domingo, 21 de janeiro de 2018

O AMOR É UMA FLOR



O AMOR É UMA FLOR

Nunca houve melhor analogia para o amor
Que o comparar a uma planta – uma flor
Se não molharmos da planta
Se não cuidarmos dela, ela morre!

Tudo é válido: um bilhete,
Um bombom, dizer: eu te amo
Faz o amor crescer, vigorar
Não são horas intensas de sexo, mas o cuidado

Se uma planta não for cuidada
Adubada, molhada, tratada com carinho
Ela murcha e morre
Seja ela flor ou cactos

O mato cresce
Sufoca a planta
Que lentamente definha
O amor padece...

Mário Feijó

21.01.18 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

SOLO FÉRTIL



SOLO FÉRTIL

Eu sou a terra molhada
Que recebe sementes
E fecunda as transforma em árvores
Porque na terra há fonte para o amor

E meu chão são meus braços abertos
Solo fértil de meu coração
Onde o amor transborda
Fazendo multiplicar flores deste jardim

Mas há quem pise neste chão
Sem perceber a porção do amor
Ali pronto para brotar
E agradecer mesmo sem ver o que ali existe

Só as aves humildes
Fazem reverência ao solo
Quando dele catam as sementes
Para se alimentar... é a vida seguindo seu rumo!

Mário Feijó

17.01.18

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

GIRASSOL

GIRASSOL

Tenho sonhos que não morrem
Eles continuam vivos dentro de mim
E acordam todos os dias
Como se fossem pétalas ao sol

Sou feito sempre-viva
Renasço no amor que me tenho
E no amor que me dão
Mas eu quero muito mais do que recebo

Eu penso que o amor cresce
À medida que o damos
Por isto não me contenho
Não quero ser botão de rosa que não abriu

Porque foi colhido prematuramente
Talvez ele tenha nascido para ser um botão somente
Mas eu sou flor que desabrocha
Sou o girassol que se abre para a luz

Mário Feijó

16.01.18

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

EU PENSO SIM!




EU PENSO SIM!

Penso sobre as incertezas da vida
Penso nos amigos queridos
Penso naqueles que se fazem de amigos
Mas na verdade nunca o foram

Neste momento eu penso em ti
Penso que tenho escrito pouco
Penso que tenho jogado muito

E penso que tenho feito pouco amor
Penso que é culpa da distância
Penso que me bastaria ser uma flor
Um passarinho, ou até mesmo a brisa do mar

Penso que muitas vezes
Eu sou um prisioneiro de mim
Penso que a vida é muito curta
E penso que o meu tempo acabou

Mário Feijó

12.01.18

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

ELE A FEZ FELIZ EM VIDA, MAS A ENSINOU A SOBREVIVER COM A SUA MORTE...




ELE A FEZ FELIZ EM VIDA, MAS A ENSINOU A SOBREVIVER COM A SUA MORTE...

