sábado, 16 de março de 2013

ABRAÇOS APERTADOS



ABRAÇOS APERTADOS

Eu queria o sol
E poderia te dar a lua
Ou até mesmo uma estrela
Porém tu dizes (cheia de dedos)
Que o sol pode queimar-me...

Nem sei se me amas tanto
Para ter tais preocupações comigo
Ou é medo de que
Ao me entregares o sol
Percas a tua luz...

Eu quis testar teu desapego
Teu desamor por coisas
Testar a tua doação ao próximo
E medir o teu amor por mim...

Na verdade, na verdade mesmo
Eu queria apenas abraços apertados
E tu me chegasse “toda cheia de dedos”...

Mário Feijó
16.03.13  

VOCÊ QUER SER ESCRITOR?



¿ASÍ QUE QUIERES SER ESCRITOR?
Charles Bukowski

Si no te sale ardiendo de adentro, a pesar de todo, no lo hagas. A no ser que salga espontáneamente de tu corazón y de tu mente y de tu boca y de tus tripas, no lo hagas.
Si tienes que sentarte durante horas con la mirada fija en la pantalla del ordenador
ó clavado en tu máquina de escribir buscando las palabras, no lo hagas.
Si lo haces por dinero o fama, no lo hagas.
Si lo haces porque quieres mujeres en tu cama, no lo hagas.
Si tienes que sentarte y reescribirlo una y otra vez, no lo hagas.
Si te cansa sólo pensar en hacerlo, no lo hagas.
Si estás intentando escribir como cualquier otro, olvídalo.
Si tienes que esperar a que salga rugiendo de ti, espera pacientemente.
Si nunca sale rugiendo de ti, haz otra cosa.
Si primero tienes que leerlo a tu esposa o a tu novia o a tu novio o a tus padres o a cualquiera, no estás preparado.
No seas como tantos escritores, no seas como tantos miles de personas que se llaman a sí mismos escritores, no seas soso y aburrido y pretencioso, no te consumas en tu amor propio. Las bibliotecas del mundo bostezan hasta dormirse con esa gente.
No seas uno de ellos. No lo hagas. A no ser que salga de tu alma como un cohete,
a no ser que quedarte quieto pudiera llevarte a la locura, al suicidio o al asesinato, no lo hagas.
A no ser que el sol dentro de ti esté quemando tus tripas, no lo hagas. Cuando sea verdaderamente el momento, y si has sido elegido, sucederá por sí solo y seguirá sucediendo hasta que mueras ó hasta que muera en ti.
No hay otro camino. Y nunca lo hubo.

Então você quer ser escritor?  
Charles Bukowski

Se você não tiver uma chama ardendo dentro de você, não escreva. A não ser que seja espontaneamente de seu coração e sua mente e sua boca até mesmo de seu intestino, não faça isso, não escreva.
Se você tem que se sentar por horas olhando para a tela do computador
ou preso em sua máquina de escrever procurando as palavras, não escreva.
Se você fizer isso por dinheiro ou fama, não escreva.
Se você faz isso porque você quer ter muitas mulheres em sua cama, não escreva.
Se você tem que sentar e reescrevê-lo de novo e de novo, não.
Se você ficar cansado só de pensar nisso, não escreva.
Se você está tentando escrever como todos os outros, esqueça. Não o faça...
Se você tiver que esperar para sair brigando com você, espere pacientemente.
Se escrever não te fizer rugir, faça outra coisa.
Se você tem que ler para sua esposa ou para sua namorada, para seus pais ou para qualquer outra pessoa, você não está preparado para se escritor.
Não seja como tantos que se dizem escritores. Não seja como milhares de pessoas que se dizem escritores. Não seja maçante e chato e pretensioso, não consuma a sua disponibilidade. Bibliotecas do mundo inteiro bocejam com essas pessoas. Não seja um deles. Não. A menos que você coloque a sua alma em um foguete, a menos que você possa querer se suicidar, ou praticar um assassinato, não escreva.
Só o faça se você tiver um sol dentro de você queimando seu ventre, caso contrário não escreva.
Quando somos escolhidos, isto vai acontecer por si só e continuará a acontecer até que você morra ou até que esta vontade morra em você.
Não há outro caminho. E nunca houve. Pense nisto antes de se impor como escritor...

Texto adaptado por Mário

quinta-feira, 14 de março de 2013

TERRA SACIADA



TERRA SACIADA

Agora eu sou
Terra saciada
Em época de chuva
Rio que transborda
Campo de flores
Estrada que leva a um destino...

Agora eu sou
Néctar de flores
Abelha fazendo o mel
Flor exalando perfume
Chuva molhando a terra
Chão seco que se fecha
Quando é molhado
Cicatrizes que se calam...

Agora eu sou
Luz na escuridão
Céu límpido e claro
Mar grandioso
O azul mais raro
Agora eu sou eu...

