sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

A DOR

 


A DOR

 

 

Quando a dor chega

Não é muito fácil

Que ela queira ir embora

 

Terrível é a dor de cabeça

Pedra nos rins então nem se fala

Dizem que é pior que a dor de parto

 

Dor na coluna

Derruba qualquer um

Pelo desiquilíbrio que causa

Na estrutura do corpo

 

Dor nos pés, nas mãos

Geralmente é reumatismo ou artrite

Mas horrível também é a dor nos dentes

Sem esquecer a dor que é, a de uma uretrite

 

Não existe dor maior ou menor

Todas as dores precisam de atenção

Dói também a dor de amor

Que abala o coração

 

Lembre-se sempre que a nossa

Não é a maior dor do mundo

Respeite a dor do outro

Se também quiser respeito pela sua

 

Mário Feijó

10.02.23

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

E SE NÃO HOUVER AMANHÃ?

 


E SE NÃO HOUVER AMANHÃ?

 

Há poucos dias eu li na internet que “viajantes do tempo” não perceberam vida humana na Terra, a partir de 2024.

Eu não sou nada. Não sei de nada, porém faz uns três anos que “senti” que alguma coisa séria no planeta aconteceria e muitos seres humanos morreriam. Veio a pandemia e eu achei que seria nesta hora. E muita gente morreu. E todos estavam assustados.

Eu não quero ser alarmista, as morte que eu vi para o futuro do planeta eram muito mais, era um número maior que três bilhões de seres humanos. Não sei quando e se acontecerá realmente.

Então pensei “os seres humanos aprenderam a lição, a pandemia serviu de alerta”. Ganhamos uma nova chance, por isto descobriu-se a vacina tão rapidamente. Aí percebo que nada mudou. A pretendida solidariedade e empatia amorosa pelo “outro” – o tal “amai-vos uns aos outros”, não aconteceu, não vingou. Os seres humanos estão cada vez mais egoístas, avaros e cruéis uns com os outros. O amor ao próximo não vingou no coração das pessoas.

Nestes dois anos de pandemia todos empobrecemos, em todos os sentidos. O mundo inteiro empobreceu. A crueldade aflorou aqui e lá fora. Haja vista as notícias nos jornais. Nossos povos nativos estão morrendo pelo descaso e pela ganância. A guerra da Rússia contra  a Ucrânia, sem entrar muito no mérito da questão pois estão nos jornais todos os dias, é uma crueldade de irmãos contra irmãos. Até pouco tempo praticamente era uma única nação e agora vê-se o prazer em ver o outro morrer de fome e frio. Pior ainda é que tem “gente” que diz publicamente que “quando um não quer dois não brigam”, mas todos sabemos que não é uma situação tão simplória, como a desta colocação. Isto é falta de empatia. No entanto acaba sendo perdoável devido aos enormes problemas internos de nosso país que está flagelado em todos os sentidos.

E se não der tempo para consertar o mundo? E se não der tempo para socorrer os necessitados? E se não der tempo para viver o amor? O tão sonhado amor porque estamos esperando melhorias em nossa vida. Porque estamos esperando receber um dinheiro atrasado. Porque estamos esperando a aposentadoria chegar.

Então eu pergunto: e se a morte chegar antes disto? E se o mundo deixar de existir por causa de uma bomba ou um barulho ensurdecedor vindo dos céus? Ou porque um novo vírus voraz virá disposto a dizimar todos os seres humanos? Será que seremos os novos dinossauros a ser extintos? Será que a partir da extinção da raça humana aparecerá uma nova raça capaz de pensar menos em comida e mais em amor, satisfação pessoal... um novo ser mais iluminado que salve o planeta e que entenda que somos muito pequenos num universo tão grandioso.

Não sei! Mas sei que tudo é possível, que devemos ser melhores, evoluir, independentemente de o outro querer ou não, pois estaremos mais centrados na nossa evolução.

