que fazer porque esquecemos.

               Há algum tempo atrás haviam pessoas com quarenta e poucos anos que eram consideradas velhas. Hoje aos setenta, alguns parecem ter cinquenta, ganhamos também em longevidade. No entanto não ler, não escrever, não fazer artes, não exercitar o corpo e a mente podem causar sérios distúrbios.

Há os que colocam a banheira para encher e quando percebem a casa ou o apto está alagado, põe a culpa num vazamento.

Há quem coloque algo no forno e só se lembre de quando toca o alarme de incêndio do prédio porque toda a casa está enfumaçada.

Mas há os que colocam algo no forno e, esquecem-se de ligá-lo. Daí perto do meio dia descobre que não tinham ligado o fogão. Menos mal, não queimou o assado... Ele ainda está cru. Pior seria esquecer-se de comer. Aí o caso é mais sério...

Tem gente que sai para fazer compras, tipo eu, que vai ao mercado para comprar pão, saio de lá carregado de sacolas. Quando chego em casa lembro que esqueci do pão.

Alguém me contou que foi pra cidade de carro fez suas voltas, depois ligou para o marido busca-la. Quando chegou em casa viu que seu carro não estava lá. Ligou para polícia dizendo que tinha sido roubada. Dias depois lembrou onde o carro estava. Foi buscar e avisou à polícia que devolveram na sua casa.

Tem uma outra que foi trabalhar e voltou de ônibus. Em casa lembrou que deixou o carro no serviço. Menos mal, no outro dia foi de ônibus e o carro estava lá, quietinho!

Teve uma que me disse que colocou seus panos de prato para ferver numa panela e esqueceu. Sentou-se para ver Pantanal, envolveu-se no beijo da Juma e do Jove e viu a fumaça pela casa. Pensou a coisa tá pegando fogo. Eram seus panos de prato que tinham virado cinzas.   

 Outra não queria contar, mas devagar confessou algo apavorante. Ouviu tiros pela casa, pensou que eram balas perdidas. Que nada! Ela tinha posto vários ovos de codorna pra cozinhar e se esquecera. Era ovo pra todos os lados estourando. Por pouco não recebera um na testa.

Outra me contou que quando jovem comprou aipim (mandioca) para cozinhar com casca. Era recém-casada. Teve que jogar aquela água barrenta e o aipim fora. Tinha ouvido a mãe dizer que aipim novinho abria fácil.

Consolem-se! Gente jovem também faz destas coisas.

No entanto se serve de consolo: ler, fazer exercícios, fazer palavras cruzadas, ler poesia, escrever histórias, ouvir mais música e ver menos televisão ajudam a mente a se exercitar.

Imaginar é tudo de bom. Sonhe! Viaje mais! Compre menos e viva saudavelmente...

 

Mário Feijó

10.08.22

terça-feira, 9 de agosto de 2022

PERALTICES

 


PERALTICES

 

Com a maturidade percebi

Que entrava em um túnel

Onde havia pouca gente

E os que ali estavam não se ajudavam

 

A maturidade me deu

A liberdade para ser verdadeiro

Para viver melhor minhas experiências

E para dizer tudo o que sinto

 

Porém me trouxe mais sensibilidade

Para não aceitar tudo o que me imposto

E para perceber que há muito mais interesse

Que amor nas pessoas que se aproximam

 

Se por dentro eu me sinto jovem

Por fora já não desperto mais interesses físicos

E o corpo não obedece mais

Ao jovem peralta que dentro de mim habitava

 

Mário Feijó

31.07.22

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

histórias de amor PARA TE SEDUZIR

 


 


ESTE É MEU NOVO LIVRO COM HISTÓRIAS DE AMORES E DESAMORES, MAS HISTÓRIAS VIVIDAS NO DIA A DIA... SÃO 201 POEMAS E SE VOCÊ ESTIVER INTERESSADO FAÇA UM PIX PARA A CHAVE 51.99220.9966 E ENCAMINHE PARA ESTE MESMO NUMERO O COMPROVANTE E O ENDEREÇO E NOME DA PESSOA PARA QUEM QUER A DEDICATÓRIA E LOGO EM SEGUIDA O RECEBERÁ...

MAIS UMA LUZ QUE SE APAGA EM NOSSAS VIDAS

 

MAIS UMA LUZ QUE SE APAGA EM NOSSAS VIDAS

À amiga Vera Dalsasso

 

        Vera Dalsasso é minha amiga há cinquenta anos. Desde 1972 quando entramos na universidade como adolescentes e calouros de um curso que ainda não sabíamos qual fazer. Ela fazia parte do grupo que comigo estudava depois das aulas e antes de cada prova, principalmente provas de matemática, cálculo e estatística. Também era do grupo que matava aulas chatas, saindo da sala logo depois de responder a chamada, para jogar dominó, no diretório dos estudantes da nossa faculdade.

