quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

UM OLHAR NO INFINITO




UM OLHAR NO INFINITO

Da minha janela
Vejo o horizonte infinito
É como se eu olhasse dentro de mim
E visse lá o amor que tenho

Perco-me no olhar o mar
Perco-me dentro de mim
Vejo-te na distância
Encontro-te nas lembranças

Não deveria ser assim
Amores deveriam ficar grudados em nós
Feito ostras que se grudam em pedras
Mesmo quando o mar lhes açoitam

Sei que eu não deveria me perder
Mas preciso de você
Para encontrar a minha liberdade
E para viver os dias que me restam

Mário Feijó 
23.02.19

sábado, 23 de fevereiro de 2019

COLAR PARTIDO




COLAR PARTIDO

Um simples beijo
Não deveria
Descongelar um iceberg

Porém em mim
Tudo descongela
Quando teus lábios
Tocam a minha pele

E a geleira
Que parecia indestrutível
Derrete-se
E eu me fragmento

Todos os meus pedaços
São contas de um colar
Que se arrebenta
E eu passo a rolar sob seus pés

Mário Feijó
23.02.19

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

LIBERDADE: ESTOU ME LIBERTANDO





LIBERDADE: ESTOU ME LIBERTANDO DE MIM

Todos nós alguma vez na vida já se sentiu prisioneiro de si. Neste momento eu estou escolhendo me unir a alguém, para me tornar livre.
É muito bom quando a gente descobre na vida que ama intensamente e que também é amado com a mesma intensidade.
Desde adolescente eu nunca me senti assim. Só me sentia tão amado, quando era criança, por minha avó: Felicidade.
É o que eu penso. E já casei algumas vezes, amei intensamente, noutras nem tanto, mas sempre havia algo de egoísta nos amores vividos, vejo isto agora. Tive cinco filhos, tenho nove netos, alguns até criei como se fossem filhos, mas ninguém me ama com a força que eu esperava, e eu me sinto amado agora, não porque sou homem, ou uma coisa, mas porque sou um ser humano. Um ser humano criativo e que inspira orgulho. E por este motivo eu quero registrar que tudo o que eu criei, seja um bem material ou imaterial, como as ideias eu quero deixar pra você: meus quadros, meus livros, minhas artes em geral. Tudo será teu.
Algumas pessoas, ao envelhecerem são interditadas, por filhos, ou outros que se intitulam herdeiros porque jamais entenderão que, o muito ou pouco que construímos, queremos que continue com quem nos dá amor. Já ouvi histórias de pessoas que deixam tudo o que têm para seus gatos ou cachorros. Eu penso que, se fui à luta, tentando construir algo, também posso decidir deixar para quem eu quero. E, neste momento, tudo o que eu tenho por mais simples que seja, quero que fique com você.
E, quando os dias clarearem, como nesta manhã ensolarada de vinte de fevereiro de dois mil e dezenove eu só não posso te dar as estrelas que estão presentes nas noites vividas porque você já é o sol dos meus dias e neles posso até ver as estrelas que tu colocasses em meu olhar.
Eu queria lembrar agora do dia em que nos vimos pela primeira vez. Éramos apenas dois seres humanos perdidos, querendo descobrir o amor. Nunca foi nossa intenção fazer o mal para alguém, estávamos apenas tentando ser felizes. Eu aprendi a ser feliz contigo, embora alguns achassem que estávamos fazendo o mal a elas. Há sempre alguém que acha ser o dono de alguém. Eu era apenas prisioneiro de mim, e muitos assim o são, ou se tornam prisioneiros de outros. Eu estou me libertando de mim, para ser teu, sem me aprisionar a ti, nem quero que sejas meu prisioneiro.
A verdade é que minh’alma encontrou resquícios de mim em ti, porém eu sou um pássaro viajante do tempo, sempre procurando alguém em algum momento desta infinita jornada. O universo é muito grande e há nele uma infinitude que assusta qualquer alma solitária.
Estou neste planeta por um tempo longo demais e ao mesmo tempo tão curto se comparado à Criação.  E, neste lapso de tempo em que aqui estou, não quero perder mais tempo com infelicidades, sejam as minhas ou as dos outros, quero você por perto, olhar nos teus olhos e me sentir seguro. Quero olhar para o reflexo do sol sobre o mar e não ter medo de que a qualquer momento este oceano possa me tragar numa tsunami.
Eu estou me libertando de mim. Estou me entregando a você, da mesma forma que um filhote de pássaro emplumado abre as asas e voa porque eu sei que é em você que mora a minha liberdade.

Mário Rogério Feijó
20.02.19

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA


ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA

Por que depois de tanta dor
Aquela que mais me dói
É a dor do desamor?

É a dor onde você foge
Toda vez que eu te procuro
E fico sem saber por onde
Mas te vejo no mesmo lugar

Você utiliza uma forma estranha de amor
Uma maneira estranha de amar
É onde você não diz nada
Usando a forma de amar de uma pedra

Nestas horas eu me sinto oceano
Sempre a bater na pedra por amor
E você age feito pedra que apanha
Para não dizer que sabe amar

Mário Feijó
11.02.19  

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

PARABÉNS PRA VOCÊ...


PARABÉNS PRA VOCÊ...

Parabéns pra você, nesta data querida! Muitas felicidades... muitos anos de vida...
É assim que eu lembro do meu primeiro aniversário, aos quatro anos de idade.
Minha mãe e minha avó me apresentaram um pequeno bolo redondo, todo branco de glacê, com bolinhas prateadas, não daquelas miudinhas, mas daquelas grandes. Lembro que na época eu pensei “parece um bolo de casamento”. Ficou parecendo pérolas enfeitando uma linda joia. Estava lindo.
Este foi o primeiro aniversário que eu lembro. Se houve outros antes eu não sei, porém a minha felicidade era tão grande que eu lembro como se fosse meu primeiro evento na vida. Eu nunca fui tão feliz quanto naquele dia. Eu tive que soprar as velinhas. Elas eram uma montoeira: quatro.
Depois minha avó (D. Felicidade) perguntou:
- quantos anos você faz, meu filho?
E, eu, risonho e feliz, abri minha mão e mostrei meus quatro anos numa mão cheia de dedos.
Minha mãe corrigiu dobrando um deles pra traz...


Há dois meses eu fiz sessenta e sete anos e nem lembro se estava só ou acompanhado. Com certeza ninguém cantou parabéns para mim. A vida passa e tudo vira uma coisa sem importância, comum.
Os filhos vão embora, constituem família e ficam com vergonha da gente. Os estranhos sentem orgulho em ser nossos amigos. Os filhos, vergonha.
Hoje eu já não tenho mais dedos para mostrar a quantidade de anos e se pudesse talvez as dores articulares me impedissem de dobrar algum deles.
Toquemos a vida cantando ou não “parabéns pra você”. Vagarosamente vamos descobrindo outras músicas que nos alegram e passamos a dançar “conforme a música”...

Mário Feijó
06.02.2019