Ela era doce, feito uma colherada de mel que tomamos em jejum. Tinha ares de princesa e se eu tocasse meus lábios em sua pele sentiria o gosto de fruta madura, pronta pra ser digerida. Mas meu olhar de gula era somente de quem aprecia o belo. Era uma das garotas mais inteligentes da nossa turma de faculdade. Eu via estrelas toda vez que ouvia o seu riso de cachoeira. Em momento algum fui apaixonado por ela, mas tinha uma admiração que rimava com seu nome “endeusamento” – Neusa é o seu nome.
Um dia vi seu namorado. Combinava com ela perfeitamente. Era quase um menino feito ela, tinham na época um pouco mais de 20 anos. Toda vez que eu o via chegar imaginava que ele tinha deixado um cavalo branco na porta da faculdade e vinha busca sua princesa para passearem num bosque e depois voltar a um castelo. Era um rapaz muito bonito, do tipo que eu jamais fui. Queria ter aquele cabelo, aquele sorriso e aquele olhar apaixonado pela vida como ele tinha por ela. Coincidentemente se chamava Daniel, como meu filho mais moço na época (e que morrera pouco depois em um acidente de carro). Mas continuando nossa história: ele fazia Engenharia. Eu também sempre quis fazer engenharia, mas era muito pobre para cursar esta faculdade. Sem nem saber o que significava no inicio, cursei Administração de Empresas.
Acabei me tornando um amigo distante do casal. Tipo amigo de faculdade. Achei que se me aproximasse muito ele poderia sentir ciúmes, coisa que todo adolescente sente quando percebe que alguém do sexo oposto é amigo do seu par.
O tempo passou. A vida nos levou por muitos caminhos. Ficamos distantes, mas toda vez em que nos encontrávamos eu admirava o casal, até que no ano passado, ou retrasado eu me encontrei com a turma e descobri que ele estava com câncer. Fiquei observando e descobri que aquele homem devia ser um anjo. Eu aprendi muitas lições neste último encontro sem muita conversa, só observando a sua maneira de viver. Ele estava vivendo seus últimos dias a ensinar quem se aproximasse a viver. Ao mesmo tempo, penso eu, estava ensinando a ela – seu amor – a viver sem ele depois da partida. Nem conheceu sua primeira neta.
Agora quando eu olho pra ela vejo que ela não se descabelou. A vida continua, e disse-lhe o que escrevi neste título de crônica. Aí ela quase desmoronou em lágrimas. Havia ali dentro daquela mulher, hoje com 64 anos, que mantem a mesma carinha dos vinte e poucos anos, uma torrente de emoções e de amor represado. Ela continuou vivendo, sem fazer dramas, distribui sorrisos e derrama entre nós risos de cachoeira fresca. Como não amar uma pessoa assim?
Eu penso que precisamos de mais seres humanos menos mesquinhos, feito Neusa e Daniel. Sempre que os via juntos lembrava de Romeu e Julieta, antes da tragédia. Achava que os dois viveriam para sempre. Nunca aventei a hipótese de morte separando-os. No entanto não somos eternos. A vida continua e eu sou um adepto de que continuamos vivos numa outra dimensão. Então tudo o que vivemos é crescimento e aprendizado para outra etapa.
Semana passada nos encontramos. Ela agora sozinha, mas eu sentia que Daniel se escondia no sorriso dela.
Eu não poderia deixar de eternizar o meu pensamento sobre o amor, mais especificamente sobre este amor. Talvez Daniel se me lesse agora até estranharia, pois não convivemos muito amiúde, nem fomos amigos íntimos, mas basta um pouco de sensibilidade e amor para que estejamos próximos de quem gostamos. E eu sempre os amei.
Há nesta turma de faculdade que começou em 1972 na UFSC um monte de histórias lindas e de superação, como a de Ronilda, minha parceira desde os primeiros anos escolares e que nos ensina a viver. Hélia que se esconde em seu drama, não menos doído, ou o de Rosa, agora quase carequinha mas que nos encanta sempre que nos encontramos, feito as rosas que perfumem e colorem nossos jardins.
Eu estou atento à vida, procurando aprender com minhas histórias, sofrendo e me solidarizando com os amigos, mas vivendo à procura da Felicidade. Nunca se sabe onde a encontraremos, mas vivamos bem e toquemos em frente, agora que a idade começa a ficar pesada.
Com amor,

Mário Feijó
 11.01.18  

  

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

POR UM MUNDO MELHOR





POR UM MUNDO MELHOR



Tudo que eu sempre quis na vida
foi amar as pessoas
como se fossemos irmãos
sou do tempo da paz e do amor

No entanto alguns, sempre com os pés atrás,
pensam que estão sendo feridos
- Não estamos em guerra, sou da paz -
Mas parece ser mais fácil agredir, não abrir os braços

Vivemos num planeta, e para viver melhor
penso na existência de um Deus
- é mais fácil para viver na comunidade humana
e a última coisa que penso é em fazer o mal a outrem

O mundo é melhor quando nos ajudamos
As pessoas vivem melhor quando estão unidas
É mais fácil ajudar aos outros do que "malhar" alguém
E um diálogo geralmente resolve todas as pendengas...


Mário Feijó
02.01.18

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

TERRA FECUNDA




TERRA FECUNDA

Há vezes em que eu te espero
Feito terra seca
Que aguarda a chuva
Que lhe penetre as fendas
E lhe fecunde as sementes...
Há dores de parto
Abrindo entranhas na terra fecunda
Que lhe amainam as dores da saudade
Naquele chão avido...
E os campos florescem
Brotando vida
Naquela terra antes seca
Agora repleta de vigor...
E todo o tempo de espera
Desaparece quando a terra floresce
Quando brota agora do chão
Delicadas e suaves flores...

Mário Feijó

28.12.17 

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

POR AMOR...




POR AMOR...

Por amor mudamos tudo
E é tão lindo ver
A força bruta daquele homem
Ficar delicada diante do amor

Eu vi a força de Juliano
Enternecida ajudando Jackie
Nas tarefas domésticas

E ela apaixonada derreter-se
Ele tem me ajudado como jamais fez
Para outra mulher qualquer
E tudo isto pelo simples fato de amar

E depois de toda a labuta diária
Ela se aconchega a ele em sua carruagem
E vão os dois embora: cansados e felizes...