Mário Feijó
14.03.13

quarta-feira, 13 de março de 2013

O NASCIMENTO DA LUA CHEIA



O NASCIMENTO DA LUA CHEIA

Era final de tarde
Num daqueles dias de março
A terra, em trabalho de parto,
Deixava aparecer o nascimento da lua

Eu que andava vazio de mim
Quase cheio de tudo
Sem vontades para fazer algo
Queria desfilar um rosário de manias

Tinha tesões sumidas
Dos desencontros da vida
Tipo “quem eu quero não me quer”...

Contentei-me a me debruçar
Nas minhas janelas de vidro
Deixando duas lágrimas correrem
A terra enquanto isto deixava a lua nascer...

Mário Feijó
12.03.13

UMA PÁSCOA DIFERENTE



UMA PÁSCOA DIFERENTE

               Sempre fui um apaixonado por animais. Quando criança tínhamos galinhas, patos e marrecos no quintal ou embaixo da casa. Sim! Morávamos em uma casa de madeira erguida por pilares de pedra. Isto permitia que os animais, criados com o objetivo de produzir ovos e nos finais de semana rendesse um almoço.
Nesta época eu não chegava a me apegar aos bichinhos porque entendia que aquela era a função deles: nos alimentar. No entanto era encantador ver os pintinhos e patinhos recém-descascados. Nunca vi coisa mais linda que filhotes de animais. Todos os filhotes são lindos e encantadores, desde os bichos até os filhotes humanos.
Nesta época eu também descobri minha paixão por peixes e plantas. E planta pra mim vai de um pequenino cactos a uma enorme figueira.
Meus primeiros peixinhos eu os criava dentro de uma panela velha de barro, com plantas aquáticas. Assim os gatos da vizinhança não os comiam, nem eles pulavam pra fora.
Um dia quando eu já era adolescente e mantinha um aquário, daqueles redondos de vidro e o colocava em cima da geladeira, ao lavá-lo e colocá-lo no lugar deixei que escorregasse e tentei segurar, mas bateu na geladeira e quebrou em muitos pedaços cortando os dois braços e pulsos. Acho que foi minha primeira morte. Já disseram que tenho vida de gato.
Em 1990 sofri um acidente de carro que resultou em perda total do veículo. Eu havia capotado três vezes e caído num precipício de vinte e três metros. Perdi mais uma vida...
No natal de 2011 sofri um novo acidente, o carro saiu da estrada e bateu em uma árvore. Resultado: minha companheira morreu. Eu quebrei seis costelas, duas vertebras, dois pulmões perfurados e estava com a minha esperança despedaçada. Consegui me recuperar e penso que não foi ainda desta vez. Devo ter missões ainda por cumprir nesta vida.
Mas não foi pra falar de minhas mortes que eu resolvi escrever este texto. Eu queria falar do meu amor pelos bichos e de minha recente paixão por gatos. Eu também percebi que eles começaram a se aproximar de mim, a me proteger, se é que isto é possível (solidariedade entre gatos, talvez...).
Descobri com isto que o amor por gatos é igual a amendoim, você começa a comer e não para. Eu pensava que podia começar a criar um gatinho e eles estão entrando em minha vida aos montes. Hoje mesmo havia dois correndo pela casa e saltitando na minha cama. Eu nunca permiti isto a bicho nenhum. Nem aos cães que já tivemos. Agora fico encantando quando eles vem e se aninham nas minhas costas e pernas. E, onde eu vou pela casa eles me seguem, se eu paro, se deitam sobre meus pés. É inexplicável, quase mágico.
Gatos não nos obedecem, mas eles se comunicam com o olhar e penso que por telepatia. Eu sinto isto e percebo que entendem.
Outro dia eu parei na rua para conversar com uma amiga e do meio do mato saiu um gato que veio se enroscar na minha perna. Todo este clima surgiu há pouco mais de seis meses e eu não consigo achar explicações.
Certamente que posso morrer amanhã ou depois, nunca sabemos a nossa hora. Tampouco eu posso garantir que tenha mais quatro vidas ou que já não as tenha perdido pela vida afora. O certo é que não sou gato...
Há um encantamento mágico nos animais. Alguns até podem ser anjos disfarçados como são os pássaros que já têm as asas.
Agora com a páscoa se aproximando eu penso que os gatos deveriam ter uma função nela. Acho-os mais representantes que os coelhos – nada contra os coelhinhos, que nem ovos botam, mas os gatos dizem alguma coisa, seja com o olhar, seja com a independência ou até com a escolha que fazem do dono e do lar. Isto não acontece com os coelhos.
 Pensei em reivindicar uma páscoa de gatos. Uma cesta de gatos. Ovos de gatos, só para ter uma páscoa diferente, quem sabe...

Mário Feijó (13.03.13)