segunda-feira, 23 de setembro de 2013

IMÃ



ÍMÃ

Há dias assim: chuvosos
Onde atrás das nuvens
Sabemos que existe
O sol luminoso

Por trás de você (ser proibido)
Há um amor sequioso
Carnes que me chamam
Bocas que se calam

Por trás daquela nuvem
Feito ímã irresistível
Você me chama
Ardente como um sol

Na dúvida fico na chuva
Esfriando meu corpo que te clama
Subir aos céus significa o calor

Mário Feijó
23.09.13

domingo, 22 de setembro de 2013

OVELHA NEGRA



OVELHA NEGRA

        O marido não lhe dava o menor valor. Saia com todas que podia e fugia até do convencional por uma noitada de amor. Ela, uma bela e jovem mulher, sentia-se a última de todas. Misturava-se aos animais, estes a entendiam, e as ovelhas negras, pareciam da família.
Um dia aparece em sua casa, trazido por uma amiga, um homem diferente daqueles aos quais estava acostumada. Era gentil, delicado, atencioso e a tratava de igual pra igual. Bateu os olhos na figura e se apaixonou. Não queria uma aventura, mas o homem lhe dizia tente... Mesmo que não dê certo você saberá se é ou não amada. Não estava lhe dizendo para ter uma aventura com ele, mas para fazer isto diante da vida e não se deixar morrer por dentro (como ela dizia que estava).
Ela aos poucos pensou nisto e queria viver um grande amor com este homem tão encantador, aos seus olhos. E foi o que fez.
Valia cada minuto que passavam juntos. Era uma paixão arrebatadora e já queria casar com ele, mesmo sem ter resolvido definitivamente a questão com o marido, que agora vivia pelos cantos a chorar e jurando amor eterno.
Estava vivendo um novo amor, intenso, verdadeiro, correspondido. O homem que agora amava era afetuoso e lhe correspondia a paixão. No entanto vinha de relacionamentos frustrados e se negava a ter um compromisso imediatamente, o que a assustava. Por outro lado, a família, o ex-marido e os amigos faziam pressão.
Ela não resistiu as inúmeras chantagens sofridas e resolveu voltar para o marido que prometia esquecer sua “aventura”, como ele dizia, dizendo que a perdoaria e que tudo seria diferente. Ela estava relutante, mas tendo em vista que até os filhos foram usados como barganha resolveu voltar. Sublimou o amor que a havia encantado.
Deixou de viver uma história que a fazia feliz. Mas o que importava se agora os outros eram felizes e ela podia mostrar as fotos do quanto estava “feliz”.
Sua alma se calava feito um rio que é represado e que vai inchando a floresta. Tentaria não deixar que ele transbordasse ou que rompesse a represa. Enquanto isto continuaria a sorrir feito a ovelha negra que sai a balir depois de parir as crias...

Mário Feijó (21.09.13)

HÁ DIAS ASSIM



HÁ DIAS ASSIM

Há dias assim:
O sol vai embora
E as chuvas alagam
A terra é devastada
A vida vira um deserto estéril
E a gente não sabe
Se, mora na Terra ou
Se vivemos na Lua

Há dias assim:
Uma completa loucura
Perde-se a noção do tempo
Seu corpo transborda
Tudo dói e a vida entorpece

Há dias assim:
Loucura e lucidez se irmanam
Ocupam o mesmo espaço
Duas realidades
Em um único corpo
Depressão e desânimo
Luzes se apagam
Mente adoece...

Quanta loucura!

Mário Feijó
22.09.13

sábado, 21 de setembro de 2013

RABO DE PAVÃO



RABO DE PAVÃO

Ele tinha um rabo de pavão
Lindo, imponente, atraente
Que fazia seu corpo pequeno
Ganhar ares de gigante

O seu peito era igual
Ao peito de um pombo quando arrulha
Quando quer conquistar no entanto
Pensa que é uma águia

A boca era um céu estrelado
Desses céus de pipoca quando estoura
Que enche a panela inteira
E fica chamando a gente ao prazer

No entanto não passava
De um pequeno frasco
Desses perfumes baratos
Que a gente compra em qualquer camelô

Mário Feijó
21.09.13

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O PRAZER DOS LIVROS



O PRAZER EM DESVIRGINAR LIVROS

É indescritível o prazer
Que eu sinto
Ao abrir um bom livro

Muito maior que aquele
Que para muitos seria
Penetrar alguém
Em momentos de luxúria

O livro é capaz de me levar
A mundos desconhecidos
Enquanto o sexo já não me apresenta
Lá muitas novidades

Além do prazer
O livro tem um cheiro inebriante
Que nem virgens inexperientes
Poderiam me oferecer

Outro dia tive orgasmos
E de mim jorrou poesia...

Mário Feijó
20.09.13