quinta-feira, 15 de agosto de 2013

BOTANDO FOGO



BOTANDO FOGO

Eu brincava
Quando dizia
Que te queria nos invernos
Só para me aquecer                  

Eu me divertia
Quando no verão
Pedia o teu corpo
Para o meu gozar

É que eu
Te queria
Rindo na minha cama
Brincando na beira da praia

Porque quando o tempo esfriava
Deitávamos na frente da lareira
E com vinho e calor
Incendiávamos em amor...

Mário Feijó
15.08.13

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

FACE ROSADA



FACE ROSADA

Não pense
Que o tempo passou por nós
Deixando suas marcas
No rosto, nas mãos

Nós é quem passamos por ele
Como a luz de uma estrela cadente
Deixando apenas uma marca no espaço
Que num piscar de olhos some

O efêmero e o eterno
O amor e a paixão
A inocência perdida
A face rosada

O sol apenas queima
A pele ardida
No rosto uma lágrima alivia
Na hora de dizer adeus...

Mário Feijó
14.08.13

O SUSTO



O SUSTO

Outro dia lembrei o gosto que eu tinha por doces até o inicio de minha vida adulta. De repente, meu paladar mudou e não foi em decorrência da cirurgia para consertar um desvio de septo que fiz. 

A cirurgia aconteceu mais tarde e, me abreviou o cheiro das coisas e gosto delas de um modo geral, mas me aguçou o desejo pelo café que estava desaparecido.

Vale à pena dizer que eu bebia de uma única sugada uma lata de leite condensado e, para que ele descesse feito cachoeira doce, eu fazia um furo enorme na lata.

Quando eu estava no interregno de um casamento e outro (há trinta anos), morava sozinho e mantinha meu apto de solteiro fazendo tudo com liberdade (parem de pensar que eu estou falando de sexo).

Bem, certo dia abri uma lata de leite condensado (e nem foi para jogar no corpo de alguém e sorvê-lo em suaves lambidas), mas para suga-lo como fiz de outras vezes, só que não tive vontade de beber toda a lata, ou até porque quis prorrogar aquele estado de graças. Tomei somente a metade e deixei o resto em cima da geladeira.
No outro dia a primeira coisa que eu fiz foi correr para a cozinha e chupar com toda força o saldo do meu leite condensado tão amado. Fiz isto com uma força enorme, para ter a boca cheia daquela pasta maravilhosa...

Deliciava-me com o sabor daquele doce quando de repente senti perna mexendo, o meu leite condensado adorado tinha pernas agora?

Levei um susto. O tempo era quente e o clima agradável, não havia motivos para eu me arrepiar, porém diante da surpresa corri para a pia e cuspi o que sobrou em minha boca e vi ali nadando, ainda dando seus últimos suspiros, porém totalmente saciada com meu leite condensado, uma enorme barata cascuda...

Canalha! Pensei...

Mário Feijó
14.08.13

terça-feira, 13 de agosto de 2013

GATO QUE COMIGO DORME



GATO QUE COMIGO DORME

      Minha vizinha tem um gato que todos os dias foge da casa dela para vir dormir na minha cama. Mas ele não se contenta só em dormir, hoje mesmo trepou na minha cristaleira e derrubou uma garrafa de “amarula” ainda fechada e um litro de whisky que eu guardava para uma ocasião especial.
Depois das artes que faz pela casa me seguindo ou tentando pegar os peixes do aquário ele então se refastela na minha cama e faz as mais diferentes poses, como se quisesse chamar minha atenção, e se eu me deito na cama ele se aninha nas minhas costas, nos meus pés ou no travesseiro ao lado do meu...
 Eu nunca fui um apaixonado por gatos, mas desde que sobrevivi ao último acidente eles se aproximam de mim e eu me descobri por eles encantado.
Às vezes eu penso que depois de tantas “quase morte” os gatos vêm até a mim para confraternizar mais uma sobrevida comigo ou somente para me darem forças para enfrentar a nova. Eu já perdi umas quatro e algumas crianças, que conhecem minha história, chamam-me de homem gato (já passei da idade de ser um “gato”, mas meus olhos azuis aceitam a alcunha).
Desta forma o que posso fazer, senão aceitar os reforços recebidos dos gatos. Deve haver uma razão e com certeza os gatos sabem e por isto formam meu exército de proteção.


MÁRIO FEIJÓ
13.08.13

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

SUGADO

SUGADO   

Cansei!
Cansei de ser sugado
Feito árvore
Sugada por cipós
Orquídeas
Samambaias
Cipós...

E agora?
Agora corto raízes
Das sanguessugas
Que me incomodam
Que por vezes me aniquilam...

Mário Feijó
09.08.13