Há algum tempo tenho tentado ser coerente comigo e ser mais feliz – sozinho ou acompanhado – nos lugares onde a natureza poderia ser mais pródiga. Onde eu caminhe pela orla e não veja uma quantidade infinita de pinguins, tartarugas, peixes e outros animais marinhos mortos. Onde eu possa ir para o interior e não veja queimadas, tatus, araras, papagaios, onças e outros animais numa quase extinção por falta de mata e excesso de campo, numa terra devastada. Poucas árvores e muito bicho morto.

Pense, reflita, você pode ajudar a mudar tudo isto. Faça sua parte, o planeta é a sua casa...

 

Mário Feijó

 

01.02.23

sábado, 28 de janeiro de 2023

OLHOS TURVOS


 

OLHOS TURVOS

 

Não deveria ser assim

Opostos que se atraem

Juntam-se, amam-se

E não podem ficar juntos

 

Bate o sol sobre meu corpo

Bate o luar sobre o teu

Não enxergas o sol que me ilumina

Encantado que estás com a lua

 

E o mesmo amor que nos aproximou

Está açoitando meu corpo

Sem o teu calor

Nas minhas noites de luar e frio

 

Sinto que a escuridão da noite

Ainda turvando meus olhos

Os teus... não sei

Porém meu medo é perder o caminho!

 

Mário Feijó

28.01.23

SER OU NÃO SER...

 


SER OU NÃO SER...

 

Todos dizem “ele(a) se modificou muito”

Mas na verdade o que mudou

São os olhares ou a forma

Com que todos olham para o indivíduo...

 

A pessoa sempre foi assim

A vida dá ou não maturidade

Para que cada um faça suas escolhas

Mas nem sempre existe coragem

 

No entanto a sociedade

Acha que tem o direito de direcionar

O caminho dos indivíduos

E pessoas inseguras não se decidem

 

Muitas vezes infelizes

Mas só depende do individuo se impor

Porque o que os outros pensam

É algo que não nos pertence...

 

Mário Feijó

28.01.23

AS ESCOLHAS D’ALMA

 


                       

 

´É impossível lutar com o que a alma escolhe”

Jean Paul Sartre

 

Muitas vezes

Seguimos caminhos

Que são contestados

Por outros e rejeitados por nós

 

Assim como “existem razões

Que a própria razão desconhece”

A alma também se sente

No direito de fazer suas escolhas

 

E a vida segue colocando

Pessoas, caminhos e lugares

Onde o nosso coração parece querer ficar

E a alma parece achar sua identidade

 

Amanhã tudo pode ser diferente

E a vida dar uma guinada

Levando você a fazer novas escolhas

Mas no momento quer ficar ali, quietinha...

 

Mário Feijó

28.01.23  

 


sábado, 21 de janeiro de 2023

INGRATA

 


INGRATA

 

Foste te acostumando

A tudo o que faço por ti

Como se tudo o que eu faço

Fosse uma “obrigação”

E deixasse de perceber

O carinho em meus atos

 

Enquanto isto

Observo os pássaros

Que ao beber água

Levantam as cabeças ao céu

 

Também olho as plantas

Vejo as flores que se abrem ao sol

E o girassol que o segue

Durante todo o dia

 

É a natureza sendo grata

Por tudo o que recebe

E tu ingrata não percebes

A pureza do amor

Que eu te entreguei...

 

Mário Feijó

21.01.23   

‘SER ALGUÉM’

 


‘SER ALGUÉM’

 

Quem diria

Que eu lutei uma vida inteira

Querendo “ser alguém”

 

Era o sonho de todos

Na época dos meus pais e avós

E por mais que eu tentasse

Tornei-me um “Zé Ninguém”

 

Mas é muito melhor

Não ser ninguém na vida

Somos invisíveis

Não  há cobranças

 

Enquanto “ser alguém”

Olha lá quem fala

Olha lá quem vai lá

É o que dizem julgando...

 

Mário Feijó

21.01.23

BOA NOITE MEU BEM

 


BOA NOITE MEU BEM

 

Sou o suor que escorre

Que flui salgado

Para dentro de teus lábios

Em horas de amor

 

Mel na tua boa

Que sedenta quer mais

E mais, mais, mais

 

Enquanto o corpo suarento

Cansado deita-se

E pede mais um beijo

Boa noite, meu bem!

