quinta-feira, 16 de maio de 2013

NA TUA BOCA EU ME ENCONTRO



NA TUA BOCA EU ME ENCONTRO

Sombras
Água

                Perdão

Luz
Sol

                Amor

Olhos
Bocas

                Beijos

Eu te quero
Nas sombras ou
Na luz do sol
No banho
Nas águas
Olhos nos olhos
Eu me perco
Na tua boca
Nos teus beijos...

Mário Feijó
16.05.13

quarta-feira, 15 de maio de 2013

QUEM É VOCÊ?


QUEM É VOCÊ?

Não sou ninguém!  Quem é você?
- Ninguém!
Também? Então somos um par?

Emily Dickinson
(poetisa americana – 1830/1886)

- Quem é você? Nada?
- Mas até para ser nada
Tem-se que ter competência!

Eu quero coisas simples
Do amor, da vida
E você diz o mesmo
Porém não se doa

Para ter alguma coisa
É preciso dar
“é dando que se recebe”
E você só quer receber

Se é nada, nada irá perder
Eu já me doei por inteiro
Hoje minhas partes
Estão espalhadas vida afora...

Mário Feijó
15.05.13

terça-feira, 14 de maio de 2013

UM CORPO


UM CORPO

Tu eras apenas um rosto
Que virou um corpo
E que na multidão eu perdi

Distante
Frio
Sem resquícios de calor
Apenas um corpo

E como se foras
Poeira ao vento
Fogo que se alastra
Foste corroendo minh’alma

Um corpo
Um corpo que não se pode tocar
Algo tão efêmero
Como imagens de nuvens no céu...

Mário Feijó
14.05.13

MÃE TAMBÉM SÃO HUMANAS


MÃES TAMBÉM SÃO HUMANAS






            Passou-se o dia das mães, onde todos escrevem enaltecendo as mulheres perfeitas que são.
Igualmente fazem isto com aqueles que morrem. Todos viram santos depois da morte. Depois da morte enaltecem o que em vida ninguém viu.
Mães são seres humanos, mulheres imperfeitas, como é imperfeito todo ser humano. No entanto para não dizer que falei mal da mãe dos outros, vou falar da minha. Minha mãe durante muitos anos deixou em mim a impressão de que não me amava. Eu não lembro de um beijo, um gesto de carinho, uma palavra amorosa.
Eu só descobri que ela me amava quando eu me tornei adulto porque nesta fase nos aproximamos. Eu comecei a trabalhar e ajudar dentro de casa. E nos poucos anos que nos conhecemos melhor ela morreu. Morreu quando ia fazer 46 anos e eu tinha apenas 25. Tínhamos quebrado as barreiras da infância, mas não foi possível nos descobrirmos melhor. Não tivemos tempo para isto. Ela foi embora e eu fiquei com culpas.
Hoje já apaguei todas as mágoas. Tenho minha vida muito bem resolvida, porém não posso dizer e achar que minha mãe foi perfeita. Tampouco meu pai, mas este já é outro capítulo a ser discutido em outra crônica ou terapia...
Durante quase vinte anos eu nunca ouvi ela dizer que me amava ou fez algum gesto para que eu acreditasse nisto. E eu falo isto por mim, mas tenho a impressão que meus cinco irmãos também pensaram o mesmo.
Há uma grande certeza em mim: o meu amor por ela foi incondicional e eu sofri por mais de quinze anos a sua morte. Não conseguia digeri-la. Tampouco conseguia aceitar o fato dela ter morrido, tanto é que ainda hoje sonho e acordo pensando que ela não morreu. Foi tudo um engano. No fundo sinto culpa, não sei de que, mas sinto.
Esta foi a minha primeira grande perda. Depois vieram outras: primeiro meu filho com seis anos (eu tinha trinta e três anos) e cinco meses depois meu pai que tinha apenas 59 anos. Estas duas mortes aconteceram num período de apenas cinco meses. Passei a entender melhor a vida e também a morte. Percebi que uma fazia parte da outra e que não somos eternos.
Datas festivas passaram a não ser mais assim tão importantes, principalmente quando no natal de 2011 eu sofri um acidente de carro e minha companheira faleceu. Passei a não me envolver mais com páscoas, natais, dias das mães... O comércio já se prepara para o dia dos namorados. Eu posso afirmar que sou feliz mesmo órfão, viúvo e com todas as perdas sofridas porque a vida não se faz só com alegrias. Nada é perfeito enquanto vivemos. Eu não sou. Minha mãe não foi e o mais importante é sempre nos perdoarmos e aprender com os bambus que se curvam nos vendavais para não se quebrarem.
Sou humano como você, como minha mãe, como todo mundo. Que aprendamos as lições que a vida ensina e que sigamos em frente com nossas cicatrizes. O amor nos dá forças e o perdão é um grande aliado...

Mário Feijó
14.05.13

segunda-feira, 13 de maio de 2013

SENHORA VIDA


SENHORA VIDA

A vida é senhora
Contada se’senta
Segundos, minutos e horas

Tenho pressa
Falta-me o tempo
Na hora de me ir embora
Agora ou outrora

Nada de choros
Nada de mágoas
Eu nada levo
Do que tenho agora

Tenho pressa em sonhar
Corro nos segundos
As poucas horas que restam
Nas horas de ser, no tempo de amar...

Mário Feijó
13.05.13