MEU PRIMEIRO
AMOR
(a história
de amor de José Antônio e Alzira)
Com
uma letra ligeiramente arrastada ele datou 19.10.45, convidando sua noiva
Alzira para ir, no outro dia, à Festa de Chico Cap. Dizia ele “a saudade está
me maltratando e eu fiquei sabendo que amanhã à festa”.
Estava
José Antônio na Fazenda Lúcia da Floresta e Alzira numa outra fazenda, e pouco
podiam se ver, onde a condução era feita através de cavalo ou horas andando a
pé.
A filha
mais velha do Sr. José encontrou esta carta, quando ela já tinha mais de
setenta anos, entre coisas que pertenceram a ele.
Descobriu-se
que a noiva, Alzira, acabou morrendo um tempo depois e ele acabou encontrando
um novo amor, sua mãe, D. Judite e com ela teve 16 filhos.
A tal
carta, na realidade não passa de um bilhete, tanto é que começa da seguinte
forma:
“Minha
querida noiva Alzira, desejo que estas duas linhas te encontrem bem e com
saúde, o que está me maltratando é as saudades tuas que são por demais. Queira aceitar
uma saudosa lembrança deste seu amante e noivo José Antônio”.
Acaba
colocando um P.S. e a convida a estar presente na festa do dia seguinte.
É encantador
perceber que ele era um romântico e apaixonado e não tinha vergonha de declarar
seu amor quando sabemos que os homens, ainda hoje, têm dificuldade para externar
o amor que sentem.
Agora,
deixar isto registrado é outra coisa e pelo visto a carta sobrevive por mais de
75 anos e não deve ter chegado às mãos de Alzira, pois estava guardada entre os
pertences do falecido pai de D. Iracy.
Acredito,
ainda, que D. Judite, sua mãe, o segundo amor do Sr. José Antônio não soubesse
ler, caso contrário a carta não teria sobrevivido entre as relíquias dele.
Mário
Feijó
18.09.22
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