terça-feira, 29 de julho de 2014

POÇA D'ÁGUA




POÇA D’ÁGUA

Chovera quase todo o dia
Por isto havia nos caminhos
Água que se empoçara

De repente ao passar por uma
Vejo meu olhar dentro dela
Chamando-me aflito
Como se o meu rosto se desprendesse

Mas atrás do meu olhar,
A poça já tinha aprisionado
Um pedaço do céu e a luz do sol,
Haviam nuvens correndo aflitas

Era um novo universo
Que aquela poça d’água formava
Roubando as cores do mundo e meu olhar
Que o calor do sol logo devolveu
Quando fez aquela poça d’água secar...

Mário Feijó
28.07.14

ESSE MENINO... VEM CÁ!!



ESSE MENINO... VEM CÁ!!

Pois não é que chegando ao céu, Jesus chamou Ariano:
- Esse menino, vem cá!
- Não vou não, pois nem lhe conheço.
Ariano que sempre vestiu seus personagens por outras paragens e algumas delas encaminhou para o céu, agora também estava por lá. E lá todos podemos ser o que quisermos. Ariano ainda não sabia o que queria e nem se queria mesmo estar por lá.
Disse ele outro dia, na televisão, que fizeram-lhe tanta festa pelos seus 80 anos que não sobrará motivos para comemorar quando ele fizer 160.
Agora ele já podia visitar a África. Era um sonho, desde que seus irmãos inventaram esta viagem fantasiosa e o excluíam. Fora queixar-se à mãe que disse: “é fantasia, menino! Programe também a sua”. Ao que ele respondera: “eu não quero embarcar na minha, quero ir com eles, mas eles não deixam”.
Na realidade ele confessou que não queria ficar sete horas em cima do mar, pensando que o assento era flutuante. Gostaria muito de ir à África mas se ela fosse coladinha à Paraíba.
Agora, no céu, ele poderia ir a onde quisesse porque tudo no céu é perto e do céu a gente não cai. Eu penso que todos ficamos pendurados num fio forte ou então temos asas invisíveis. Alguns dizem que viramos anjos, mas eu não acredito senão no céu haveria uma inflação de anjos. E com a falta de treino que temos para voar iriamos nos esbarrar todos uns nos outros.
Ah! Ariano... o céu certamente estava precisando de você, certamente irão encenar “O alto da Compadecida” e precisavam da tua supervisão. Ou quem sabe João Grilo e Xicó estão por lá aprontando todas e precisam de você para domá-los.
Agora você não precisa mais tomar os assentos dos aviões que estão preparados para boiar, caso caia o avião, porque você não cairá mais. Estará seguramente preso em sua cordinha invisível, aquela que prende os anjos no céu. Também nem precisa mais ser obrigado a tomar café só para agradar aos outros ou “por falta de personalidade”, como declarou, porque não gostava de café, mas tomava porque todos diziam que era bom. Agora certamente você já sabe que devemos fazer somente o que gostamos. A vida até pode ser curta, mas você a tornou longa aqui neste planeta, com suas histórias e fantasias que tanto encanta.
- Esse menino: vem cá!!!
- Não vou! Não quero ir! Deixa-me agora aqui no céu descansar um pouco...


Mário Feijó
29.07.14

P.S. Algumas das citações foram feitas pelo próprio Ariano, numa entrevista, retransmitida nesta madrugada pelo Programa do Jô.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

OBRIGADO ESCRITOR



OBRIGADO ESCRITOR

A você que corre atrás do vento
Que não deixa os sonhos morrer
Que nos faz viajar nas asas do invisível
Que tem fé no amor e que planta esperanças
Que sabe que a nossa realização
Não está em acumular coisas
Mas em SER e não em TER
O meu muito obrigado

Quero confessar uma coisa ESCRITOR
Sou um aprendiz com você
Já nasci poeta, um ser que viaja nas artes,
Que muitas vezes foi incompreendido
Que parecia viver fora de sua época
Encontrei-me nos teus sonhos
Viajei nas tuas viagens e agora
Bem agora estou metido a fazer os outros
Que como eu sonharam
Com tudo aquilo que você ensinou

Sabe escritor: eu precisaria de muitas vidas
Para ser um Imortal, mas planto sementes
Através de minhas palavras
Ensino a usar as palavras como ferramentas
Porque têm muitos que as usam como armas
Por mais que aprenda jamais serei um criador
Multiplico o que já foi criado porque a minha cabeça
Não está vazia, ela tem as coisas que eu aprendo,
Por isto escritor muito obrigado
Por me fazer e deixar sonhar...

Mário Feijó
25.07.14

quinta-feira, 24 de julho de 2014

QUE PENA PASSARINHO

QUE PENA PASSARINHO

Ah! Passarinho!
Por que voas tão alto?
Por que voas tão distante?
Nem ouço mais os teus pios, teu cantar
Não vieste mais ao meu quintal
Para minhocas procurar

Eu, passarinho,
Desde que voaste
Estou na terra sozinho
Já arei meu solo
Puxei a água do rio
Plantei nos campos sementes
E tudo está diferente
Desde que “tu partiu”
                     
Ah! Passarinho
Não vejo mais tuas penas
Espalhadas pelo quintal
Não ouço mais o teu canto
Quando pousavas no varal

Volta passarinho, volta
A primavera já vem
Ficar aqui tão sozinho
Sem ter você, nem ninguém
É como se meus dias fossem agora
Um eterno inverno

Que pena passarinho
Que pena...

Mário Feijó
24.07.14