quinta-feira, 11 de abril de 2013

ALMAMENTO



ALMAMENTO

Do outro lado do pensamento
Vivem pássaros sem asas
Que se vestem de borboletas
Para morar em casulos

E quando fecho os olhos do corpo
Abrem-se os olhos d’alma
Vendo tudo o que estava
Por estes lados escondidos

Eu ganho asas
Dentro do meu almamento
E vejo tudo aquilo que
O meu pensamento imaginava

O meu corpo desencorpado
Ganha dimensões etéreas
Que só as almas possuem

E quando sem se fazer perceber
Ele desce macio num campo florido
Pousa delicadamente numa flor lilás...

Mário Feijó
11.04.13

quarta-feira, 10 de abril de 2013

NÃO PLANEJE NADA



NÃO PLANEJE NADA

Quando você
Vier para meus braços
Não planeje nada
Apenas se entregue

Quando você
Quiser de mim
Tudo o que deseja
Apenas se entregue

Quando você
Tiver medo da vida
Eu te dou guarida
Mas apenas se entregue

Porque a vida acontece
Todos os dias em todo lugar
O sol, os pássaros, as flores, o mar
 Tudo acontece sem ninguém planejar...

Mário Feijó
10.04.13

MEIAS VERDADES SEMPRE SÃO MEIAS MENTIRAS



MEIAS VERDADES SEMPRE SÃO MEIAS MENTIRAS

Se você tiver que contar
Meias mentiras
Eu prefiro a omissão
Não me conte nada

Meias verdades
Ou meias mentiras
Dão no mesmo e
Não são verdades inteiras

Eu sempre preferirei
As verdades inteiras
É mais honesto
É verdadeiro

Pode doer
Porém não minta
Eu sempre te direi
Toda a verdade sem dor...

Mário Feijó
10.04.13

SUSSURROS SOB OS LENÇÓIS



SUSSURROS SOB OS LENÇÓIS

Tudo o que você me disse
Ficou escrito nos lençóis
Quando nossos corpos
Neles deixaram as marcas

Estava escrito que eu te queria
Estava escrito que você me queria
Não precisava falar
Bastou deixar acontecer

E nossos corpos escreveram
Poesia nos lençóis, na água do chuveiro
E nas toalhas molhadas
Que ficaram jogadas sobre o chão...

E depois quando veio o sol
Levando teu corpo embora
Na cama ficou escrito
Que também era minha hora

E foi dentro de mim
A saudade satisfeita
Uma lua à espreita
De outra noite chegar...

Mário Feijó
10.04.13

terça-feira, 9 de abril de 2013

VOCÊ ESTÁ FELIZ COM O MUNDO EM QUE VIVE?



VOCÊ ESTÁ FELIZ COM O MUNDO EM QUE VIVE?

               Eu sonhei que estava voltando aos bancos da universidade para fazer vestibular. Quando passava por meus colegas não era reconhecido.  Além deles a cidade estava cheia de gente estranha. É mais ou menos o quadro com que a gente se defronta quando passeia por Florianópolis. É a mesma situação, dizem os que conheço, quando voltam depois de algum tempo à terra natal.
Na época que eu era mais jovem a cidade era pequena e pacata e parecia que todos se conheciam. Dormia-se até com as janelas abertas, nas noites mais quentes.
Bem, voltando ao sonho. Quando eu entrei na sala de aula vi minha amiga Elza, com seu filho que também faria o vestibular. Eu não concebia que ela já tivesse um filho adulto, quanto mais fazendo o vestibular (isto no sonho). Mas o pior mesmo era não ser reconhecido pelos colegas, e eu era muito popular, dava-me com todos. Passei por Cida (Maria Aparecida) e ela fez de conta que não me conhecia, isto ela fez também nas redes sociais – não me adicionou no facebook e ainda me bloqueou –. Talvez tenha ficado chateada por eu trata-la como sempre e a tenha chamado de cachorra, mas eu tinha intimidade com ela. Acho que isto se perdeu. Resolvi me queixar à Elza que intercedeu por mim.
O mundo mudou demais. Isto não é saudosismo, tampouco uma reclamação. Mas mesmo vivendo com dificuldades tudo era mais simples e fácil. Eu sou mais feliz hoje, mesmo diante de muitas perdas, mas tudo mudou muito, principalmente quanto ao assunto poluição, alimentação – hoje muito industrializada – as tecnologias evoluíram e os relacionamentos pessoais pioraram.
As pessoas se virtualizaram. Fala-se, hoje em dia, com a pessoa que está ao lado, via rede social. Cria-se uma redoma ao redor do ‘SER’ e passa-se a viver no mundo virtual. Eu conheço gente que não “come” mais ninguém. Suas experiências sexuais são todas via internet.
Aonde foram parar aquelas tardes embaixo das árvores frutíferas, comendo a fruta direto do pé e a turma rindo e dizendo piadas? As piadas agora são com as pessoas que saem dos padrões. Ninguém mais lê Machado de Assis, Érico Veríssimo, José de Alencar. Os textos que aparecem na internet (muitos deles lindos) são de A.D. (autor desconhecido) e D. A. (desconheço a autoria) ou então qualquer um escreve mas como não tem coragem de se expor coloca o nome da Martha Medeiros e do Luís Fernando Veríssimo, autores em voga.
Minha felicidade vai muito além. Eu continuo dependente de abraços, de beijos, de amor. Alguns o substituíram por drogas como álcool, crack, e cocaína. Eu posso me sentir mais completo, mais feliz, mas não deixei de amar meus amigos vem de querer falar com eles. Vou contar então um segredo: algumas amigas de faculdade, depois que casaram pararam de falar comigo “porque os maridos não gostavam destes amigos”. Eu me sentia meio doente com isto. Parecia que tinha uma doença contagiosa. Algumas nem sorriam mais para mim. Hoje eu penso que elas é que estavam doentes. Feito o mundo que deveria evoluir, mas no aspecto relacionamento “involuiu”.
E lá fui eu, navegando num mar de emoções, prestar mais um vestibular (agora em sonho).
Nestas alturas da vida, estou descobrindo novas formas de fazer meu antigo “eu” sobreviver no mundo atual.

Mário Feijó
09.04.13