quarta-feira, 9 de julho de 2014

PAIXÃO NACIONAL - A RESSACA



PAIXÃO NACIONAL – A RESSACA

1... 2... 3... 4... 5... 6... 7... Se eu fosse jogador de várzea não teria entrado em campo. Seria menos vergonhoso perder por W.O.
Diria que deu uma dor de barriga geral e pronto. Não passaria tanta vergonha e não envergonharia àqueles a quem eu represento.
Ah! Mas isto se eu fosse jogador de várzea que nem salário tem. Mas os que jogaram ontem pelo Brasil, contra a Alemanha que têm seus pesos a preço de ouro. Alguns valem mais que raríssimas obras de arte. Alguns (ou a maioria) que ganha mais que R$ 1.000.000.000,00 (veja bem mais que um milhão de reais por mês) e que jogam mundo afora. São chamados de estrelas do futebol e que aparvalhados corriam em campo feito “joões-bobos”, sendo driblados por uma equipe que em seu país não tinha crédito algum. Que empatou com Gana e que ganhou dos EUA por 2 a 1, vem e diante daquela que é o maior exemplo do futebol mundial, a seleção mundial e ganha de sete?
Armou-se um jogo para um jogador. E por conta de ser a seleção com o maior número de estrelas confiou apenas nisto. Mas o treinador não é um treinador voluntário, ele também tem salário superior à R$ 1.000.000.000,00 (hum milhão de reais). Seria verdade? Mas uma pessoa que ganha um milhão de reais pelo menos deve ter mais que uma alternativa de esquema tático. Deve estudar o outro time ou será que ele pensava que Nossa Senhora iria solucionar seus problemas.
Só que o nosso treinador esqueceu-se que Nossa Senhora estava ocupada atendendo aos desabrigados das enchentes de seu Estado, onde quase 20.000 habitantes estão desabrigados pelas cheias. Eu penso que Nossa Senhora não está nem aí para futebol, nós brasileiros sim. Futebol é uma Paixão Nacional, aqui na terra. Lá em cima (no céu) as preocupações são outras. Futebol é coisa do momento. Amanhã tem outro jogo. Daqui a quatro anos tem outra Copa.
Talvez até seja uma heresia de minha parte colocar Nossa Senhora nesta crônica, mas será que não foi isto o que nosso técnico fez quando colocou tudo sob sua responsabilidade?
Mas queridos amigos brasileiros, queridos conterrâneos: já choramos tudo o que tínhamos pra chorar. Já lamentamos tudo o que tínhamos para lamentar. Mas eu lembro de outras épocas onde dependemos da boa vontade e da teimosia de alguns treinadores que teimavam em fazer o seu trabalho, como o cavalo de padeiro, que só olha pra frente, coloca tudo “num piloto automático”.
Só que desta vez entramos para a história do futebol mundial como um exemplo negativo. Gravamos uma cicatriz que jamais será apagada. Até ontem éramos conhecidos como potência mundial, celeiro de bons atletas, e isto não dá para apagar.
A vida segue. Hoje a dor de cabeça é insuportável. Mas foi só um jogo de futebol. Que isto nos sirva de lição para não confiarmos tanto naqueles que nos dirigem. Lembrem disto quando depositarem seus votos em outubro. Será que não é hora de renovar? De levantarmos a cabeça e não engolir tudo o que nos colocam goela abaixo? Pensem nisto... pensem nisto...

Mário Feijó
09.07.l14

terça-feira, 8 de julho de 2014

EU NÃO SEI RASTEJAR POR AMOR



EU NÃO SEI RASTEJAR POR AMOR


Os tempos são outros
Já não se ouve
O eco de um coração
Batendo diante do seu peito

As pessoas acabaram se tornando
Complemento de máquinas
Manipuladas com uma só mão
Conversam frente a frente pela máquina

Calor humano? Quer?
Só com um lençol térmico
Beijos estalados nas bochechas
Já não se sabe mais o que é

A pele esta enrijecendo
Estamos nos tornando seres rastejantes
Que implora o amor alheio
Onde será que este mundo irá parar?

Mário Feijó
08.07.14

sábado, 5 de julho de 2014

PAIXÃO NACIONAL - A TRAIÇÃO



PAIXÃO NACIONAL – A TRAIÇÃO

Morder nas costas. Dar joelhada nas costas. Apunhalar pelas costas são todos atos covardes de quem não quer mostrar o rosto a quem não pode se defender.
Agora a pátria inteira calça as chuteiras e entra em campo. Agora mais do que nunca temos que vencer para mostrar que não somos um time de um único jogador.
Temos sempre um ídolo que já foi Pelé, Garrincha, Jairzinho, Tostão, Zico e tantos outros em campo. Mas não os temos só em campo. Já tivemos Airton Senna. Já tivemos Guga Kuerten. Já tivemos Maria Esther Bueno. Mas agora nos atingem pelas costas, com covardia. Somos todos Neymar e jogaremos com ele. Agora não é um título o que queremos, o que nos interessa é salvar nossa honra. A honra de uma pátria ferida pelas costas.
Eu acredito que somos do tipo “dou um boi para não entrar numa briga, mas uma boiada inteira para não sair dela”. Vamos vestir a camisa amarela. Somos todos canarinhos e vamos mostrar a garra que temos. Vamos pintar nossa cara de verde e amarelo e mostrar nossa honra, mostrar que fomos feridos, mas que não estamos derrotados. Não é justo. Não é certo. O papa até pode não ser brasileiro, como salientam os argentinos, mas Deus sempre será e nós somos campeões, independentes das artimanhas que façam para nos roubar os títulos. Seja este ou o daqueles que superfaturam, ou o daqueles que enganam para lucrar.
Podem cair viadutos, venceremos!
Podem adulterar o leite, venceremos!
Podem os políticos corruptos enganar, nós venceremos!
Venceremos de qualquer maneira, porque o mal sempre irá perder. Neymar pode estar ferido agora e, Deus queira que isto não prejudique o atleta, nem o profissional que ele é, mas nós brasileiros venceremos porque isto é apenas um jogo. Temos a vida inteira pela frente, todos nós e você Neymar, muito mais, porque está apenas começando e já é um campeão.

