DIAS DE SOLIDÃO
Hoje foi
um daqueles dias em que pesou a falta de alguém ao meu lado, a falta de abraços
que a vida não tem me dado, a falta de calor humano. As pessoas estão muito
preocupadas consigo mesmas e eu não passo de um lixinho que pode ser jogado
para debaixo do tapete. Pode ser até depressivo, mas não estou com dó de mim.
O natal
de aproxima, mas antes dele ainda tenho que passar pelo meu aniversário que me
diz “viu? Sua vida está indo pro saco”. Este foi um ano em que eu não precisei
de nada, além de ter feito três mudanças, eu só precisei de solidariedade. A única
que foi solidária neste período foi Juliety (a cachorra poodle), porém eu tive
que dá-la com medo que ela se atirasse da sacada muito baixa, mas quem tem
vontade de se atirar da sacada agora sou eu...
Atraquei-me a uma garrafa de
champanhe sozinho por falta de companhia. Estou a algum tempo pensando o que
fazer nas festas de fim de ano. Queria ir para algum lugar, mas a desmotivação
não me deixa nem escolher que lugar... meu sonho seria que alguém sugerisse “vem
pra cá, minha cidade é um ótimo lugar, sossegado”, aí eu compraria uma passagem
de avião e iria pra lá. E nem precisam cuidar de mim, eu sei me cuidar sozinho
e também não sou sempre assim, geralmente sou uma pessoa melhor, alegre, mas
ainda sopro minhas feridas...
Hoje passei o dia na cama, sem
disposição para me levantar. Já fui até à academia que fica na frente da minha
casa para me matricular. Penso que preciso de exercícios para produzir endorfinas,
mas quem disse que fui fazer as aulas?
E as meninas nem percebem minha
aflição (crio duas netas adolescentes, para quem não sabia)... Gente eu não
quero pena, dó de ninguém, só quero um abraço, forças para prosseguir. Meus dias
de vida doméstica estão me exaurindo. E meus problemas até são um pouco
maiores, mas eu resolvi amenizar as tintas. Não sou e não quero ser “coitadinho”...
Estou cansando de fazer comida,
de varrer a casa, de lavar louças. Não nasci pra isso, aprendi a fazê-lo, visto
que já passei alguns perrengues na vida. Não me lamento por isto, pois consigo
olhar para os lados e ver que tem muita gente em pior situação, mas o que eu
posso fazer se neste momento o que mais precisava era de braços quentes ao
redor do meu corpo.
Resolvi escrevi sobre este dia e
os dias que tenho passado, não para chamar atenção sobre a minha pessoa, mas
porque sei que tem muita gente em situação pior que a minha. Precisamos reagir.
Mário Feijó
19.11.12