Depois de algum tempo estudando juntos e convivendo passei a frequentar a casa de sua família, convivendo com seu pai Sr. Osmar, sua mãe Kika, seu irmão Toninho e também com Rodolfo, seu outro irmão – todos falecidos há muito tempo e precocemente. Foram grandes parceiros de noitadas de canastra que iam até o dia clarear, a Kika só ficava observando de longe e rindo daquela confusão, parece que tudo isto foi ontem...

Com Toninho (na época estudante de Engenharia na UFSC) enfrentei várias peripécias com o objetivo de jogar cartas, até o dia em que fomos jogar com a Iracy e o Francisco, irmã e cunhado deles, acampados na Praia dos Ingleses, na Ilha de Florianópolis. Nós dois numa motocicleta dirigida por Toninho quase fomos atropelados por uma pata voadora. Sim! Literalmente, ”dois patos atropelados por uma pata” seria a manchete do Diário Catarinense, na segunda feira, caso não tivéssemos nos abaixado na moto evitando o tal atropelamento. A pata deve ter feito de propósito e, por pouco não me caga na cabeça. Foram muitos os episódios de “briga” na mesa de jogo, mas depois não ficava mágoas. Era uma casa de italianos com um estranho no ninho.

Eu e Vera fizemos pós-graduação em administração de cooperativas na UNISINOS, depois de formados em administração na UFSC e, viajávamos a cada quinze dias para São Leopoldo, no Rio Grande do Sul enquanto trabalhávamos na OCESC – Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina. Lá, também, achavam “estranha” a nossa amizade e, minha mulher na época morria de ciúmes da Vera. Ela era especial! Nunca brigamos por nada, e nos respeitávamos muito um ao outro.

Um dia fiquei estressado com ela, sem brigar, quando ela começou a trabalhar na FUCAT – Fundação Catarinense do Trabalho por um mal entendido que não vale à pena citar agora. Eu casado e desempregado com três filhos com o quarto filho pra nascer. Depois a vida continuou. Arrumei emprego na UFSC e a Vera casou e teve duas filhas.

Na época do casamento com o Carlos, um argentino tão bonito que parecia artista de cinema, acabamos nos distanciando fisicamente, eu não queria que ele tivesse ciúmes de nosso amor fraterno. Aí perdi um pouco a intimidade com a família, mas eu e Vera continuamos muito amigos e, também, tornei-me amigo de suas irmãs Marlene, Arlete e Iracy pelas quais nutro um carinho especial. Até com Maline e Karine filhas de Iracy e Francisco entraram na dança e se tornaram amigas. Eu as conhecia desde bebês.

Vera e eu nos tornamos amigos tão verdadeiros ao ponto de muita gente pensar que tínhamos um “caso”. Ela é madrinha de meu filho Tiago. Eu padrinho de sua filha Elisa. Amei aquelas meninas como se fossem minhas filhas, mas permaneci distante. Coisas da vida.

De repente, eu soube que a Vera tinha se separado. Eu também já estava com dois divórcios nas costas. Continuamos tão amigos quanto antes e nos víamos com menos frequência, não dava mais pra resgatar o cotidiano daqueles dias de carteado, o tempo nos afastara. Tínhamos perdido aquela intimidade do dia a dia, mas bastava um olhar para saber que o amigo e a amiga moravam em nossos corpos.

Ambos somos criaturas espiritualizadas, criados no catolicismo, mas foi nesta fé que eu vi a Vera se dedicando a ajudar muita gente. Ela sempre foi uma pessoa “estranhamente” bondosa.

É tão difícil acreditar que a vida nos prega peças e, mostra a grandeza de Deus, até nas contradições. Elisa apaixonou-se por Medicina Oncológica e não pode curar sua mãe, só aliviar e ajudar no possível e impossível a suportá-la. Mesmo assim eu vejo a grandeza de Deus e o quão pequenos somos diante da morte inevitável. Ninguém pode desviar do caminho traçado para nós, mesmo antes de nascermos é o que acredito.

E, de longe eu vi a dedicação das duas filhas e a atenção para ajudá-la a suportar as dificuldades que lhe foram impostas. Vi a Gabriela levando a Vera pra fazer quimioterapia, fonoaudióloga e saindo com ela as pressas muitas vezes para o hospital e outras urgências e emergências. Gabriela largou o marido na Europa para cuidar da mãe e a Elisa vinha toda hora de São Paulo para acompanhar de perto o tratamento e ficava de longa e falando com os médicos.

Só compreendemos o sofrimento quando passamos por ele e só o aceitamos quando novamente formos espíritos. Não fomos ensinados a conviver com a morte.

Eu de longe sofria por minha amiga, mas sabia que era inútil querer estar junto dela. Fui visitá-la no ano passado e obtinha notícias dela através da Marlene e da Arlete, até que ontem (sexta feira) senti alguma coisa e liguei pra Arlete que me disse “Mário, a Vera vive suas últimas horas” e hoje (domingo) pela manhã a Marlene me ligou dizendo “a Vera faleceu”. Depois a Arlete fez o mesmo mandando uma mensagem pelo WhatsApp.

