SOBREVIVÊNCIA
Há dentro do meu peito uma solidão
que se agiganta devido a falta de solidariedade. Estar só não é uma coisa que
me incomode, mas a solidão do desprezo sim.
Eu até sei que as pessoas têm seus
próprios problemas, mas neste ano eu queria um pouco mais de carinho, de
atenção para me fortalecer emocional e psicologicamente. Eu não queria afago no
ego, eu só precisava de solidariedade. Solidariedade para não sentir culpa,
pois mesmo sabendo que não a tinha, porque tudo não passou de fatalidade. No entanto
a falta de solidariedade daqueles que se diziam amigos tem esculpido em mim uma
“quase” senilidade.
Eu algumas vezes nem acredito que
possa superar tudo sozinho, porém nada acontece por acaso...
No entanto eu descobri que sou
ainda menor do que já imaginava ser. Os “amigos” sumiram e eu pude ver que os
seres que me rodeavam, em grande número, têm costas e em nenhuma delas eu vi
asas que pudessem me ajudar a voar.
Eu descobri que são todos humanos,
que erramos, que somos frágeis e que estamos muito mais preocupados com o nosso
umbigo do que com o que os amigos precisam.
Estou aprendendo pela dor não através
do amor, como diz o ditado “quando não aprendemos com amor, aprendemos através
da dor”. Eu estou aprendendo a me reconstruir mais uma vez. Não é a primeira vez
e talvez também não seja a última que isto irá me acontecer, que perdas
acontecerão... estou me reconstruindo a partir de ossos “literalmente”
quebrados. Temos que aprender que quer queira ou não somos uma ilha de solitude
e que a solidão pode fazer mal, mas a solitude não. Temos que aprender sempre a
fazer novas escolhas mesmo quando a vida não te dá muitas alternativas.
Estou aprendendo que “cabrito bom
não berra” e, não que eu seja um deles, mas parei de berrar porque o mundo
continuou girando. Até a lua já está cheia novamente, só espero que desta vez
não seja de mim...
Estamos todos dentro de um buraco
negro, sobra-nos a alternativa de sobreviver ou entregar os pontos e quem sobrevive
geralmente acaba se fechando e seguindo em frente, um pouco mais calejado,
marcado pelo tempo, rugas e cicatrizes vão fazendo parte do corpo e da alma,
mas não podemos mudar o estado das coisas e nem viver no passado. Só assim conseguimos
ser o que nos é permitido sermos nesta eterna busca pela sobrevivência...
Mário Feijó
28.11.12