PAIXÃO
NACIONAL – A RESSACA
1...
2... 3... 4... 5... 6... 7... Se eu fosse jogador de várzea não teria entrado
em campo. Seria menos vergonhoso perder por W.O.
Diria
que deu uma dor de barriga geral e pronto. Não passaria tanta vergonha e não
envergonharia àqueles a quem eu represento.
Ah!
Mas isto se eu fosse jogador de várzea que nem salário tem. Mas os que jogaram
ontem pelo Brasil, contra a Alemanha que têm seus pesos a preço de ouro. Alguns
valem mais que raríssimas obras de arte. Alguns (ou a maioria) que ganha mais
que R$ 1.000.000.000,00 (veja bem mais que um milhão de reais por mês) e que
jogam mundo afora. São chamados de estrelas do futebol e que aparvalhados
corriam em campo feito “joões-bobos”, sendo driblados por uma equipe que em seu
país não tinha crédito algum. Que empatou com Gana e que ganhou dos EUA por 2 a
1, vem e diante daquela que é o maior exemplo do futebol mundial, a seleção
mundial e ganha de sete?
Armou-se
um jogo para um jogador. E por conta de ser a seleção com o maior número de
estrelas confiou apenas nisto. Mas o treinador não é um treinador voluntário, ele
também tem salário superior à R$ 1.000.000.000,00 (hum milhão de reais). Seria verdade?
Mas uma pessoa que ganha um milhão de reais pelo menos deve ter mais que uma alternativa
de esquema tático. Deve estudar o outro time ou será que ele pensava que Nossa
Senhora iria solucionar seus problemas.
Só
que o nosso treinador esqueceu-se que Nossa Senhora estava ocupada atendendo
aos desabrigados das enchentes de seu Estado, onde quase 20.000 habitantes
estão desabrigados pelas cheias. Eu penso que Nossa Senhora não está nem aí
para futebol, nós brasileiros sim. Futebol é uma Paixão Nacional, aqui na
terra. Lá em cima (no céu) as preocupações são outras. Futebol é coisa do
momento. Amanhã tem outro jogo. Daqui a quatro anos tem outra Copa.
Talvez
até seja uma heresia de minha parte colocar Nossa Senhora nesta crônica, mas
será que não foi isto o que nosso técnico fez quando colocou tudo sob sua
responsabilidade?
Mas
queridos amigos brasileiros, queridos conterrâneos: já choramos tudo o que tínhamos
pra chorar. Já lamentamos tudo o que tínhamos para lamentar. Mas eu lembro de
outras épocas onde dependemos da boa vontade e da teimosia de alguns
treinadores que teimavam em fazer o seu trabalho, como o cavalo de padeiro, que
só olha pra frente, coloca tudo “num piloto automático”.
Só
que desta vez entramos para a história do futebol mundial como um exemplo
negativo. Gravamos uma cicatriz que jamais será apagada. Até ontem éramos
conhecidos como potência mundial, celeiro de bons atletas, e isto não dá para
apagar.
A
vida segue. Hoje a dor de cabeça é insuportável. Mas foi só um jogo de futebol.
Que isto nos sirva de lição para não confiarmos tanto naqueles que nos dirigem.
Lembrem disto quando depositarem seus votos em outubro. Será que não é hora de
renovar? De levantarmos a cabeça e não engolir tudo o que nos colocam goela
abaixo? Pensem nisto... pensem nisto...
Mário
Feijó
09.07.l14