sábado, 13 de julho de 2013

UM POUCO DE TI



UM POUCO DE TI

Eu te peço pouco:
Umas gotas de beijos
Orvalhos de carinhos
Uma brisa leve no pescoço

E nos meus dias de sol
Apenas um raio da tua luz
Uma nesga de luar
E brilhos de estrelas no olhar

É tão pouco o que eu te peço
Além saciar a minha sede de tua boca
E da fome que o meu corpo sente

Eu quero adentrar na tua pele
Penetrando em todas as cavidades
Nas tuas saliências me aquecer...

Mário Feijó
13.07.13

sexta-feira, 12 de julho de 2013

ENCANTADOR



ENCANTADOR

Outro dia chamaram-me
De en-can-ta-dor
Eu até tenho meus encantos
Porém de encantador não tenho nada

A dor é que por mim se encantou
Tomou conta do meu ser
E por aqui fez ninho há tempos

Quem é capaz de encantar a dor
Encanta qualquer ser
De uma flor ao beija-flor

Eu sou apenas um poeta
Que vê na vida todas as graças
Que se encanta com as belezas do mundo
E pela dor fica no mundo encantado...

Mário Feijó
12.07.13

quinta-feira, 11 de julho de 2013

PULSARES



PULSARES

A vida, pra mim, tem sido uma sequência de pulsares. Tenho ouvido todas as batidas do meu coração e o barulho de meu sangue por dentro das minhas artérias. Não é coisa de louco não, embora eu já nem saiba mais se sou normal. Outro dia eu li que o nervo trigêmeo faz isto. Até tem conserto, mas quem consertará uma máquina humana envelhecida e estragada neste país subdesenvolvido, onde a saúde, a educação e tantas outras necessidades básicas viraram um caos?
Quem irá se incomodar com as dores de um velho? Os filhos nem nos percebem, não nos ouvem, não nos veem.
Só o nosso cérebro jovem assiste a tudo de camarote, e por vezes ri, debocha e tripudia da gente. Eu não sou de reclamar, não estou reclamando, é só um devaneio tolo de uma noite de insônia.
E o meu coração pulsa mais forte e dói quando eu digo não a um filho. E quando digo isto, sinto que silenciosamente me odeiam, que silenciosamente entendem o não como um ato de desamor. Eu só queria carinho e ser compreendido, mas como se não sou escutado. Então só resta dizer não, sem nenhuma explicação. E todos os nãos têm razão de ser. Todos os nãos têm um motivo.
Um não a um filho retorna como resposta de “não te amo”. Mas não é isto. Nós sempre os amaremos incondicionalmente, embora eles não nos amem assim. Ninguém nos ama assim. Até o sol, agora é inclemente com a nossa pele e tão cruel com as nossas carnes, cada vez mais geladas, nas noites insones.
E nos pulsares das noites mal dormidas quando os tambores dos meus ouvidos me acordarem novamente tenho que escutar do meu cérebro que a vida pede calma, mas eu tenho pressa em viver. Uma quase urgência porque o sol da minha vida já está se pondo e eu não tive para fazer tudo o que eu queria, na minha vida curta de borboleta.
Tenho pressa no amor. Tenho pressa em amar e sou intenso, embora saiba que é preciso ter calma, para não perder a lucidez.
Quem entenderá as razões das minhas escolhas? Quem entenderá os meus nãos? Só meu cérebro que aprendeu a ser feliz e que cansou de ser racional. Acho que o meu cérebro adotou o meu coração por isto ouve os meus pulsares.
Voltei a ser nativo em meu corpo cansado. Ouço agora todas as suas batidas, sem saber como mandar sinais de fumaça, pedidos de socorro para as minhas noites insones, para as minhas noites vazias e solitárias.
Certamente é a distância do mar, sempre ali tão próximo e companheiro, quem agora manda seu recado nos pulsares das minhas veias... Até quando? Só Deus sabe...

Mário Feijó
11.07.13

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O TREM DA MINHA VIDA



O TREM DA MINHA VIDA


Faz algum tempo que eu queria uma casinha no interior, morar em uma casinha aconchegante do interior, lá no meio do mato. Queria ter um lago com peixes, com cisnes, gansos, marrecos e patos. Queria acordar bem cedinho despertado por um galo carijó, ir no meio do campo e buscar minha vaquinha para tirar seu leite. Lá no quintal iria colher os ovos das galinhas poedeiras, para fazer bolos, pães ou para comê-los estrelados.
Eu queria morar em um sitio. Esquecer do mundo, do mesmo jeito como o mundo facilmente esquece da gente. Queria preparar minhas guloseimas, fazer pães de casa no forno à lenha e do quintal, colher frutas e verduras para serem consumidas no almoço e nos lanches. Depois pegar temperinhos verdes, cenoura, alface, pimenta, manjericão e sálvia.
É tão pequeno o meu sonho e ao mesmo tempo tão difícil. Parece que a minha vida descarrilhou dos trilhos em algum momento e que sem solução tive que deixar os vagões por ora abandonados.
Esta semana eu estava dentro de uma construção (o prédio da Biblioteca Pública de Osório) que me fez novamente sonhar com o trem da minha vida e repensar sobre qual o caminho que eu devo seguir...

Mário Feijó
10.07.13

PORTAS E JANELAS ABERTAS



PORTAS E JANELAS ABERTAS

Eu já pensei em fechar meu coração
Assim como se fecha um armário
Que não se usa mais
Uma porta por onde ninguém
Deva mais passar e me esconder lá dentro
Desaparecer para o mundo
No entanto descobri que eu sofreria
Porque todos têm seus problemas
E o mundo iria continuar girando...

Então escancarei todas as portas e janelas
Joguei fora todas as chaves
Para quando alguém quiser entrar
O fará sem cerimônias
Basta puxar uma cadeira
Ou se sentar em uma almofada
Previamente jogada
Em um lugar quentinho do meu coração...

Mário Feijó
10.07.13