terça-feira, 10 de dezembro de 2013

MENINO SUJO



MENINO SUJO

Ele era um menino
Negrinho, sujo
Cabeça nas nuvens
Cheia de pós brancos

Consumido pela fumaça
O mestiço rejeitado
Corria esquinas
Praticando delitos

Um dia alguém lhe empurrou
No meio da rua
E debaixo das rodas de um carro
O negrinho voou

Tornou-se um anjo descolorido
Que por desamor aos céus retornou
Não tinha mais piolhos
Nas nuvens o menino estava limpinho
E sem pó algum...

Mário Feijó
09.12.13

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

LIVRES PARA O AMOR



LIVRES PARA O AMOR

Quem te sugeriu
Nosso aprisionamento
Sem liberdade
Dentro de gaiolas ou jaulas?

Nascemos animais livres
Homens livres
Pássaros nos céus

Homens e mulheres não são prisioneiros
Uns dos outros – são animais livres
E como tal devem ser respeitados
Com direito à liberdade

Somos elementos da natureza
Que deve permanecerem livres
Para o equilíbrio ecológico
E para amar seu par...

Mário Feijó
09.12.13

sábado, 7 de dezembro de 2013

E AGORA JOSÉ? EU NÃO SEI SR. CARLOS DRUMMOND





E AGORA JOSÉ?

E agora José? Tu me perguntaste
Eu não sei! Respondo a você tristemente
Eu não sei o que fazer
Foram-se meus dias alegres
Minhas festas na beira do riacho
Que agora secou
Não posso mais te dar uma flor
Porque elas secaram
Meu destino é incerto
Minha vida sem rumo ficou
O trenzinho que passava
Perto da minha casa
Já não apita mais
Vejo os dormentes abandonados
E o mato quase o encobrem
Nossas cidades estão muito mudadas
É o progresso que chegou aqui
Senhor Carlos Drummond
Nossas cidades mudaram muito
Há tanto engarrafamento, tanta poluição
Até dormir de janelas abertas não podemos mais
Há assaltos, gente drogada, leite adulterado
Tentam vender até comida estragada
Não há mais leiteiros na porta,
Nem padeiro de bicicleta, gritando: Olha o pão, olha o pão!
E o Senhor seu Carlos ainda pergunta:
E agora José? E agora José?
Eu não sei para onde estamos indo
Para onde vai o dinheiro de tanta roubalheira
Tantos desvios de verba
Seria isto o que o progresso
Tinha a nos oferecer?
Já não sei, Senhor Carlos Drummond de Andrade
Sou apenas mais um José desiludido
Que encantado por seus versos
Acabou se tornando um poeta
Apenas isto! Apenas isto...

Mário Feijó
07.12.13



PALAVRAS MALDOSAS




Mesmo que as palavras maldosas de alguém derrubem você, a ponto de deixar você prostrado no chão, lembre-se de que do chão ninguém passará. É nele que um dia todos iremos repousar...

Mário Feijó (07.12.13)

MÚSICA NOS TEUS OUVIDOS



MÚSICA NOS TEUS OUVIDOS

Agora és apenas uma luz
Que tão efêmera
Feito uma borboleta
Que vive apenas 24 horas
Que passou em meu jardim
E beijou todas as flores

Eu também um dia
Serei apenas uma música
Nada mais que uma canção
Dessas que encantam apaixonados

Somos energias
Que se metamorfoseiam
E eu quero encantar
Feito um arrebatador “Bolero de Ravel”

Entrar por teus poros
Como um som mavioso
Que penetra teus ouvidos
Até chegar no recôndito de tuas células...

Mário Feijó
07.12.13

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

UM RAIO DE LUZ E UMA LENDA



UM RAIO DE LUZ E UMA LENDA

Um cavalo atolado na lama clama por luz na noite escura.
A menina, em seu vestido de renda, dança à beira-mar, no mesmo ritmo do barulho das ondas. Não parece perdida, embora seja noite, e, ela esteja por ali sozinha.
Alguns curiosos tentavam ajudar a salvar o cavalo atolado na lama, não percebem a menina que pula nas pedras cantando e dançando.
No inicio ninguém se preocupou muito com aquela luminosidade estranha sobre as pedras, mas houve gente, entre os curiosos que começou a ficar intrigado e a espalhar o que via num burburinho, sobre o que poderia e parecia ser um “fantasma”, diziam.
Alguém lembrou que há poucos anos foi encontrada uma menina morta naquele local. Foi até uma notícia vinculada no Jornal Nacional. Caso de estupro seguido de morte.
Começou um desconforto e o burburinho foi aumentando. Alguns rezavam e outros até faziam o sinal da cruz, mas ninguém tinha coragem de se aproximar das pedras.
O tempo começou a fechar, como se uma chuva torrencial fosse cair.
De repente houve um trovão e um raio caiu sobre as pedras. O barulho foi ensurdecedor. Foi um Deus nos acuda, um corre-corre, houve até gente que saiu dali enlameada e cagada. Até o cavalo que estava atolado com o susto desatolou-se.
No outro dia a cidade inteira não falava de outra coisa e a partir daquela noite ninguém mais tinha coragem de ir à beira-mar ou olhar as pedras do lugar, depois que anoitecesse.

Mário Feijó
06.12.13