 

Mário Feijó

21.01.23

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

FLORES E FILHOS DO MUNDO

 


FLORES E FILHOS DO MUNDO

 

Filhos meus

Filhos teus

Filhos nossos

Filhos do mundo

 

Somos todos irmãos

“Ajudai-vos uns aos outros”

Quem não abre os braços

Não sentirá o calor do amor

 

O amor vem em ondas

Forte feito ondas do mar

Se você não estiver atento

Poderia ser derrubado por elas

 

Amar não dói

O pão é nosso todos os dias

Vamos irmanados distribuir

E matar a fome que se cala...

 

Mário Feijó

10.01.23

 

 

 

domingo, 11 de dezembro de 2022

HOJE É O MOMENTO DE SONHAR

  




HOJE É O MOMENTO DE SONHAR

 

Este é o momento de sonhar

E sabe por que este é o momento?

Porque ele é hoje

E somente o hoje é presente

 

No amanhã tudo é incerto

Mesmo que pra você o hoje

Seja um novo amanhã

Ele não confirma sua existência nele

 

Da mesma forma como o ontem

Ele já passou e se torna estático

Não dá para interferir ou muda-lo

 

Então viva intensamente o dia de hoje

Porque só o agora existe

E no agora tudo é real, só depende de você...

 

Mário Feijó

11.12.22

 

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

O SILÊNCIO DO MEU CORPO

 


O SILÊNCIO DO MEU CORPO

 

Não ouço mais

As batidas do meu coração

Não sinto o sangue

Correr em minhas veias

 

Não ouço mais

O ar que em mim entrava e saia

Nos meus ouvidos não há mais

O meu sangue a pulsar

 

Meu abdome silenciou

Não há mais gases

Dentro dele a girar

Tudo em mim virou silêncio

 

Só o meu cérebro ainda trabalha

Deve ser o último a trabalhar em meu corpo

De repente ouço uma porta que abre

É você quem grita: volte!

Quero você comigo...

 

Mário Feijó

11.11.22

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

MEU ENCONTRO COM PABLO NERUDA

 


MEU ENCONTRO COM PABLO NERUDA

              

Esta noite eu estava visitando a casa de uns amigos, porque lá havia uma festa, e ao sair dela com Sandra, Bela, Ana e Dione encontrei com Pablo Neruda. Vejam só: ele morava na casa ao lado e acabara de passar por mim. Não dava para deixar passar em branco, nem calar. Chamei-o e disse:

- Eu também sou poeta. Adoro seus trabalhos.

Conversamos rapidamente e eu lhe disse que acabara de lançar um livro de poemas “histórias de amor PARA TE SEDUZIR”. Ele me disse que gostaria de possuir um exemplar. Eu falei que ia trazer.

Neruda tinha os cabelos cinza, compridos e desgrenhados. Usava uma calça preta e um casaco tipo cardigã, tricotado a mão, com uma linha bem grossa. Por sinal um lindo casaco. Fez-me lembrar a foto que tinha visto na capa de um de seus livros que eu tinha visto quando tinha 15 anos. A barba estava por fazer e, ele muito simpático, eu tinha vontade de conversar mais, no entanto sem graça se afastou porque uma voz de mulher o apressava para o interior da casa. Minhas amigas, sem entenderem nada e não dando importância ao homem, também me chamavam com urgência.

No chão do quintal de sua casa haviam marcas de muitos pés desenhados e salientados com uma cerâmica salmão clarinha que me inspiraram estes versos:

PÉS

No chão da tua casa

Eu descobri a alma de teus passos

Por onde passavas

E no chão ficavam

As marcas de teus passos

 

Era um chão à beira-mar

Onde o cheiro de maresia predominava

Eu via Neruda, em teus pés,

A imortalidade da poesia abandonada

 

No ar ficou um sorriso simpático

A beleza gris dos teus cabelos

E a elegância de um blusão de lã

Que penso tua musa tricotara

Em noites de deleite...

