quarta-feira, 20 de agosto de 2014

PATÉTICO



TÃO PATÉTICO

A idade imprime em nossos ossos
Uma imobilidade antes desconhecida
Eu pulava, trepava em árvores
E corria de abelhas furiosas

Agora me misturo à poeira
Que se acumula pelo chão
E me perco entre os ácaros
Que se alimentam de restos meus

Somos quase patéticos
Quando o cansaço do corpo frágil
Diminui nossos sorrisos às travessuras do mundo

Há nas juntas partes difusas
Que não se ajudam mais
E o cansaço do corpo nos prostram nos cantos...

Mário Feijó
20.08.14

terça-feira, 19 de agosto de 2014

NA ESCURIDÃO DA LUA NOVA



NA ESCURIDÃO DA LUA NOVA


Pobre de mim que já não tenho tempo
Para ser feliz, para poder amar-te
Perdi-me nas brumas da noite
Minh’alma apaixonada foi tragada
Por um pé de vento, na boca da noite,
Agora vago entre estrelas cadentes
Entre uma galáxia e outra...

Desde que meus girassóis morreram
Eu não sei mais para onde ir
Antes tinha a orientação do sol
Agora me perco na escuridão da lua nova...

Já nada sei de mim ou de ti
Porque a escuridão transformou meus dias
Há tempos perdi-me num leito seco de rio
Espero a chuva cair novamente
Quem sabe assim eu possa encontrar-me no mar...


Mário Feijó
19.08.14

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

DIA DE SOL



DIA DE SOL


Domingo pela manhã
Preparo-me para pescar
Pego a vara com anzol
Um balde de iscas e apetrechos

O gato que não era bobo
Parecia dormir no quintal
Levantou as orelhas, arregalou os olhos
E ficou de prontidão “querendo participar”

Eu vou pelo caminho do mar
O gato vem logo atrás
Jogo a isca e espero o peixe
O gato fica atento, pronto a esperar

O mar não está piscoso
Só manda peixes miúdos
O gato guloso pede “não joga fora”
Esperando os aperitivos...

Mário Feijó
18.08.14

domingo, 17 de agosto de 2014

ABENÇOADA ÁGUA



ABENÇOADA ÁGUA

Descendo dos céus
Caia ela límpida
Pura, abençoada
Escorria nos rios
Corria em direção ao mar
Não sem antes
Matar a nossa sede
Deixar do chão brotar
Os grãos transformados em pão
Que saciam a fome de muitos...

É assim que a abençoada água
Batiza os seres vivos
Escorre em nossas veias
Disfarçada de sangue
Que faz nosso coração bater
Todas as vezes
Que pensamos nela com amor...

Mário Feijó
17.08.14

sábado, 16 de agosto de 2014

VALE TUDO EM NOME DO PROGRESSO?

VALE TUDO EM NOME DO PROGRESSO?

        Eu vejo a natureza que me rodeia e a respeito pelo amor que sinto por ela. Eu também quero ser respeitado e, se quero ser respeitado, devo respeitar quem o merece.
A água sacia a minha sede.
As árvores me oferecem sombra, frutas, alegram a minha vida com flores e sinto dor em meu coração quando vejo queimadas na floresta e o desmatamento para que dê lugar a pastos e para a agricultura.
Dói meu coração ver tanto lixo jogado nos rios e nos córregos. O mesmo acontece quando chega o verão e aqueles que vêm à praia para relaxar, deixam nas areias uma imensidade de lixo que vai de garrafas plásticas à latinhas de cerveja.
Eu me pergunto nesta hora: onde está a civilidade das pessoas? Será que ninguém vê este desatino? Não cuidar do mundo em que vivemos, onde o lixo leva pelo menos quatro gerações de cem anos para desaparecer.
São pessoas que só pensam no hoje e no enriquecimento, muitas morrem sem ter tempo para gastar o dinheiro que acumulam em nome de um progresso imediato. É lamentável! É lastimável! E o meu coração sangra vendo aqueles que não pensam nas futuras gerações, destruindo a qualidade de vida com que vivemos nesta, poluindo a água, a terra e o ar. Sim, o meu coração sangra.
Diante disto cito um pensamento de José Saramago que diz:
“Se tens coração de ferro, bom proveito. O meu coração fizeram-no de carne. Sangra todo dia”.
O meu caminho é de esperança sempre, por isto, continuo alimentando o meu coração como se todos os dias jogasse sementes para aves famintas...

Mário Feijó
16.08.14