segunda-feira, 9 de junho de 2014

BEIJOS DESPUDORADOS





BEIJOS DESPUDORADOS

De tudo o que restou
Eu tenho saudades de ti
De nossos beijos despudorados
Que mexem com a minha libido

Eram beijos tão intensos
Devoradores, quentes
Beijos que se alguém visse
Diria: são sem pudores

O resto entre nós
Era apenas sexo
Mas teus beijos
Entregavam o amor vivido

Eram flores entregando o pólen
Quando as abelhas
Apenas procuravam o mel...

Mário Feijó
09.06.14

domingo, 8 de junho de 2014

PARA NÃO MAIS SE SEPARAR



PARA NÃO MAIS SE SEPARAR

Separações no início doem
Mesmo aquelas consensuais
Elas doem e fazem sofrer
Todos os envolvidos

Separações do corpo e da alma
Do céu e do mar
Do filho e da mãe
Da noite e do dia
Tudo é muito estranho
Numa noite sem luar
Tudo causa dor

Eu não entendo estar separado de ti
Por que não vivemos
Noites, dias, meses
Nossa história de amor?

Mário Feijó
08.06.14

EU TE FAÇO VER ESTRELAS




EU TE FAÇO VER ESTRELAS

Anjos sem asas voltam a se encontrar
Num pequeno lapso de tempo
Tão ínfimo e tão curto
Somente para se amar
Como já fizeram outrora

Foram tão poucas as horas
Onde a vida se renovou
Sob as bênçãos de Nossa Senhora
Porque não existe pecado no amor

De repente alçam voos novamente
Cada um segue seu destino
Um segue a garoa
Outro os ventos do oceano

Agora vendo a lua nascer
Um conta as estrelas
Enquanto o outro derrama lágrimas
Por não poder vê-las...

Mário Feijó
08.06.14

INTANTÂNEOS DA CIDADE



INSTANTÂNEOS DA CIDADE

Um catador procura o quê reciclar;
O velho fica no chão sentado
À espera da caridade alheia
Tendo no colo apenas um cobertor surrado;
Ao largo passa uma adolescente
Cheia de “piercings” com seu cabelo vermelho;
Uma mulher jovem saudável (não está nem aí)
Caminha pela calçada com pantufas rosa
Que eram duas patas de urso, nos pés,
Ouvindo no celular músicas preferidas;
No semáforo para um gay quarentão
Conversando com a mãe e uma tia,
Sem perder de vista o menino adolescente
Que do outro lado da rua caminhava
Com a menina por quem talvez fosse apaixonado;
Eu tentava ser apressado tinha hora marcada
Para fazer uma tomografia, sigo em frente,
Pensando estar atrasado, no hospital informam
Que há um atraso de duas horas (demorou seis).
O que fazer diante do caos?
Nada melhor que escrever poemas
Observando pessoas, as células da cidade pulsando
Perdida em contrastes, onde um
Não se importa mais com o outro
Olho na calçada e penso em fotografar tudo
Mas somente escrevo e o único instantâneo
Que consigo fotografar é a sala de estar
Que um morador de rua criou para suas visitas
Bem na beira da calçada... eu vou embora
Levando as minhas e as dores do mundo...
Bem-vindo ao mundo civilizado.

Mário Feijó - 08.06.14

sábado, 7 de junho de 2014

SOPA DE LETRINHAS



o
SOPA DE LETRINHAS

Mulher com co pode ser
Colher ou colher
Depende se é hora é
De se alimentar ou de colher

Mover, sorver
Mexer ou murchar que
Podem ser ações somente
Ou envelhecer, secar

Uma vida sem v é ida
Uma parte de part(ida)
O mesmo acontece com norte
Que com M vira morte
E com S um pouco de sorte

Lago com M é mago
Num simples toque de magia
Como trago é beber
Ou num simples gesto
Trago pode ser trazer pra perto de você

Vou parar de mexer com as letras
Para não te confundir
Eu não quero misturar tua cabeça
E fazer de um momento de lazer
Tua lascívia, teu prazer
Tudo sempre tem mais de um sentido...

Mário Feijó
07.06.14