quarta-feira, 3 de setembro de 2014

GOSTO DO GOSTO QUE O TEU CORPO TEM

GOSTO DO GOSTO QUE O TEU CORPO TEM

Eu gosto do sabor da tua pele
E do gosto que o teu beijo tem
Eu gosto de sentir o teu perfume
É um cheiro que mais ninguém tem

E quando eu falo contigo
Fica em meus ouvidos
As palavras que tu me dizes
E o som dos teus gemidos

Excitado viajo nos sonhos
Deixando recados ao vento
Olhando ao mesmo tempo
A lua que no céu nos ilumina

Tenho saudades e conto as horas
Todas as vezes em que viajas
Como se batesses as asas
Para nos meus braços pousar...

Mário Feijó
03.09.14

terça-feira, 2 de setembro de 2014

A ROSA E O COLIBRI



A ROSA E O COLIBRI

Oh colibri!
Quanto tempo não te vejo!
Quanto tempo não te olho!
Quanto tempo não me beijas!
Tanto tempo não te beijo!

Tens as asas tão macias
Sinto sem ao menos me tocar
Só te encostas de mansinho
Quando queres me beijar...

Para ti exalo cheiros
Erótico perfume de amor
Eu sinto por estar parada
E me ofereço a ti meu beija-flor.

Ao mundo dou meus espinhos
A você dou colo e alimento
Onde abelhas buscam o néctar
Para o mel  a vida adoçar...

Tu eriças minhas pétalas
Sou aquela rosa branca
Que por ti fica encarnada
E você é o meu colibri

És a minha ânsia em viver
A minha causa,
Todo o meu modo de ser
Nesta vida abençoada...


Mário Feijó
1973 revisada em 2014

NÃO TENHA MEDO DE SER FELIZ



SEM MEDO DE SER FELIZ



“Quando descobrimos que absolutamente nada é definitivo, inclusive a vida. Compreendemos a inutilidade do orgulho, a tolice das disputas, a estupidez da ganância e a incoerência de tolas mágoas”
Dito popular



- Nada é definitivo! Não somos eternos, disse ele quando discutia com a esposa.
Brigavam por causa de dinheiro. Ele não era tão materialista, mas ela não abria mão de joias, carros novos todos os anos e a casa redecorada, de tempos em tempos.
Lembravam personagens da novela atual. Roberto era uma pessoa simples, que dava valor à natureza. Amava os campos, as árvores e os rios. Alexandra de Barros Medeiros Lins e Silva não queria nem saber de onde se originavam as coisas. Era fútil e sofisticada e com apenas 35 anos já fizera plástica em praticamente todo o corpo.
- Eu não quero nem saber de vaquinhas e suas merdinhas espalhadas pelo campo, desde que não me falte os melhores queijos e a manteiga na mesa, dizia Alexandra.
Toda a discussão começara porque Roberto resolvera dar de presente a uma filha, de seu casamento anterior, e que estava se casando, um apartamento.
Alexandra não simpatizava com a moça que era somente dez anos mais moça que ela. Além do mais a jovem era muito bonita e nunca fizera plástica nenhuma.
Roberto tinha 45 anos e estava sempre entre “a cruz e a espada” como se dizia popularmente, diante de uma situação difícil.
Alexandra nos últimos anos mostrava-se cada vez mais fútil e materialista.
Ele já pensara até em separação, mas ainda se achava apaixonado por ela e sentia-se um fracassado toda vez que pensava em mais um casamento fracassado.
- É tão inútil a ganância e tão incoerentes as mágoas quando temos uma vida tão passageira, dizia ele aos amigos. E ia relevando sua vida conjugal. Mas os últimos tempos estavam muito difíceis e ele não sabia até quando iria aguentar. Pensava sempre no filho de dez anos que iria sofrer com a separação, como sua filha Letícia sofrera quando se separou de sua primeira esposa há quase quinze anos.
Alexandra se revelara uma moça fútil e tola, principalmente depois que o filho nasceu. Até então ela participava mais ativamente da vida do marido e trabalhava com ele na empresa. Agora era apenas uma figura decorativa, sempre em busca de projeção social.
- Se nada na vida é definitivo, nem a própria vida, pense nisto, dizia Luiz, seu gerente comercial e amigo de faculdade. Você ainda é bastante jovem e a tendência de sua vida conjugal será piorar cada dia mais. Pobre Alexandra que não vê a pessoa genial que você é.
- Seja feliz Roberto, disse ele, mais uma vez ao amigo. Lute pelo que quer. A vida tomará o rumo que tem que tomar, mas só você decide para onde o seu “rio” irá correr.

Mário Feijó
01.09.14

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

POESIA NO POTE - PERMITA-SE!


ENCONTROS E ARREPIOS



ENCONTROS E ARREPIOS

Não importa o tempo
Que por entre nós passou
Somos agora crianças
Dois adolescentes apaixonados

Não percebes meus cabelos encanecidos
Eu não percebo a tua juventude
Não percebes as marcas do tempo
Que marcadas ficaram na minha pele

Navegamos no mesmo mar sereno
Viajamos nas mesmas nuvens de algodão
Prometendo que este encontro será eterno
Enquanto durar nossos suores

E haja tempo para tantos beijos
E haja ócio para tanto descanso
Quando roubamos do tempo um domingo
Para nos encontrarmos no parque

Mário Feijó
01.09.14

FILHOS DO MUNDO



FILHOS DO MUNDO

Algumas vezes eu fico imaginando
Quem sofrerá depois que eu partir
Não vejo dor, nem tampouco lágrimas
Nos olhos de alguém, fico feliz

Sinto que alguns nos preferem longe
Pensam que foram concebidos
Talvez pelo Espírito Santo e o meu coração
Não mais sangra diante da indiferença

Estou aprendendo a lidar com a rejeição
Apesar de não ter desejado uma dúzia de filhos
Os que tive amo igualmente

Alguns netos tornaram-se filhos
Substituindo aqueles que eu não pude
Dar amor o bastante e não me compreenderam
Eu torço pela felicidade deles: são filhos do mundo...

Mário Feijó
29.08.14