Mário Feijó
05.07.14 


sexta-feira, 4 de julho de 2014

PAIXÃO NACIONAL



PAIXÃO NACIONAL

Hoje é dia de jogo. Há quase um eco de 200 milhões de brasileiros com o coração batendo em um mesmo compasso. Não há como contestar: o futebol é uma paixão nacional. Ainda mais sendo época da copa, jogada no nosso quintal: aí a coisa pega fogo. Tem gente que infarta, outros roem todas as unhas que têm.
É uma beleza ver o país inteiro vibrando numa mesma causa. O país para e todos se sentam numa mesa de bar ou nos sofás disponíveis. Há os, como eu, que desandam a trabalhar e deixam a televisão ligada na expectativa de ouvir um grito de gol. Não consigo ficar quieto sentado ou tomando todas.
Normalmente já há uma polaridade quando é jogo de campeonato estadual. No Rio Grande do Sul é Grêmio e Internacional, o famoso GRENAL. No Rio de Janeiro é Flamengo e Fluminense ou Vasco e Botafogo. Em São Paulo é Santos e Corinthians, quando o São Paulo não está na briga. Em Minas Gerais é Cruzeiro e Atlético. E por aí vai. O país se transforma em final de campeonato. E agora caminhamos para uma final de campeonato mundial – A copa do Mundo – evento que só acontece uma vez a cada quatro anos e a cada vez num canto do mundo. Desta vez somos os contemplados.
Antes da Copa começar até havia aqueles que eram contra, mas foi o jogo começar e tudo se acalmou. O país botou o agasalho e virou técnico. Todos palpitam e o país inteiro joga com as pernas de Neymar. Eu já vi isto antes, todos dependíamos de Pelé, depois todos dependíamos de Ronaldo e num país onde todos os meninos querem ser jogadores de futebol elegemos a cada temporada um Salvador da Pátria. E se o país perde a culpa é sempre do treinador e dos “pernas de pau”. Os ídolos viram Judas e são malhados como se estivéssemos em pleno sábado de aleluia. Só a vitória interessa...
A bem da verdade não queremos mesmo saber se o guri de 22 anos tem perfil psicológico e pernas para aguentar tanta responsabilidade, mas colocamos nele e nos demais “coadjuvantes” a responsabilidade de uma vitória de todos nós. É a frustração que queremos jogar fora; são as decepções da vida que queremos eliminar, então só a vitória interessa.
Sendo assim vamos torcer... e seja lá o que Deus quiser...

Mário Feijó
04.07.14  

quinta-feira, 3 de julho de 2014

TARDES MONÓTONAS?



TARDES MONÓTONAS?

Eu me reúno com amigos para ler, escrever e trocar receitas. O intuito é uma Oficina Literária, mas não conseguimos escapar da arte culinária, afinal tem a hora do lanche.
Passada a hora da leitura onde lemos poesia, crônicas e contos. Fazemos uma parada para o lanche. Hoje foi assim. A Silvânia foi pra cozinha fazer um sagu especial com creme. O cheiro se espalhava pela casa. Eram essências, vinho, baunilha... Tudo atiçava nossas glândulas salivares e imaginação.
A Heloísa foi quem nos recebeu em sua casa, num condomínio fechado – INTERLAGOS – em Osório que é um paraíso, de tão lindo. Lagos, árvores e casas de um bom gosto impar.
De repente a Heloísa me diz: - Ah Mário, não vais me ensinar a fazer aquele teu pão?
Simples assim. Fui lá e peguei o fermento, trigo, gordura, ovos, dois bastam, açúcar mascavo, leite morno e deixei crescer no forno elétrico, pois agora é inverno aqui no sul.
Esqueci de dizer que adicionamos ao pão: granola e nozes pois fica mais saboroso... e a massa é pastosa, não dura.
Voltamos a escrever enquanto o pão cresce e a Silvânia terminava o creme do sagu.
Assim são nossas tardes literárias. Algumas vezes com outras guloseimas. Não é que de repente sai um chá com anis e um bolo formigueiro com coco que a Silvânia tinha trazido na sacola...
Além do encanto destes encontros revezamos cada semana na casa de um. Na semana que vem a tarde será na casa da Maria de Lourdes que já adianto fazer uma torta de maçãs. Tudo isto para que nossas tardes de quinta feira não sejam monótonas.
Quem disse que há monotonia nas nossas tardes????

Mário Feijó
03.07.14