 

Mário Feijó

31.10.22 (3h15m da madrugada)

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

O MENINO E O TEMPO

 


O MENINO E O TEMPO

 

Havia um menino na minha cidade que não tinha idade. Talvez ele já fosse um homem, não sei. Ele queria mudar o mundo. Fazer do planeta um lugar melhor para se viver. Amava os bichos e as plantas, e, tinha cuidados com o planeta Terra. Não a poluía com óleo e plásticos e vivia a plantar flores mundo afora.

No entanto o tempo interferia em seu viver. O sol e a lua faziam dele marionete.

Hoje caiu sobre a cidade uma ventania, seu peito batia mais forte. Seu sangue pulsava revolto feito as ondas do mar. Em noites de lua cheia quando ela surgia frajola no céu em sua saia de nuvens. O menino tem dores no corpo e sua alma sai pela noite em busca da luz do luar.

O sol majestoso em seu esplendor do verão transpassa sua pele e toca seus ossos como se fora um bálsamo a solidificá-los.

O menino não vive longe do mar. Sente falta do cheiro da maresia quando sobe a serra e fica um tempo por lá. Seus músculos se enrijecem e sua pele começa a secar longe do barulho das ondas.

Eu penso que este menino não é um ser deste planeta. Ele deve ser etéreo, uma entidade que a qualquer momento irá se desintegrar viajando pelo espaço em direção a uma estrela dentro de uma galáxia distante. Ele sabe como viajar pelo tempo, se deslocar pelo espaço e conquistar no universo o lugar que lhe é de direito e de lá ficar emanando luz a todos que estão perdidos neste planeta, no decorrer do tempo.

 

Mário Feijó

10.10.22  

domingo, 18 de setembro de 2022

ALARIDO DO MAR

 


ALARIDO DO MAR

 

Era primavera

E mesmo assim meu corpo

Tremia como se ainda

Inverno fora

 

O meu corpo gelado

Da cabeça aos pés tremia

E eu sentia falta do teu calor

Que me aquecia nas noites frias

 

No sul do Brasil o frio

Fazia as flores murcharem

E no centro-oeste do país

O calor lembrava alguma estufa

 

No meu quarto

Tento me aquecer

Ouvindo o vento na janela

E o alarido do mar

 

Mário Feijó

06.10.22

MEU PRIMEIRO AMOR

 


MEU PRIMEIRO AMOR

(a história de amor de José Antônio e Alzira)

 

Com uma letra ligeiramente arrastada ele datou 19.10.45, convidando sua noiva Alzira para ir, no outro dia, à Festa de Chico Cap. Dizia ele “a saudade está me maltratando e eu fiquei sabendo que amanhã à festa”.

Estava José Antônio na Fazenda Lúcia da Floresta e Alzira numa outra fazenda, e pouco podiam se ver, onde a condução era feita através de cavalo ou horas andando a pé.

A filha mais velha do Sr. José encontrou esta carta, quando ela já tinha mais de setenta anos, entre coisas que pertenceram a ele.

Descobriu-se que a noiva, Alzira, acabou morrendo um tempo depois e ele acabou encontrando um novo amor, sua mãe, D. Judite e com ela teve 16 filhos.

A tal carta, na realidade não passa de um bilhete, tanto é que começa da seguinte forma:

“Minha querida noiva Alzira, desejo que estas duas linhas te encontrem bem e com saúde, o que está me maltratando é as saudades tuas que são por demais. Queira aceitar uma saudosa lembrança deste seu amante e noivo José Antônio”.

Acaba colocando um P.S. e a convida a estar presente na festa do dia seguinte.

É encantador perceber que ele era um romântico e apaixonado e não tinha vergonha de declarar seu amor quando sabemos que os homens, ainda hoje, têm dificuldade para externar o amor que sentem.

Agora, deixar isto registrado é outra coisa e pelo visto a carta sobrevive por mais de 75 anos e não deve ter chegado às mãos de Alzira, pois estava guardada entre os pertences do falecido pai de D. Iracy.