Agora que o irremediável aconteceu resta-me orar para que sua alma siga em paz e que suas filhas e demais parentes recebam as bênçãos e a luz de Deus, e de todos os bons espíritos que estão recebendo a Vera e a encaminhando para a última morada, onde um dia todos nós também estaremos.

Não convém chorar ou lamentar! Todos entramos nesta vida sabendo que um dia este seria nosso fim. Esta é a regra do “jogo”. Também não queria que vissem a morte como uma derrota, mas como o início de uma nova caminhada no campo espiritual.

Depois de tantas despedidas que já vivemos esta é mais uma luz que se apaga em nossas vidas. Mas, não vivamos na escuridão. Isto não é bom e a Vera vai entender isto. Que ela saiba que sempre vai morar em meu coração.

Luz e bênçãos a todos nós!

 

Mário Feijó

07.08.22

           

 

 


TRAVESS(...)O

 

TRAVESS(...)0



Nestas noites de outono

Atipicamente tão frias

Que antecedem o rigoroso inverno

Fazendo-me tremer da cabeça aos pés

 

Só você para se envolver

No meio das minhas pernas

Ou fortemente enlaçado por meus braços

Noutras horas aquecendo minhas costas

 

É como se dormíssemos de conchinha

Numa maciez envolvente

Esquenta meu corpo

Dos pés à cabeça

 

Eu te puxo e te amasso

Te envolvo e te amasso

Até sentir meu corpo aquecido

Então pego meu travesseiro e jogo de lado...

 

Mário Feijó

Maio 2022

domingo, 26 de junho de 2022

A PAZ QUE PROCURAMOS

 




A PAZ QUE PROCURAMOS

 

Depois de tantos anos vividos

Sempre a procura de algo

Em algum lugar, pessoas ou coisas

Foi que eu descobri as respostas

 

Todas as minhas buscas

Levavam-me para dentro de mim

E foi neste momento

Que encontrei o verdadeiro amor

A paz de espírito

E minha realização

 

A paz está em mim

O amor vive dentro de mim

A realização está na satisfação dos meus atos

E quando eu me descubro

Percebo que posso ser arrimo

E irradiar luz para quem precisar

 

Mário Feijó

26.06.22

ARCO IRIS

 













ARCO IRIS

 

Nas noites geladas de inverno

Eu deixo de ser borboleta

Entrando na letargia das lagartas

Que adormecem em seus casulos

 

Fujo de arco-íris

Que me impulsam a sonhar

Com outras realidades

E universos paralelos

 

Não sei se quero fugir

Da minha natureza

Ou se tenho medo

Das oscilações do mundo exterior

 

E viajo para muito longe

Que chego no fundo do meu ser

Ancorado de outros universos

Em uma galáxia muito distante

 

Mário Feijó

20.06.22

quarta-feira, 15 de junho de 2022

BAUNILHA E CHOCOLATE

 


BAUNILHA E CHOCOLATE

 

O que deveria ser

Apenas dulcíssimo beijo

Acabou ganhando sabor

Acabou gravado na memória

 

Baunilha e chocolate

Foi assim que teu beijo

Foi eternizado em mim

 

Agora toda vez que passo pelo fogão

Olho na prateleira

O vidro de essência de baunilha

E o pote com gotas de chocolate

 

E entre uma receita e outra

Lembro que gostaria de novamente

Receber de ti mais um beijo

 

Mário Feijó

14.06.22

A LUZ DO FINAL DO TÚNEL

 

A LUZ DO FINAL DO TÚNEL

 

Lá no horizonte

Onde parece que Deus

Passou uma régua

E deixou tudo plano

Mora a esperança

De que nada que eu vivo

Não tenha sido em vão

 

E se escrevo “vida”

Porque é a vida que me sustenta

E sustenta todos os meus planos

 

É bem lá no horizonte

Que eu vejo a certeza de tudo

É bem lá no horizonte

Que mora a minha luz no final do túnel

 

Mário Feijó

14.06.22  




segunda-feira, 13 de junho de 2022

FOGÃO À LENHA


 

FOGÃO À LENHA

 

Um fogão à lenha

É capaz de esquentar

Não somente água

Fazer alimentos ou café

Mas aquece o corpo

As mãos e o coração

 

Um fogão à lenha

Aquece a alma

Faz alquimias nos doces

Nas sopas de inverno

E também no chimarrão

 

Um fogão à lenha

Queima tristezas

Apaga a solidão

E solidifica amizades...

 

Mário Feijó

13.06.22

FORNALHA

 


FORNALHA

 

Oh meu bem

Por que será

Que não somos

Feito Marco Antônio e Cleópatra

 

Por que será

Que não somos

Feito Peri e Ceci

Ou Romeo e Julieta

 

Será que é porque

Vivemos um simples amor

Cafona feito letra

De uma música brega

 

E daí vem a distância

E nos joga nos braços da solidão

Onde o frio do inverno gela meu corpo

E eu não tenho a fornalha do teu calor

Para aquecer as minhas noites de inverno...

 

Mário Feijó

13.06.22