quinta-feira, 22 de maio de 2014

PASSEANDO POR PORTO ALEGRE (do Diário de uma ex-prostituta adolescente)



PASSEIO EM PORTO ALEGRE

Ela havia desembarcado no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, numa tarde chuvosa. O friozinho do outono arrepiava sua pele ainda bronzeada pelo sol nordestino.
Daiane passara antes pelas praias da Bahia, onde havia tirado uma semana para passear e descansar. Seu marido Marcos a acompanhava. Formavam um belo casal, mas era isto que diziam também quando estava ao lado de Márcio, o irmão gêmeo de Marcos que ficara em casa com os filhos também gêmeos.
Depois que Daiane viera do Ceará, não tinha mais voltado ao nordeste. Sentia falta daquilo e recentemente quase entrara em colapso nervoso devido ao estresse, por isto fora passear, sem os filhos e sem o outro companheiro.
Eles formavam uma família moderna, onde ela era amada por dois homens iguais, que a amavam igualmente. Desta família tinham nascido os gêmeos: Gabriel e Rafael, filhos dos três. Os meninos eram idênticos e se pareciam por demais com os pais.
Chegando no aeroporto, já com a família toda reunida dentro do carro, pediu que dessem uma volta pela cidade. Queria novamente lembrar daquela cidade que lhe acolhera nos últimos anos, onde encontrara a felicidade, mesmo que de uma forma inusitada e de vanguarda para os tempos atuais.
Circularam pelo parque da Redenção, foram até o morro de Santa Tereza e de lá desceram contornando o Guaíba e indo para o apto que mantinham em Ipanema, na zona sul da cidade.
Porto Alegre era a sua casa novamente, mesmo que tivesse se afastado de casa apenas uma semana, já sentia saudade dali. E estar junto de seus amores era a maior felicidade que poderia ter na vida.

Mário Feijó
22.05.14

quarta-feira, 21 de maio de 2014

SANTO ANJO DO SENHOR!



SANTO ANJO DO SENHOR! – Diário de uma ex-prostituta adolescente

Daiane tinha recém chegado à cidade e fora trabalhar em uma pousada. O lugar era na beira da praia, em uma cidade de veraneio, no litoral gaúcho.
No inverno a cidade era pacata, como são todas as cidades pequenas. À beira-mar tremulavam apenas coqueiros que conseguiam resistir à força dos ventos do litoral aberto.
A vida parecia que seria igual à sua vida no nordeste do Brasil, de onde viera.
Resolvera voltar a estudar, era um sonho antigo, além do mais os outros nove meses entre março e novembro era paz e tranquilidade, o que não acontecia nos meses do verão.
Estava ela na cozinha fervendo água, em um fogão à lenha, para logo em seguida passar um café quentinho, num bule de barro e um coador de pano que parece deixar o café mais gostoso e aromático. Ela já tinha feito bolinhos de chuva que iriam para a mesa do café da tarde na pensão/pousada.
No rádio tocava uma música de Chico Buarque, cantada por Maria Bethânia: cálice quando ela ouve um barulho na porta e se vira, perigosamente, com a chaleira, com água fervendo nas mãos. Contra a luz do sol de final de tarde apareciam dois jovens, em traje de banho e pranchas atravessadas nas costas, pareciam dois anjos. Bethânia cantava: “Pai! Afasta de mim este cálice, pai! Afasta de mim este cálice...” ela só conseguiu dizer, baixinho e meio envergonhada:
- Santo Anjo do Senhor!
E foi atender aos jovens que chegaram pedindo informações, sobre a mãe deles, Maria de Lourdes, dona da pensão...

Mário Feijó  
21.05.14

sábado, 17 de maio de 2014

VONTADE DE VIVER



VONTADE DE VIVER

Jamais será alto o preço que pagamos
por pertencer a nós mesmos.

Nietzsche

Há em nossas vidas sempre...

        Um grande amor
        Um rosário de lágrimas
Um caminho de estrelas
Um grande sonho inatingível
Pequenos segredos inconfessáveis
Alguém a quem idolatramos
Alguém sem importância que sempre atrapalha
Pais que marcaram, mas não fizeram grandes coisas ou
Pais que não marcaram, mas que são tudo em nossa vida
Alguém incompetente no caminho
Um homem/mulher impertinente
Um dia especialmente marcante
Uma pessoa indescritível
Horas de solidão e momentos de depressão
Um passeio fenomenal
Uma viagem sonhada
Beijos de amor não dados
Horas de angústias
E vontade, muita vontade de continuar vivendo tudo isto...

quarta-feira, 14 de maio de 2014

DESTINO?






DESTINO?

Na solitude que a vida
Me fez conhecer
Descobri que os animais
São mais fiéis
Que muitos amigos
E alguns familiares
Mas a vida me disse
Que era este o meu aprendizado
Um resgate cármico-social
A que muitos chamam:
Destino...

MÁRIO FEIJÓ
14.05.14

terça-feira, 13 de maio de 2014

PÁSSARO SEM ASAS





PÁSSARO SEM ASAS

Hoje eu sou apenas
Um pássaro sem asas
Que por não poder voar
Fica à mercê dos predadores...

Mário Feijó
13.05.14