Acredito, ainda, que D. Judite, sua mãe, o segundo amor do Sr. José Antônio não soubesse ler, caso contrário a carta não teria sobrevivido entre as relíquias dele.

 

 

Mário Feijó

18.09.22   



 

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O QUE É VIVER SEM ESPERANÇA?

 


O QUE É VIVER SEM ESPERANÇA?

 

Viver sem objetivos, sem esperança é o mesmo que estar sob a luz do sol e não sentir a claridade. É ter a sensação de que você caiu em um buraco, sem conseguir se levantar.

Há dias em nossas vidas que nos sentimos assim. Eu falo no plural porque já percebi que não sou o único a sentir isto. E, também, porque são muitas as vezes em que isto acontece em nossas vidas.

E, não é só pelo risco que minha vida toma, mas por olhar para a humanidade e perceber que o ser humano caminha para trás.

São os políticos que mentem para conseguir votos. São os “amigos” que se aproximam buscando vantagens. São os parentes que fingem amor para arrancar o que acham ser direitos seus, quando na realidade fomos nós quem estudamos, trabalhamos, passamos por dificuldades para adquirir o pouco que temos.

Há dor em meu jeito quando vejo sempre alguém querendo arrancar de nós algo que eles não merecem. É como você chegar numa horta em que nada ali você plantou e você colhe tudo o que ali tem como se tivesse cuidado da terra e semeado as sementes que agora frutificam.

Onde está a consciência, a inteligência, a solidariedade do ser humano que não dá crédito a quem plantou e que agora colhe frutos como um direito seu.

Quando vejo isto fico chocado com os demais seres humanos e penso: “será que somente eu penso assim?” será que são poucos os que querem construir uma sociedade melhor?

Segundo os ensinamentos religiosos até Deus trabalhou para “CRIAR”.

Quando penso por um lado lúdico, mas que todos sempre têm sua parcela na realização de um mundo melhor, para que depois possamos usufruir as benesses da criação e um dia descansar.

Não quero mais viver sem esperanças. Quero acreditar que tudo vai mudar, embora a realidade esteja muito distante disto.

Mário Feijó - 02.09.22

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

UMA ESMOLINHA POR FAVOR!

 


UMA ESMOLINHA POR FAVOR!

 

Quando eu era criança pensava em ser dono de uma “vendinha”, tipo “secos e molhados”.

Para sobreviver já vendi de tudo, desde laranjas a pedacinhos de coco. Artesato de esponjas e roupas.

Por não saber qual profissão seguir fui deixando a vida me levar e acabei sendo “administrador de empresas”, formado na Universidade Federal. Não sei se aprendi a administrar alguma coisa porque sempre me deixei levar pelo coração.

Tornei-me um adulto e sempre me virei, mas mesmo empregado acabei vendendo roupas. Rendeu durante muito tempo, porém eu estava me sentindo um mascate, batendo de porta em porta.

Um dia trabalhando na Universidade, aquela onde eu havia me formado, geralmente, nas folgas ou à noite, feriados e finais de semana eu saia para vender, mas por não ter ainda celular, na época, cometi o que considero o maior fiasco da minha vida. Uma família inteira encomendou roupas comigo e, eu achando que a data era outra não levei as roupas e cheguei na casa depois do casamento. Foram todos ao evento com as roupas que tinham em casa. Até hoje procuro um buraco pra me esconder. Desisti da venda de roupas, por este e outros motivos que não vem ao caso.

Por problemas de saúde, acabei me aposentando na Universidade Federal de Santa Catarina e comecei a pintar e levar mais a sério minha escrita, visto que na Universidade eu já trabalhava com revisão de teses e trabalhos científicos. Em 1987 tive publicado meu primeiro livro de poemas chamado “ENCONTROS E EMOÇÕES”, meu primeiro livro solo. Mas também já publicava no Jornal Universitário e jornais locais.

Sempre vendi tudo tão facilmente que para não perder o pique ainda hoje trabalho vendendo produtos Natura – a casa de perfumaria do Brasil. Porém quando se trata de vender meus livros sinto como se estivesse pedindo esmolas.

