OVELHA
NEGRA
O marido não lhe dava o menor valor.
Saia com todas que podia e fugia até do convencional por uma noitada de amor.
Ela, uma bela e jovem mulher, sentia-se a última de todas. Misturava-se aos
animais, estes a entendiam, e as ovelhas negras, pareciam da família.
Um
dia aparece em sua casa, trazido por uma amiga, um homem diferente daqueles aos
quais estava acostumada. Era gentil, delicado, atencioso e a tratava de igual
pra igual. Bateu os olhos na figura e se apaixonou. Não queria uma aventura,
mas o homem lhe dizia tente... Mesmo que não dê certo você saberá se é ou não
amada. Não estava lhe dizendo para ter uma aventura com ele, mas para fazer
isto diante da vida e não se deixar morrer por dentro (como ela dizia que
estava).
Ela
aos poucos pensou nisto e queria viver um grande amor com este homem tão
encantador, aos seus olhos. E foi o que fez.
Valia
cada minuto que passavam juntos. Era uma paixão arrebatadora e já queria casar
com ele, mesmo sem ter resolvido definitivamente a questão com o marido, que
agora vivia pelos cantos a chorar e jurando amor eterno.
Estava
vivendo um novo amor, intenso, verdadeiro, correspondido. O homem que agora
amava era afetuoso e lhe correspondia a paixão. No entanto vinha de
relacionamentos frustrados e se negava a ter um compromisso imediatamente, o
que a assustava. Por outro lado, a família, o ex-marido e os amigos faziam
pressão.
Ela
não resistiu as inúmeras chantagens sofridas e resolveu voltar para o marido
que prometia esquecer sua “aventura”, como ele dizia, dizendo que a perdoaria e
que tudo seria diferente. Ela estava relutante, mas tendo em vista que até os
filhos foram usados como barganha resolveu voltar. Sublimou o amor que a havia
encantado.
Deixou
de viver uma história que a fazia feliz. Mas o que importava se agora os outros
eram felizes e ela podia mostrar as fotos do quanto estava “feliz”.
Sua
alma se calava feito um rio que é represado e que vai inchando a floresta.
Tentaria não deixar que ele transbordasse ou que rompesse a represa. Enquanto
isto continuaria a sorrir feito a ovelha negra que sai a balir depois de parir
as crias...
Mário
Feijó (21.09.13)