quarta-feira, 10 de abril de 2013

SUSSURROS SOB OS LENÇÓIS



SUSSURROS SOB OS LENÇÓIS

Tudo o que você me disse
Ficou escrito nos lençóis
Quando nossos corpos
Neles deixaram as marcas

Estava escrito que eu te queria
Estava escrito que você me queria
Não precisava falar
Bastou deixar acontecer

E nossos corpos escreveram
Poesia nos lençóis, na água do chuveiro
E nas toalhas molhadas
Que ficaram jogadas sobre o chão...

E depois quando veio o sol
Levando teu corpo embora
Na cama ficou escrito
Que também era minha hora

E foi dentro de mim
A saudade satisfeita
Uma lua à espreita
De outra noite chegar...

Mário Feijó
10.04.13

terça-feira, 9 de abril de 2013

VOCÊ ESTÁ FELIZ COM O MUNDO EM QUE VIVE?



VOCÊ ESTÁ FELIZ COM O MUNDO EM QUE VIVE?

               Eu sonhei que estava voltando aos bancos da universidade para fazer vestibular. Quando passava por meus colegas não era reconhecido.  Além deles a cidade estava cheia de gente estranha. É mais ou menos o quadro com que a gente se defronta quando passeia por Florianópolis. É a mesma situação, dizem os que conheço, quando voltam depois de algum tempo à terra natal.
Na época que eu era mais jovem a cidade era pequena e pacata e parecia que todos se conheciam. Dormia-se até com as janelas abertas, nas noites mais quentes.
Bem, voltando ao sonho. Quando eu entrei na sala de aula vi minha amiga Elza, com seu filho que também faria o vestibular. Eu não concebia que ela já tivesse um filho adulto, quanto mais fazendo o vestibular (isto no sonho). Mas o pior mesmo era não ser reconhecido pelos colegas, e eu era muito popular, dava-me com todos. Passei por Cida (Maria Aparecida) e ela fez de conta que não me conhecia, isto ela fez também nas redes sociais – não me adicionou no facebook e ainda me bloqueou –. Talvez tenha ficado chateada por eu trata-la como sempre e a tenha chamado de cachorra, mas eu tinha intimidade com ela. Acho que isto se perdeu. Resolvi me queixar à Elza que intercedeu por mim.
O mundo mudou demais. Isto não é saudosismo, tampouco uma reclamação. Mas mesmo vivendo com dificuldades tudo era mais simples e fácil. Eu sou mais feliz hoje, mesmo diante de muitas perdas, mas tudo mudou muito, principalmente quanto ao assunto poluição, alimentação – hoje muito industrializada – as tecnologias evoluíram e os relacionamentos pessoais pioraram.
As pessoas se virtualizaram. Fala-se, hoje em dia, com a pessoa que está ao lado, via rede social. Cria-se uma redoma ao redor do ‘SER’ e passa-se a viver no mundo virtual. Eu conheço gente que não “come” mais ninguém. Suas experiências sexuais são todas via internet.
Aonde foram parar aquelas tardes embaixo das árvores frutíferas, comendo a fruta direto do pé e a turma rindo e dizendo piadas? As piadas agora são com as pessoas que saem dos padrões. Ninguém mais lê Machado de Assis, Érico Veríssimo, José de Alencar. Os textos que aparecem na internet (muitos deles lindos) são de A.D. (autor desconhecido) e D. A. (desconheço a autoria) ou então qualquer um escreve mas como não tem coragem de se expor coloca o nome da Martha Medeiros e do Luís Fernando Veríssimo, autores em voga.
Minha felicidade vai muito além. Eu continuo dependente de abraços, de beijos, de amor. Alguns o substituíram por drogas como álcool, crack, e cocaína. Eu posso me sentir mais completo, mais feliz, mas não deixei de amar meus amigos vem de querer falar com eles. Vou contar então um segredo: algumas amigas de faculdade, depois que casaram pararam de falar comigo “porque os maridos não gostavam destes amigos”. Eu me sentia meio doente com isto. Parecia que tinha uma doença contagiosa. Algumas nem sorriam mais para mim. Hoje eu penso que elas é que estavam doentes. Feito o mundo que deveria evoluir, mas no aspecto relacionamento “involuiu”.
E lá fui eu, navegando num mar de emoções, prestar mais um vestibular (agora em sonho).
Nestas alturas da vida, estou descobrindo novas formas de fazer meu antigo “eu” sobreviver no mundo atual.

Mário Feijó
09.04.13

PODEMOS?



PODEMOS?

Podemos amar
Podemos sorrir
Podemos sofrer
Podemos dividir
               Sem deixar de viver
Podemos pertencer
Podemos doar
Podemos partilhar
Podemos tecer
               Sem nunca esquecer que podemos morrer
Podemos voar
Podemos trabalhar
Podemos dormir
Podemos acordar
Sem nunca deixar de amar
Podemos abraçar
Podemos beijar
Podemos enlaçar
Podemos perdoar
               Sem nunca esquecer de nos dar...

Mário Feijó
09.04.13

MÃOS DE AMOR



MÃOS DE AMOR

Na solidão só as minhas mãos
Entendem meu corpo
E o enchem de uma felicidade
Que algumas vezes é vazia

E como se pensassem
Estas mesmas mãos
Trazem a ternura de um corpo
Oferecem no carinho o sentimento...

Ai então eu me acalmo
Na ternura daqueles gestos
Na doçura de um amor silencioso...

Tu até podes ter ido embora
Sem que tuas mãos me acenassem
Porém as minhas não me abandonaram
Tampouco te abanaram com um adeus...

As minhas mãos na solidão
Me enlaçam como ninguém faz
Me acariciam quando lágrimas saudosas,
Salgadas e quentes rolam por minhas faces...

Mário Feijó
09.04.13

domingo, 7 de abril de 2013

A NATUREZA FAZ POESIA



A NATUREZA FAZ POESIA

Um dia eu pensei que fizesse poesia
Eu somente escrevo poemas
Quem faz poesias são as borboletas
Quando voam no meu jardim
Durante um único dia
Que é o tempo fugaz de suas vidas...

Quem faz poesias é o vento
Quando balança a flor
Quando leva o pólen para germinar
Para gerar mais vida
Para criar um fruto...  

Quem faz poesia é o mar
Quando está sereno ou
Quando bravio faz as ondas
Na praia rebentar...

Eu apenas observo
Eu apenas relato
O que eles dizem
E não sabem escrever...

Quem encanta são os pássaros
Com seus cantos maviosos
Ou a lua que por vezes cheia
Aparece despudorada e nua
Ou o sol que se eu não me cuido
Tosta a minha fina pele...

Mário Feijó
07.04.13