Estamos em um país, onde a arte e a cultura não são valorizados nem reconhecidos como deveriam. Gastamos muito dinheiro para fazer um livro, sem incentivo, sem patrocínio e algumas pessoas dizem: “você não vai me dar um livro!”. Os órgãos públicos não investem em talentos locais preferindo pagar fortunas a talentos consagrados.

Dos quadros e telas, que já pintei, acabei desistindo e parti para o artesanato, porém acontece o mesmo. Não importa se o valor é pequeno ou grande, a reação das pessoas é igual, todo mundo acha que é fácil e que não gastamos nada com material com o qual trabalhamos.

Hoje um livro com recursos próprios, mesmo numa pequena quantidade só será vendido em dois ou três anos e temos que tirar do bolso o montante integral para confeccioná-lo em trinta dias.

Portanto quando ofereço um livro a alguém parece que sou uma daquelas pessoas na rua que diz: uma esmolinha, por favor!

 

Mário Feijó

19.08.22

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

NADA ACONTECE POR ACASO

 


NADA ACONTECE POR ACASO

 

Nem as folhas das árvores ou as pessoas que passam por nossas vidas e, se nós ou os outros não aprendemos com os fatos é porque não era a hora e a lição, fica aí o exemplo.

O mundo estão interligados. Vivemos uma situação que pode ser comparada a um espelho. Muito do que aqui fazemos se espelha em outro lugar. Os fatos e os atos servem de lição.

O ser humano traz muito de suas experiências nos sentimentos e atitudes que aplica em sua vida e, se alguém não aprende a perdoar e guarda rancor por muito tempo é porque ela precisa desta energia para adoecer e se autopunir.

Nada é tão efêmero como a vida das borboletas que vivem pouco mais de um dia ou da vida das tartarugas que vivem em torno de oitenta anos.

Nada é mais belo que a fidelidade das araras que vivem para um único parceiro ou mais bonito que um galo, que necessita de um galinheiro inteiro ou, tão belo quanto os golfinhos que amam parceiros machos e fêmeas. Tudo tem uma razão na complexidade do planeta.

Muita gente não sabe que as águias vivem quarenta anos, nesta idade então se debate sobre as rochas para perder suas penas e as que sobram elas arrancam com o próprio bico, ficando depois escondidas esperando as penas crescerem para que elas possam novamente, rejuvenescidas voltarem a voar e ter uma nova chance por mais quarenta anos.

As plantas também lançam ao solo suas semente que só desabrocham em solo fértil e propício. Mas que no outono perdem suas folhas para poder enfrentar as intempéries do inverno.

E, nós seres humanos, o que fazemos por nós e pelos demais... a maioria, só pensa em acumular dinheiro ou bens, para morrer de repente e tudo ficar onde sempre esteve. Existem humanos que adquirem propriedade e quando morrem tudo se perde porque não ensinou aos filhos a dar valor ao que tem. E, as propriedades são invadidas ou, o governo as toma porque aquele herdeiro não sabe ou não tem como pagar os impostos obrigatórios. Os exemplos são muitos e as lições são jogadas ao vento pelos que desaprendem até a respirar e fazem da comida sua “bengala” armazenando gordura desnecessária no próprio corpo.

Respire fundo. Não desaprenda o básico. Não se curve demais, para não sofrer dores na coluna, mesmo jovem. Tudo é uma questão de postura diante da vida. Use o amor como combustível diário e a fé de que, sempre, tudo se resolve quando nossas energias estão equilibradas. E veja bem, não estamos falando em religião. Tudo que é demais também faz mal neste sentido. Mas em fé! Na força da natureza. Na energia das coisas da natureza: pedras árvores, bichos, vento, ar, mar, sol, chuva...  na fé em nós mesmos, de que tudo podemos, basta saber esperar. Algumas vezes os frutos não estão maduros. Não é a hora de comê-los. Então aproveite a flor e deleite-se, logo você estará comendo os frutos que virão quando ela cair. E, não matem as borboletas que virão até elas polinizando todas as árvores.

