foto: Mário Feijó
MILAGRES ACONTECEM
Era uma tarde chuvosa, nós
corríamos pelo campo, voltando para casa. O céu completamente fechado abria
nesgas de sol. Num dos intervalos entre os vários temporais que já caíram naquele
dia.
Ao longe o gado pastava o capim
verde e molhado, indiferente se chovia ou fazia sol. O poeta olha o campo e vê,
de lado a lado, o mais colorido e vivo arco-íris. E naquela paleta de cores, de
um lado o arco-íris caia em cima dos animais e do outro somente o verde do
campo. A paisagem tinha as cores do paraíso. O poeta então para de correr,
estaciona o carro e vai para aquela visão colorida que ia do laranja até o
lilás, tentando subir onde só havia campo.
Pensava no que sua avó dizia: ‘sempre
há um tesouro na ponta do arco-íris’. Assim: esquecera-se do tempo e de onde
estava. Esquecera-se de que não chegara ali sozinho, no carro da frente tinha
alguém que lhe guiava o caminho naquela estrada desconhecida e estranha. Pegou o
celular, pois não levara sua máquina fotográfica, e registrou extasiado aquele
momento enquanto sua mente viajava no arco-íris em direção à fantasia. Era um
momento de felicidade em um pequeno lapso de tempo.
Recomeça a chover e saindo do
torpor o poeta lembra: tenho que correr, o outro carro sumiu na estrada e,
sozinho por estes lados, estarei perdido. Era a divisa de dois pequenos municípios
no interior de São Paulo – Santo Anastácio e Ribeirão dos Índios – um com nome
de santo o outro de um pequeno riacho.
E o poeta desperta do êxtase
correndo para seu carro e voltando para a estrada quando olha pra frente e vê
que o carro da frente havia voltado para lhe buscar. Voltara preocupado com o
que tinha acontecido com o poeta, sem entender nada, sem nem mesmo perceber que
no céu havia acontecido um pequeno milagre, entre um temporal e outro...
Mário Feijó
27.11.17
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