Mário Feijó

18.12.17 

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

A LUA É CÚMPLICE




A LUA É CÚMPLICE

No leito esparramaram-se
Feito rio que escorre
E, animais no cio amaram-se
Sobre a relva e o sereno da noite

Eles eram livre
Tal qual o vento
Um dia no mar, outro na serra
Corriam pelas paragens

No chão ecoaram as pisadas
Eram as brumas da noite
Onde o solo eram os lençóis de areia

No teto nada mais que estrelas
A lua escondera-se solidária
Era cúmplice deste amor...

Mário Feijó

18.11.17

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

POR DOIS OU TRÊS BEIJOS



POR DOIS OU TRÊS BEIJOS

O poeta passou a vida inteira
Em busca de um amor sincero
Porém quando o encontrou
Descobriu ter caído numa armadilha

Sim! O amor também tem armadilhas
E o poeta começou a agonizar
(faz tempo que agoniza)
Descobriu que o amor lhe testava

Certas horas sua alma
Ficava completamente vazia
Noutras horas seu amor próprio evaporava
E o poeta que sempre fora esperançoso
Tinha aridez no coração

O amor não se compra
E o poeta vendeu-se
Por dois ou três beijos
E mais trinta moedas: crucificaram-no!

Mário Feijó
06.12.17


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

TEMPO E DISTÂNCIA






TEMPO E DISTÂNCIA

O que mais dói
É ir ao teu encontro
E como que por encanto
Te perder na bruma
Estou mais perto
E ao mesmo tempo mais distante
O tempo contado em horas
Dias, semanas, meses e anos
Jogam-me sempre pra longe de ti
Tento nas brumas te alcançar
E o vento te leva
Por vias, rodovias e estradas
Para longe de mim
É o destino que nos separa
Eu corro incerto
Pra perto de ti
E cada vez nos distanciando mais e mais

Mário Feijó
26.11.17


MILAGRES ACONTECEM (crônica)


foto: Mário Feijó


MILAGRES ACONTECEM

Era uma tarde chuvosa, nós corríamos pelo campo, voltando para casa. O céu completamente fechado abria nesgas de sol. Num dos intervalos entre os vários temporais que já caíram naquele dia.
Ao longe o gado pastava o capim verde e molhado, indiferente se chovia ou fazia sol. O poeta olha o campo e vê, de lado a lado, o mais colorido e vivo arco-íris. E naquela paleta de cores, de um lado o arco-íris caia em cima dos animais e do outro somente o verde do campo. A paisagem tinha as cores do paraíso. O poeta então para de correr, estaciona o carro e vai para aquela visão colorida que ia do laranja até o lilás, tentando subir onde só havia campo.
Pensava no que sua avó dizia: ‘sempre há um tesouro na ponta do arco-íris’. Assim: esquecera-se do tempo e de onde estava. Esquecera-se de que não chegara ali sozinho, no carro da frente tinha alguém que lhe guiava o caminho naquela estrada desconhecida e estranha. Pegou o celular, pois não levara sua máquina fotográfica, e registrou extasiado aquele momento enquanto sua mente viajava no arco-íris em direção à fantasia. Era um momento de felicidade em um pequeno lapso de tempo.
Recomeça a chover e saindo do torpor o poeta lembra: tenho que correr, o outro carro sumiu na estrada e, sozinho por estes lados, estarei perdido. Era a divisa de dois pequenos municípios no interior de São Paulo – Santo Anastácio e Ribeirão dos Índios – um com nome de santo o outro de um pequeno riacho.
E o poeta desperta do êxtase correndo para seu carro e voltando para a estrada quando olha pra frente e vê que o carro da frente havia voltado para lhe buscar. Voltara preocupado com o que tinha acontecido com o poeta, sem entender nada, sem nem mesmo perceber que no céu havia acontecido um pequeno milagre, entre um temporal e outro...


Mário Feijó

27.11.17  

AMOR ROLETA RUSSA




AMOR ROLETA RUSSA

A borboleta assustada foge
Por medo dos predadores
Escondida no Jardim
Envolve-se com flores
Que dizem lhe amar
As flores murcharam
Por falta de amor
Água somente das lágrimas
O tempo é quem chora
As borboletas morrem
De inanição e desprezo
Nem predadores a procuram
O mundo gira
Entre amores, vícios e dores
Feito uma roleta russa

Mário Feijó
Out. 2017