 A energia da lua está demonstrada até na força das marés. E os astros e estrelas também lançam suas energias sobre a terra. Exercem poder sobre nós. E isto não é ficção, é ciência, e, para isto não precisa de fé porque acontecerá independente de querermos ou não. De acreditarmos ou não. Basta usar a inteligência que temos e que não está em nossas cabeças como enfeite. Ela tem utilidade. Ela tem uma razão.

Há pessoas que passam pela vida sem perceber que são inteligentes e vivem apenas sua vida animal. É hora de evoluir. É hora de acreditar que podemos ser diferentes! Que podemos ser um pouco melhores que os demais.

Então nesta hora, eu olho para uma árvore e mais uma folha cai. É hora de renascer! É hora de evoluir, de provar para mim que eu posso! Que eu quero e assim será!

 

Mário Feijó

17.08.22      

CIRANDA

 


CIRANDA

 

A minha cabeça ferve

Fico girando, girando

Numa ciranda de eventos

Onde não sei pra onde vou

 

Se fico exposto o sol me queima

A chuva me molha

O frio me congela

O calor me transforma

 

E o mundo gira

Feito um carrossel num parque de diversões

E a minha cabeça gira, gira, gira

Enquanto eu rolo ladeira abaixo

 

Era um menino ingênuo

Solto numa selva e pedra

Em meio a lobos famintos

E hienas traidoras...

 

Mário Feijó

18.08.22

BASTA QUERER-ME BEM

 


BASTA QUERER-ME BEM

 

Se você me ama de verdade

Basta querer-me bem na medida certa

Nem de mais, nem de menos

E quando acordar cedo

E estiver longe de mim

Dê um jeito de me dar bom dia

E de vez em quando dizer que me ama

E que de mim precisa nos seus dias

Para regar este amor

Como se rega uma planta

Mas também quando estiver por perto

Faça-me um carinho sempre que possível

Dar uns beijinhos, e, se quiser leve-me na cama

Um gostoso café e lá me dizer: bom dia!

Porém não se esqueça

É imprescindível que eu perceba

Que sou importante pra você

Lembrando de me querer sempre bem...

 

Mário Feijó

18.08.22

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

A CIGARRA, A FORMIGA E OS HUMANOS

 



A CIGARRA, A FORMIGA E OS HUMANOS


Pensando na minha situação atual e no rumo que ela tem tomado no decorrer dos tempos lembrei-me da fábula da Cigarra e da Formiga, de Esopo...

Muitas das pessoas que passaram por minha vida: parentes, amigos ou só conhecidos, também agiram feito formigas ou cigarras. Não importa qual a razão que os faça seguir seu destino, se por um ou por outro estilo de vida.

Eu, jamais deixei de comer ou fiz qualquer sacrifício com o objetivo de TER. nunca pensei em ter várias casas, barcos ou muitos carros. Sempre vivi confortavelmente e tendo em vista o sistema financeiro brasileiro nunca fiz uma polpuda poupança.

Agora, que passei dos setenta anos, olho para os lados e vejo que nem casa própria eu tenho. E, caso me aconteça algo mais sério, nem tenho quem cuide de mim. Todos seguiram seus caminhos e ninguém olha para trás. 

Eu é que comecei a olhar pra frente, e isto tem me assustado. Não gostaria de ir para um asilo, porém, penso que estou sem opções. Por isto me veio a fábula da Cigarra e da Formiga. Conclui que na vida “cantei” mais e trabalhei “menos”, ou seja não acumulei riquezas para minha guarida futura. Não tenho sequer um “quartinho” na casa de ninguém.

Deve ter muita gente vivendo algo parecido, por isto, pensei em registrar numa crônica para quem me ler faça melhores escolhas que eu. 

No Brasil não fomos educados para poupar, aí na hora decisiva não temos para onde ir. Nem para colocar a “viola no saco” e seguir em frente dará.

Vamos pensar juntos que um dia alguém pode bater na nossa porta e dizer: 

- Saia! Eu preciso desta casa!!!

E agora o que podemos fazer...


Mário Feijó

12.08.22